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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Como a cultura de locação estimula o respeito à coisa pública

1) Se os que alugam livros comigo são fiéis no compromisso de devolver o livro após este ser lido, então a tendência é não cobrar nada na próxima locação. E a locadora de livros pode ser convertida em um clube do livro, uma biblioteca fechada para os que são fiéis, para os que são honestos.

2) A melhor forma de combater a cultura do egoísmo, de fazer do amor de si até o desprezo de Deus uma espécie de "virtude", é fazer com que a parte mais sensível do corpo, o bolso, seja afetada.

3.1) Por isso mesmo, o arbitramento de aluguel de certo modo estimula a cultura de respeito ao bem alheio. Se você respeita o bem alheio, você tende a respeitar a coisa pública.

3.2) Isso é muito pedagógico, pois estimula as pessoas a descobrirem o outro e respeitarem o que pertence a ele.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2018.

Por que prefiro aprender a palavra de Deus oralmente, na Santa Missa?

1.1) Mais importante do que ficar decorando versículo de Bíblia é conhecer as histórias nela narradas e não esquecer dessas histórias.

1.2) Sempre achei esse negócio de citar versículo da Bíblia a torto e a direito a coisa mais insincera do mundo, como se a conformidade com o Todo que vem de Deus se reduzisse a uma crença de livro.

2.1) Quando você conhece as histórias, elas podem ser contadas de maneira oral, a ponto de serem gravadas na carne. E à medida que as coisas vão acontecendo na vida, aí você começa a perceber a realidade das coisas, uma vez que verdade conhecida é verdade obedecida.

2.2.1) Quando o Cristianismo começou, muitas dessas histórias eram contadas oralmente e depois registradas por escrito. Mesmo que a Bíblia algum dia desapareça, essa bela história jamais será esquecida, pois há uma tradição oral, que faz com que a lei de Deus se dê na carne de cada um de nós. Essa tradição oral é ensinada por meio do magistério da Igreja, que se dá na Santa Missa cotidiana.

3.1) Quando for evangelizar meus filhos, quero contar essas histórias assim, oralmente. Quero que a amizade com Deus se dê dessa forma.

3.2.1) Uma vez que a lei de Deus esteja bem estabelecida na carne de cada um dos meus filhos, eles poderão ler a Bíblia. Mas que eles não fiquem recitando versículos da Bíblia a torto e a direito como fazem os protestantes; além de pedante, isso é insincero, pois isso fomenta má consciência nas pessoas que agem desse modo.

3.2.2 )Isso leva ao argumento da sola fide, o que contraria o que foi dito: que fé sem obra é fé morta.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2018.

Notas sobre a importância da solidão

1) Hoje, minha mãe e meu pai saíram de casa. E eu acabei ficando sozinho.

2) Se meu gravador de MP 3 ainda funcionasse, eu poderia gravar as coisas que me passam pela cabeça. Ficaria falando e falando - depois que terminasse de dizer o que veio à mente, faria a transcrição, a qual pode ser convertida em um artigo, dependendo da relevância.

3.1) Como eu disse, eu me torno mais reflexivo quando eu me sinto sozinho. E eu necessito da solidão para que minha alma possa crescer.

3.2) A presença dos meus pais me tolhe muito, pois eles acham que ficar falando sozinho é coisa de maluco. É por isso que rejeito o mundo, o diabo e a carne - se o mundo pensa que falar sozinho é coisa de maluco, então que o mundo vá para o inferno.


3.3) Uma pessoa que pensa desse modo não vê que estou dialogando com meu ouvinte e leitor onisciente. O outro com o qual estou conversando é o próprio Deus. Se essa pessoa pensar que é um amigo imaginário, então essa pessoa é materialista, pois Deus não tem imagem.

3.4) O fato de Deus não ter imagem não quer dizer que Ele não vem até nós - a maior prova disso é que Jesus, o verbo que se fez carne, é a face visível de um Deus invisível e veio para nos salvar.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2018.

Livro não se empresta, mas se aluga

1.1) Certa ocasião, eu estava lendo uma crônica em que o personagem estava a dizer que "livro não se empresta" (sic). 

1.2) Isso me fez lembrar do meu tempo de faculdade: muito livro bom foi surrupiado justamente porque muitos não apareciam na biblioteca para renovar o prazo do empréstimo. Era como meu amigo Rodrigo Arantes dizia: bem público era coisa de ninguém - por isso, qualquer um, rico no amor de si até o desprezo de Deus, podia se tornar dono do livro emprestado que nada lhe acontecia.

2) Durante meus anos de preparação para concurso público, meu professor de Direito Civil usou um exemplo similar ao caso da biblioteca: havia um casal de noivos, onde o noivo, certa ocasião, pediu emprestado um filme em DVD da noiva. O noivado foi desmanchado e o DVD não foi devolvido. Qual foi a solução? A ex-noiva arbitrou aluguel para o ex-noivo, de modo a forçar a devolução do DVD.

3.1) Se livro não se empresta, então isso é verdade conhecida, coisa que deve ser obedecida, uma vez que as pessoas nesta terra são muito egoístas - e a melhor solução, no meu entender, é montar uma locadora de livros de modo a forçar as pessoas a devolverem os livros ou a comprarem o bem, gerando uma espécie de indenização, uma espécie de ganho sobre a incerteza.

3.2) Digamos que alguém me queira um livro emprestado por 30 dias. Contanto que cuide bem do livro e que não faça grifos nem anotações, eu empresto o livro a ela, a essa pessoa. Cobrarei 30 reais pelo empréstimo, pois para montar o acervo que tenho eu tive de sacrificar boa parte de minha renda de modo a ter o que tenho. Se a pessoa tiver um pingo de consciência, então ela vai querer comprar o livro - e nesse ponto, podemos fazer um acordo.

4.1) Enfim, como a maioria dos nascidos nesta terra tende a tomar bem público como coisa de ninguém, então isso cria uma cultura de nicho. 

4.2) A biblioteca pode ser convertida numa locadora de livros, de modo a forçar a devolução do livro emprestado. E se pessoa quiser comprar o livro, ela compra.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2018.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Por que a nação não é o dado irredutível do Direito Internacional?

1) Pasquale Mancini, em suas preleções sobre Direito Internacional, dizia que a nação é o dado irredutível do Direito Internacional, a mônada racional dessa ciência.

1.2) Essa concepção de Mancini lembra o conceito de átomo em Dalton, que era indivisível. Se parar para pensar, o conceito de nação pode ser fracionado até chegar ao conceito de homem.

2) A nação é composta de povo, de cultura, de território e de governo autodeterminado.

3) Povo é o conjunto de pessoas que moram num determinado lugar de modo a tomar o país onde moram como um lar em Cristo.

4) As pessoas podem ser naturais ou pessoas jurídicas.

5) Toda pessoa natural é um ser humano. E o homem, em Aristóteles, é o animal que erra. Em Santo Tomás de Aquino, é o animal que sabe, pois prova o sabor das coisas de modo a conservar aquilo que é conveniente e sensato, coisa que é fundada na dor Cristo, uma vez que aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus.

6) Se o conceito de homem for o de Kant, em que o homem é o animal que mente, então temos o seguinte:

6.1) Todos os homens têm direito à verdade que quiserem, uma vez que Deus está morto. E se Deus está morto, então somos todos deuses. Logo, não há céu nem inferno, pois não há pecado algum.

6.2) Pessoas jurídicas são a atividade econômica organizada de algum ser humano que transcendeu a própria expectativa de vida de seu fundador. Se a atividade fizer da riqueza sinal de salvação, então ela produzirá pecados perenes, uma vez que tal atividade acabará perdendo sua natureza santificadora através do trabalho, se não houver um sucessor que não ame e rejeite as mesmas coisas que seu fundador, se este vivia a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus.

6.3) Quando se faz da riqueza sinal de salvação, os que concentram os meios de usar, gozar e dispor dos bens da vida terão os meios reais de ação de modo que tudo fique na mãos dessa oligarquia - e o Estado acabará representando os interesses dessa oligarquia, a ponto de tudo estar nas mãos dela e nada estar fora dela ou contra ela.

6.4) Dessa oligarquia vem o totalitarismo comunista, nazista ou fascista. Se tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, então o Estado será tomado como se fosse uma segunda religião, o que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

7.1) O pensamento de Mancini fala em nação tomada como se fosse uma segunda religião, tomando por base a idéia de que toda nação livre tem um governo autodeterminado. Mas o que ele fala não passa de falácia.

7.2.1) Em primeiro lugar, a liberdade se pauta na verdade. Jesus, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é a razão para se fazer um país ser tomado como um lar em Cristo, a ponto de seu destino estar todo fundado n'Ele, por Ele e para Ele, de modo que todas as coisas fiquem na conformidade com o Todo que vem de Deus. Logo, isso cria um mitlogema.

7.2.2) Esse mitologema será uma chamada para a ação sistemática de modo que toda a comunidade dos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo se organize de modo que a santificação através do trabalho acabe promovendo o bem comum de tal modo que isso acabe fazendo com que o senso de tomar o país como um lar em Cristo se expanda até os confins da Terra, para promover bom nome da Cristandade entre as nações mais estranhas e, por extensão, de todo o país, tal como ocorreu com Portugal, em Ourique. Por isso, a idéia de nacionidade está fortemente atrelada ao conceito de cultura.

7.3.1) Os reis têm sua autoridade porque ela decorre de Deus. Essa autoridade vem diretamente de Cristo, tal como ocorreu em Ourique, ou por intermédio de sua esposa, a Igreja, que coroa os monarcas - e o monarca coroado é geralmente o melhor dentre os melhores de uma determinada terra. O monarca deve servir de modelo, fazendo com que o país seja tomado como um lar em Cristo. Ele deve ser o senhor dos senhores sendo o servo dos servos em Cristo.

7.3.2) A autoridade do monarca, como vassalo de Cristo, não é absoluta. Ele deve dizer o direito com justiça e proteger o povo que está sujeito à sua proteção e autoridade dos maus governos, bem como promover a fé cristã em terras distantes, pois o Reinado Social de Cristo cabe a todas nações que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

7.3.3) Ele não deve expandir a nação fundado no amor de si até o desprezo de Deus, nem buscar a glória como se buscasse a si mesmo. Isso fará com que a expansão da fe Cristã seja servida com fins vazios - e é exatamente isso que chamam de autodeterminação.

7.3.4) Nenhum povo é autodeterminado, como se todos fossem ricos no amor de si até o desprezo de Deus - as nações são o que são porque nasceram em Cristo e o território que ocupam é consagrado para ser tomado como um lar em Cristo. Dentro de suas circunstâncias e possibilidades históricas, os povos cumprirão a missão que receberam de Cristo, seja ela recebida diretamente de Cristo ou por intermédio de sua esposa, a Igreja Católica.

8) São esses comentários pontuais que queria fazer acerca da obra de Mancini.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2018.

Notas sobre o princípio republicano da fundamentação do voto

1) O professor Loryel Rocha falou, em um vídeo recente, da diferença entre república e democracia.

2) Supondo que a sociedade seja multiculturalista, em que a maioria da população é canibal, o congresso tenta passar uma lei fazendo do canibalismo um direito. Se essa sociedade multiculturalista for democrática, a lei acaba sendo aprovada, uma vez que isso foi vontade da maioria; se essa sociedade for uma república, essa lei acaba não sendo aprovada, uma vez que os deputados que representam a minoria cristã apontam motivos determinantes, pautados na boa razão, que apontam para a inconstitucionalidade da lei, já que isto fere a lei natural, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.1) O lado bom de fundamentar os motivos determinantes do voto é que os melhores argumentos, pautados na boa razão, sempre prevalecem sobre os insensatos, fundados naquilo que se conserva conveniente e dissociado da verdade. Os melhores argumentos, ainda que só haja apenas um votante apontando o motivo, delimitam os limites do mandato do presidente da República, como se isso fosse uma lei especial que rege o governo desse presidente até as próximas eleições.

3.2) Isso acaba limitando a autoridade do Presidente dentro dos limites estritos do mandato - e qualquer ato fora dos limites estritos do mandato tende a ratificação, por meio de plebiscito ou referendo. 

4.1) Enfim, se a soberania está nas mãos do povo, então uma república plebiscitária só poderá existir se os melhores do povo puderem exercer muito bem o dever de fundamentar a razão de suas escolhas, uma vez que essas coisas são fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.2) Como Cristo é a verdade, então os demais membros da comunidade, que não são cristãos, acabam sendo convertidos por meio da reta razão, uma vez que Cristo é a verdade em pessoa, o sumo logos. E a razão é inerente a todos os seres humanos, o que leva à verdadeira fé.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2018.

Quando fazem ensaios sobre a pobreza, os iluminados, com sua pax economica, antecipam o pleno emprego

1) Certa ocasião, eu vi um livro na biblioteca da faculdade chamado ensaio sobre o pauperismo (que em português foi adaptado para ensaio sobre a pobreza).

2.1) Estritamente, o livro trata da erradicação da pobreza, como se isso fosse uma espécie de condenação. 

2.2) Como o livro foi escrito por um iluminado cujo nome não me lembro agora, então ele acaba escrevendo um programa econômico no qual o pleno emprego é uma espécie de filantropia, uma vez que a riqueza, enquanto sinal de salvação, é a base de um governo próspero fundado no homem, pelo homem e para o homem. Afinal, o liberalismo sempre prepara o caminho para o comunismo.

3.1) Jesus falou que sempre haverá pobres entre nós.

3.2) Como já falei antes, entre os que são agraciados por Deus há aqueles que são humildes e estão buscando aprender coisas novas de modo que sejam pessoas melhores a cada dia. E até mesmo entre os que são oriundos de família rica, há gente que prefere morar na rua e viver a vida na mendicância por escolha. Há muitas ordens religiosas que fazem da mendicância um caminho de vida e santidade, de modo a desenvolver entre nós a virtude da humildade, de viver em dependência da bondade de Deus. Não é à toa que a língua polonesa designou duas palavras para pobre: biedny e ubogi

4.1) Um estudo sério sobre o pauperismo deve levar em conta a realidade de quem é biedny e a realidade de quem é ubogi, uma vez que palavras designam coisas, já que Deus fala através de palavras, fatos e coisas.

4.2) Por essa razão, todo estudo que pretenda erradicar a pobreza do ponto de vista liberal ou socialista não é um estudo sério, uma vez que os estudiosos não tiveram o hábito de estudar outras línguas de modo a perceber as diferentes nuances. Como Deus me deu a graça de estudar a língua de São João Paulo II, eu pude perceber as nuances de ser pobre na língua polonesa, a tal ponto que isso melhorou até mesmo a forma de eu descrever o problema em minha própria língua.

5) Se preciso aprender a diferença entre law e right, na língua inglesa, para melhor compreender o significado das coisas no universo no Direito, então devo aprender a diferença entre biedny e ubogi para melhorar compreender o significado das coisas fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2018.