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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Da dicotomia direita e esquerda natural e provocada


"Há quem me diga: caro José Octavio Dettmann, essa dicotomia esquerda versus direita só surgiu a partir da Revolução Francesa. Ela é muito mais complexa do que se aparenta. Na minha opinião, não se pode ficar muito adstrito ao dualismo, porque esquerda e direita têm várias ramificações".
Eu digo:

1) A dicotomia esquerda x direita é na verdade anterior à própria Revolução Francesa.

2) Na bíblia há um ensinamento de que quem está à direita do paí está em conformidade com o Todo.

3) Não é à toa que o primeiro estado (a nobreza) e o segundo estado (o clero) ficavam à direita na Assembléia dos Estados Gerais. Isso era um indício claro de aliança entre o altar e o trono - se Cristo é à verdade e é postulado natural, essa divisão entre esquerda e direita é natural, pois se funda na verdade.

4) Quem estava contra o status quo é quem realmente queria romper com a ordem natural das coisas - por isso, ficou à esquerda, de fato - e estes todos eram anticatólicos, antimonárquicos, que amavam o dinheiro como um ídolo e que fomentavam um progresso social relativizando os valores morais mais básicos. Esses homens que ficavam situados à esquerda conheciam bem as conseqüências nefastas e diabólicas da revolução silenciosa que corria em segredo lentamente e que decorria desse demônio que é o amor ao dinheiro entre nós.

5) Essa circunstância surgiu porque a França era o país mais próspero da Europa, ao tempo da Revolução. As elevadas taxas de juro decorriam de uma economia toda voltada para a manufatura de luxo, seguida de monopólio comercial (Colbertismo), de práticas de agiotagem e de muita especulação em Companhias de Comércio e Navegação (algumas dessas foram até escandalosas, como a do famoso esquema do Vale do Tennessee, um esquema de pirâmide financeira que resultou na prisão do famoso mercador e banqueiro Richard Cantillon)

6) Em meio a essa prosperidade, a cultura do amor ao dinheiro proliferava tal como bactéria que encontra ambiente propício para se reproduzir, coisa que se incutiu na sociedade francesa desde o Edito de Nantes.

7) Este Edito deu liberdade de culto aos protestantes (huguenotes ou calvinistas franceses) e que pôs fim às Guerras Religiosas na França, em 1598. Foi ela quem criou o espaço necessário para a revolução silenciosa que deu origem às guerras de facção que jogariam o terceiro estado (onde estavam os adeptos dessa cultura revolucionária) de vez contra os membros do primeiro e segundo, dando origem à República, coisa que se viria, algum tempo depois de feita a Revolução Francesa, quando o Rei se recusou a romper a histórica e sagrada aliança entre o altar e o trono.

8) Onde não se havia a cultura do amor ao dinheiro consolidada, havia-se a cultura do diálogo e da cooperação entre as classes, própria do parlamentarismo monárquico, de tal modo que a última convocação dos Estados Gerais se deu antes em 1614, antes da Paz de Westfália, que se deu por volta de 1648 e que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos, uma guerra entre os Estados Católicos e os Estados que aderiram a fé protestante, propagada por gente do naipe de Lutero, Calvino e outros tantos. Da última convocação àquela que desencadeou a crise que desaguou na Revolução Francesa, a mudança foi catastrófica.

9) Depois de feita a Revolução Francesa, quem ficou à direita da assembléia, na verdade, queria conservar as coisas porque lhe convinha, pois a ordem social estava agora de fato edificada no amor ao dinheiro e na separação da Igreja do Estado. Esses eram os revolucionários moderados (libertários moderados ou liberais). E quem ficava à esquerda queria era ir mais a fundo na atividade revolucionária e esses estavam dispostos a praticar o terror, se fosse preciso (tal como vemos nos jacobinos, nos anarquistas, nos comunistas).

10) O que falo no ponto 9 é o retrato das circunstâncias atuais, que marcaram decisivamente os séculos XIX, XX e o começo do século XXI.

11) A dicotomia atual, que foi provocada, se baseia numa guerra de facções entre as esquerdas - e o regime republicano sempre será uma guerra de facções, onde cada facção tem a sua própria verdade, já que Deus, para eles, está morto (como vemos no presidencialismo) ou em vias de ser eliminado, em que as duas facções colaboram de modo a matar Deus de vez, tal como há no parlamentarismo republicado, através da técnica das tesouras, pois há uma força contra-revolucionária que ainda se recusou a morrer. As eleições nestas circunstâncias são um retrato de uma guerra civil fria que, de tempos em tempos, se torna quente, aberta, tal como vemos nas guerras internas e externas. E é exatamente o que vemos no Manifesto Comunista, de Karl Marx.

12) Tal como o Olavo falou, a esquerda, quando toma o poder, é quem define quem é a direita. E quando faz isso, ela se funda em sabedoria humana dissociada da divina. E isso se chama gnose (e nela qualquer coisa pode ser objeto conhecimento, mesmo se ele estiver fora da verdade, que é Cristo Nosso Senhor)

13) Se a esquerda define a direita, então a direita fundada nessa definição, que é arbitrária, é falsa. Então, devemos fugir do postulado da pseudociência revolucionária, pois isso nos aprofunda na mentira. Por isso, não podemos tomar os fatos sociais decorrentes de tal definição arbitrária como coisa, sob pena de se fazer falsa análise acerca da realidade humana, quando se vive em sociedade. Quando se faz isso, caímos num falso positivo, num falso saber.

14) Eis o ambiente sendo criado para a segunda fase da etapa revolucionária, que pode resultar numa terceira guerra mundial.

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