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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Por que o conservadorismo anglo-saxão não é adequado a nós? Notas sobre o processo de colonização de nosso imaginário pautado nestes falsos princípios

1) Burke escreveu dez princípios conservadores.

2) Princípio pressupõe um caminho que deve ser seguido, enquanto uma escolha de vida. Ele é um dever ser, que pode ser seguido ou não. O fundamento disto está no fato de que o homem mais sábio segue seu próprio caminho.

3.1) Esse conservadorismo burkeano está pautado numa Inglaterra moldada à imagem e semelhança da heresia de Henrique VIII.

3.2.1) Como a heresia se funda no homem rico no amor de si até o desprezo de Deus, então os ricos nessa má consciência são os menos sábios, por serem muito pobres espiritualmente. Na ânsia de dividirem o mundo entre eleitos e condenados, adotam todo um pragmatismo fundado no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

3.2.2) Como a verdade fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem não foi observada, então esse conservantismo, que é o seu verdadeiro nome, será praticado de maneira vazia, pois visa a criar um freio precário a essa ordem onde a liberdade é servida com fins vazios.

3.2.3) E no final das contas, o conservadorismo burkeano é uma ilusão, uma vez que se funda no homem como a medida de todas as coisas. Não é à toa que isso gera uma direita da esquerda, no sentido de moderar o apetite revolucionário por progresso a todo e qualquer custo, a ponto de criar uma mis en scene, uma operação de bandeira falsa.

3.2.4) O progressismo acabará esmagando esse senso vazio de preservar as tradições. Como se funda no animal que erra, nunca em Deus, então não há argumento ou meios para deter o mal.

4.1) O senso de tomar dois ou mais países como um mesmo lar em Cristo se funda na razão pela qual Portugal foi fundado: para servir a Cristo em terras distantes. É uma razão de ser fundada na verdade, no verbo que se fez Carne, visto que Cristo elegeu Portugal para criar um Império para Ele. Trata-se de um mitologema.

4.2.1) Como verdade conhecida é verdade obedecida, então devemos todos seguir nossa razão de ser enquanto povo, nesse sentido. Por isso, todo o nosso caminho de vida, toda santificação através do trabalho deve ser consagrada, voltada para essa missão em Cristo fundada, pois ela é nossa razão de ser, que é maior do que a inglesa.

4.2.2) Se devemos tomar o Brasil como um lar, enquanto desdobramento dessa missão surgida a partir do milagre de Ourique, então devemos buscar este caminho, pois aí teremos uma razão de ser para sermos livres em Cristo, por Cristo em para Cristo, uma vez que esse caminho é bom e necessário para todos nós - seria um pecado rejeitá-lo, pois isso revelaria a nossa insensatez. Afinal, a verdade é o fundamento da liberdade.

4.2.3) É por essa razão que esse senso não é um princípio, mas um postulado, um preceito, posto que ele se funda na nossa razão de ser enquanto povo, nosso mitologema.

4.2.4) Toda tentativa de se adotar um conservadorismo importado, que não tem nada a ver com a nossa razão de ser enquanto povo, é uma tentativa de colonização do nosso imaginário.

4.2.5) Essa colonização do nosso imaginário se aproveita do fato de que não conhecemos a história de Portugal de modo a conhecermos a nossa razão de ser enquanto povo. Só por isso, já poderemos perceber o fracasso dessa falsa direita no Brasil, uma vez que a verdadeira direita, fundada naquilo que está à direita do pai, é católica, lusitana e ouriqueana, a ponto de seu trabalho servir de base para a instalação de um Reinado Social de Cristo-Rei no mundo todo.

4.2.6) Se o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves for restaurado, esse trabalho de servir a Cristo em terras distantes singrará um novo mar: o Oceano da Misericórdia, tal como Cristo revelou à Santa Faustina, na Polônia, a ponto de os ares desta renovação serem respirados a plenos pulmões.

4.2.7) Como temos dois pulmões, então precisamos tanto do Oriente quanto do Ocidente para termos um senso holístico dessa missão, de modo que tudo fique em conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 10 de julho de 2019.

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