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terça-feira, 30 de abril de 2019

Dos efeitos da ética protestante nas relações trabalhistas - notas sobre a figura do contractor, o agente terceirizado


1.1) Todo empregado está sujeito à proteção e autoridade de quem patrocina sua atividade organizada. Por isso, mesmo está sob a dependência de todo aquele que age como se fosse um Cristo, quando se faz às vezes de vigário ou mesmo de mecenas. 
 


1.2) O empresário e seus funcionários são empregados de toda uma população que age no mundo tal como um Cristo necessitado. E esses Cristos necessitados são pessoas conscientes - querem ser bem tratadas, pois o humilde por Deus foi elevado, uma vez que Ele ama os mais pobres.


 
2.1) Os EUA criaram a figura do contractor, uma espécie de empregado que serve aos outros visando ao próprio interesse - mais ou menos como é a figura do agente livre no âmbito esportivo.


 
2.2) Ele vende seu serviço a outra pessoa como se fosse banana na feira. A pessoa que toma esse serviço age como consumidora - ela não tem o direito de cobrar por um serviço melhor. E a tendência é esse serviço ser mal cumprido, contra o qual não se admite exceção.


 
3.1) O contractor - que costuma ser chamado de terceirizado - não está se doando de tal maneira que o tomador de seu serviço veja nele um Cristo prestador de serviço e, até certo ponto, um Cristo necessitado. Ele está fazendo um papel social, agindo tal como um ator num teatro.



3.2) Trata-se de uma relação de emprego fingida, uma vez que não há uma relação de lealdade cultivada entre patrão e empregado, até porque o que mais importa é a riqueza ser tomada como sinal de salvação, uma vez que o fim do homem está nele mesmo.



4.1) Enfim, a impessoalidade nas relações trabalhistas estabelece uma ordem social com fins vazios, de tal maneira que acaba matando o senso de integração entre as pessoas, o senso de comunidade.



4.2) A empresa deixa de ser uma associação onde as pessoas estabelecem uma atividade economicamente organizada de modo a servir à comunidade necessitada. Ela passa a ser uma organização voltada ao próprio interesse, como se a riqueza fosse um sinal de salvação, uma vez que elas estão a acreditar que o mundo foi mesmo dividido entre eleitos e condenados.



José Octavio Dettmann


 
Rio de Janeiro, 30 de abril de 2019.

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