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domingo, 23 de fevereiro de 2020

Da importância de escrever histórias epistemológicas ou notas sobre como desenvolver uma autobiografia menor a partir de suas ego-histórias

1) Um pouco antes de Kobe Bryant falecer, ele costumava dizer que queria contar histórias, quando terminasse a carreira dele de jogador de basquete.

2) Mais importante do que escrever uma idéia, é preciso contar uma história sobre como você teve essa idéia. E essa história pode ser interessante, a ponto de casar a epistemologia com a literatura e daí produzir um símbolo essencial de modo que isso que eu falo não seja esquecido.

3) Talvez este seja o melhor conselho que já recebi de alguém nos últimos anos: escrever histórias epistemológicas, toda uma literatura que complementa tudo o que falo no campo das ciências sociais.

4) Meus ex-colegas de faculdade diziam que eu sabia muito bem casar ciência com literatura. Sem saber, agi como Nossa Senhora agiu: guardei tudo no coração e deixei que Deus me revelasse um caminho, que foi este exposto por Kobe Bryant.

5.1) A série sobre mendicância talvez seja a primeira dessas histórias epistemológicas. E essas histórias epistemológicas revelam um pouco do que foi minha vida, um pouco do que foi minha relação com Deus e muitas outras coisas.

5.2.1) Não se trata de uma biografia completa, narrada do nascer ao pôr-do-sol da minha vida, uma vez que não tenho experiência de vida suficiente para fazer algo semelhante ao que fez Santo Agostinho, a ponto de tornar sua vida modelo de santidade - o que faz de sua autobiografia um dos projetos filosóficos mais bem-sucedidos da História da Cristandade. Tratam-se de fragmentos onde revelo a minha melhor parte ao mundo: a que está diante do pai - e é isso o que realmente conta. E minha melhor parte está no meu trabalho de escritor. Ninguém precisa conhecer a parte ruim da minha personalidade - só Deus pode conhecê-la, uma vez que tem o condão de endireitá-la - e esses reparos, que são dão no confessionário, ficam sob sigilo, o que é perfeitamente justo e necessário.

5.2.2) Estas ego-histórias, estas histórias epistemológicas, se dão a partir do momento em que me esvazio de mim mesmo de modo que Deus governe o meu trabalho de escritor de modo a escrever idéias de boa qualidade para os meus leitores.

5.2.3) Neste sentido, portanto, trata-se de uma autobiografia em escala menor, mas focando estritamente a minha melhor parte: aquela que eu quero que todos saibam. Quando escrevo, eu deixo que Deus aja em mim - por isso, eu me esforço para me esvaziar de mim mesmo e não terminar meus dias imitando o mau exemplo de Joice Hassellmann, que um dia descerá à mansão dos mortos, à danação eterna, por conta de seu ego inflado, uma vez que isso leva à morte eterna. No meu esforço pessoal, estou ajudando a construir um país, ao passo que ela está destruindo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2020.

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