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domingo, 4 de agosto de 2024

Eleições Americanas - os EUA preferem homens fortes?

(0:00) Os candidatos que disputam a prévia do Partido Republicano discordam em muitos aspectos, (0:06) seja em relação a quanto restringir o aborto ou se o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, (0:11) venceu legitimamente as eleições de 2020. No entanto, quando se trata de assuntos internacionais, (0:18) quase todos os concorrentes adotaram posições políticas agressivas e belicosas. Os quatro (0:24) principais candidatos favoritos à nomeação do Partido Republicano, Ron DeSantis, Nick Holley, (0:29) Vivek Ramaswamy e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endossaram ataques ao (0:35) México para combater os cartéis de drogas do país, por exemplo.

Trump foi além e afirmou que (0:40) enviaria para o México todos os recursos militares necessários, incluindo a Marinha dos Estados (0:45) Unidos. A maioria dos candidatos também pediu o aumento da confrontação com o Irã e, em grande (0:51) parte, os candidatos exigiram uma postura mais hostil em relação à China, frequentemente usando (0:58) termos sombrios para fazerem seus apelos. DeSantis, por exemplo, declarou que Washington deve tratar (1:03) Pequim da mesma forma que tratava os soviéticos.

Holley afirmou que a China está liderando um novo (1:09) eixo do mal global. Ramaswamy rotulou a China como o nosso principal inimigo. À primeira vista, (1:15) essas posições parecem não estar alinhadas com as vontades dos americanos.

Uma pesquisa da Reuters, (1:21) de setembro de 2023, descobriu que apenas 29% dos eleitores aprovam ataques aos cartéis de (1:27) drogas no México sem o apoio do governo mexicano, que nunca autorizaria algo do tipo. Uma pesquisa (1:32) do Chicago Council on Global Affairs, realizada em janeiro deste ano, constatou que apenas 22% dos (1:39) americanos consideram a China uma adversária. Ou seja, propostas para enviar soldados dos Estados (1:45) Unidos ao México ou travar uma guerra fria com a China contrariam a sabedoria convencional, (1:51) que sugere que os americanos desejam presidentes que evitem aventuras custosas no exterior e (1:56) concentrem sua atenção internamente.
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No entanto, embora os americanos digam que se opõem às intervenções individuais ou atos (3:17) de agressão dos Estados Unidos, seu comportamento nas urnas revela que eles gostam de presidentes (3:23) fortes e combativos. De acordo com uma pesquisa, os eleitores americanos levam mais em conta ao (3:28) votar para presidente se o candidato parece ser forte ou durão do que as posições dele de (3:34) política externa. Quando questionados sobre por que acham que um candidato presidencial seria mais (3:39) eficaz em lidar com política externa do que outros, os eleitores citam muito mais atributos pessoais do (3:46) candidato, como força e decisão, do que elogiam elementos específicos das plataformas de política (3:52) externa desse candidato.

Esses padrões indicam que presidentes e candidatos presidenciais têm (3:57) incentivos para adotar posições impopulares em política externa se isso os ajudar a mostrar que (4:05) são suficientemente fortes para servir como comandantes do país. Os políticos perceberam (4:10) isso. Ao longo do último meio século, candidatos de ambos os partidos têm frequentemente utilizado (4:17) políticas externas agressivas para demonstrar que são suficientemente fortes para liderar os (4:22) Estados Unidos.

Essa postura beligerante pode ajudar a vencer as eleições, mas também resulta (4:28) em uma série de políticas, como orçamentos de defesa crescentes, guerras sem fim e diplomacia (4:34) unilateral que, em teoria, estão em desacordo com a opinião pública. Corrigir essa desconexão não vai (4:40) ser fácil. No entanto, os candidatos podem parecer fortes sem serem beligerantes.

Se redirecionarem (4:46) sua agressividade para longe de adversários internacionais e em direção a elites domésticas (4:52) que promovem a beligerância. Os políticos também podem explicar que uma liderança forte requer (4:57) aderir a um conjunto de prioridades centrais, como reforçar a credibilidade das alianças dos (5:03) Estados Unidos em vez de expandir os compromissos de política externa de Washington. Enquanto isso, (5:08) eleitores e analistas devem estar cientes de que o aparentemente razoável desejo de eleger um (5:14) comandante-chefe forte pode, na verdade, distorcer a política externa dos Estados Unidos, incentivando (5:22) líderes a tomar decisões mais beligerantes do que o que os americanos desejam.

Voltando mais no tempo, (5:29) a gente encontra inúmeros exemplos dessa dissonância. Quando John F. Kennedy concorreu à (5:33) presidência em 1960, ele via a política externa como uma das suas principais vulnerabilidades (5:39) políticas. O Kennedy havia servido com distinção na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, (5:44) mas ele tinha pouca experiência de alto nível em assuntos internacionais.

Em contraste, (5:48) o candidato presidencial republicano Richard Nixon havia ganhado a fama liderando investigações (5:55) anticomunistas no Senado dos Estados Unidos, confrontando o líder soviético Nikita Khrushchev (6:00) em um debate televisionado nacionalmente e passado oito anos viajando pelo mundo como (6:05) vice-presidente de Eisenhower, o homem que permanecia como a voz mais confiável do (6:10) país em questões globais. John Kennedy Karl Breith, um economista de Harvard que era um (6:16) dos conselheiros de política externa de Kennedy, resumiu esse desafio em um memorando de campanha, (6:21) argumentando que a ligação de Nixon, de vasta experiência em um período de dificuldade e (6:27) perigo, será um dos nossos problemas mais difíceis, talvez o mais difícil. A equipe (6:34) do Kennedy acreditava que a solução para esse problema tinha pouco a ver com propor (6:38) políticas externas que os eleitores gostassem por seus méritos, como escreveu George Belknap, (6:45) um cientista político que aconselhou Kennedy sobre a opinião pública, dizendo o seguinte (6:49) uma grande porcentagem de pessoas expressa preocupação com manter a paz, mas questões (6:57) específicas de assuntos externos não eram de grande importância para elas.

Em vez disso, Belknap (7:03) explicou que a maioria dos eleitores tendia a transformar discussões de política externa em (7:09) referendos sobre a força de liderança dos candidatos. Para fazer isso, Kennedy orientou (7:15) sua plataforma de política externa em torno do aumento de gastos com defesa, especialmente (7:21) expandindo o arsenal de mísseis nucleares do país. Em teoria, isso não deveria ter tido o apelo que (7:26) teve com a opinião pública.

De acordo com a Gallup, apenas 22% dos eleitores achavam que os gastos com (7:32) defesa eram muito baixos, 19% achavam que eram muito altos e 45% achavam que estavam adequados. (7:41) Claramente, a política mais popular seria manter os gastos militares constantes, que era o que o (7:46) Nixon propunha fazer. Mas, como explicou Walt Hoston, um dos conselheiros de política externa (7:52) de Kennedy, adotar uma posição beligerante nos gastos militares permitiria que o Kennedy (7:58) parecesse durão na política externa, enquanto fazia o Nixon parecer complacente diante da ameaça (8:06) soviética.

O Kennedy, portanto, enfatizou sua proposta em discursos de campanha, argumentando (8:11) que sua postura agressiva nos gastos com defesa mostrava que ele seria um defensor vigoroso do (8:19) interesse nacional, em vez de um contador que considera seu trabalho concluído quando os (8:24) números da planilha se equilibram. Pesquisas conduzidas pela campanha de Kennedy mostravam (8:29) que ele ganhava constantemente terreno com os eleitores preocupados com questões de guerra e (8:34) paz. Kennedy concluiu em última análise que adotar uma posição beligerante nos gastos com defesa foi (8:40) crucial para sua estreita vitória.

Quatro anos depois, quando o presidente Lyndon Johnson entrou (8:46) na corrida presidencial, ele também considerava a política externa uma das suas principais (8:50) fraquezas políticas. O oponente republicano de Johnson, Barry Goldwater, parecia ganhar terreno (8:56) ao argumentar que Johnson estava usando medidas tímidas para conter a insurgência comunista no (9:02) Vietnã. Goldwater defendia uma resposta mais agressiva e pontuava seus discursos com alegações (9:08) de como Johnson havia afundado os Estados Unidos em uma guerra sem rumo, sem líder, e como o Vietnã (9:14) estava sendo sacrificado pela indecisão dessa administração.

As pesquisas privadas de Johnson (9:21) confirmavam que o Vietnã era o tema de política mais desfavorável para ele. (9:25) Os republicanos vão transformar isso em uma questão política, todos eles, disse Johnson ao senador da (9:30) Geórgia, Richard Hussle, seu ex-mentor. Hussle concordou e disse que é a única questão que eles (9:36) têm.

Os dados das pesquisas de Johnson indicavam que apenas 15% dos americanos apoiavam o aumento (9:43) da participação militar dos Estados Unidos no Vietnã. No entanto, os assessores de Johnson (9:48) ainda acreditavam que direcionar a política do Vietnã para uma abordagem mais beligerante (9:53) ajudaria a neutralizar as acusações de fraqueza contra o Johnson. O assessor de Johnson, Bill (9:59) Myers, explicou essa lógica em um memorando, argumentando o seguinte, abre aspas, (10:04) é difícil para um funcionário do governo, especialmente para um candidato, obter muitos (10:10) benefícios ao ser a favor da paz, fecha aspas, porque isso exigiria dele fazer garantias que (10:16) ele não é fraco.

A questão, então, era como Johnson poderia adotar uma postura firme em (10:22) relação ao Vietnã sem assustar os americanos relutantes em entrar em uma guerra. Johnson (10:27) decidiu equilibrar essa situação pedindo ao congresso uma autorização sem limites para o uso (10:32) da força no Vietnã sem se comprometer com uma invasão. A sua administração começou a preparar (10:37) a tal proposta em maio de 1964.
Quando o Vietnã do Norte atacou navios dos Estados Unidos no (10:43) Golfo de Tonkin, em agosto, Johnson introduziu a proposta. Conforme explicou William Bundy, (10:49) secretário-assistente de Estado, em um memorando intitulado O Argumento a Favor de uma Resolução (10:54) do Congresso, a medida permitia a Johnson proporcionar uma demonstração contínua de (11:01) firmeza dos Estados Unidos, sem ter que explicar ao público exatamente o que pretendia fazer com (11:06) a sua política no Vietnã. Apesar da sua habilidade, a estratégia de Johnson ainda (11:11) encontrou oposição.

Inicialmente, o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, (11:16) William Fulbright, democrata do Arkansas, disse a Johnson que se opunha ao aumento da participação (11:24) militar dos Estados Unidos no Vietnã. No entanto, Johnson persuadiu Fulbright de que a resolução do (11:29) uso da força era simplesmente uma ferramenta para rebater as preocupações públicas de que ele era (11:34) fraco em relação ao comunismo, prometendo que voltaria ao Congresso para buscar aprovação (11:39) adicional antes de enviar tropas terrestres para o Vietnã. Fulbright então liderou a aprovação da (11:46) resolução do Golfo de Tonkin no Congresso, com um mínimo de debate, e disse o seguinte, (11:51) abre aspas, você aprova isso e dá a Lyndon uma ferramenta na campanha, fecha aspas, (11:58) dizendo Fulbright em particular a outros democratas céticos.

E funcionou. Embora os (12:04) dados das pesquisas de Johnson mostrassem que 58% dos americanos se opunham à condução da (12:11) situação no Vietnã antes da crise de Tonkin, impressionantes 72% apoiaram a medida como Johnson (12:18) lidou com a guerra após a aprovação da resolução. Com um único golpe, o presidente tinha transformado (12:23) sua maior vulnerabilidade política em política externa em um dos seus ativos mais fortes.

No (12:28) entanto, a resolução de Tonkin também deu a Johnson a capacidade de iniciar uma guerra que (12:34) os eleitores não haviam solicitado. No ano seguinte, Johnson quebrou a sua promessa a Fulbright, (12:39) enviando soldados dos Estados Unidos para o Vietnã sem a aprovação adicional do Congresso. E isso (12:44) levou Washington a uma derrota custosa e humilhante.

Eleições recentes fornecem (12:49) muitos exemplos semelhantes de líderes usando posições beligerantes em política externa para (12:55) fortalecer suas imagens pessoais. Dick Morris, gerente de campanha do presidente dos Estados (13:00) Unidos Bill Clinton, em 1996, encorajou Clinton a bombardear a Sérvia para parecer forte, (13:09) mesmo que apenas uma minoria de eleitores apoiasse a intervenção militar nos Balcãs. (13:14) Depois que Clinton concordou em bombardear as posições militares sérvias e enviar força dos (13:19) Estados Unidos para a região para operações de manutenção da paz, ele percebeu que Morris (13:24) lhe havia dado um conselho político sólido.
O presidente repetidamente expressou fascinação (13:31) pelo fato de que, enquanto 60% do público se opunha ao envio de tropas dos Estados Unidos (13:37) para a Bósnia, a aprovação pública da sua política externa aumentou, não diminuiu, (13:42) depois que ele ordenou o envio de tropas de qualquer jeito. Clinton concluiu que a firmeza (13:47) e a decisão eram apreciadas mesmo que as pessoas discordassem das políticas que ele havia escolhido. (13:55) A campanha de reeleição do presidente dos Estados Unidos George W. Bush, em 2004, (14:00) explorou uma lógica semelhante.

De acordo com dados de pesquisas coletados ao longo da campanha, (14:04) apenas 43% dos americanos apoiavam a condução de Bush na guerra do Iraque. Mas, em vez de anunciar (14:12) um novo rumo, Bush prometeu veementemente manter sua posição no Iraque apesar da pressão política. (14:18) Ou seja, as substâncias das políticas de guerra no Iraque do Bush eram menos importantes do que o (14:26) que essas políticas revelavam sobre as qualidades pessoais do presidente americano.

Manter o curso (14:35) no Iraque pode não ter apelado aos eleitores pelos méritos, mas ajudou a retratar o Bush como (14:42) um presidente de guerra estável. Essas questões geralmente dizem mais respeito a atributos, não a (14:48) questão em si. E o atributo mais importante e relevante para os eleitores que o Bush tinha era (14:54) o fato de ele ser um líder forte.

Até certo ponto, o Trump quebrou esse padrão ao concorrer à (15:01) presidência dos EUA em 2016. Ele criticou seus antecessores por travar guerras inúteis e grande (15:08) parte da sua agenda internacional, especialmente seus esforços para negociar uma retirada do (15:13) Afeganistão e o fato de não iniciar novas guerras, refletia as demandas dos eleitores para evitar (15:20) aventuras militares custosas. No entanto, o Trump adotou posturas agressivamente beligerantes em (15:27) outras áreas da política externa, principalmente por meio das suas duras críticas aos aliados e (15:32) parceiros tradicionais dos EUA.

Por exemplo, Trump chamou a OTAN de obsoleta, acusou o México de nos (15:38) prejudicar economicamente e disse que os americanos estavam cansados de serem explorados por todo o (15:44) mundo. Trump prometeu que enfrentaria esses países e proferiu a famosa provocação de que (15:49) construiria um muro na fronteira sul dos EUA e faria o México pagar pelo muro. Em teoria, (15:55) tal retórica deveria ser uma desvantagem política.

Décadas de dados de pesquisa mostram que a maioria (16:01) dos americanos quer que seus líderes cooperem com outros países para resolver problemas globais. (16:07) Essas atitudes persistiram mesmo depois que Trump assumiu o cargo. De acordo com uma pesquisa da (16:13) Quinnipiac, de maio de 2017, 88% dos americanos achavam importante que o presidente dos EUA (16:19) apoiasse publicamente os aliados.
No entanto, a alegação de Trump de que era um negociador duro (16:25) que impediria outros países de tirar vantagem dos EUA ajudou a ilustrar a sua determinação. (16:31) Isso era, na visão da campanha de Trump, crucial para o seu sucesso político. A força não é a (16:37) característica pessoal a qual os eleitores associam a um comandante-chefe competente.

Os (16:43) eleitores também desejam que os presidentes possuam bom julgamento, ou seja, que evitem correr (16:49) riscos desnecessários. A derrota esmagadora de Goldwater em 1964 ilustra esse ponto. Ao adotar (16:56) posições extremas em política externa e expressá-las por meio de uma linguagem descuidada, (17:01) como seu interesse declarado em jogar uma arma nuclear no banheiro do Kremlin, Goldwater parecia (17:08) um anticomunista fanático que não podia ser confiado com os códigos nucleares.

(17:13) Johnson capitalizou essa inquietação ao lançar um anúncio de ataque agora famoso, (17:18) no qual uma garota colhendo margaridas em um campo é envolvida por uma nuvem de cogumelo (17:23) atômico. No final do anúncio, o narrador instrui os espectadores a votarem em Johnson, (17:28) porque, abre aspas, os riscos são muito altos para você ficar em casa. Fecha aspas.

(17:35) No entanto, a maioria dos candidatos presidenciais colhe relativamente pouco (17:39) benefício ao tentar convencer os eleitores de que possuem bom julgamento em assuntos internacionais, (17:45) principalmente porque tal sabedoria é excepcionalmente difícil de sinalizar. O bom (17:50) julgamento depende do contexto. Uma política externa razoável em uma situação pode ser (17:55) arriscada demais ou excessivamente cautelosa em outra.

Mesmo com o benefício da retrospectiva, (18:02) os especialistas em política externa frequentemente discordam sobre como (18:07) distinguir o bom julgamento de boa sorte nos assuntos internacionais. Leigos raramente (18:14) conseguem fazer tais avaliações com confiança. Em contraste, é fácil para os candidatos (18:19) presidenciais usarem políticas externas beligerantes para projetar força.
Ao (18:23) comprometer confrontar adversários, recusar concessões diplomáticas e ampliar as capacidades (18:29) militares, os candidatos americanos podem fazer parecer que defenderão firmemente os interesses (18:36) do país. A decisão de Trump de assassinar o general iraniano Qassem Soleimani em janeiro (18:41) de 2020 fornece um bom exemplo de como é difícil avaliar a sabedoria de uma política, mas simples (18:48) identificar a resolução de tal ato. Ou seja, esse tipo de decisão apela muito mais para a forma do (18:54) que para o conteúdo.

Após o Trump ordenar o ataque, muitos observadores o acusaram de arriscar (19:00) imprudentemente uma guerra contra o Irã. Outros argumentaram que os Estados Unidos deveriam ter (19:04) mirado o Soleimani há muito tempo e que o ataque ajudaria a dissuadir o Irã de desafiar os Estados (19:10) Unidos no futuro. Mesmo olhando para o passado, é difícil determinar se a decisão do Trump (19:15) refletiu um bom julgamento.

A retaliação do Irã pelo ataque a Soleimani foi menos severa do que (19:21) muitas pessoas previam. Portanto, é possível que o Trump tenha analisado cuidadosamente a situação (19:26) e compreendido corretamente que a sua escolha de matar o Soleimani não era tão perigosa quanto os (19:32) críticos afirmavam. Mas também é possível que o Trump não tivesse ideia de como o Teheran reagiria (19:38) e mesmo assim optou por arriscar sem uma boa razão e teve sorte.

O assassinato de Soleimani mostrou de (19:44) uma forma inequívoca a disposição de Trump punir a agressão iraniana de uma maneira que outros (19:49) líderes não fariam. O antecessor de Trump, Barack Obama, havia se recusado a tomar medidas diretas (19:56) contra a Soleimani e durante a eleição presidencial de 2020, o Biden afirmou explicitamente que não (20:02) teria aprovado o ataque. Trump explorou esse contraste ao evocar o assassinato ao longo da (20:08) sua campanha de reeleição em 2020 e ia acusar o Biden de ser fraco.
A retirada de Biden do (20:14) Afeganistão em agosto de 2021 proporciona um contraste claro com o ataque à Soleimani. Os (20:20) dados das pesquisas na época sugeriam que os eleitores não tinham opiniões firmes sobre se (20:26) era uma boa ideia retirar as tropas americanas do Afeganistão. Muitos analistas acreditavam que a (20:32) escolha de Biden de encerrar um conflito longo e impopular geraria amplo apoio popular.

No (20:38) entanto, o colapso súbito do governo afegão e a retirada caótica prejudicaram seriamente a (20:44) reputação de Biden como um comandante-chefe competente. Sua taxa de aprovação caiu (20:49) rapidamente seis pontos, coisa que ele nunca recuperou. É fácil entender porque os eleitores (20:54) priorizam avaliações de se os candidatos são adequados para serem comandantes-chefes.
Para (21:01) deixar claro, o comandante-chefe é aquele que comanda as forças armadas do país. Ele é o (21:07) chefe total do Estado. Muitos dos eventos que moldam o legado dos presidentes estão relacionados (21:14) a assuntos internacionais, como a condução da Guerra da Coreia por Harry Truman, a gestão da (21:19) crise dos mísseis cubanos por Kennedy e a reação do George W. Bush aos ataques do 11 de setembro.

(21:26) Cada um desses eventos foi inesperado quando esses presidentes concorreram ao cargo. Como a (21:32) política mundial muitas vezes é dominada por desafios surpreendentes, os eleitores têm boas (21:37) razões para se preocupar se seus líderes máximos são competentes para lidar com questões de (21:43) política externa em geral. Não apenas se promove um conjunto de políticas na área internacional.
(21:49) No entanto, a maneira como os candidatos usam questões de política externa para moldar suas (21:55) imagens pode ter consequências importantes e tangíveis. É fácil, por exemplo, desconsiderar (22:01) as declarações dos candidatos presidenciais republicanos sobre atacar o México como bravata (22:06) que nunca moldaria o seu comportamento no cargo. Mas os presidentes enfrentam pressão para honrar (22:12) suas promessas beligerantes e frequentemente as cumprem.

Kennedy aumentou os gastos com (22:18) defesa de maneira que a maioria dos eleitores não desejava. Johnson travou a guerra que o (22:23) México autorizou ele a lutar. Bush manteve o curso no Iraque pelo resto do seu mandato.

(22:28) E o Trump tensionou as relações com os aliados ao longo dos seus quatro anos no cargo. Hoje, (22:33) a política de fazer pose tem apostas especialmente altas quando se trata das (22:40) relações entre Estados Unidos e a China. É extremamente difícil saber como os Estados (22:45) Unidos devem responder ao crescimento da China.

Até mesmo especialistas e profissionais de (22:49) política discordam sobre quais os tipos de ações serão mais propensos a conter uma agressão (22:56) chinesa. Certamente, não dá para esperar que os eleitores tenham opiniões firmes sobre quais (23:01) políticas são superiores a outras em seus méritos. Mas os candidatos presidenciais têm incentivos (23:07) claros para usar a China como uma forma de demonstrar seu compromisso em vencer uma competição de (23:13) grandes potências, mostrar que não recuarão diante da agressão e retratar seus rivais como (23:19) complacentes em relação às ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos.

Ao fazer isso, (23:25) os candidatos correm o risco de tornar as relações entre os Estados Unidos e a China, (23:29) que já são tensas, muito mais confrontacionais do que o desejado pelos americanos. Ao fazer isso, (23:35) os candidatos correm o risco de tornar as relações entre os Estados Unidos e a China, (23:40) que já são tensas, muito mais confrontacionais do que o desejado pelos americanos. Reconciliar (23:48) esses impulsos, ou seja, o desejo dos americanos por uma política externa contida e a sua atração (23:56) por líderes fortes, não é fácil.

No passado, os partidos políticos faziam isso ao indicar (24:03) candidatos presidenciais com ampla experiência militar, que podiam confiar nos seus históricos (24:08) para convencer os eleitores de que eram fortes sem precisar adotar posturas beligerantes. O (24:15) histórico militar do Eisenhower foi, sem dúvida, parte do motivo pelo qual ele se mostrou excepcionalmente (24:21) bem sucedido em limitar os gastos com defesa e manter os Estados Unidos longe de guerras (24:26) estrangeiras. No entanto, poucos candidatos na história possuíram as credenciais de Eisenhower, (24:32) e, exceto por descentes, nenhum dos principais candidatos de 2024 possui qualquer experiência (24:38) militar.

Como resultado, se desejam advogar por posições menos beligerantes, sem parecerem (24:43) fracos, eles precisam recorrer aos outros métodos. Uma abordagem comum hoje entre a esquerda progressista (24:49) é envolver a contenção da política externa em linguagem confrontacional, ou seja, em vez de (24:55) criticar os adversários de Washington, esses políticos falam de maneira agressiva sobre (25:00) resistir à influência perniciosa do establishment da política externa. Por exemplo, a candidata (25:06) presidencial de 2020, Elizabeth Warren, argumentou na revista Foreign Affairs que os americanos (25:12) precisam reagir contra uma liderança equivocada para adotar uma política externa que funcione (25:17) para todos os americanos, não apenas para as elites ricas.

Uma abordagem diferente é argumentar (25:24) que os líderes fortes precisam manter o foco na gestão da competição de grandes potências em (25:30) vez de se distrair com guerras desnecessárias ou programas militares supérfluos. Esse foi o (25:35) cerne da mensagem de política externa do George W. Bush durante a eleição de 2000, no qual ele (25:41) argumentou que Clinton havia envolvido as forças armadas dos Estados Unidos em intervenções (25:45) humanitárias e construção de nações de uma forma muito ampla. No entanto, os candidatos (25:50) democratas presidenciais mais à esquerda têm tido dificuldade para vencer as primárias presidenciais (25:57) ou as prévias nas últimas décadas, quanto mais as eleições gerais.

E apesar de prometer (26:03) contenção, o Bush tornou-se um dos presidentes mais intervencionistas da história. Ou seja, (26:10) essas opções desses discursos durões servem muito bem o propósito de eleger o candidato, (26:18) mas colocam os Estados Unidos numa trilha no mínimo complicada. Se os americanos realmente (26:23) desejam um comportamento menos beligerante dos seus líderes, eventualmente precisarão mudar a (26:29) forma como os avaliam.

Eles devem perceber que, ao exigirem que os candidatos presidenciais demonstrem (26:36) publicamente sua determinação, estão forçando esses candidatos a fazerem escolhas entre atender (26:42) as preferências de política dos eleitores e criar suas imagens pessoais atraentes. Pode ser difícil (26:48) para os eleitores, coletivamente, ajustarem suas visões de longa data sobre o que faz um (26:56) comandante-chefe ser bom. E os cidadãos dos Estados Unidos têm o direito de determinar o (27:01) quanto desejam enfatizar a eleição de líderes fortes.

No entanto, os eleitores também devem (27:06) estar cientes de como os candidatos exploram seus impulsos de maneiras sistemáticas e frequentemente (27:12) cínicas. Caso contrário, os americanos continuarão a ficar frustrados com o custo e alcance do papel (27:19) global do seu país.

Professor HOC

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