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domingo, 23 de fevereiro de 2020

Notas sobre a diferença entre autobiografia e ego-história

1.1) Uma autobiografia pressupõe que você tenha consciência de todo o curso de sua vida, do nascer ao pôr-do-sol. Isso pressupõe manter um diário e reservar sempre um tempo para escrever suas experiências mais importantes.

1.2) Isso pede disciplina e um chamado da alma para fazê-lo - o que transformará você em escritor. Sua vida neste ponto será um port of call (um pequeno Portugal) para a santificação de muitos - por isso, você deve escrever de tal maneira a servir a Cristo em terras distantes, ainda que você esteja no conforto do seu lar.

2) Para escrever bem, é preciso que a alma esteja bem alimentada com eucaristia - e isso pressupõe ir à missa todos os dias e fazer confissão toda semana, a ponto de prestar contas a Deus de tudo o que foi feito, uma vez que seu dom de escrever pertence a Deus e ele precisa ser empregado de modo a edificar consciência reta, fé reta e vida reta em muitos.

3) Uma autobiografia pressupõe que você honre pai, mãe e todos os que viveram antes de você. Você é o representante vivo de todos os antepassados mortos - por isso, você precisa buscar incessantemente a santidade de modo que todos os outros tenham seus pecados amenizados no purgatório, já que você deve rezar pelos mortos. Trata-se de um caminho de honras a ser percorrido, fundado no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

4.1) Quando você não está pronto para escrever uma autobiografia, você pode escrever ego-histórias.

4.2.1) Uma ego-história é uma história que revela uma faceta da sua personalidade - ela geralmente indica um caminho de vida que você trilhou, uma profissão de fé.

4.2.2) Um homem sábio aprende a partir do erro dos outros - por essa razão, uma ego-história pode servir de ponto de partida de modo que outras pessoas aprendam o exemplo de outras pessoas tendo por mediação sua pessoa, que mostra o erro dos outros de modo a corrigi-los - por isso, você precisa morrer para si de modo que Deus fale através desta obra.

4.2.3) É neste ponto, portanto, que a terra toca o mar, a ponto de as caravanas serem navios no deserto, de tal modo a servir a Cristo em terras distantes, tal como foi estabelecido em Ourique. E neste ponto, a Arábia troca este demiurgo chamado Allah e passa a ter uma razão de ser como civilização em Cristo, a ponto de fazer dos desertos mares destinados a converter todos à vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. E minha pessoa, neste sentido, age como caravançarai, pois uso o exemplo dos outros como se fosse meu exemplo, o que me previne do pecado, pois o verdadeiro sábio aprende do erro dos outros.

4.2.4) Quando você já acumula bastantes ego-histórias, só aí você pode escrever uma autobiografia. Este projeto literário pede que você tenha muito domínio da língua e muita experiência de vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. Não pode ser feito por qualquer pessoa - ele só pode ser feito por pessoas de extrema amizade com Deus, realmente santas. Eis aí porque o legado de Santo Agostinho.

José Octavio Dettmann

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