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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O comunismo não existiria sem laissez-faire libertário


1) O comunismo não existiria se não houvesse o laissez-faire libertário. 

2) A ordem fundada no libertarismo leva a uma leitura reduzida da realidade social, como se tomasse como fosse coisa natural a ordem fundada no amor ao dinheiro e na teoria dos jogos baseados em interesses difusos, heterogêneos e díspares, que tendem a ser regulados pelo Estado, uma vez que os conflitos de interesses tendem a ser qualificados pela pretensão resistida, o que leva o Estado, esse ente pseudo-divino, a dizer o qual é o direito aplicado à realidade concreta, coisa que é fundada em sabedoria humana dissociada da divina - e isso leva a se tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele.

3) O fenômeno da judicialização, da regulação positiva e sistematizada da ordem social, criou uma espécie de um demiurgo econômico que, em tese, regularia os conflitos de interesses antagônicos de modo a maximizar o bem comum - na verdade, tudo o que fez foi construir a base do ateísmo na sociedade, levando a uma visão geral e disseminada de que todos os problemas e todas as soluções da humanidade gravitariam em torno da economia, dando a fatídica impressão de que os homens, por via econômica e política, podem e devem resolver os seus próprios problemas sem a interferência de Deus no mundo. 

4) Percebam que na esteira histórica do libertarismo foi-se sedimentado o sulco das premissas ideológicas sistematizadas por Karl Marx, coisa que gerou a antítese comunista a esse fenômeno: o domínio total do estado da liberdade humana em contraposição à libertação total do indivíduo, fundada no amor de si e sem Deus. 

5) Os dois são intrinsecamente maus - dividindo a perspectiva de toda a possibilidade política entre eles, tudo o que eles representam acaba sendo relativizado, a ponto de serem tomados como fossem em anjos de candura, o que acaba perpetuando o ciclo destrutivo, o processo de descapitalização moral.

Haroldo Monteiro (texto adaptado por José Octavio Dettmann)

Ver também:

Para Rodrigo Constantino, o desgaste provocado pelas constantes intervenções estatais na sociedade leva à ascensão do libertarismo: http://adf.ly/1So7Pk

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