1) Os que edificam liberdades com fins vazios falam que o egoísmo é uma virtude, enquanto o altruísmo leva ao comunismo. Isso é uma mentira, a tal ponto que muitos, como Mises, vão equiparar o cristianismo ao socialismo e chamar Jesus de bolchevique.
2) Nada que é fundado no amor de si até o desprezo de Deus pode ser bom. Os interesses de quem age assim são inegociáveis por conta de sua teimosia e orgulho. Eles não são fundados na verdade, na conformidade com o Todo que vem de Deus.Isso é a negação da política.
3.1) Como a sociedade política é fundada no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas que o verdadeiro Deus e verdadeiro homem amou e rejeitou, então ir a mercado pressupõe descobrir sistematicamente os outros, de tal maneira que possa haver uma cultura de negociação, fazendo com os termos do acordo possam se converter em opções que podem ser trocadas umas pelas outras, a depender das circunstâncias.
3.2) É por conta da cultura de negociação e de boa-fé dos pactos que surge uma cultura de administração de interesses de tal modo que favores podem ser trocados uns com os outros de modo a haver uma recompensa por força disso, o que leva a um ganho sobre a incerteza, que é o lucro.
4.1) Quando você consegue estabelecer uma lista de pessoas e registrar suas habilidades, suas qualidades pessoais, o que cada uma gosta, seus hábitos, aí você consegue recrutar a pessoa adequada para um determinado tipo de serviço de que você necessita. E quando você recruta alguém adequado num mundo de incertezas, a própria contratação de mão-de-obra adequada de modo que a empresa melhor se organize e sirva a ainda mais gente já é ganho sobre a incerteza, lucro.
4.2) Se o egoísmo se tornar uma virtude, coisa que não é, o que ocorre é uma crise na cultura de negociação, uma vez que o amor de si até o desprezo de Deus leva às pessoas a serem intransigentes, o que leva ao conflito sistemático de interesses qualificado pela pretensão resistida. E isso fará com que tudo esteja no Estado, ponto de nada estar fora dele ou contra ele.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 7 de novembro de 2018.