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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

A engenharia como missão: técnica, lealdade e fronteira na formação dos impérios cristãos

Resumo

Este artigo propõe uma leitura comparativa de três obras centrais para a compreensão da relação entre técnica, lealdade e espaço na construção de impérios: Un imperio de ingenieros (Fernández-Armesto e Lucena Giraldo), The Frontier in American History (Turner) e The Philosophy of Loyalty (Royce). O objetivo é mostrar como a engenharia e o domínio técnico podem ser compreendidos não apenas como instrumentos de poder político, mas como expressões de um serviço espiritual à ordem da Cristandade, particularmente quando inseridos numa economia simbólica fundada na verdade e na missão.

1. Introdução

A modernidade técnica separou a ciência do seu princípio fundador: a servitude ao verdadeiro Deus. No entanto, ao analisar o papel dos engenheiros na formação do Império Hispânico, Felipe Fernández-Armesto e Manuel Lucena Giraldo oferecem uma chave de leitura alternativa à narrativa iluminista: o engenheiro como servo de uma missão imperial teológica. Esta perspectiva se amplia ao ser confrontada com a noção de fronteira em Turner e com o conceito de lealdade em Royce.

2. Un imperio de ingenieros: técnica como extensão do espírito

Fernández-Armesto e Lucena Giraldo (2018) demonstram que o engenheiro não era meramente um técnico, mas um agente civilizador da Monarquia Católica. Ele integrava saberes práticos (cartografia, fortificação, hidráulica) com a ordem política e espiritual, atuando como soldado-letrado, cuja autoridade provinha tanto do domínio técnico quanto da fidelidade à missão régia-cristã.

"Los ingenieros eran también portadores de orden moral y político, ejecutores de una visión católica del mundo." (Fernández-Armesto; Lucena Giraldo, 2018, p. 42)

Essa abordagem ecoa a tradição medieval que não via antagonismo entre fé e razão, mas uma hierarquia: a técnica é boa quando está a serviço da verdade.

3. Turner e a fronteira como mito fundacional

Em The Frontier in American History, Frederick Jackson Turner (1920) propõe que a experiência americana de expansão para o Oeste moldou o caráter democrático e individualista dos EUA. A fronteira, para Turner, não é apenas um limite geográfico, mas um espaço simbólico de renovação social e política.

Contudo, o que falta à tese de Turner é um critério transcendente: sua fronteira é marcada por um ethos protestante e secularizado, fundado no autonomismo espiritual do indivíduo, em contraste com a missão unificadora da Cristandade.

A comparação revela um contraste essencial: enquanto a fronteira hispânica buscava implantar uma ordem católica integrada, a americana multiplicava espaços de disputa e dissolução simbólica, mesmo quando pretendia fundar uma república virtuosa.

4. Royce: lealdade como fundamento da comunidade

Josiah Royce, em The Philosophy of Loyalty (1908), oferece o conceito-chave que une os dois modelos: lealdade como vocação. Para Royce, ser leal é consagrar-se a uma causa mais alta do que o ego, assumindo-a com constância e consciência.

“Loyalty is the willing and practical and thoroughgoing devotion of a person to a cause.” (Royce, 1908, p. 16)

Ora, o engenheiro imperial espanhol é leal à Monarquia Católica como ordem temporal legitimada por uma causa eterna; o pioneiro americano, na leitura de Royce, pode ser leal a uma ideia de liberdade, mas esta frequentemente degenera em mera autonomia, sem transcendência.

Royce serve como ponte crítica: sua filosofia permite avaliar quais lealdades constroem comunidades duráveis e quais apenas as fragmentam.

5. Técnica, lealdade e serviço: o engenheiro como arquétipo católico

Ao confrontar as três obras, emerge uma figura ideal: o engenheiro-cristão como símbolo da santificação pelo trabalho, fiel a uma missão que integra saber técnico, fidelidade política e serviço espiritual. Ele se distingue tanto do “pioneiro liberal” quanto do “tecnocrata moderno”.

Essa síntese remete à ideia patrística de que a criação é um cosmos ordenado, e a técnica deve espelhar essa ordem. A fronteira, então, deixa de ser lugar de evasão para se tornar lugar de missão, e a lealdade, em vez de laço subjetivo, assume seu papel de aliança objetiva com o todo de Deus.

6. A União Ibérica e o espírito de Ourique na formação do engenheiro imperial

Entre 1580 e 1640, Portugal e seus domínios estiveram sob domínio da Monarquia Hispânica. Nesse período, conhecido como União Ibérica, houve não apenas uma fusão política, mas também uma convergência simbólica e espiritual entre o ideal missionário português e a racionalidade técnica espanhola.

Desde a Batalha de Ourique (1139), a fundação da nacionalidade portuguesa esteve marcada por uma teofania: Cristo teria aparecido a Dom Afonso Henriques, confiando-lhe a missão de instaurar um reino a serviço de Deus. Essa visão estabeleceu Portugal como instrumento divino de expansão da fé — ideia que orientou seus feitos marítimos e coloniais.

Durante a União Ibérica, esse espírito não foi anulado, mas assimilado: os engenheiros da Monarquia Hispânica, muitos deles portugueses ou formados em território lusitano, herdaram essa vocação cristocêntrica e guerreira, tornando-se protagonistas da construção da ordem católica ultramarina.

“Os engenheiros ibéricos eram, mais que funcionários, instrumentos conscientes da ordenação divina do mundo.” (FERNÁNDEZ-ARMESTO; LUCENA GIRALDO, 2018, p. 51)

7. A Companhia de Jesus como modelo de engenharia espiritual e técnica

Não se pode entender a fusão entre técnica e missão sem considerar o papel da Companhia de Jesus, fundada em 1540. Os jesuítas atuaram como engenheiros espirituais, mas também como educadores, arquitetos, cartógrafos e cientistas.

No Brasil, nomes como Manuel da Nóbrega e José de Anchieta uniam ação missionária com ação civilizadora e urbanística. Nos colégios jesuítas, ensinava-se latim, retórica, lógica, mas também matemática e cosmografia — ou seja, a formação de engenheiros do Reino de Deus e do rei terreno.

Segundo Frei António Vieira, o império português era o cumprimento da profecia de Isaías: um império universal da fé, não pela força bruta, mas pelo zelo dos que educam, constroem e ordenam. A técnica, nesse contexto, não é neutra: é liturgia material da fé encarnada.

8. Considerações finais

A recuperação do arquétipo do engenheiro católico como figura de lealdade e expansão da ordem espiritual propõe um antídoto ao império da técnica desvinculada da verdade. Em tempos de dissolução simbólica e exílio espiritual, o reencontro com esse modelo pode inspirar uma nova forma de entender a missão intelectual, política e moral da Cristandade no século XXI. A fronteira, como lugar de combate e obediência, volta a ser o que foi em Ourique: um altar de consagração à verdade que salva.

Referências

FERNÁNDEZ-ARMESTO, Felipe; LUCENA GIRALDO, Manuel. Un imperio de ingenieros: Una historia del saber al servicio de la Monarquía. Barcelona: Taurus, 2018.

ROYCE, Josiah. The Philosophy of Loyalty. New York: Macmillan, 1908.

TURNER, Frederick Jackson. The Frontier in American History. New York: Henry Holt and Company, 1920.

VIEIRA, António. Sermões. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993.

NÓBREGA, Manuel da. Cartas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1931.

Karna bezpaństwowość i cywilna ekskomunika w porządku Chrześcijaństwa

Wprowadzenie

Współczesne prawo międzynarodowe, opierając się na laickiej abstrakcji godności osoby ludzkiej, oderwało się od swego prawdziwego fundamentu: porządku Stworzenia, prawa naturalnego i suwerenności Boga nad narodami. Rozwód ten zaowocował systemem prawnym, który przyznaje taką samą ochronę sprawiedliwemu i zbrodniarzowi, świętemu i wrogowi Boga, niewinności i zepsuciu. Nadszedł czas, aby przywrócić prawdziwą sprawiedliwość: taką, która rozróżnia duszę wierną od zatwardziale przewrotnej, obywatela godnego Chrześcijaństwa od zdrajcy Prawa Bożego.

W niniejszym artykule proponujemy przywrócenie instytucji karnej bezpaństwowości, rozumianej jako utrata obywatelstwa za przestępstwa o najwyższej wadze moralnej i politycznej, na wzór cywilnej ekskomuniki. Sankcja ta ma na celu ochronę ciała politycznego narodów chrześcijańskich przed skażeniem przez jednostki, które świadomie i uporczywie zrywają moralny sojusz, będący fundamentem każdej prawdziwej wspólnoty.

1. Obywatelstwo w porządku Chrześcijaństwa

W Chrześcijaństwie obywatelstwo nie jest prawem bezwarunkowym; jest raczej udziałem we wspólnocie sprawiedliwych, tych, którzy — choć niedoskonale — starają się żyć według Prawa Bożego. Obywatel jest żołnierzem dobra wspólnego, dzielącym misję moralną i duchową budowy społeczeństwa zgodnie z Królestwem Chrystusa.

Według św. Tomasza z Akwinu, dobro wspólne jest celem ostatecznym prawa ludzkiego, a to prawo jest zgodne z prawem tylko wtedy, gdy jest podporządkowane sprawiedliwości i wiecznemu prawu Bożemu (AQUINO, 2015, I-II, q. 90, a. 2). Filozof ten również utrzymuje, że prawo powinno promować cnotę i prowadzić do życia dobrego.

Tę koncepcję potwierdzają również założyciele Szkoły z Salamanki, szczególnie Francisco de Vitoria, który twierdził, że narody chrześcijańskie mają misję zachowania porządku politycznego zgodnego z prawem naturalnym i boskim¹.

2. Dwa typy bezpaństwowców: ofiary i winni

Wyróżnia się dwa typy bezpaństwowców:

a) Bezpaństwowość z powodu błędu systemu prawnego
Dotyczy jednostek, które z powodu negatywnego konfliktu obywatelstwa rodzą się bez uznanej ojczyzny. Są to ofiary niedoskonałych systemów prawnych. Konwencja z 1961 roku o redukcji bezpaństwowości uznaje ten problem i zobowiązuje państwa do zapewnienia obywatelstwa urodzonym na ich terytorium, jeśli nie posiadają innego (ONZ, 1961).

b) Bezpaństwowość jako sankcja moralna i polityczna
Odnosi się do tych, którzy przez swoje przestępcze i haniebne postępowanie dobrowolnie zrywają sojusz ze społeczeństwem chrześcijańskim. Gwałciciele, mordercy, terroryści, handlarze narkotyków, skorumpowani urzędnicy wysokiego szczebla i systematyczni łamacze praw człowieka (jak ci sankcjonowani ustawą Magnitsky) przestają być obywatelami. Są wrogami Chrześcijaństwa i jako tacy powinni zostać ogłoszeni bezpaństwowcami przez sprawiedliwą cywilną ekskomunikę².

3. Cywilna ekskomunika jako wymiar boskiej i ludzkiej sprawiedliwości

Tak jak ekskomunika kościelna oddziela heretyka od Mistycznego Ciała Chrystusa, tak ekskomunika cywilna oddziela zdrajcę od Ciała Politycznego Chrześcijaństwa. Nie jest ona zemstą, lecz sprawiedliwością. Osoba, która gardzi dobrem wspólnym, niszczy rodziny, deprawuje instytucje lub sieje terror, powinna zostać pozbawiona obywatelstwa jako widoczny znak wewnętrznego zerwania z porządkiem moralnym.

W myśli Josepha de Maistre’a, zatwardziały przestępca traci więzi ze społeczeństwem i powinien zostać wydalony, aby ciało polityczne mogło zachować swoją integralność³. Kara ta nie służy jedynie korekcie jednostki, ale oczyszczeniu wspólnoty.

4. Dług moralny jako fundament niewoli

Ci, którzy popełniają zbrodnie haniebne, takie jak handel narkotykami (handel śmiercią), gwałt, okrutne morderstwo, strukturalna korupcja i terroryzm, zrywają nie tylko z ludźmi, ale i z samym Bogiem. Ich dług nie jest jedynie karny, lecz metafizyczny.

Inspirując się Ewangelią według Mateusza (Mt 18, 23–35), widzimy, że sługa nieprzebaczający traci prawo do miłosierdzia i zostaje wydany „katom, dopóki nie spłaci całego długu”. Analogicznie — tacy ludzie nie mogą korzystać z pełni obywatelstwa, bowiem mają trwały dług wobec Boga i dobra wspólnego.

5. Odbudowa międzynarodowego porządku Chrześcijaństwa

Na poziomie międzynarodowym doktryna ta wymaga:

  • Uznania bloku narodów chrześcijańskich, zobowiązanych do przestrzegania prawa naturalnego i boskiego;

  • Stworzenia międzynarodowych rejestrów cywilnej ekskomuniki, analogicznych do list sankcyjnych ustawy Magnitsky;

  • Ogłoszenia nielegalności politycznej reżimów antychrześcijańskich, skorumpowanych lub rewolucyjnych;

  • Przywrócenia pojęcia wojny sprawiedliwej i sankcji między państwami opartych na obiektywnych winach moralnych (AQUINO, 2015, II-II, q. 40).

Zakończenie: dla honoru obywatelstwa w zasługach Chrystusa

Obywatelstwo jest darem i zaszczytem. Nie można go rozciągać na tych, którzy gardzą życiem, porządkiem i sprawiedliwością. Przywrócenie karnej bezpaństwowości i cywilnej ekskomuniki to akt miłości względem niewinnych, sprawiedliwości względem zdrajców i czci wobec Boga.

W zasługach Chrystusa wzywamy ludzi dobrej woli do odbudowy Chrześcijaństwa, nie jako imperium politycznego, lecz jako międzynarodowego porządku moralnego, w którym pokój rodzi się z prawdy, wolność poddaje się Prawu Bożemu, a obywatelstwo pieczętuje się ofiarą tego, kto miłuje sprawiedliwość.

 Przypisy

¹ VITÓRIA, Francisco de. Relecciones teológicas sobre los indios y sobre el poder civil. Tłum. Luis Alberto de Boni. Petrópolis: Vozes, 1997.
² MAGNITSKY ACT. U.S. Congress, 2012. Amerykańska ustawa federalna nakładająca sankcje na łamaczy praw człowieka i systemowych korupcjonistów. Może być reinterpretowana przez Chrześcijaństwo w kluczu moralnym i duchowym.
³ MAISTRE, Joseph de. Considerações sobre a França. São Paulo: É Realizações, 2013.

Bibliografia

AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. Tłum. Alexandre Corrêa. São Paulo: Loyola, 2015. 5 tomów.
MAISTRE, Joseph de. Considerações sobre a França. São Paulo: É Realizações, 2013.
ONZ. Konwencja o zmniejszeniu przypadków bezpaństwowości. Nowy Jork: Organizacja Narodów Zjednoczonych, 1961.
VITÓRIA, Francisco de. Relecciones teológicas sobre los indios y sobre el poder civil. Petrópolis: Vozes, 1997.
SUÁREZ, Francisco. De legibus ac Deo legislatore. Madryt: BAC, 1962.

Od niewolnictwa do Złotego Prawa: medytacja o wolności, kulturze i ekonomii w zasługach Chrystusa

Wstęp

Historia ludzkości jest w dużej mierze historią walki o wolność. Ta walka nie jest tylko socjologiczna, prawna czy polityczna — jest przede wszystkim duchowa. Droga od niewolnika do człowieka wolnego, od sługi do obywatela, od nędzarza do człowieka godnego, nie jest przebywana jedynie przez rewolucje czy dekrety, lecz przez symbole, słowa i wieczne prawdy. Wśród wielu znaków, które wyznaczają tę przemianę, znajdujemy osobliwą zbieżność między angielskim słowem slave a etnosem słowiańskim, zbieżność między brazylijskim Złotym Prawem (Lei Áurea) a polskim Złotym Prawem, a także samą nazwą polskiej waluty: złoty, co znaczy „złoty”. Te językowe mosty, które na pierwszy rzut oka wydają się etymologicznymi ciekawostkami, okazują się prawdziwymi żyłami duchowego i kulturowego złota, gdy są oświetlone zasługami Chrystusa.

I. Niewolnictwo i etymologia: historyczny ciężar imienia

Angielskie słowo slave pochodzi od łacińskiego sclavus, które oznaczało Słowian zniewolonych przez Germanów i Bizantyjczyków w średniowieczu. To nie jest przypadkowa zbieżność językowa, lecz dziedzictwo historyczne: cały lud został tak utożsamiony z losem niewolników, że jego nazwa stała się nazwą niewolnictwa jako takiego. Mamy tu do czynienia nie z przypadkową etykietą, ale z głębokim znakiem cywilizacyjnym — z narodem, którego tożsamość przez wieki była definiowana przez pozbawienie wolności.

Jednak ten sam rdzeń, który w średniowiecznym Zachodzie był używany do określenia niewolników, został z czasem odkupiony poprzez rozwój chrześcijańskich narodów słowiańskich, a szczególnie Polski, która odegrała kluczową rolę w oporze wobec nowożytnych totalitaryzmów i w obronie wartości ludzkiej godności.

II. Złote Prawo i Lei Áurea: złoto jako symbol wyzwolenia

W Brazylii zniesienie niewolnictwa zostało ogłoszone 13 maja 1888 roku przez podpisanie Lei Áurea – Złotego Prawa. Sama nazwa tego aktu, daleka od przypadkowości, przywołuje złoto — nie jako metal chciwości, lecz jako symbol szlachetności, sprawiedliwości i duchowej wartości. Złoto Złotego Prawa reprezentuje przywrócenie godności tym, którzy zostali jej pozbawieni.

Po polsku „Złote Prawo” tłumaczy się właśnie jako Złote Prawo. Słowo złote, poza znaczeniem „złoty”, jest językowo powiązane z złotym, oficjalną walutą Polski. Tej zbieżności nie można ignorować. Tak jak złoto w nazwie Złotego Prawa przywołuje wolność, tak złoty jako waluta przypomina nam o gospodarce opartej na godności człowieka — lub przynajmniej powinien.

III. Kultura jako przemiana potrzeby w wolność

Jednym z fundamentów prawdziwej kultury jest zdolność przemiany potrzeby w drogę do wolności. Jest to możliwe tylko wtedy, gdy cierpienie, brak i wysiłek zostają przemienione w miłosierną służbę. Kultura nie jest wówczas luksusem, lecz liturgią: codziennym kultem Dobra, Prawdy i Piękna — nawet w małych aktach pracy i ekonomii.

Tutaj pojawia się rola pieniędzy. Pieniądz jako narzędzie jest neutralny. Może służyć grzechowi lub łasce. Użyty dla zaspokojenia próżności lub wyzysku staje się trucizną. Ale gdy służy bliźniemu, staje się złotem odkupionym. Staje się złotym w najwyższym sensie: symbolem ceny zapłaconej przez Chrystusa za nasze dusze, i zapłaty, jaką On sam daje nam, gdy służymy innym.

IV. Ekonomia łaski: Chrystus-potrzebujący i Chrystus-książę

Chrystus uczy nas, że wszystko, co czynimy dla bliźnich — zwłaszcza dla ubogich i potrzebujących — czynimy dla Niego. „Byłem głodny, a daliście Mi jeść; byłem spragniony, a daliście Mi pić...” (Mt 25,35). Gdy dajemy coś cierpiącemu człowiekowi z miłości do Chrystusa, dajemy samemu Majestatowi Bożemu. Zapłata więc nie pochodzi jedynie ze świata, ale od Chrystusa-Księcia, który wynagradza nas hojnie duchowymi łaskami i wiecznymi zasługami.

Ekonomia zbawienia to tajemnicza transakcja, w której prawdziwa zapłata nie odbywa się w liczbach, lecz w odkupieniu. A jednak moneta może stać się drogą łaski, jeśli zostanie użyta do wyzwalania, ratowania, nauczania, budowania.

V. Zakończenie

Między slave (niewolnikiem) a złotym (złotem) istnieje droga odkupienia. Ta droga prowadzi przez krzyż, kulturę i miłosierdzie. Niewolę narzuconą przez historię można pokonać przez kulturę odkupioną. Niewolę narzuconą przez brak można przemienić przez hojność. A złoto — niegdyś symbol ucisku — staje się, dzięki Chrystusowi, znakiem wyzwolenia.

Prawdziwe Złote Prawo nie jest tylko aktem prawnym, ale wewnętrzną dyspozycją: dać drugiemu to, co wyzwoliłoby nas, gdybyśmy byli na jego miejscu. A to, uczynione w imię Chrystusa, zostanie królewsko nagrodzone przez samego Chrystusa — Króla królów, Pana panów, który sam stał się sługą wszystkich, aby wszyscy mogli być wolni.

Aforyzm końcowy

„Między slave a złotym, między niewolą a wolnością, jest Chrystus — który z miłości stał się sługą, aby zapłacić za nas nieprzemijającym złotem odkupienia.”

Da escravidão à Lei Áurea: uma meditação sobre liberdade, cultura e economia nos méritos de Cristo

Introdução

A história da humanidade é, em grande medida, a história da luta por liberdade. Essa luta não é apenas sociológica, jurídica ou política — ela é, antes de tudo, espiritual. O caminho que vai do escravo ao livre, do servo ao cidadão, do indigente ao homem digno, é trilhado não apenas por revoluções ou decretos, mas por símbolos, palavras e verdades eternas. Entre os muitos signos que articulam essa transição, encontramos a estranha afinidade entre a palavra inglesa slave e a etnia eslava, a coincidência entre a Lei Áurea do Brasil e o Złote Prawo (Lei Dourada) em polonês, e o próprio nome da moeda polonesa: złoty, que significa “dourado”. Essas pontes linguísticas, que à primeira vista parecem curiosidades etimológicas, revelam-se verdadeiros veios de ouro espiritual e cultural quando iluminadas pelos méritos de Cristo.

I. Escravidão e etimologia: o peso histórico do nome

O inglês slave vem do latim sclavus, que designava os povos eslavos escravizados pelos germânicos e bizantinos na Idade Média. Não é coincidência linguística, mas herança histórica: uma etnia foi tão associada à condição de servidão que acabou nomeando a própria escravidão. O que está em jogo aqui não é um rótulo acidental, mas uma profunda marca civilizacional — um povo cuja identidade foi, durante séculos, definida pela privação da liberdade.

No entanto, essa mesma raiz, que no Ocidente medieval foi usada para falar de escravos, é redimida ao longo da história pelo florescimento das nações eslavas cristãs, especialmente a Polônia, que viria a desempenhar papel crucial na resistência ao totalitarismo moderno e na defesa dos valores da dignidade humana.

II. A Lei Áurea e a Złote Prawo: ouro como símbolo de libertação

No Brasil, a abolição da escravidão foi sancionada em 13 de maio de 1888 com a assinatura da Lei Áurea. Seu nome, longe de ser casual, evoca o ouro — não o metal da cobiça, mas o símbolo da nobreza, da justiça e do valor espiritual. O ouro da Lei Áurea representa a restituição da dignidade a quem dela havia sido despojado.

Em polonês, “Lei Áurea” traduz-se por Złote Prawo. A palavra złote, além de significar “dourado”, está linguisticamente relacionada a złoty, a moeda oficial da Polônia. Essa equivalência não deve ser ignorada. Assim como o ouro no nome da Lei Áurea evoca liberdade, o złoty como moeda nos remete à economia fundada na dignidade humana — ou, ao menos, deveria. 

III. A cultura como transfiguração da necessidade em liberdade

Um dos fundamentos da verdadeira cultura é a capacidade de fazer da necessidade uma via de liberdade. Isso só é possível quando se transforma o sofrimento, a carência e o esforço em serviço amoroso. A cultura, então, não é luxo, mas liturgia: é o culto cotidiano ao Bem, ao Verdadeiro e ao Belo, mesmo nas pequenas ações do trabalho e da economia.

Aqui entra o papel do dinheiro. O dinheiro, enquanto instrumento, é neutro. Pode servir ao pecado ou à graça. Quando usado para satisfazer a vaidade ou a exploração, torna-se veneno. Mas quando usado para servir ao próximo, ele é ouro redimido. Ele é złoty no sentido mais alto: símbolo do preço pago por Cristo por nossas almas, e do pagamento que Ele mesmo nos faz quando ajudamos o próximo.

IV. A economia da graça: o Cristo-necessitado e o Cristo-príncipe

Cristo nos ensina que tudo o que fazemos ao próximo — sobretudo aos mais pobres e necessitados — é feito a Ele. “Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber...” (Mt 25,35). Quando damos algo a um homem que sofre, e o fazemos por amor a Cristo, damos à própria Majestade Divina. O pagamento, portanto, não vem apenas do mundo, mas do Cristo-príncipe, que nos paga regiamente com graças espirituais e méritos eternos.

A economia da salvação é uma transação misteriosa, onde o pagamento verdadeiro não se dá em cifras, mas em redenção. E, no entanto, a moeda pode se converter em via dessa graça quando usada para libertar, socorrer, educar, edificar.

V. Conclusão

Entre o slave (escravo) e o złoty (dourado) há um caminho de redenção. Esse caminho passa pela cruz, pela cultura e pela caridade. A escravidão imposta pela história pode ser vencida pela cultura redimida. A servidão imposta pela carência pode ser transfigurada pela generosidade. E o ouro — outrora símbolo de opressão — torna-se, por Cristo, sinal de libertação.

A verdadeira Lei Áurea, portanto, não é apenas um decreto legal, mas uma disposição interior: dar ao outro aquilo que nos libertaria se estivéssemos no lugar dele. E isso, feito em nome de Cristo, será regiamente recompensado pelo mesmo Cristo, Rei dos reis, Senhor dos senhores, que fez de si servo de todos para que todos fossem livres.

Aforismo final

"Entre o slave e o złoty, entre a escravidão e a liberdade, está o Cristo — que, por amor, se fez servo para nos pagar com o ouro imperecível da redenção."

Ustawa Magnitsky jako Złote Prawo XXI wieku: skazanie Alexandre de Moraesa na cywilną i finansową karę śmierci

Streszczenie

Niniejszy artykuł dowodzi, że objęcie Alexandre de Moraesa sankcjami na mocy Globalnej Ustawy Magnitsky’ego będzie miało symboliczne znaczenie porównywalne z uchwaleniem Złotego Prawa z 1888 roku. Analogia ta jest możliwa, ponieważ obie ustawy są narzędziami wyzwolenia: pierwsza zerwała kajdany fizycznego niewolnictwa, druga – niewolnictwa politycznego, prawnego i informacyjnego. Międzynarodowe ukaranie osoby reprezentującej polityczne wykorzystanie urzędu sędziowskiego byłoby zatem wyzwoleniem narodu brazylijskiego z sądowej niewoli XXI wieku.

1. Złote Prawo: wyzwolenie z góry

W dniu 13 maja 1888 roku księżna Izabela podpisała Cesarską Ustawę nr 3.353 — Złote Prawo, oficjalnie znosząc niewolnictwo w Brazylii. Choć uchwalona późno, ustawa ta miała głębokie znaczenie symboliczne i prawne. Było to wyzwolenie „z góry”, niepoprzedzone wojną domową, jak w Stanach Zjednoczonych, lecz dokonane przy szerokiej mobilizacji społecznej i silnej presji międzynarodowej.

Zniesienie niewolnictwa nie było jedynie likwidacją relacji ekonomicznej opartej na poddaństwie. Było to wydarzenie o przełomowym znaczeniu moralnym i politycznym. Brazylia przestała być ostatnim bastionem systemu niewolniczego na Zachodzie.

2. Ustawa Magnitsky’ego: sprawiedliwość bez granic

Uchwalona po raz pierwszy w Stanach Zjednoczonych w 2012 roku jako Sergei Magnitsky Rule of Law Accountability Act, ustawa ta była odpowiedzią na śmierć rosyjskiego prawnika, który ujawnił system korupcji państwowej. Od tego czasu ustawa jest wykorzystywana do karania urzędników reżimów autorytarnych poprzez zamrażanie ich majątków, ograniczanie podróży międzynarodowych i wystawianie ich na potępienie moralne.

Wiele państw — takich jak Kanada, Wielka Brytania, Estonia i Unia Europejska — przyjęło własne wersje tej ustawy. Wszystkie mają wspólny cel: indywidualne pociągnięcie do odpowiedzialności osób łamiących prawa człowieka, niezależnie od jurysdykcji.

3. Alexandre de Moraes i cenzura sądowa w Brazylii

Sędzia Sądu Najwyższego i przewodniczący Wyższego Trybunału Wyborczego, Alexandre de Moraes, stał się w ostatniej dekadzie postacią kontrowersyjną. Od 2019 roku, wraz z wszczęciem śledztwa w sprawie „fałszywych wiadomości” (Inquérito das Fake News, nr 4781), Moraes zaczął pełnić jednocześnie funkcje ofiary, śledczego i sędziego w procesach przeciwko dziennikarzom, parlamentarzystom, przedsiębiorcom i zwykłym obywatelom.

Do najbardziej kontrowersyjnych działań należą:

  • Cenzura mediów (takich jak Revista Crusoé i Gazeta do Povo).

  • Arbitralne aresztowanie parlamentarzystów (np. Daniela Silveiry).

  • Blokowanie kont w mediach społecznościowych osób oskarżonych o „dezinformację”.

  • Zawieszanie dochodów z kanałów konserwatywnych.

  • Prześladowanie dziennikarzy i twórców treści bez należytego procesu sądowego.

  • Przedłużone areszty prewencyjne uczestników protestów z 8 stycznia, mimo braku wyroku skazującego.

Międzynarodowe media zaczęły określać Brazylię jako przykład nadużycia wymiaru sprawiedliwości pod płaszczykiem legalności, a Moraesa jako symbol nowego „autorytaryzmu w todze”.

4. Zastosowanie Ustawy Magnitsky’ego i powrót wolności

Sankcjonowanie Alexandre de Moraesa miałoby ogromne znaczenie prawne i symboliczne. Oznaczałoby to międzynarodowe uznanie, że brazylijski wymiar sprawiedliwości został skorumpowany do tego stopnia, że łamie prawa człowieka własnych obywateli.

Konsekwencje praktyczne:

  • Zamrożenie aktywów w krajach Zachodu.

  • Zakaz wjazdu do wielu państw.

  • Niemożność prowadzenia transakcji finansowych na arenie międzynarodowej.

  • Globalne napiętnowanie polityczne.

Konsekwencje symboliczne:

  • Po raz pierwszy sędzia najwyższego sądu w Brazylii zostałby formalnie uznany za łamacza praw człowieka.

  • Moralnie równałoby się to zniesieniu nowego rodzaju niewolnictwa: sądowego, w którym naród brazylijski jest więziony przez niekontrolowany aparat prawny.

5. Nowe wyzwolenie: Złote Prawo XXI wieku

W tym kontekście Ustawa Magnitsky’ego stałaby się nowym Złotym Prawem — nie dlatego, że jest ustawą krajową, lecz dlatego, że jej zastosowanie przywróciłoby wolność tym, którzy zostali arbitralnie ocenzurowani, prześladowani, zniesławieni lub uwięzieni bez sprawiedliwego procesu.

Analogia ta jest uzasadniona, ponieważ:

  • Obie ustawy są historycznym zerwaniem z niesprawiedliwym porządkiem.

  • Obie koncentrują się na wyzwoleniu niewinnych z instytucjonalnie usankcjonowanego systemu (niewolnictwa wcześniej, cenzury i represji sądowej dziś).

  • Obie są skutkiem międzynarodowej presji moralnej i politycznej, kiedy zawiodły instytucje krajowe.

Zakończenie

Jeśli księżna Izabela podpisała Złote Prawo, by wyzwolić ciała zniewolone przez okrutny system, to jaki inny akt — jeśli nie sankcje wobec Alexandre de Moraesa na mocy Ustawy Magnitsky’ego — może wyzwolić Brazylię z tyranii prawnej podszywającej się pod sprawiedliwość?

W czasach, gdy polityczne wykorzystanie urzędu sędziowskiego zniszczyło konstytucyjne gwarancje, zastosowanie Ustawy Magnitsky’ego byłoby aktem ponadnarodowej sprawiedliwości, przywracającym porządek moralny ponad skorumpowanym porządkiem prawnym. Byłoby to, w XXI wieku, nowe 13 maja.

Bibliografia

  • BRASIL. Lei Imperial nº 3.353, de 13 de maio de 1888. Abole a escravidão no Brasil.

  • UNITED STATES CONGRESS. Magnitsky Act – Public Law 112-208, 2012.

  • CASS, Ronald. Rule of Law in the Age of Authoritarianism. Hoover Institution, 2021.

  • REUTERS. “Brazil’s top court accused of censorship amid fake news crackdown”. Reuters, 2023.

  • AMNESTY INTERNATIONAL. “Freedom of expression under threat in Brazil”. AI Report, 2024.

  • GURGEL, Rodrigo. Da moral à política: ensaios sobre o declínio das instituições. São Paulo: Record, 2022.

Rise of Venice como Patrician com narrativa: comércio, política e cultura entre o Báltico e o Mediterrâneo

Resumo

Este artigo compara os jogos Patrician e Rise of Venice, ambos simuladores econômicos históricos produzidos pela Gaming Minds Studios. Sustenta-se que Rise of Venice representa uma evolução do gênero ao introduzir elementos narrativos que contextualizam o comércio como instrumento de poder político. A análise investiga as diferenças culturais entre a Liga Hanseática e a República de Veneza, bem como o papel da narrativa como veículo de imersão histórica.

Palavras-chave: simuladores econômicos, história do comércio, narrativa em jogos, Renascimento, Liga Hanseática, República de Veneza.

1. De Lübeck a Veneza: duas culturas comerciais

A série Patrician, lançada originalmente pela Ascaron Entertainment em 1992 e posteriormente desenvolvida pela Gaming Minds Studios, oferece uma representação fiel do comércio marítimo promovido pela Liga Hanseática entre os séculos XIII e XV¹. Trata-se de uma confederação mercantil de cidades do norte da Europa, com destaque para Lübeck, Hamburgo, Rostock, entre outras. Já Rise of Venice, lançado em 2013 pela Kalypso Media, situa-se no universo renascentista da República de Veneza, projetando o jogador no papel de um jovem comerciante buscando ascensão na hierarquia política da cidade.

Essas escolhas não são apenas estéticas. A Liga Hanseática refletia uma ética corporativista, descentralizada e pragmática, em que a regulação do comércio visava à estabilidade regional. A Sereníssima República de Veneza, por sua vez, apresentava uma lógica centralizadora, aristocrática e diplomática, onde o comércio era parte de uma máquina política refinada, comandada pelo Doge e controlada por famílias patrícias².

2. A emergência da narrativa como força propulsora

Diferente de Patrician, que adota uma estrutura de sandbox voltada à gestão de recursos e influência, Rise of Venice apresenta uma campanha narrativa linear, com missões encadeadas que desenvolvem conflitos familiares, alianças políticas e intrigas comerciais. Esse elemento não apenas facilita a aprendizagem das mecânicas, mas fornece ao jogador motivações históricas que emulam o ethos do Renascimento italiano³.

A narrativa se ancora em fontes clássicas da história veneziana, mesmo que de forma ficcionalizada. O papel das famílias, das rivalidades internas e do clientelismo político remete à estrutura descrita por Guicciardini em Storia d’Italia e à lógica de poder apresentada por Maquiavel em O Príncipe⁴.

3. Comércio como poder: política e estratégia

Enquanto em Patrician o comércio é um fim em si, gerando prestígio e riqueza, Rise of Venice insere o comércio dentro de um ecossistema político: riqueza gera influência, influência gera cargos, e cargos produzem segurança para os negócios. Essa integração entre economia e política reflete a realidade veneziana, onde os patrícios controlavam simultaneamente os fluxos comerciais, as rotas navais e os conselhos legislativos⁵.

A política no jogo é dramatizada por meio de eventos, subornos e decisões estratégicas que espelham a delicada arte da diplomacia mercantil da época. O jogador não é apenas um mercador, mas um arquiteto de alianças e um manipulador de vontades — papel reservado, historicamente, à elite de Veneza.

4. Uma pedagogia implícita da história

Ambos os jogos operam como veículos de transmissão cultural e pedagógica, mas Rise of Venice o faz com maior ênfase na narrativa histórica. Ao colocar o jogador dentro de uma rede de decisões político-comerciais, o jogo promove um ensino indireto sobre o Renascimento mediterrâneo, seus valores, suas instituições e seus conflitos⁶.

Essa função educativa se aproxima da "história vivida" proposta por Johan Huizinga em O Outono da Idade Média, onde o jogo e o drama não apenas refletem a cultura, mas são parte constitutiva dela⁷.

5. Conclusão

Afirmar que Rise of Venice é “Patrician com narrativa” é reconhecer que ambos os jogos compartilham uma base comum — a simulação econômica histórica —, mas divergem quanto ao tratamento da dimensão humana e política do comércio. A narrativa não apenas complementa a jogabilidade, mas a estrutura e dá sentido ao progresso.

Mais do que simular o acúmulo de capital, Rise of Venice dramatiza o espírito de um tempo, fazendo do jogo não só um passatempo, mas uma experiência histórica interativa, em que o jogador vivencia a fusão entre comércio, poder e cultura.

Notas de rodapé

  1. Ver: DOLLINGER, Philippe. A Liga Hanseática: história e estrutura de uma potência comercial medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

  2. Sobre a cultura política veneziana, ver: LANE, Frederic C. A Maritime Republic: Venice, 1000–1600. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1973.

  3. Para uma leitura da narrativa em jogos como ferramenta de aprendizado histórico, ver: McCALL, Jeremiah. Gaming the Past: Using Video Games to Teach Secondary History. New York: Routledge, 2011.

  4. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Abril Cultural, 1979. GUICCIARDINI, Francesco. História da Itália. São Paulo: Edusp, 2002.

  5. Sobre o sistema político de Veneza e sua interdependência com o comércio, ver: MARTINES, Lauro. Power and Imagination: City-States in Renaissance Italy. New York: Vintage Books, 1980.

  6. Ver: SALEN, Katie; ZIMMERMAN, Eric. Rules of Play: Game Design Fundamentals. Cambridge: MIT Press, 2004.

  7. HUIZINGA, Johan. O Outono da Idade Média. São Paulo: Cosac Naify, 2001.

Referências

DOLLINGER, Philippe. A Liga Hanseática: história e estrutura de uma potência comercial medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

GUICCIARDINI, Francesco. História da Itália. São Paulo: Edusp, 2002.

HUIZINGA, Johan. O Outono da Idade Média. São Paulo: Cosac Naify, 2001.

LANE, Frederic C. A Maritime Republic: Venice, 1000–1600. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1973.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

MARTINES, Lauro. Power and Imagination: City-States in Renaissance Italy. New York: Vintage Books, 1980.

McCALL, Jeremiah. Gaming the Past: Using Video Games to Teach Secondary History. New York: Routledge, 2011.

SALEN, Katie; ZIMMERMAN, Eric. Rules of Play: Game Design Fundamentals. Cambridge: MIT Press, 2004.

Pix: de ferramenta bancária a ativo geopolítico soberano

Resumo

O presente artigo analisa a ascensão do Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil, à condição de modelo global de inovação soberana. A partir das observações feitas por economistas como Paul Krugman e diante da recente reação das autoridades norte-americanas, o Pix se revela não apenas uma ferramenta bancária eficiente, mas um ativo estratégico com implicações geopolíticas. Este trabalho também contrasta o avanço brasileiro com os desafios do sistema FedNow nos Estados Unidos, apontando a importância de proteger o Pix como expressão da inteligência nacional aplicada ao setor financeiro.

Palavras-chave: Pix; soberania digital; geopolítica financeira; inovação regulatória; FedNow.

1. Introdução

Em um cenário global marcado pela instabilidade bancária, pelo ceticismo diante das criptomoedas e por tensões geopolíticas crescentes no domínio tecnológico, o Brasil destaca-se com uma solução funcional, eficiente e amplamente aceita: o Pix. O sistema, desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e lançado oficialmente em novembro de 2020, é uma resposta de caráter técnico, regulatório e soberano à necessidade de modernização dos meios de pagamento no país.

Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia em 2008, afirmou recentemente que o Brasil "pode ter inventado o futuro do dinheiro", referindo-se ao Pix como um exemplo de inovação pública que supera propostas privadas e instáveis como as criptomoedas e soluções estrangeiras emergentes (KRUGMAN, 2024).

2. O Pix e sua gênese institucional

Criado em 2018, ainda no governo Michel Temer, e lançado no governo Jair Bolsonaro, o Pix foi resultado de uma coordenação técnica entre o Banco Central, o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e mais de 130 instituições financeiras, que passaram a integrar gradualmente a infraestrutura do novo modelo.

Seu propósito era oferecer transações instantâneas, gratuitas para pessoas físicas, com funcionamento ininterrupto, interoperável e altamente seguro — metas que, em poucos anos, foram não apenas atingidas, mas superadas.

Segundo dados do Banco Central, o Pix movimentou mais de R$ 17 trilhões em 2023, com mais de 150 milhões de chaves cadastradas e alcançando praticamente toda a população bancarizada brasileira (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2024).

3. Do sucesso regulatório à tensão internacional

Com a consolidação do Pix no Brasil, surgem os efeitos colaterais de sua eficácia: o incômodo das big techs e a vigilância das potências estrangeiras. Desde 2022, documentos da United States Trade Representative (USTR) já indicavam a preocupação dos Estados Unidos com o impacto do Pix no comércio digital, especialmente no que se refere à concorrência com plataformas como o WhatsApp Pay, da Meta.

Em 2025, os EUA abriram uma investigação comercial contra o Brasil, alegando possíveis "irregularidades" na governança do Pix. O pano de fundo, no entanto, é a tentativa de defesa da hegemonia de empresas norte-americanas que, até então, dominavam o setor de pagamentos digitais em países periféricos.

Como observam autores como Zuboff (2019), o capitalismo de vigilância promovido por big techs como Google, Meta e Amazon tem por base o domínio sobre dados, comportamentos e, cada vez mais, sobre as transações econômicas globais. O avanço do Pix representa uma fissura nessa lógica.

4. O FedNow e as limitações do modelo americano

Em resposta ao avanço de modelos como o Pix, o Federal Reserve lançou, em julho de 2023, o sistema FedNow, voltado para pagamentos instantâneos. No entanto, o FedNow carece de várias das qualidades do Pix: não opera 24/7 para todos os usuários, tem alcance limitado e ainda enfrenta baixa adesão das instituições financeiras americanas, além de carecer de um modelo gratuito para o consumidor final.

Diferente do Brasil, os EUA mantêm a maior parte da infraestrutura de pagamentos sob controle privado — e isso dificulta a universalização de qualquer solução (FEDERAL RESERVE, 2023).

5. Soberania financeira e o papel estratégico do Pix

O sucesso do Pix vai além da conveniência para o usuário. Ele é uma afirmação de soberania financeira e digital em um cenário global onde o controle dos fluxos de informação e de capital tornou-se central.

Segundo Mazzucato (2019), a inovação estratégica estatal é fundamental para o avanço tecnológico autônomo, especialmente em países em desenvolvimento. O Pix é exemplo vivo disso: inovação regulatória com impacto inclusivo e geopolítico, construída fora do eixo dos oligopólios tradicionais.

A reação americana, portanto, deve ser lida como parte de uma disputa entre modelos. O Brasil, ao oferecer uma solução pública funcional, desafia diretamente o modelo de dependência tecnológica baseado em soluções estrangeiras que lucram sobre a fragilidade regulatória de outras nações.

6. Considerações finais

O Pix é, sim, uma plataforma transacional, mas é também símbolo de capacidade estatal, de engenharia pública e de inteligência institucional aplicada à realidade brasileira. Sua consolidação, reconhecimento internacional e exportabilidade fazem dele um ativo nacional estratégico.

Diante da crescente pressão geopolítica e da vigilância de grandes potências, proteger o Pix não é apenas uma necessidade técnica — é um imperativo de soberania.

Referências

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório Anual do Pix – 2024. Brasília: BCB, 2024. Disponível em: https://www.bcb.gov.br. Acesso em: 01 ago. 2025.

FEDERAL RESERVE. FedNow Service: Overview and Implementation Guide. Washington, D.C.: Federal Reserve Board, 2023.

KRUGMAN, Paul. How Brazil May Have Invented the Future of Money. The New York Times, New York, 15 jul. 2024.

MAZZUCATO, Mariana. O Estado Empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

ZUBOFF, Shoshana. A Era do Capitalismo de Vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.

USTR – UNITED STATES TRADE REPRESENTATIVE. National Trade Estimate Report on Foreign Trade Barriers – Brazil Section. Washington, D.C.: USTR, 2023.