1)
Rui Barbosa dizia: pátria é família ampliada. Onde a gente encontra o
exemplo de família virtuosa? Nos lares. Por esse viés, nacionidade é
tomar a nação, o território que ocupamos historicamente, como sendo o
nosso lar.
2) Quem toma o país como um lar trata a todos os
que querem viver em paz bem, pois são seus vizinhos. Trata os outros
como um espelho de seu próprio eu, incluindo quem não nasceu
aqui, o estrangeiro. Para o estrangeiro que vem aqui trabalhar e
progredir, ele adota a seguinte máxima: "minha casa é também sua casa.
Seja bem-vindo! Se você for honesto e íntegro, nós tomaremos você como
parte de nós".
3) Este compromisso pré-existe à ordem
constitucional, por ser natural. Por isso que aos estrangeiros é
garantido os mesmos direitos que os natos e naturalizados em matéria de
residência, trabalho e aquisição de bens, fatos decorrentes da vida em
sociedade.
4) Quem toma o país como religião se baseia na
crença de que tudo está no Estado e que nada está fora dele, além de não acreditarem na fraternidade universal. O problema
disso é que eles exigem obediência absoluta à lei do Estado tal qual a
lei de Deus - e nesse ponto, quem não é daqui ou tem costume diferente
pode afrontar a ordem imposta por essa gente, pois os estrangeiros que
vivem aqui são tão brasileiros quanto os que nasceram aqui, pois tomam o
país adotivo como sendo o seu lar. Por isso que políticas nacionalistas
tendem a ser políticas de se definir quem é amigo e quem é inimigo. E
como se define isso? Pela conveniência do governante, que é subjetiva, e
pelo desejo ardente de se implementar um poder global, que domine a
todos os povos inteiros sob sua autoridade (um delírio, objetivamente
falando).
5) Obviamente, essa gente não acredita em Deus. São
todos imanentistas e ateístas militantes, pois acham que lei escrita é
lei eficaz, que resolve tudo quanto é tipo de problema. Que coisa boa
pode advir de algo tão instável do que algo fundado na sabedoria humana,
dissociada da sabedoria divina?
6) Essa instabilidade dá
causa a uma mutação constante dos critérios de justiça, a ponto de não
se saber mais o que é certo ou errado. E tem momentos em que o errado é
tomado como se fosse certo. E muitos deles são canalhas, a ponto de
dizer que as leis não têm termos inúteis. Basta que se perverta o
significado das palavras que se perverte tudo. Daí que, pelo
positivismo, os marxistas falam que direito é preconceito. Pois eles vão
fazer justamente isso: fomentar preconceito, por meio da lei,
valendo-se do que os positivistas já edificaram, e denunciá-lo.