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quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

O "Mercado de Esposas da Babilônia" descrito por Heródoto no século V a.C.

No século V a.C., o historiador grego Heródoto, em sua obra Histórias, descreveu uma prática peculiar que ele chamou de "Mercado de Esposas" na Babilônia, uma cidade emblemática da Mesopotâmia antiga. Segundo Heródoto, essa prática envolvia a "venda" de mulheres em idade de casamento, mas com uma lógica incomum: era um sistema em que os pretendentes mais ricos competiam por mulheres consideradas mais bonitas, enquanto os valores arrecadados eram usados para compensar financeiramente os pretendentes mais pobres que aceitassem casar-se com mulheres menos desejadas aos olhos da sociedade da época.

O relato de Heródoto apresenta o evento como um costume regulado, possivelmente com o objetivo de garantir que todas as mulheres encontrassem um marido, independentemente de sua aparência ou condição social. Ele descreveu o sistema como uma forma de equilíbrio social, pois o dinheiro obtido dos "leilões" das mulheres mais belas servia para "dote" das outras. Contudo, Heródoto não menciona diretamente o consentimento das mulheres nesse processo, levantando questões sobre a autonomia feminina no contexto babilônico.

Embora fascinante, a veracidade histórica desse "Mercado de Esposas" é debatida entre os estudiosos. Muitos argumentam que Heródoto pode ter embelezado ou mal interpretado práticas culturais locais para atender ao gosto do público grego por relatos exóticos sobre povos estrangeiros (Asheri, 2007). Além disso, há poucos registros arqueológicos ou textuais mesopotâmicos que corroborem diretamente essa prática, o que sugere que o relato pode ser mais um reflexo das percepções gregas sobre o "outro" do que uma descrição literal.

Apesar disso, o relato é significativo para entender como os gregos antigos percebiam e representavam outras culturas. O "Mercado de Esposas" ilustra a curiosidade e, muitas vezes, a tendência de exagero que marcaram os escritos etnográficos de Heródoto, consolidando sua fama como "Pai da História" e, para alguns, "Pai das Fábulas".

Fontes:

  • Heródoto. Histórias. Tradução e comentários de Aubrey de Sélincourt. London: Penguin Classics, 2003.

  • Asheri, D. (2007). A Commentary on Herodotus Books I-IV. Oxford: Oxford University Press.

  • Kuhrt, A. (1995). The Ancient Near East c. 3000–330 BC. London: Routledge.

Fonte da postagem: 

https://www.facebook.com/sidcley.marley.39/posts/pfbid0E9fWAzxh1nRXyyGCTHAXFDochfQ3SsXawNRGYUa1f5hRVoqL8WEPpeSRuiuGYZFbl

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