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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Comentários sobre a ambidestria política de D. João VI

1) A respeito da crise provocada pela Revolução Liberal do Porto de 1820, D. João VI praticou verdadeira ambidestria política.

2) Eis o conceito de ambidestria política, tal como eu defini: "ambidestria em política seria costurar aliança com parlamentares de direita (conservantista) e esquerda (revolucionária). Isso é o contrário do real significado do que é ser ambidestro na escrita - na verdade, é estar em cima do muro e conservar as coisas como estão porque é conveniente. Além disso, é covardia, pois a pessoa não lutará pela verdade, que decorre de Cristo".

3) No contexto daquela época, quem apoiava as idéias liberais era revolucionário. E eles queriam viver num estado de coisas em que as coisas do Estado tinham que ser necessariamente separadas dos valores da Santa Religião - enfim, eles queriam uma ordem onde os valores de Cristo e da Lei Mosaica não interfeririam nas coisas que se fundam no poder, que se alimentaria através da riqueza da população, através dos impostos. Em termos práticos, adotar-se-ia a lógica de Maquiavel: a política seria separada dos valores éticos, tal como vemos serem apregoados na Santa Religião.

4) Os liberais queriam libertar toda a sociedade desses valores que deram causa à fundação da nossa civilização, achando que a razão por si mesma bastaria para mantê-los. Pura ilusão! o século XX foi o século onde tudo se desaguou numa enorme tragédia.

5) Do outro lado estavam os conservadores, os defensores da aliança entre o altar e o trono. Gente do naipe de Sylvestre Pinheiro e conselheiro Thomaz Antônio, que viram os malefícios de uma constituição escrita pelo homem, divorciada de Deus, e do mal que isso poderia trazer, se D. João fizesse concessões perigosas a esses revolucionários.

6) A ambidestria política de D. João VI neste campo resultou no dualismo constitucional e na ulterior guerra civil entre D. Pedro e D. Miguel.

7) O Brasil passaria por muitas revoltas que quase esfacelaram a unidade territorial, de tal modo que isso só foi se resolver com a subida D. Pedro II ao poder.

8) Enfim, a História Constitucional Brasileira é marcada por revoltas e instabilidades políticas, tanto no seu surgimento, como um reflexo direto da revolução francesa, quanto nas sucessivas crises ao longo da república, em que a Constituição foi escrita e reescrita diversas vezes.


9) Seria mais sensato que D. Pedro I tivesse seguido o conselho de seu sogro: que não se preocupasse com constituições. Pois a aliança com a Igreja bastou para se criar uma ordem estável, tal como víamos na Idade Média.

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