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segunda-feira, 17 de junho de 2019

Dos problemas pessoais como microcosmos dos problemas sociais - por que não é exibicionismo falar sobre eles?

1) Se o indivíduo, até certo ponto, é o dado irredutível da ciência social, então falar dos problemas pessoais como uma amostra dos problemas sociais que afetam o país como um todo não é questão de exibicionismo, mas um ato de caridade, pois acabo colaborando com os cientistas sociais neste aspecto. Como minha consciência não está fragmentada, então acabo transformando meus problemas pessoais em estudo de caso a ser tratado literariamente e filosoficamente.

2.1) Eu sou uma vítima das circunstâncias por que o país passa desde 1985.

2.2) A vida inteira tive que conviver com pessoas que não tinham nada a ver comigo - isso me levou a ter de buscar um sentido para a vida aqui no Brasil, já que não tive a sorte de nascer nos Estados Unidos.

2.3) Quando comecei a estudar a História do Brasil sob o prisma do milagre de Ourique, foi aí que encontrei o sentido. E a rede se tornou o lugar por onde sirvo a Cristo em terras distantes, apesar de ainda não conseguir converter relacionamentos virtuais em relacionamentos reais - e essa tem sido minha maior frustração.

3) Olhando para trás, hoje percebo que o Brasil não é uma nação, uma vez que sou obrigado a conviver com pessoas que não têm nada a ver comigo e que até mesmo debocham deste ensinamento de Platão: "verdade conhecida é verdade obedecida". E isso a gente encontra desde o âmbito da própria família: meus tios são casados com mulheres ricas no amor de si até o desprezo de Deus. Minha mãe fez o certo: ela adotou uma postura isolacionista, pois não há nobreza dentro da própria família.

4.1) Por isso que a solução para esse problema está justamente em se unir a pessoas que são excelentes e que amam e rejeitam as mesmas coisas que você, se o verdadeiro Deus e o verdadeiro Homem for a medida de todas as coisas.

4.2.1) Na rede conheci muita gente excelente, mas nenhuma delas da minha localidade. Definitivamente, o "coração do meu Brasil" tornou-se um coração de pedra, um verdadeiro horror metafísico de tal maneira que a cidade deixou de ser maravilhosa. E tem sido assim desde que Brizola foi eleito, em 1982.

4.2.2) Há quem diga que os cariocas se tornaram frios, como me disse uma colega de Interconexos, certa ocasião. Mais do que frios, burros - posso contar nos dedos quantos são da minha localidade e que têm algo a oferecer. Muitos deles moram na Zona Sul da cidade, que é uma verdadeira bolha. Acham que a vida é um mar de rosas. Eu moro na Zona Oeste da cidade e conheço um Rio que não é isso que é vendido lá fora. Meu Rio é uma miséria e não é tão maravilhoso assim - na verdade, é uma apeirokalia completa.

5) Agora vocês entendem o meu drama, essa dificuldade de converter relacionamentos virtuais em relacionamentos reais?

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 17 de junho de 2019.

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