2.1) Sempre que puder, leia seus escritos. Se você perceber uma conexão entre uma nota de base e outra, faça uma síntese a ponto de juntar os dois textos, de modo a formar um texto maior, coerente e objetivo.
2.2.1) Durante o processo de síntese, alguns pontos podem ser acrescentados, de modo a enriquecer ainda mais a história.
2.2.2) O objetivo é sempre o mesmo: escrever algo que aponte para Deus, para um dado da realidade, seja ele pessoal, seja ele decorrente dos problemas sociais de seu país ou do país da pessoa amada, se esta pessoa mora fora do Brasil, por exemplo. É na síntese, fundada na compreensão da realidade, que tomamos várias coisas como um mesmo lar em Cristo, já que apontam para a mesma verdade.
2.3.1) Ao longo do tempo, diferentes textos de base são escritos e diferentes sínteses são feitas partir dos textos-base. Sempre que encontrar uma relação entre as sínteses, junte tudo. Diga tudo o que for necessário, mas não torne o texto muito longo e cansativo.
2.3.2) É vital para o escritor o esvaziamento de si mesmo - e a luta contra o clichê é uma luta contra a vaidade, contra o que se conserva de conveniente e dissociado da verdade.
3.1) No meu último ano de segundo grau, quando comecei a estudar a poesia de João Cabral de Mello Neto. Ele costumava ser chamado de "o arquiteto das palavras".
3.2.1) Se isso aconteceu à poesia, então a prosa também pode ser arquitetada. As histórias são construídas ponto a ponto, ao longo do tempo.
3.2.2) Para se tomar um país como um lar em Cristo, você precisa fazer das palavras material de construção - se você dominar a sintaxe e a gramática, você poderá fazer uma bela casa no Céu sem necessariamente fazer uma torre de Babel através da verborragia, com o intuito de desafiar a Deus. As moradas no Céu e a pressa em habitá-las começam a existir a partir do momento que começam a ser imaginadas - e isso precisa sair da escrita de um bom escritor, que deve trabalhar tal como um agricultor cultiva os campos. Este é o verdadeiro processo de construção de uma comunidade revelada a partir da cultura, do constante chamado para se servir a Cristo em terras distantes, tal como se deu em Ourique.
3.2.3) O bom escritor não é Sérgio Naya, nem Odebrecht. Tudo o que é dito tem seu devido peso e devida proporção - a verborragia, fundada na vaidade, leva ao superfaturamento e à corrupção desta obra.
3.2.4) Se houver uma economia de material por conta da vaidade, então haverá uma economia de signo porca por conta desse superfaturamento, que é a verborragia - o que faz com que todo o trabalho seja voltado para o nada, já que a obra não servirá a Deus e à eternidade, mas ao efêmero, a ponto de ser uma caricatura grotesca do artista que a projetou - o que denuncia a verdadeira falsidade do que ele foi em vida, tal como foi Oscar Niemeyer com suas construções horrendas. Um verdadeiro horror metafísico, um verdadeiro monumento à liberdade servida com fins vazios, o que não passa de uma grande estupidez.
Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 2020.