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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Por que o distributivismo é o meio termo entre o protecionismo e o livre comércio?

1) Segundo Aristóteles, o melhor caminho, o mais virtuoso, é sempre o caminho do meio, o caminho do equilíbrio [ da conformidade com o Todo que vem de Deus - grifo meu].

2.1) Quando se advoga livre comércio com base no princípio da impessoalidade e da riqueza como um sinal de salvação, você perverte tudo o que há de mais sagrado: qualquer um pode ter a verdade que quiser, conservando o que é conveniente e dissociado da verdade e da justiça na sociedade - e isso é tão verdade que são capazes de declarar o que é ruim bom, invertendo a realidade das coisas.

2.2) Isto faz com que o encontro no livre mercado se torne uma sujeição a tudo o que é injusto e que não presta, a ponto de preferirem o conflito de interesses à cooperação, já que o Estado deve ser mínimo e não se intrometer nos negócios privados - o que é praticamente uma utopia, uma anarquia, fundada numa liberdade voltada para o nada.

3.1) Quando se advoga protecionismo, você tende a tomar o Estado como se fosse religião em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele.

3.2) Com base no princípio da impessoalidade, o Estado cria leis abstratas que atingem a todo e qualquer cidadão - e mesmo que a ação seja inofensiva do ponto de vista da lei natural, essa lei acabará indo contra a lei positiva, já que fere os interesses do Estado, uma vez que, por trás do Estado, há o interesses dos banqueiros e outros elementos perniciosos que concentram os poderes de usar, gozar e dispor em poucas, uma vez que a livre concorrência leva a tirar o poder que eles conseguiram pela mesma livre concorrência fundada do relativismo moral.

3.3) No Estado tomado como se fosse religião, a soberania - que é dada por Deus, para que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo - é voltada para o nada; nela, a autoridade constituída mais parece descendente do faraó do Antigo Egito que escravizou os hebreus, pois isso leva à liberdade voltada para o nada e retrocesso civilizacional, uma vez que nega o princípio de que a autoridade aperfeiçoa a liberdade, a verdade ditada pela lei natural, pela conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.1) Como Chesterton bem disse, capitalismo demais leva a socialismo demais. Por isso, o caminho do meio é o distributivismo.

4.2) Livre comércio com pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento leva a relações comerciais justas e a reciprocidade, a ponto de haver uma maior integração entre as pessoas. E as relações comerciais levam a uma relação de serviço, uma vez que a riqueza é usada para aperfeiçoar o trabalho que é feito e também para aprofundar o bem comum, que é organizado de tal maneira a se tomar o país como um lar.

4.3.1) Caso algumas pessoas escolham quebrar o bom direito escolhendo a riqueza como um sinal de salvação, a lei deve ser aplicada como um instrumento sistemático de legítima defesa em face de tal abuso.

4.3.2) Neste ponto, o justo protecionismo é necessário de modo que a liberdade não seja servida com fins vazios, de modo a relativizar a verdade, tudo o que é sagrado e que tem por Cristo fundamento.

5) Enfim, quando me pergunta se sou favorável ao livre comércio ou a proteção, a resposta que eu dou é esta: de que sou favorável ao caminho do meio, pois este é o caminho mais sensato a se percorrer.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2018.

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