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terça-feira, 2 de abril de 2019

Como formo os preços dos livros que digitalizo?

1) Tem uns que vão me dizer o seguinte: "Dettmann, cobrar 45 reais no livro Sua Majestade, O Presidente do Brasil é caro".

2.1) Quem fala isso não tem a dimensão do que é o mercado da digitalização, da forma como o mundo o pratica.

2.2) Na Biblioteca Nacional, eles cobram R$ 10,00 por página fotografada, até onde sei - esse era o preço que era então praticado, nos meus anos de faculdade, nos anos 2000. Como este livro tem 278 páginas, eles cobrariam R$ 2780 fotografando o livro todo, sem contar o processamento do livro. E não é só na Biblioteca Nacional, mas em qualquer lugar do Rio onde se ofereça tal serviço.

2.3.1) Eu cobro R$ 0,15 por página digitalizada. Como o livro tem 278 páginas, o livro sai por R$ 41,70 - R$ 42,00, se arredondarmos.

2.3.2) O paypal me cobra R$ 2,61 sempre que uma venda neste preço é efetuada. Por isso, o preço sai em torno de 45 reais.

3.1.1) Eu digitalizo para os outros, não para mim. Por isso, cobro um preço baixo por página.

3.1.2) Quem cobra 10 reais por página digitalizada pensa mais em si do que nos outros - o que é meio contra-senso num ambiente como a biblioteca pública. Posso cobrar um preço menor? Considerando que levo meses para concluir um projeto, então a digitalização que faço tem mais ou menos o mesmo preço de mercado que um livro impresso. Como é digital, você não precisa pagar frete. Além disso, o livro não envelhece, tal como ocorre com o papel.

3.2) A longo prazo, os livros físicos tendem a sofrer os efeitos da inflação - isso sem contar que os vendedores de livros fazem disso sua atividade primária, como forma de ganhar a vida. Em geral eles vendem os livros dos outros, pois a venda é uma atividade consignada, autônoma em relação ao processo produtivo. Não é à toa que ela chamada de terceiro setor, o setor de serviços por excelência.

3.2.2) Como sou eu mesmo que digitalizo, então eu tendo a cobrar o mesmo preço, uma vez que não faço disso uma forma de ganhar a vida. A atividade de comerciante é secundária em relação a minha atividade de escritor, que é a minha atividade principal. Sempre que tenho tempo livre, eu me dedico ao comércio. Por isso, não posso fazer essa atividade em tempo integral.

3.2.3) Para fazer bem meu trabalho, devo estar inspirado. Preciso me sentir bem para fazer bem meu papel - do contrário, não farei um bom trabalho. Por isso que o meu trabalho de comerciante é acessório que segue a sorte da atividade de escritor, minha atividade principal.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de abril de 2019.

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