1) Se vivesse por mim mesmo, teria de conceber o corpo como se fosse uma propriedade - sendo propriedade, eu poderia usar (jus utendi), gozar (jus fruendi) e dispor de meu corpo (jus abutendi), como também de outros.
2) Se faço isso em meu corpo, isso é automutilação e suicídio - no caso dos outros, isso é escravidão. Como não enxergo no outro o espelho do meu eu, eu acabo não percebendo que a mutilação que faço nele é a minha mutilação - e caso eu o mate, eu acabo me matando para Deus.
3) Se o corpo é propriedade, os frutos do corpo, como os filhos, são coisa e não seres humanos. E sendo coisas, incorrem sobre eles os três poderes. Logo, o aborto - dentro desta concepção absurda, que é liberal e neopagã - se torna um direito.
4) Não é à toa que o aborto e a escravidão estão relacionadas ao amor de si e à cultura do corpo tomado como se fosse propriedade. Ao contrário da propriedade que é perpétua, o corpo não é perpétuo - ele é morada precária, pois somos mortais, já que ele é o suporte sobre o qual a alma exerce suas prerrogativas de modo a aprimorar seus atributos, seus dons, coisa que vêm de Deus, com o auxílio do Espírito Santo.
5) Mesmo que eu busque viver minha vida por mim mesmo e para mim mesmo, o sentido da vida seria vazio, visto que não sou Deus. Sem Deus, tudo o que faço não faria sentido - não haveria sucessão, muito menos continuidade da vida comunitária.
6) Essa concepção que os americanos têm da vida não é algo benéfico. Se eles são frios, isso se deve à própria estrutura desse país, que é descristianizada. Como são historicamente anticatólicos, então não podem ser tomados por parâmetro de civilização virtuosa. Triste é o país que adota seu regime de governo e sua cultura vazia.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2016 (data da postagem original).
Nenhum comentário:
Postar um comentário