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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Notas sobre a mendicância e a pedagogia da pobreza

1) Os austríacos falam em função empresarial pura - como se o mais sábio dos homens sempre seguisse a sua própria direção, o que é uma grande ilusão! De verdade em verdade, o homem cheio de si até o desprezo de Deus é um nada - ele não passa de uma mera biruta de aeroporto, uma vez que ele não tem como controlar os ventos da mudança dos tempos. Cabe a ele ajustar as velas, pois o Santo Espírito de Deus move as coisas soprando onde quer, uma vez que Cristo constrói impérios de cultura e destrói impérios de domínio fundados no homem, pelo homem e para o homem, enquanto animal que mente.

2.1) Se tivéssemos de falar em função empresarial mais pura, mais genuína, esta cabe à mendicância, pois você, como mendigo, está constantemente na dependência de Deus.

2.2.1) Se Deus, na qualidade de Cristo príncipe, te der esmolas, é ganho sobre a incerteza. Por isso, guarde o dinheiro, pois nunca se sabe o que virá pela frente. Com o dinheiro acumulado, é preferível comprar pouco a pouco os instrumentos necessários para se tirar o pão nosso de cada dia, como uma vara de pescar, por exemplo.

2.2.2) Mesmo que você não saiba pescar, com o tempo você desenvolve a habilidade, uma vez que a necessidade faz o ser humano criar, amadurecer e se desenvolver, a ponto de você prestar um serviço de melhor qualidade para os outros, uma vez que vê a Cristo nelas. E quanto mais você ficar dependente da graça de Deus, mais você é agraciado, a ponto de se santificar através desse trabalho e este se tornar um caminho digno de vida pelo qual se expressa a verdadeira fé no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

2.2.3) Como os seres humanos são paus para toda obra, é interessante ser polivalente, ser polímata, a ponto de ser capaz de atuar em todos os tipos de profissão, tal como foram os colonos que vieram de boa vontade de modo a servir a Cristo nestas terras distantes lavrando este solo, o que ensejou o povoamento do país e a santificação do trabalho de extrair pau-brasil, já que brasileiro é uma profissão que pode ser contada como profissão de fé, causa de nacionidade.

3.1) Esta é a melhor pedagogia que se tem: a pedagogia da pobreza, uma vez que o pobre é o banco de Deus.

3.2.1) Para aprendermos a depender de Deus, precisamos aprender a viver na pobreza e a vida na pobreza é dura. E nós precisamos ser pobres crianças espirituais vivendo cada vez mais a vida na dependência de Deus, pois Ele criou todas coisas por amor.
 
3.2.2) Uma vez moldados pela pobreza, somos elevados por Deus de modo a servir a Ele naquilo que é mais importante, a ponto de servir a Ele em terras cada vez mais distantes e tomá-las como nosso lar em Cristo tanto quanto o Brasil em que nascemos. E quanto mais humildes formos, mais somos agraciados por Deus. 
 
3.2.3) Se muito nos for dado, então muito nos será cobrado, pois tudo decorre de Deus, uma vez que nada se perde, nada cria - tudo se transforma. Dentre as esmolas, a melhor coisa que se tem a fazer é estabelecer uma economia organizada de modo a empregar outras pessoas de modo que tenham suas próprias economias, quando estas colaboram com sua atividade econômica organizada, destinada à salvação de muitos.

3.2.4) O Cristo mendigo se torna um outro Cristo-príncipe de modo a encontrar outro Cristo mendigo e assim ajudar outras pessoas. Eis o que é o mercado: um constante encontro - no passado, você era mendigo e foi salvo por um Cristo príncipe; hoje, você é príncipe e você deve ajudar outros Cristos que estão na qualidade de mendigos.

José Octavio Dettmann

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