1.1) As grandes obras da literatura nacional são o que são porque elas retratam a razão de ser de um povo em uma experiência capital, que serve de modelo para a História da Humanidade.
1.2) Exemplo disso são Os Lusíadas, de Camões. Aquilo ali retrata mais do que As Grandes Navegações - todo o espírito de Portugal dessa época fundado na missão de servir a Cristo em terras distantes, tal como foi estabelecido em Ourique, está ali retratado. Aquela obra é, portanto, a que sintetiza o espírito português e toda a sociedade portuguesa deve ser lida dentro desse cânone: o mitologema ouriqueano.
2.1) A literatura brasileira tem sua razão de ser a partir de 1822, a partir do desmonte dessa razão de ser, quando foi inventada a alegação que o Brasil era colônia de Portugal.
2.2.1) Esse falso dado de que fomos colônia de Portugal fez com que a mentira, o fingimento, a inveja, a mesquinharia fossem retratadas nas obras literárias do país, como se nós tivéssemos um complexo de vira-latas.
2.2.2) Foi uma experiência que foi insuflada pela maçonaria através de muita propaganda e manipulação através dos jornais e por conta dos muitos anos de instabilidade política, o que certamente afeta e muito psicologia de um povo a ponto de ser cada vez individualista e egoísta. E isso ficou registrado na literatura a ponto de ser uma antiliteratura, pois ela não aponta para o belo, mas para o grotesco que é viver numa comunidade imaginada, que foi forjada para servir de laboratório para experiências revolucionárias do mundo inteiro, o que por si só já mereceria uma obra literária.
2.2.3) O valor literário da literatura decorrente de 1822 está justamente neste sentido. Uma obra de referência neste sentido é o Brasil concebido como o Império dos Impérios do Mundo, feito para não servir ao Crucificado de Ourique, tal como foi bem apontado por Sacramento Blake.
3) Quando estudamos o caminho canônico fundado em Ourique e esse beco sem saída, nós estamos estudando filosofia da história - e a experiência literária nos fornece os subsídios necessários às nossas especulações filosóficas. A síntese entre o caminho e o não-caminho é o Brasil ser como o filho pródigo: voltar à casa do pai e servir a Cristo em terras distantes, tal como era antigamente.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2020.
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