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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Sem a Aristocracia a classe média tende à proletarização


1) A verdade é que classe média tende à proletarização, quando se nega a real finalidade da aristocracia para o bom funcionamento da sociedade humana. Para se compreender isso, faz-se necessário tomar como se coisa um fato que não costuma ser dito por aí. 

2) O aristocrata, originalmente, não é um homem revestido de privilégios arbitrários, fundados em sabedoria humana dissociada da divina, tal como um filho da "Fortuna". Na verdade, o nobre é de fato um indivíduo de talentos bem delineados, cuja função histórica, em outros tempos, foi de crucial importância de modo a se sustentar todo um projeto civilizatório, feito de tal maneira a que se tome o país como se fosse um lar, tendo por Cristo Fundamento - e me arrisco a dizer que ele ainda se faz muito necessário, ainda mais nos dias de hoje.

3) O fato de haver indivíduos medíocres confundidos entre os verdadeiramente nobres não desfaz a tese que sustento - na verdade, isso sinaliza uma verdade constante, coisa que já houve em certas épocas da história da civilização humana: quanto mais a classe dita nobre definha por seus próprios elementos, mais a sociedade padece, por lhe faltar o elemento orientador, a classe do agir. Tomemos como exemplo o sistema de castas hindu - cabe à classe dos guerreiros todas as funções administrativas, inclusive a aplicação da justiça e a defesa. Acima dela, só a classe sacerdotal. Abaixo dela, os comerciantes e homens de negócio - e, ainda mais distante, os servos.

3) O proletário pode ser entendido como a plebe que pertence ao estrato mais baixo - não aos servos ou aos comerciantes, mas aos párias. Estes, pela disposição verdadeiramente errática da alma, não possuem uma meta clara: não servem aos outros, não produzem bens que sirvam aos outros, não aplicam a justiça nem administram o governo, muito menos se preocupam com as coisas próprias do espírito - o que o pária é o contrário daquilo que faz um servo ser o que é: ele deve perseverar na obediência e na lealdade; assim como o mercador, no sentido verdadeiro de seu papel social, que deve prosperar materialmente e produzir riqueza, coisa indispensável para o sustento de todos.. Eis aí porque o vocábulo "proletário" é enganoso, pois, em nossa cultura, esta palavra é usada para descrever um tipo de sujeito de posses modestas, que vive uma vida que não é reta e que possui hábitos e gostos vulgares, voltados para uma liberdade voltada para o nada, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus

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4) Há em nossa sociedade - seja no chão da fábrica, seja no comércio de rua - muitos párias.

5) A gênese desse mal sistemático está no fato de que a classe guerreira deixou de reconhecer a importância do papel da classe sacerdotal para o bom andamento da sociedade; quando esse vício se torna tendência, a sociedade se fecha para Deus - e fecha-se de tal modo que a classe guerreira deixa de exercer bem as suas funções, pois ela deixa de ser o modelo de referência da sociedade, uma vez que deixou de ser a classe do agir. E isso acaba produzindo verdadeira uma reação em cadeia: como os comerciantes e servos já não podem mais se nortear pelo exemplo que lhes vem de cima, voltam-se para aquilo que vem de baixo, a ponto de acabar descambando para imoralidade e para o vício. Ao final de algumas décadas, acabam confundidos com os párias, pois traíram sua missão inicial, uma vez que outros a traíram. Como não há classes dirigentes, classes de referência, eles acabam sendo incapazes de conduzir com retidão seus assuntos. Quando a justiça se deteriora por ignorar as verdades do espírito, os mais simples desvirtuam-se por não ter quem lhes coordene. Cada homem, já convertido num átomo solto, difuso mesmo, arrasta-se tontamente, tateando o chão como um cego sem um guia.

5) Por isso se diz, com razão, que uma aristocracia consciente, submissa às verdades do espírito, é crucial, indispensável para o bom andamento da sociedade como um todo. A falta da mesma leva ao desmoronamento de todo o edifício social - a cúpula, uma vez retirada, parece fazer falta aos demais elementos estruturais - antes, eles eram estáveis enquanto respondiam àquela carga; agora, são livres para desabarem sozinhos. É por essa razão que Leon Bloy já dizia, passados cem anos da queda monaquia na França, que o burguês era um porco que morreria de velhice - e dizer esse tipo de coisa, em outra época, seria considerado descabido, absurdo.

Mateus Pool (https://www.facebook.com/mateus.pool) (texto reescrito por José Octavio Dettmann, de modo a ficar mais simples)

Comentários de Thomas Dresch:

1) Uma das causas do colapso da classe média - no sentido amplo e não no estritamente econômico -, em todos os países e em todas as épocas, é a republicanização, uma vez que não existe uma classe que sirva de modelo às demais nas sociedade. Por conta da falta de um modelo orientador, esta invariavelmente elegerá falsos ícones na mídia, no governo e no comércio, formando uma falsa classe média que tenderá à proletarização, tal como vemos hoje no Brasil, por exemplo.

2) Basta comparar a classe média brasileira do início do século XX, de recente republicanização, e a de hoje, esta que mal sabe falar, mas que enquadra-se, mais ou menos, no mesmo parâmetro econômico (claro que não me refiro às estatísticas do governo, mas ao que se entende pelo senso comum).

Ver também:

Relação entre conservantismo e proletarização: http://adf.ly/qkGqD

Sem tradição não há progresso: http://adf.ly/1Sno5j

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