Marcelo Andrade:
(0:00) Bom dia, me pediram para fazer um react de um vídeo, acho que um curto vídeo, do Professor HOC, do Instagram. Vamos lá.
Professor HOC
(0:11) Nós não deveríamos ser brasileiros. Na verdade, nós não deveríamos nos chamar de brasileiros. (0:18) Os colonizadores que vinham para cá, extrair o pau-brasil, eles eram chamados de brasileiros? (0:22) E reparem que a palavra brasileiro tem a terminação "-eiro", que indica uma profissão, uma ocupação. (0:29) Assim como engenheiro, bombeiro, cozinheiro.
Ou seja, eles não vinham para cá para construir uma ação. (0:36) Eles vinham para cá para buscar uma matéria-prima e levar para Portugal. (0:39) Se nós analisarmos os nomes dados aos outros povos, como francês, português, chinês, (0:45) nós vamos perceber que são palavras terminadas em "-ês".
(0:49) E esse "-es", significa referente ou pertencente a um determinado local. (0:54) Por exemplo, um burguês era um habitante de um burgo. (0:58) E um freguês é o habitante de uma freguesia.
(1:01) Outra terminação é o "-ano", como em italiano, americano, angolano. (1:06) E nesse caso, ela indica quem se origina ou é relativo àquele local. (1:11) Tá, mas e como nós deveríamos nos chamar? (1:14) Em inglês, nós somos brazilians. Em italiano, nós somos brasilianos. (1:18) E em francês, brésilian. (1:19) Esse é um reflexo de que, por mais que internacionalmente sejamos vistos como uma nação, (1:26) nacionalmente, nós não construímos a nossa identidade.
(1:29) E você, como acha que deveríamos nos chamar? (1:31) Brazês? Brasilianos?
Marcelo Andrade:
(1:34) Bom, vamos lá. (1:35) O professor HOC, né, eu já assisti a alguns vídeos dele, (1:39) me parece uma pessoa, assim, bem inteligente, conservadora, etc. (1:43) Mas aí, nesse vídeo, ele derrapou, ele cometeu equívocos, (1:50) atendeu, seguiu os chavões da esquerda, né? (1:53) Então, é chato isso, né? (1:56) Bom, vamos comentar quais foram os erros aí dele nesse curto.
(2:01) Não sei se isso daí é um corte, se tem um vídeo maior, etc e tal. (2:05) Vou só comentar o que ele falou, né? (2:08) Então, ele critica lá o termo... (2:10) Não, inicialmente ele fala que repete a lenga-lenga, (2:13) e de que o Brasil foi colônia de exploração, né? (2:16) Eu já falei tanto contra isso, já escrevi livro contra isso, (2:20) então acho que nem preciso mais comentar. (2:22) Depois, aí, também tem um problema lógico aí no raciocínio dele: (2:26) ele associa, então, só porque tem a designação -eiro, né? (2:30) Gentílico do Brasil, que virou brasileiro. (2:32) Então, logo, aqui foi colônia de exploração. (2:36) Isso aí não tem lógica nenhuma.
(2:51) Não é porque o gentílico é escrito de um jeito ou de outro que (2:55) você vai saber a origem da pessoa, né? (2:57) Ele não provou logicamente isso. (3:00) Então, esse já é o primeiro erro, já daria pra refutar o vídeo dele, (3:05) porque não tem lógica nenhuma a sequência que ele fez lá. (3:10) Você não tem uma premissa maior, uma premissa menor, (3:12) e uma conclusão razoavelmente construída, né? (3:18) Então, isso aí já tá errado.
(3:20) O segundo ponto é que ele desconhece a história, né? (3:24) Então, primeiro, o termo brasileiro não se consolidou de imediato. (3:29) Aí dá a impressão, quando o Cabral pôs os pés aqui no Brasil, (3:32) chamou todo mundo de brasileiro, e é assim até 2024. (3:36) Não foi assim.
(3:36) Não foi assim por quê? (3:38) Porque naquela época, não tinha essa obsessão que tem no mundo moderno (3:43) de ficar querendo definir tudo, dando padrões, (3:49) colocando normas gramaticais pra tudo, (3:54) estabelecer gentílico de pronto, (3:57) e obrigando todo mundo a falar esse gentílico. (3:59) Não tinha. (4:00) As coisas antigamente eram feitas mais de modo orgânico, (4:03) tanto em pesos, como medidas, como em nomes.
(4:07) Então, um dado claro da história do Brasil é que (4:10) os nomes regionais se consolidaram antes do nome nacional, (4:15) ou seja, o nome paulista, ou ainda são, são paulista, (4:20) e pernambucano eram mais usados comumente do que o termo brasileiro, por exemplo. (4:25) Então, dado o tamanho do Brasil, os regionalismos eram muito fortes, né? (4:30) Então, esses nomes regionais eram mais comuns do que (4:34) um nome genérico para o Brasil. (4:38) Então, já começa o primeiro erro dele.
(4:41) Segundo erro é que o nome brasileiro não foi consolidado imediatamente. (4:49) Ele demorou. Ninguém sabe quando. (4:52) Uns dizem começo do século XVIII, outros dizem século XVII. (4:56) Não foi no começo. (4:58) E junto da designação de brasileiro, (5:01) que efetivamente aqueles que trabalhavam com o pau-brasil, (5:04) havia outros nomes para designar quem morava ou quem nascia no Brasil, (5:09) como, por exemplo, português do Além-mar, português da América, (5:14) brasiliano também foi usado, (5:17) brasis chegou a ser usado, (5:19) inclusive em 1822, quando o Brasil enviou representantes para as cortes portuguesas, (5:26) os próprios portugueses saudaram os brasileiros como (5:29) português do Além-mar ou português da América.
(5:32) Então, essa na realidade era a designação mais comum, (5:36) chamar de português do aquém do além-mar, (5:39) português da América, português da Índia, português de Macau, (5:43) porque Portugal via tudo como pertencente à mesma nação. (5:49) O Brasil não tinha status de colônia. (5:52) Aqui foi chamado de província, depois foi principado, (5:55), mais tarde Estado do Brasil, e por fim Reino Unido.
(5:57) Não havia essa condição de subordinação legal a Portugal, (6:04) conforme se ensina erradamente nas escolas. (6:06) Então, havia outras designações do nome, (6:10) que coloca o argumento do HOC por água abaixo. (6:14) Outro argumento que também coloca o argumento dele também por água abaixo, (6:20) que desmonta a argumentação dele é que, (6:22) se o termo brasileiro fosse associado à exploração, (6:26) ele teria que ter sido designado em relação aos índios, (6:30) porque os índios, supostamente, foram explorados pelos portugueses.
(6:35) Então, na lógica da colônia de exploração, lógica é tudo mentira, (6:38) na lógica da colônia de exploração, os primeiros explorados foram os índios. (6:43) Então, se o termo brasileiro é um termo que se refere à exploração, (6:48) deveriam ter usado brasileiro em relação aos índios, (6:51) só que não era usado. (6:52) Os índios eram chamados de brasilianos, (6:54) e os portugueses que viam morar aqui, (6:57) era mais comum serem chamados de brasileiros da América.
(7:02) E quem nasceu em São Paulo, nenhum nem outro, era só paulista. (7:05) Então, a argumentação dele não faz o menor sentido do ponto de vista histórico. (7:10) E, para enterrar o assunto, (7:13) tem uma certa visão preconceituosa em relação ao trabalho.
(7:19) Porque o trabalho não é uma coisa deletéria, o trabalho é uma honra. (7:23) Então, não é negativo você ter uma designação pedreiro, encanador, etc. (7:29) Tanto é que o grande santo da igreja São José, (7:33) ele é conhecido como São José Marceneiro, carpinteiro, perdão.
(8:04) Porque o dia 1º de maio, os comunistas tomaram de assalto esse dia (8:08) para fazer louvores ao socialismo e tal. (8:12) E aí, o Pio XII, para descomunizar o dia, instituiu o 1º de maio (8:16), dia de São José Carpinteiro, padroeiro dos operários. (8:22) Então, não é uma coisa negativa fazer associações com o trabalho.
(8:29) Não tem nada negativo nisso. (8:31) Aliás, é uma honra o Brasil ter um gentílico diferente de todos os países do mundo. (8:36) Significa que dá uma alusão ao trabalho, (8:38) porque a gente tem que trabalhar para conquistar as coisas.
(8:41) As coisas não vão cair do céu, o dinheiro não dá em árvore. (8:45) Precisa estudar, precisa trabalhar. (8:48) Então, o gentílico Brasil brasileiro, na realidade, é uma honra.
(8:52) Não é uma coisa deletéria. (8:54) É uma coisa que nos honra muito associar conceito de nacionalidade ao trabalho. (9:01) Então, parece que ele tem uma visão preconceituosa com quem trabalha (9:06) ou alguma coisa que designa uma atividade laboral.
(9:12) Isso aí não é nenhuma desonra, né? (9:15) Então, nós vemos por vários argumentos que o vídeo dele é totalmente sensível. (9:21) Do ponto de vista lógico, não tem pé nem cabeça. (9:24) Do ponto de vista histórico, o termo brasileiro não surgiu de imediato.
(9:28) Os índios não eram chamados de brasileiros inicialmente, mas brasilianos. (9:32) Os nomes regionais eram mais fortes. (9:34) Por fim, já mais depois até deu uma corrupção.
(9:39) Não tem nada de errado, né? (9:40) Então, nós vemos que por vários ângulos, histórico, lógica e mesmo a própria honra (9:50) de ser associado a um trabalho, realmente ele errou e errou feio. (9:54) Por isso que é importante estudar história. (9:56) História é a mestra da vida.
(9:58) Quando a pessoa estuda história, ela não vai cometer esse erro. (10:03) A pessoa que estuda história está mais preparada para entender o mundo que nós vivemos. (10:10) Então, por exemplo, para entender o termo brasileiro, a pessoa precisa saber história.
(10:14) Aí não cai nesses erros do HOC. (10:16) Então, se a pessoa conhecesse história, não saberia as origens dos gentílicos do Brasil. (10:22) Depois, não é só brasileiro que se fala, fala mineiro também e campineiro também.
(10:27) Não é nenhuma desonra que quem nasceu em Campinas seja chamado de campineiro e muito (10:32) menos quem nasceu em Minas Gerais ser chamado de mineiro. (10:36) Então, esses argumentos do HOC aí são muito frágeis, servem a chavões e servem no fundo (10:44) a uma visão muito preconceituosa contra o trabalho, o trabalho laboral. (10:50) Vai ver que pessoa muito intelectual e tal gosta de olhar tudo de cima para baixo (10:56) O mundo não é assim.
(10:57) Então, vamos ficando por aqui e obrigado e até o próximo vídeo.
Marcelo Andrade
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