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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A ordem fundada no amor ao dinheiro precisou de formas ocultas para se desenvolver

1) Nos séculos XVI e XVII, era muito comum nos países onde a classe mercantil era forte a figura da sociedade em comandita por ações. Aliás, as primeiras companhias de comércio e de navegação nasceram dessa forma.

2) Havia a figura dos comanditários, que eram pessoas muito ricas e que só contribuíam fornecendo o capital necessário, de modo a  que empresa viesse a funcionar. Eles entravam com o capital de subscrição, mas não participavam do dia-a-dia da companhia. Eles eram sócios ocultos, que em geralmente recebiam seus dividendos através de ações ao portador.

3) Esses comanditários eram geralmente banqueiros e príncipes e quase todos eles eram protestantes. Se atuassem em um país católico, onde a prática da agiotagem era ilegal, eles atuavam de modo escondido, como comanditários, pois era uma forma de burlar a lei.

4) Sob a batuta de poderosos comanditários, havia os sócios comanditados que eram os navegadores, exploradores, soldados, pescadores, carpinteiros e toda uma classe de profissionais que entrava com seu trabalho, com armas e com navios de modo a fazer com que a empresa funcionasse. Eles atuavam também no ramo da pirataria, através de cartas de marca.

5) Essas sociedades em comandita foram cruciais para o desenvolvimento da economia colbertista e na construção do império comercial holandês.

6) Não é à toa que, cedo ou tarde, esses impérios entraram em ruína, sobretudo por crises econômicas, como a mania das tulipas na Holanda, ou agravada ainda mais por guerras como a Guerra dos 7 Anos ou decorrentes de uma grave carestia, que deu causa à Revolução Francesa.

7) Esses impérios, fundados no amor ao dinheiro, nasceram para perecer. E toda prosperidade dá causa a uma crise em que os valores morais, já relativizados, são cada vez mais relativizados por uma classe de insatisfeitos, disposta a destruir de vez a civilização do país.

8) O problema desses Impérios é tratarem o dinheiro com um fim em si mesmo.

9) O capital por si só não garante nada - ele é meio pelo qual, a longo prazo, ocorre a construção de uma infra estrutura que garante o desenvolvimento do país, de modo a que este seja tomado como se fosse uma lar. O capital adquirido deve ter como fim isto.

10) Quando só se busca acumular, sem se investir em coisas concretas, a inflação terá corroído todas riquezas e não terá valor nenhum - e o país não tem alternativa para a crise, pois não investiu em coisas produtivas.

11) Dinheiro sozinho não tem serventia alguma - a ganância, a busca do lucro pelo lucro a qualquer custo, pode levar a crises rapidamente, como a das tulipas - e a indústria do luxo tenderá a migrar para outro lugar.

12) Até hoje esses países que tiveram impérios comerciais no passado são os mais liberais dentre os costumes - e os mais suscetíveis à mentalidade esquerdista.
 
José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2014 (data da postagem original).

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