1) Existem dois tipos de escritor: o escritor que produz por força de inspiração, tal qual um artesão ou um ourives, e o escritor que trabalha por força de transpiração, tal qual uma máquina.
2) O primeiro dependerá sempre da bondade do Espírito Santo - ele apreciará retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozará sempre de Sua consolação, pois Cristo estará sempre com ele. Quando ele não tiver nada novo para falar, ele não falará, a não ser que o dever para com a verdade o faça se pronunciar novamente. Este é o verdadeiro escritor, pois faz do serviço um apostolado - ele deve ser mantido por doações.
3) O segundo estará sempre preso à sabedoria humana dissociada da divina. Mesmo que não tenha nada para escrever buscará escrever alguma coisa de qualquer jeito, mesmo que seja só besteirol. Ele faz da palavra escrita aquilo que faria com a palavra falada: uma verborragia despudorada, de modo a edificar liberdade para o nada - a tal ponto que deixará de exprimir as impressões mais autênticas da realidade, pois não estará falando às pessoas por caridade. Esse escritor vive dos direitos autorais de suas obras, pois os livros que produz são vendidos tal como banana na feira. Ele ama mais o dinheiro do que o ofício - e estará afetado pelo espírito da independência, fundada na falsa liberdade constitucional de que a pessoa pode expressar o que quiser, independente de censura ou licença.
4) Toda vez que escrevemos, devemos levar em conta que o encontro com o leitor deve ser visto como uma oportunidade de evangelizá-lo, de modo a que ele passe a amar e a rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, de modo a que fique em conformidade com o Todo que vem de Deus. Se nós confundirmos esse encontro com uma sujeição, nós nos enquadraremos nos escritor que só trabalha sob transpiração, que ama mais o dinheiro do que a verdade, em Cristo.
5) O escritor é, pois, um artista - e não um operário, tal como vemos nos jornalistas.
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