1) A respeito da crise provocada
pela Revolução Liberal do Porto de 1820, D. João VI praticou verdadeira
ambidestria política.
2) Eis o conceito de ambidestria
política, tal como eu defini: "ambidestria em política seria costurar
aliança com parlamentares de direita (conservantista) e esquerda
(revolucionária). Isso é o contrário do real significado do que é ser
ambidestro na escrita - na verdade, é estar em cima do muro e conservar as
coisas como estão porque é conveniente. Além disso, é covardia, pois a pessoa
não lutará pela verdade, que decorre de Cristo".
3) No contexto daquela época,
quem apoiava as idéias liberais era revolucionário. E eles queriam viver num
estado de coisas em que as coisas do Estado tinham que ser necessariamente
separadas dos valores da Santa Religião - enfim, eles queriam uma ordem onde os
valores de Cristo e da Lei Mosaica não interfeririam nas coisas que se fundam
no poder, que se alimentaria através da riqueza da população, através dos
impostos. Em termos práticos, adotar-se-ia a lógica de Maquiavel: a política
seria separada dos valores éticos, tal como vemos serem apregoados na Santa
Religião.
4) Os liberais queriam libertar
toda a sociedade desses valores que deram causa à fundação da nossa
civilização, achando que a razão por si mesma bastaria para mantê-los. Pura
ilusão! o século XX foi o século onde tudo se desaguou numa enorme tragédia.
5) Do outro lado estavam os
conservadores, os defensores da aliança entre o altar e o trono. Gente do naipe
de Sylvestre Pinheiro e conselheiro Thomaz Antônio, que viram os malefícios de
uma constituição escrita pelo homem, divorciada de Deus, e do mal que isso
poderia trazer, se D. João fizesse concessões perigosas a esses
revolucionários.
6) A ambidestria política de D.
João VI neste campo resultou no dualismo constitucional e na ulterior guerra
civil entre D. Pedro e D. Miguel.
7) O Brasil passaria por muitas
revoltas que quase esfacelaram a unidade territorial, de tal modo que isso só
foi se resolver com a subida D. Pedro II ao poder.
8) Enfim, a História
Constitucional Brasileira é marcada por revoltas e instabilidades políticas,
tanto no seu surgimento, como um reflexo direto da revolução francesa, quanto
nas sucessivas crises ao longo da república, em que a Constituição foi escrita
e reescrita diversas vezes.
9) Seria mais sensato que D.
Pedro I tivesse seguido o conselho de seu sogro: que não se preocupasse com
constituições. Pois a aliança com a Igreja bastou para se criar uma ordem
estável, tal como víamos na Idade Média.
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