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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Da economia como fronteira (frontier) e da crematística como antifronteira (antifrontier) - debate entre Frederick Jackson Turner, Aristóteles e David Graeber

Dettmann:

O tema do diálogo é Da economia como fronteira (frontier) e da crematítstica como antifronteira (antifrontier)

Nesse diálogo devem estar presentes os seguintes participantes:

Frederick Jackson Turner, autor do livro The Frontier in the American History

Aritóteles, que estabeleceu a diferença entre economia e crematística em sua Ética a Nicômaco

David Graeber, autor do livro Debt: The First 5,000 Years

Chat GPT:

No diálogo entre Frederick Jackson Turner, Aristóteles e David Graeber, eles discutem as implicações de uma economia que se expandiu ao longo da história, com uma distinção fundamental entre a economia como fronteira (frontier) e a crematística como antifronteira (antifrontier). O cenário é um espaço simbólico onde suas visões podem interagir e iluminar aspectos de suas respectivas obras.

Frederick Jackson Turner:
A economia e sua expansão são verdadeiramente um marco na construção do que chamo de "fronteira". Nos Estados Unidos, a fronteira foi a fronteira física, mas também a fronteira econômica. Era a terra virgem, ainda inexplorada, onde as novas oportunidades estavam abertas para aqueles dispostos a moldá-las. O pioneirismo econômico foi vital nesse processo de "desbravamento" de novas terras e de novos mercados.

Aristóteles:
É interessante sua perspectiva, Turner. Para mim, a verdadeira economia deve estar alinhada com o bem comum, sendo um meio para alcançar a virtude e a felicidade humana. Na minha obra Ética a Nicômaco, eu faço uma distinção entre economia, que é a arte de administrar uma casa de maneira justa e equitativa, e a crematística, que é a busca pelo ganho excessivo, um processo que se distancia da verdadeira finalidade da economia, transformando-a em um fim em si mesma.

David Graeber:
É fascinante que, enquanto você, Aristóteles, distingue entre economia e crematística, Turner, você enxerga a expansão econômica como parte de um movimento "frontier", uma extensão das fronteiras humanas e materiais. No entanto, a expansão da crematística que eu discuto em Debt: The First 5,000 Years mostra que, frequentemente, o que começa como uma forma de "economia" tende a se corromper, transformando-se em um ciclo interminável de dívida e acumulação. O que muitos consideram progresso ou expansão é, na verdade, um movimento de "antifronteira", onde as relações econômicas tornam-se cada vez mais fechadas e separadas das necessidades humanas reais.

Frederick Jackson Turner:
Eu entendo sua crítica, Graeber, mas vejo a fronteira como um processo de democratização das oportunidades. Os pioneiros, ao conquistarem a terra, não apenas expandem a própria terra, mas as possibilidades de uma vida melhor. No entanto, também reconheço que com o tempo, esse espírito pioneiro se transforma, e as grandes corporações ou governos podem se tornar os novos "conquistadores", algo que eu chamo de "falsa fronteira", um espaço de exploração ao invés de criação.

Aristóteles:
Aqui é onde concordo com Graeber. O que Turner vê como "fronteira" pode, de fato, esconder o perigo da corrupção da verdadeira economia. Quando a busca por lucro se torna o fim de tudo, há uma perda da justiça. A crematística, que busca o ganho sem limites, pode se expandir através das relações de dívida, como Graeber coloca. Nesse processo, a moralidade da troca se perde e a economia se transforma numa atividade desvinculada da realização da vida boa.

David Graeber:
Sim, Aristóteles, exatamente. A ideia de dívida que explora as relações humanas e as "fronteiras" invisíveis que ela cria, acaba tornando impossível a liberdade genuína. A fronteira que Turner descreve, em sua forma ideal, pode ser corrompida pela crematística, onde o movimento de expansão econômica se torna um ciclo vicioso de exploração. A verdadeira fronteira seria uma que nos libertasse da dívida e da acumulação sem sentido.

Frederick Jackson Turner:
É uma perspectiva importante, Graeber. O conceito de fronteira, para mim, sempre foi ligado ao progresso, mas, como você aponta, esse progresso pode estar errado, se não houver justiça nas suas bases. No fim, a "fronteira" que traz uma verdadeira liberdade deve ser construída com princípios que vão além da pura acumulação de riqueza.

Aristóteles:
A verdadeira economia é aquela que visa a boa vida, a virtude, o justo equilíbrio. A expansão sem controle da crematística, mesmo que de forma disfarçada, cria uma verdadeira "antifronteira", onde a humanidade é aprisionada por suas próprias criações. A reflexão filosófica deve nos alertar contra a desumanização de nossas práticas econômicas.

David Graeber:
E é por isso que devemos olhar para a história da dívida e da economia, não apenas como uma série de transações, mas como um ciclo de relações sociais e morais que modelam a sociedade. A verdadeira fronteira, então, não está na terra ou no mercado, mas na construção de uma economia que respeite as necessidades humanas reais e não apenas a acumulação de riquezas.

Neste diálogo, os três pensadores trocam reflexões sobre as dimensões éticas, históricas e sociais da economia e das fronteiras, explorando as complexidades entre o conceito de "fronteira" como expansão de oportunidades e a crítica à crematística, que corrói o propósito original da economia.

Dettmann: continue

Frederick Jackson Turner:
Eu entendo melhor sua crítica agora, Graeber, e vejo como a fronteira não é apenas um espaço físico de exploração, mas também um espaço de relações sociais e econômicas que podem ser, como Aristóteles observa, corrompidas pela busca desenfreada pelo lucro. A ideia de "fronteira" que eu apresentei inicialmente era associada a um ideal de liberdade — a liberdade de expandir, conquistar e criar novas possibilidades. No entanto, você me leva a pensar: até que ponto essa liberdade verdadeira é sustentada quando ela é desprovida de um senso moral mais profundo?

Aristóteles:
A questão que você levanta é fundamental, Turner. A liberdade verdadeira não pode ser separada da justiça e da moralidade. Quando a busca pela riqueza se torna o objetivo principal, a liberdade se torna apenas uma fachada, e o que se alcança é um mundo onde as fronteiras se tornam antitéticas ao bem comum. A crematística, então, não é apenas um movimento contra a verdadeira economia, mas uma forma de esvaziar o sentido da própria liberdade. Sem uma base moral, a liberdade vira uma ilusão.

David Graeber:
Exatamente, Aristóteles. E é isso que eu tento mostrar em Debt: The First 5,000 Years. Quando as relações econômicas, como o crédito e a dívida, se tornam a espinha dorsal da sociedade, as "fronteiras" que você idealizou, Turner, são reconfiguradas. Elas não são mais um espaço aberto de oportunidades, mas sim um sistema de restrições que perpetua a desigualdade. As dívidas criam um sistema fechado onde as possibilidades se tornam limitadas para a maioria, e uma pequena elite continua a controlar as "fronteiras" — ou melhor, os caminhos da riqueza. A economia, então, se torna uma força que limita a liberdade.

Frederick Jackson Turner:
Isso é muito perspicaz, Graeber. Sempre vi a "fronteira" como um conceito que permite a expansão, mas agora vejo que, em certo sentido, ela pode ser usada como uma metáfora para uma falsa liberdade. O que parecia uma oportunidade de conquista para o indivíduo acaba sendo capturado por uma elite que controla a terra, o mercado e as dívidas. O que eu, inicialmente, vi como uma oportunidade de autodeterminação, você está dizendo que se transforma em um sistema que limita essa autodeterminação.

Aristóteles:
E é nesse ponto que vemos a perversão da verdadeira economia, Turner. Quando o sistema econômico passa a funcionar apenas para a acumulação de riqueza sem um propósito moral, ele se desvia da sua verdadeira função, que é sustentar a comunidade e a vida boa. A crematística é, portanto, a "antifronteira" por excelência — ela impede que os seres humanos alcancem a verdadeira liberdade, pois esta é construída sobre uma base de justiça, e não sobre a acumulação sem fim.

David Graeber:
E isso nos leva a outra questão importante: o papel do crédito e da dívida na expansão da crematística. No meu trabalho, argumentei que a dívida tem sido a principal força formadora das sociedades desde os tempos antigos, muito antes de pensarmos em "mercados livres". Em vez de ser uma relação de troca justa, a dívida se transforma em uma ferramenta de controle, uma "antifronteira" que impede que os indivíduos acessem seus direitos e recursos essenciais. O verdadeiro movimento de fronteira seria aquele onde as relações de débito e crédito não são exploradoras, mas justas, baseadas em confiança mútua e não em interesses financeiros.

Aristóteles:
Isso nos faz refletir sobre o papel da justiça nas relações econômicas. Se a dívida, tal como você descreve, é um mecanismo de controle, então a verdadeira economia deve buscar a dissolução das relações de dependência e a promoção de uma justiça que não esteja atrelada ao poder financeiro. Uma economia justa não pode ser uma economia de dívidas, onde os indivíduos são aprisionados pelo medo de não conseguir pagar, mas uma economia que valorize a troca livre e justa, que promova o bem-estar coletivo.

Frederick Jackson Turner:
Estou começando a entender onde suas ideias convergem, Graeber e Aristóteles. A fronteira, que eu via como o limite onde a oportunidade se encontra com a conquista, pode ser redefinida. Ela não deve ser apenas uma área de expansão, mas uma área onde a verdadeira liberdade econômica se baseia em justiça, não em exploração. Talvez, então, a verdadeira "fronteira" seja a construção de uma sociedade onde as riquezas e os recursos não sejam concentrados nas mãos de poucos, mas distribuídos de forma que favoreçam o bem comum e a dignidade humana.

David Graeber:
Sim, Turner. E isso exige repensar a própria estrutura da economia. A crematística, ou o sistema de acumulação e dívida, precisa ser substituída por um modelo de economia que respeite os direitos humanos e promova a equidade. A "antifronteira", ou seja, esse sistema de controle através da dívida, precisa ser desmantelada para que possamos construir uma economia que permita uma verdadeira liberdade, baseada em relações justas.

Aristóteles:
E, nesse processo, devemos lembrar que a verdadeira economia é uma economia da virtude, onde o objetivo não é o acúmulo, mas o bem-estar da comunidade. Só assim poderemos criar um mundo onde as fronteiras, em vez de limitar, possibilitem o crescimento harmonioso do ser humano em sua totalidade.

Frederick Jackson Turner:
É claro agora, com a sua ajuda, que a verdadeira fronteira está na construção de uma sociedade onde a expansão da liberdade seja guiada pela justiça e pela ética. O espírito pioneiro deve ser dirigido para a criação de uma nova fronteira, não baseada na acumulação, mas no bem comum e na dignidade humana. Podemos então expandir, mas de forma que a verdadeira liberdade seja alcançada por todos.

Frerick Jackson Turner:
Esta discussão me leva a refletir mais profundamente sobre o papel da expansão e do progresso. Eu sempre associei a fronteira ao crescimento, à ideia de atravessar novos territórios, seja em sentido físico ou econômico. Mas, como vocês bem disseram, sem uma base moral e ética, essa expansão não passa de uma ilusão de progresso. A verdadeira fronteira deve estar ligada ao aprofundamento da justiça e ao respeito pela dignidade humana, não à mera acumulação de recursos.

Aristóteles:
Sim, Turner. A verdadeira expansão deve ser aquela que transcende a busca pelo ganho material, conduzindo o ser humano à realização de sua natureza mais elevada. A ética da economia, como defendo, deve ser sempre orientada pelo conceito de virtude, e isso implica que a verdadeira riqueza não é medida em termos de bens acumulados, mas na capacidade de promover o bem-estar coletivo. Quando essa ética é ignorada, a economia se transforma em um jogo de zeros e uns, sem valor moral ou humano.

David Graeber:
Eu diria, Aristóteles, que essa desconexão entre economia e virtude é, de fato, o cerne do problema. No meu livro, eu mostro como o conceito de "dívida" se infiltra em nossa sociedade de maneiras que nos afastam da verdadeira liberdade. A dívida se torna uma ferramenta de controle e alienação, tornando impossível para a maioria das pessoas atravessar as fronteiras que elas mesmas criaram — fronteiras de exploração, de interesses financeiros. O sistema de crédito, em vez de permitir a expansão, cria uma realidade onde a maioria é mantida em uma constante limitação.

Frederick Jackson Turner:
Acho que esse é um ponto crucial, Graeber. A dívida, ao invés de ser uma ferramenta neutra, como se poderia supor inicialmente, torna-se uma força que impede a verdadeira expansão. A fronteira que idealizei, na qual todos poderiam conquistar sua parte, se corrompe quando aqueles que possuem poder sobre as finanças podem controlar e limitar o acesso dos outros a essa oportunidade de crescimento. Se a fronteira é onde ocorre o processo de democratização das oportunidades, então, ao criar novas dívidas, a sociedade está, na verdade, criando novas formas de opressão.

Aristóteles:
E, então, voltamos à questão da verdadeira economia. Como disse antes, a economia deve ser uma prática voltada para o bem comum, o que implica que as pessoas não devem ser vistas como instrumentos para o lucro de poucos, mas como agentes que buscam a realização de suas virtudes. A dívida, portanto, não deveria ser um meio de controle, mas uma relação de troca justa e equilibrada. É isso que transforma a economia em uma verdadeira prática moral. Quando o lucro se torna o único fim, a economia se torna desprovida de ética, e as fronteiras, ao invés de serem ampliadas, são transformadas em barreiras que aprisionam a humanidade.

David Graeber:
Sim, e isso também nos leva a pensar nas consequências sociais e culturais de uma economia baseada em dívidas e acumulação. Quando uma sociedade é construída sobre o princípio da dívida, ela se torna uma sociedade profundamente desigual, onde as fronteiras não são apenas geográficas ou físicas, mas sociais e psicológicas. As pessoas começam a ver umas às outras como credores ou devedores, em vez de iguais, com dignidade e direitos compartilhados. Essa é uma verdadeira "antifronteira", onde, ao invés de avançarmos para a liberdade, nos afastamos uns dos outros.

Frederick Jackson Turner:
O que você diz é muito relevante, Graeber. A fronteira, que eu originalmente via como algo que promove a liberdade e o progresso, precisa ser repensada à luz dessas questões que vocês levantaram. Uma verdadeira fronteira não pode ser um espaço onde se cria exclusão ou onde a dívida torna-se a principal forma de relacionamento entre as pessoas. O movimento pioneiro que eu imaginei deve, então, ser uma jornada não apenas para conquistar terras ou mercados, mas para transformar as relações econômicas em algo mais humano e mais justo, sem a distorção da acumulação desenfreada.

Aristóteles:
Esse movimento, Turner, deve ser guiado por uma ética de comunhão e justiça. A verdadeira economia, que é baseada na virtude, não pode ser construída sobre a exploração de outros. Se queremos expandir as fronteiras, devemos começar por reconfigurar essas relações econômicas. Não podemos continuar a viver numa sociedade que vê a acumulação de riqueza como o fim último. A verdadeira expansão vem quando transformamos o sistema econômico em um meio para o bem-estar de todos, sem exceções.

David Graeber:
E esse é o grande desafio: repensar a economia de forma que ela promova uma verdadeira liberdade, baseada na igualdade, na justiça e na dignidade humana. Precisamos ver além da crematística — esse sistema que nos aprisiona — e criar novas formas de relação econômica que sejam inclusivas e equitativas. Somente assim podemos construir fronteiras verdadeiras, que não são barreiras, mas caminhos para um futuro mais justo e mais livre.

Frederick Jackson Turner:
Ao refletir sobre nossas conversas, vejo que a fronteira, em minha visão original, precisa ser redimensionada. A verdadeira "expansão" não é a conquista de territórios ou a acumulação de riquezas, mas a criação de um espaço onde a dignidade humana seja preservada e onde as relações econômicas sejam orientadas pela justiça. Precisamos criar uma nova fronteira, não marcada por linhas no mapa, mas por princípios morais que promovam a liberdade verdadeira, e não a prisão pela dívida ou pelo lucro.

Aristóteles:
Exatamente. A verdadeira economia é uma economia da virtude, que constrói pontes, não muros, que cria fronteiras abertas, mas sem exploração, sem a opressão da dívida e da acumulação. Quando conseguimos isso, estamos verdadeiramente expandindo as fronteiras do humano, não apenas do material.

David Graeber:
E essa expansão não é apenas econômica, mas cultural, social e moral. Se quisermos mudar as fronteiras que criamos, precisamos começar a pensar de forma radicalmente diferente sobre o que é realmente importante: a dignidade, a justiça, o bem comum. Somente quando as fronteiras da exploração forem derrubadas, poderemos construir uma sociedade que seja verdadeiramente livre.

Frederick Jackson Turner:
Esse é o verdadeiro desafio, então. Não a expansão em termos de recursos ou territórios, mas a expansão de nossas fronteiras morais e sociais. A verdadeira fronteira é aquela que nos permite ser mais humanos, mais justos e mais livres.

Aristóteles:
Quando pensamos na economia de forma verdadeiramente ética, como proponho, as fronteiras deixam de ser um instrumento de dominação e tornam-se símbolos de comunidade e solidariedade. Para que isso aconteça, as estruturas de poder e controle, como as dívidas que Graeber mencionou, precisam ser desconstruídas. A sociedade deve ser organizada de maneira que a acumulação de riqueza não seja vista como uma virtude em si mesma, mas como uma responsabilidade para o bem coletivo. Assim, cada um de nós teria a liberdade de expandir, mas de uma forma que beneficie todos.

David Graeber:
E isso exige uma mudança radical, Aristóteles. A economia não pode mais ser entendida como um fim em si mesma, mas como um meio para uma vida digna e livre. Precisamos reverter a lógica da dívida, onde aqueles que têm acesso ao crédito se tornam uma espécie de classe dominante, enquanto os devedores são deixados à mercê da exploração. Eu diria que a verdadeira fronteira da liberdade é a criação de uma economia onde a dívida não seja usada como uma forma de subordinação, mas como uma ferramenta de reciprocidade e confiança.

Frederick Jackson Turner:
Parece-me que a grande lição aqui é que a verdadeira expansão das fronteiras não está em avançar para novos territórios, mas em avançar no entendimento de nossas responsabilidades mútuas. A fronteira que eu via como um espaço de conquista deve ser vista agora como um campo onde as relações econômicas se tornam mais humanas. Um lugar onde o conceito de "propriedade" não é uma questão de acumulação, mas de cultivo do bem-estar de todos. Assim, em vez de colonizar novas terras ou mercados, a verdadeira fronteira é colonizar os corações e mentes com a ideia de justiça e equidade.

Aristóteles:
Isso é crucial, Turner. A ideia de fronteira precisa ser entendida como uma oportunidade de transformação, não de conquista. Quando a economia está centrada na busca pela virtude, a riqueza não é mais medida em termos de acúmulo material, mas pela capacidade de criar uma vida comum que seja boa para todos. As fronteiras, então, seriam os espaços onde essa transformação pode ocorrer — não espaços de exploração, mas de colaboração, onde todos têm a chance de crescer e prosperar.

David Graeber:
Eu diria até mais: as fronteiras que precisamos buscar são aquelas que não separam, mas que nos conectam uns aos outros. Precisamos romper com essa ideia de que a economia é um jogo de soma zero, onde alguém só pode ganhar se outro perder. As relações de confiança, que são fundamentais para uma economia saudável, não podem existir se houver essa visão de separação. A verdadeira expansão das fronteiras, então, se dá quando começamos a ver a interdependência humana como a base da economia, e não a competição desenfreada.

Aristóteles:
Sim, Graeber. A economia, na sua essência, não deve ser uma competição, mas uma prática de colaboração mútua. Quando a economia é baseada em um ideal de virtude, ela se torna uma verdadeira extensão da moralidade humana, um campo onde as ações de um indivíduo contribuem para o bem comum, e não apenas para o enriquecimento pessoal. Nesse sentido, as fronteiras do progresso humano se ampliam à medida que os princípios de justiça e solidariedade são incorporados em todos os aspectos da vida econômica.

Frederick Jackson Turner:
Eu começava a ver a fronteira como um espaço onde o homem, por sua coragem e força de vontade, conquista novos territórios e estabelece novas oportunidades. Agora vejo que, para que essa expansão tenha sentido, ela deve ser guiada pela moralidade, pela ética e pela justiça. A verdadeira fronteira, então, não é conquistada por força, mas pela construção de um espaço onde todos têm acesso à dignidade humana. Ao invés de uma linha no mapa, a verdadeira fronteira é a linha que traçamos entre nós e os outros, uma linha de respeito, confiança e solidariedade.

David Graeber:
E é nessa linha que encontramos a verdadeira liberdade, Turner. Liberdade não é a capacidade de acumular riquezas ou expandir nossos próprios interesses. A verdadeira liberdade nasce da criação de um sistema econômico que nos permita viver de maneira justa, onde nossas ações estão orientadas para o bem coletivo. Nesse sistema, a fronteira é a nossa capacidade de ver e tratar o outro como igual, e não como uma ameaça ou um competidor.

Aristóteles:
A liberdade, então, deixa de ser a liberdade individualista, baseada na acumulação, e passa a ser a liberdade relacional, baseada no bem comum. Nessa visão, a verdadeira economia é uma economia das relações humanas, onde o propósito não é acumular, mas transformar a sociedade para que todos possam prosperar. A verdadeira fronteira não é algo a ser conquistado, mas algo a ser vivido — uma fronteira aberta, onde todos têm o direito de crescer e florescer.

Frederick Jackson Turner:
Eu entendo vocês agora, Aristóteles e Graeber. A fronteira, como eu a imaginava, precisa ser ressignificada. A verdadeira expansão não é a expansão do território ou da riqueza material, mas da justiça, da moralidade e da solidariedade. Uma sociedade que funciona com base nesses princípios cria um espaço onde a liberdade verdadeira pode florescer, e onde as fronteiras se tornam símbolos de nossa capacidade de viver em harmonia, não de nos separarmos.

David Graeber:
E essa nova fronteira é construída através das nossas ações cotidianas, em como nos relacionamos uns com os outros e em como reestruturamos o sistema econômico para que ele sirva ao bem de todos, não apenas a alguns poucos. A verdadeira fronteira é aquela que nos conecta, que nos permite expandir nossa humanidade, não apenas nossos bens.

Aristóteles:
E é nessa direção que devemos caminhar: em direção a uma economia que não seja apenas uma técnica, mas uma prática de virtude, uma prática de justiça, onde as fronteiras não são linhas que separam, mas espaços que unem. O progresso não está na quantidade de riquezas que acumulamos, mas na qualidade das relações que cultivamos.

Frederick Jackson Turner:
Agora, vejo que a verdadeira fronteira não é algo que se conquista, mas algo que se constrói em cada ação justa, em cada relação verdadeira, em cada gesto de solidariedade. A verdadeira expansão está no nosso compromisso com o bem comum, e é isso que transforma uma simples fronteira em um espaço de liberdade para todos.

Aristóteles:
E ao falarmos da fronteira como uma construção ética, fico a pensar em como as relações de poder históricas nos ensinaram a ver as fronteiras de maneira distorcida. No passado, as fronteiras eram defendidas como algo a ser conquistado e dominado, muitas vezes à custa dos mais vulneráveis. Isso criava uma falsa sensação de segurança, onde a verdadeira força vinha do controle sobre os outros, não da nossa capacidade de cuidar e crescer juntos. Uma economia fundamentada na virtude, por outro lado, não busca a dominação, mas a colaboração — não é mais sobre expandir o território, mas expandir a nossa capacidade de sermos humanos uns para os outros.

David Graeber:
Exatamente. Quando consideramos o conceito de dívida que mencionei, vemos como as fronteiras foram usadas para perpetuar relações desiguais e criar uma economia de castas. O crédito e a dívida se tornaram mecanismos de controle, com aqueles que possuíam o capital sendo os mestres, e os endividados, os súditos. Quando olhamos para isso com um novo prisma, podemos perceber que a verdadeira fronteira do progresso não está em continuar nessa linha de exploração, mas em criar um sistema de confiança mútua. A verdadeira economia não é baseada em uma balança de dívidas, mas em uma rede de reciprocidade. Ao entendermos isso, podemos começar a construir um novo tipo de fronteira, onde todos são livres da opressão da dívida e da exploração.

Frederick Jackson Turner:
A ideia de uma economia de reciprocidade significa muito para mim, Graeber. Quando observei as fronteiras americanas, vi-as como a linha divisória entre a civilização e a selvageria, uma linha onde a liberdade era adquirida pela conquista. Mas, ao refletir mais profundamente, percebo que a verdadeira liberdade não vem da conquista de novos espaços, mas da transformação do espaço que já habitamos — da criação de uma comunidade onde as relações de poder são redefinidas, e onde o bem-estar de todos é central. O que a economia deveria promover não é a diferença entre os possuidores e os não possuidores, mas a igualdade e a dignidade para todos, independentemente do seu status econômico.

Aristóteles:
E a verdadeira riqueza, Turner, deve ser medida não pelo que possuímos, mas pela qualidade da comunidade que construímos. A transformação que precisamos não está na fronteira do território, mas na fronteira do coração humano. Cada passo que damos na direção de uma economia que favoreça a dignidade de todos é um passo na direção de uma fronteira mais justa. Em vez de uma economia de acumulação, deveríamos buscar uma economia de distribuição justa, onde os recursos são acessíveis a todos, e o verdadeiro "capital" é aquele que é investido na promoção do bem comum.

David Graeber:
Sim, Aristóteles. Quando a economia se baseia na ideia de que todos têm direito a uma parte justa dos recursos disponíveis, o poder deixa de ser concentrado nas mãos de poucos e passa a ser distribuído de maneira mais equitativa. Isso, claro, exige uma mudança cultural profunda, uma nova forma de ver o valor das coisas. O valor não pode mais ser associado apenas ao dinheiro ou à produção, mas à qualidade da vida humana. A verdadeira fronteira, então, se torna a linha onde o valor da vida humana é reconhecido acima do valor da propriedade ou do capital. Isso muda a dinâmica da sociedade e cria um novo tipo de economia.

Aristóteles:
Eu diria que o valor da vida humana só pode ser plenamente reconhecido quando somos capazes de enxergar além das fronteiras materiais e econômicas que nos dividem. E ao fazermos isso, começamos a perceber que a verdadeira "riqueza" está nas relações que construímos, na solidariedade que oferecemos aos outros e na capacidade de viver de maneira justa. Uma economia que promove isso é uma economia que serve à humanidade em sua totalidade, e não apenas aos interesses de um pequeno grupo. A verdadeira fronteira é, então, o horizonte de uma sociedade que é capaz de olhar para o outro não como um concorrente ou um objeto de exploração, mas como um companheiro de jornada.

Frederick Jackson Turner:
Acredito que, ao refletir sobre a fronteira, somos chamados a repensar o conceito de progresso. Progresso não é mais sinônimo de conquista ou expansão territorial, mas de evolução moral e espiritual. Ao voltarmos os olhos para a comunidade e para a justiça, em vez de para a acumulação de riquezas, podemos começar a entender o verdadeiro propósito da economia: promover a dignidade, a liberdade e o bem-estar de todos. A verdadeira fronteira é a que percorremos em busca dessa transformação, e é nesse caminho que encontramos a verdadeira expansão das nossas possibilidades humanas.

David Graeber:
E esse caminho, Turner, não se trata de uma linha reta, mas de um processo de constante reinvenção. A economia que estamos propondo não é uma solução definitiva, mas uma jornada contínua de aperfeiçoamento, onde todos têm a oportunidade de contribuir e de prosperar juntos. E ao fazer isso, a verdadeira fronteira da nossa sociedade será aquela que nos une, que nos torna mais humanos uns para os outros. A economia, então, não será mais a força que nos divide, mas a força que nos conecta. E essa é a fronteira que devemos buscar.

Aristóteles:
Com certeza. A verdadeira transformação começa quando entendemos que a economia não é apenas sobre riqueza, mas sobre relações humanas justas e solidárias. Quando essas relações se tornam o centro de nossa prática econômica, criamos uma fronteira de liberdade e dignidade para todos. E é nesse espaço, nessa nova fronteira, que encontramos a verdadeira essência do ser humano: a capacidade de viver em harmonia, de cuidar uns dos outros e de buscar a justiça em tudo o que fazemos.

Frederick Jackson Turner:
E ao refletirmos sobre o que nos separa e o que nos une, não podemos deixar de observar o modo como a história nos moldou. A fronteira, como a entendi na minha análise da expansão americana, era muitas vezes vista como um limite a ser ultrapassado, um território a ser conquistado. Mas agora vejo que a verdadeira fronteira, no contexto econômico e humano, é aquela que nos desafia a ultrapassar as limitações da ganância e do egoísmo. É sobre transcender a ideia de que o progresso depende da destruição do outro e entender que o verdadeiro progresso reside no fortalecimento das relações entre todos.

David Graeber:
Sim, Turner, você está certo. A história nos ensinou a ver o "progresso" como a conquista do que é novo, mas isso frequentemente resultou em uma visão de escassez, onde a riqueza era limitada e a única maneira de avançar era às custas de outro. No entanto, a verdadeira riqueza não é finita, nem deveria ser encarada como tal. Quando vemos a economia não como uma luta por recursos escassos, mas como uma rede de trocas mútuas, a "fronteira" se torna um lugar de expansão coletiva, e não de competição. A verdadeira economia, como você disse, não é sobre ocupar um espaço físico, mas sobre transformar o espaço social em algo mais inclusivo e justo.

Aristóteles:
Eu concordo, Graeber. E isso me faz refletir sobre como o conceito de eudaimonia, em minha filosofia, poderia ser aplicado aqui. O bem-estar humano não é algo que possa ser obtido de forma isolada. Como você mencionou, a verdadeira riqueza está nas relações. Não se trata de acumular bens materiais ou de explorar os outros para garantir o sucesso próprio. O sucesso verdadeiro é alcançado na harmonia com a comunidade, no cultivo de virtudes que contribuem para o bem-estar de todos. Nesse sentido, o conceito de fronteira se expande: não é mais sobre construir muros, mas sobre derrubar as barreiras que nos separam da plena realização humana.

Frederick Jackson Turner:
E, de fato, Aristóteles, quando vemos a economia dessa maneira, começa a surgir uma nova perspectiva sobre o que significa viver uma vida boa. Não se trata mais de acumular riqueza ou de expandir fronteiras físicas, mas de expandir nossa capacidade de servir ao próximo. A verdadeira expansão, então, é uma expansão de caráter, de virtude, de solidariedade. Nessa ótica, a fronteira se torna uma metáfora para o crescimento interior e para a criação de uma sociedade mais justa, onde as necessidades de todos são atendidas e o bem comum é o objetivo central.

David Graeber:
E essa transformação, Turner, só é possível quando começamos a entender o papel da dívida não como algo a ser temido, mas como uma ferramenta que pode ser usada para a reciprocidade e para o apoio mútuo. Historicamente, a dívida tem sido usada para subjugar, mas e se a visse como um símbolo de nossa interdependência? Nesse novo modelo, a dívida não seria mais uma sentença de servidão, mas um compromisso de cuidar uns dos outros. Ela seria uma troca genuína de apoio, não um fardo a ser carregado de forma desigual. Essa é uma nova forma de fronteira, uma fronteira que é construída sobre a confiança e a colaboração

Aristóteles:
Eu vejo isso com clareza, Graeber. A dívida, em minha visão ética, é um reflexo da relação de um homem com os outros, mas também com o divino. Quando a dívida é entendida como parte de um ciclo de dar e receber, ela não mais nos aprisiona, mas nos libera para praticar a virtude da generosidade e da justiça. Não é mais uma questão de acumulação, mas de partilha. Uma sociedade onde a dívida é entendida como um movimento contínuo de ajuda mútua e solidariedade, em vez de exploração, começa a construir uma verdadeira comunidade. E aqui, mais uma vez, vemos que a fronteira não é algo a ser vencido, mas algo a ser desfeito, um espaço onde a interdependência humana se torna o alicerce de uma nova ordem econômica.

Frederick Jackson Turner:
E é nesse sentido que acredito que a verdadeira fronteira da sociedade moderna é a capacidade de transcender a ideia de propriedade como um fim em si mesmo. A propriedade não deve ser vista como uma medida de status ou de poder, mas como um meio para garantir o bem-estar de todos. Ao repensarmos as fronteiras econômicas e sociais, começamos a enxergar uma verdadeira "terra de promissão" — um espaço onde todos têm a oportunidade de prosperar, onde a verdadeira riqueza é aquela que é compartilhada, e onde a justiça e a dignidade são os pilares que sustentam a sociedade.

David Graeber:
Exatamente, Turner. E, para finalizar, acredito que essa nova fronteira exige uma reconfiguração do que entendemos como "trabalho". Não é mais sobre o trabalho como meio de acumulação pessoal, mas como uma contribuição para o bem coletivo. O trabalho, então, deixa de ser uma ferramenta de exploração e se torna uma prática de cuidado, de atenção aos outros e de crescimento mútuo. Nessa nova economia, o trabalho é uma das formas mais poderosas de transformar a sociedade, de criar uma fronteira de inclusão, justiça e liberdade.

Aristóteles:
Portanto, a verdadeira fronteira, como o senhor Turner disse, não é a expansão territorial ou a acumulação de bens, mas a expansão das virtudes humanas, a criação de um espaço onde a dignidade de cada ser humano é reconhecida e respeitada. E é nesse espaço, nesse novo horizonte, que encontraremos a verdadeira riqueza: uma sociedade que, ao invés de buscar sempre mais, busca sempre melhor, cultivando as virtudes que permitem a todos viverem em harmonia. Essa é a verdadeira fronteira, a que não é dividida por barreiras, mas unificada pelo compromisso com o bem comum.

Frederick Jackson Turner:
E, como você bem disse, Aristóteles, o trabalho precisa ser transformado. O que mais me impressiona nesse conceito de uma economia de reciprocidade é como ele reconfigura nossa visão sobre a função social do trabalho. O trabalho não é mais uma questão de mera sobrevivência ou de acumulação de riqueza pessoal, mas um ato de contribuição para a saúde da comunidade. Quando cada pessoa reconhece que sua contribuição beneficia o todo, o próprio conceito de trabalho se torna uma prática de virtude, um caminho para a realização de uma vida boa e plena, não só individualmente, mas coletivamente.

David Graeber:
Isso é realmente transformador, Turner. O trabalho não é mais um meio de acumular riqueza pessoal, mas um modo de cultivar o bem comum. A nossa ideia de valor precisa mudar para refletir essa nova visão. O valor de uma pessoa, de uma atividade ou de um bem, não deve ser medido pelo quanto ela pode gerar de lucro para um indivíduo ou uma empresa, mas pelo quanto ela contribui para a equidade e o bem-estar da comunidade. Isso faz com que a fronteira da economia deixe de ser uma linha de divisão entre o que se possui e o que não se possui, mas uma rede de conexões entre todos os seres humanos, onde todos têm o direito de prosperar e crescer.

Aristóteles:
É um ponto crucial, Graeber. O trabalho não deve ser entendido apenas como a troca de esforço por dinheiro, mas como um exercício moral, um esforço de promover a justiça e o bem-estar. Acredito que o trabalho só é plenamente digno quando ele é exercido com a intenção de servir aos outros, de contribuir para um bem maior. A verdadeira riqueza não reside na quantidade de bens que acumulamos, mas na profundidade das relações que estabelecemos. E isso é o que a economia, em sua essência, deveria buscar promover: uma rede de trabalho cooperativo onde a dignidade de cada indivíduo é reconhecida, e onde o lucro não é mais o fim, mas apenas uma consequência de um trabalho bem-feito que serve ao bem comum.

Frederick Jackson Turner:
E, ao fazer essa transição, percebemos que a ideia de "progresso" também deve ser revista. A expansão das fronteiras, tal como foi idealizada nas décadas passadas, se dava à custa de outros povos, outros territórios, outras vidas. Mas o verdadeiro progresso está na criação de uma comunidade onde não há vencedores nem perdedores. O verdadeiro avanço não está na conquista de novas terras, mas na criação de um espaço onde a dignidade humana é preservada e promovida. Em vez de uma luta constante por mais, a verdadeira busca deve ser por mais justiça, mais equilíbrio, mais solidariedade.

David Graeber:
Esse é o verdadeiro "avanço", Turner: o abandono da ideia de que a economia precisa ser uma competição incessante. Quando entendemos que não estamos competindo uns contra os outros, mas colaborando para o bem de todos, a economia se transforma. A fronteira da exploração econômica começa a ser substituída por uma fronteira de empatia e reciprocidade. A interdependência se torna a norma, e não a exceção. E é nesse espaço que a verdadeira liberdade pode florescer, uma liberdade que não se baseia na acumulação de riqueza, mas na distribuição justa e na colaboração.

Aristóteles:
E eu diria que, além disso, Graeber, a liberdade que buscamos não é uma liberdade de dominação ou de exploração, mas uma liberdade que vem da prática da justiça. A verdadeira liberdade é a liberdade de viver uma vida digna, onde as necessidades básicas de todos são atendidas, onde as pessoas têm a oportunidade de se desenvolver moralmente e espiritualmente, e onde o trabalho não é uma carga, mas uma expressão de nossa capacidade de contribuir para o bem comum. A verdadeira liberdade se constrói, então, não nas fronteiras que nos separam, mas nas fronteiras que são superadas pela solidariedade e pela justiça.

Frederick Jackson Turner:
E isso nos leva a uma reflexão importante, Aristóteles. A verdadeira "terra de liberdade" não está nas margens de um continente conquistado, mas no coração de uma comunidade que vive segundo os princípios da virtude. Ao transformarmos a economia dessa forma, mudamos as fronteiras não apenas no aspecto material, mas também no plano moral. A economia que hoje parece ser uma batalha sem fim por mais riqueza começa a ser, de fato, uma luta por mais igualdade, mais justiça, e mais dignidade para todos. E, nesse contexto, a verdadeira expansão não está em termos de território, mas na ampliação das nossas virtudes e na construção de uma sociedade mais justa e harmônica.

David Graeber:
É interessante pensar que, ao longo da história, muitos dos maiores avanços humanos não ocorreram quando se buscou mais espaço ou mais riquezas, mas quando se buscou mais justiça, mais humanidade. O que você propõe, Turner, é uma expansão das fronteiras, mas não para acumular mais poder ou mais recursos. A expansão deve ser no sentido de criar uma sociedade mais inclusiva, onde as fronteiras não dividem, mas conectam, e onde todos têm a oportunidade de viver uma vida digna e plena.

Aristóteles:
E ao pensarmos dessa forma, a verdadeira fronteira se torna não um limite, mas um caminho a ser percorrido, onde a economia e o trabalho são os meios para alcançar um fim maior: a realização humana. Em vez de ver a economia como uma batalha por recursos finitos, devemos vê-la como um processo contínuo de crescimento coletivo, onde todos têm algo a contribuir e todos podem prosperar. Assim, a economia deixa de ser um jogo de soma zero e se torna um caminho de criação e solidariedade, onde o progresso é medido pelo bem-estar comum e pela justiça social.

Frederick Jackson Turner:
Ao final, é essa mudança de perspectiva que deve nos guiar. A verdadeira fronteira, então, não é algo que se impõe de fora, mas algo que é construído de dentro, na medida em que mudamos nossas atitudes, nossos valores e nossa visão sobre o que significa prosperar. A fronteira da verdadeira liberdade é uma fronteira de justiça, de colaboração, de respeito. E é essa fronteira que devemos buscar expandir.

David Graeber:
Essa mudança de perspectiva que vocês propõem é essencial, e há algo profundamente transformador nisso. Porque, ao mesmo tempo em que buscamos redefinir a economia, redefinimos também o que significa "progresso". Progresso não é mais sinônimo de destruição ou subjugação, mas sim de integração e fortalecimento. O verdadeiro avanço está em como conseguimos criar um sistema que respeita as fronteiras humanas, sociais e ambientais, sem violar a dignidade dos indivíduos ou destruir os recursos que sustentam a vida. É um avanço que respeita os limites e que, ao mesmo tempo, expande as possibilidades humanas de forma sustentável.

Aristóteles:
Essa reflexão é muito importante, Graeber. Ao pensar em "limites", devemos compreender que os limites não são obstáculos, mas oportunidades para aprofundarmos nossa compreensão de quem somos e o que podemos alcançar juntos. Em minha filosofia, os limites são a condição para a virtude. Sem limites, sem regras, sem uma ordem moral, o ser humano não pode florescer. Portanto, ao pensarmos em economia e sociedade, precisamos incorporar esses limites como algo positivo, não como uma restrição à liberdade, mas como uma base para uma liberdade verdadeira, aquela que só pode ser conquistada por meio da justiça e da harmonia.

Frederick Jackson Turner:
Sim, Aristóteles, e essa noção de limites que você traz me faz pensar na forma como as "fronteiras" econômicas, culturais e políticas têm sido vistas ao longo da história. Em vez de encararmos as fronteiras como divisões rígidas e impenetráveis, como foi o caso durante a expansão americana, deveríamos encará-las como pontos de encontro, onde diferentes experiências, culturas e economias podem se fundir de maneira positiva. A verdadeira "fronteira" não é um obstáculo a ser transposto a qualquer custo, mas um espaço de troca e crescimento. E quando superamos a ideia de que as fronteiras devem ser superadas a todo custo, estamos realmente permitindo um mundo mais pacífico e justo.

David Graeber:
Essa ideia de que a "fronteira" pode ser um ponto de encontro e não um ponto de conflito é uma chave para a transformação social que estamos discutindo. Quando entendemos que as diferenças entre nós não são algo a ser vencido ou apagado, mas algo a ser respeitado e integrado, criamos um novo tipo de economia, uma economia baseada na convivência e no entendimento mútuo. Nesse modelo, o valor de uma pessoa não está na riqueza que ela possui, mas na sua capacidade de contribuir para a saúde coletiva. Isso transforma a própria noção de "propriedade" e "posse", passando a entender que tudo é compartilhado, e que o verdadeiro valor reside na interdependência.

Aristóteles:
Exatamente, Graeber. E, dentro desse entendimento, a "propriedade" se torna mais fluida. Ela não é algo que é acumulado como uma fonte de poder, mas algo que é usufruído com responsabilidade, com a consciência de que todos têm direito a uma parte do bem comum. De maneira semelhante ao que discutimos sobre o trabalho, a propriedade passa a ser vista como uma ferramenta para o bem coletivo, um meio para garantir que todas as necessidades humanas sejam atendidas, mas também que as necessidades da terra e da comunidade sejam respeitadas.

Frederick Jackson Turner:
E isso nos leva a uma reflexão profunda sobre o papel da economia na construção da paz e da justiça. Não podemos mais conceber a economia como uma luta constante, uma guerra por recursos limitados. Precisamos começar a pensar nela como uma rede de apoio mútuo, onde todos contribuem para o bem comum. A verdadeira economia não é uma batalha pela posse, mas um movimento coletivo de cuidado e respeito, onde as necessidades de todos são atendidas, e não apenas as de alguns. A fronteira, nesse sentido, deixa de ser um obstáculo, tornando-se uma ponte para uma sociedade mais inclusiva e solidária.

David Graeber:
É isso que estamos propondo aqui: uma mudança radical de paradigma. Uma economia não baseada em desigualdade, mas na verdadeira equidade, onde as fronteiras não são delimitadoras, mas criadoras de oportunidades para todos. E isso exige uma transformação tanto nos sistemas de produção quanto nas nossas mentalidades. Precisamos desafiar a ideia de que uma pessoa precisa estar acima das outras para que todos possam prosperar. A prosperidade real vem da colaboração, da interdependência, e da compreensão de que, ao cuidar do outro, cuidamos de nós mesmos.

Aristóteles:
E isso não é apenas uma mudança econômica, mas uma mudança ética, espiritual e cultural. A economia reflete os valores de uma sociedade, e se queremos uma sociedade justa e digna, devemos cultivar valores de generosidade, compaixão e respeito. A verdadeira liberdade e prosperidade surgem quando esses valores estão enraizados no coração das pessoas. Não é suficiente apenas reformar o sistema econômico; é necessário transformar a maneira como entendemos a vida e as relações humanas.

Frederick Jackson Turner:
E, ao fazermos isso, finalmente podemos começar a ultrapassar a verdadeira fronteira: a fronteira da ignorância e da indiferença, que nos separa uns dos outros e nos impede de ver a humanidade no outro. Ao criar uma economia baseada na empatia, na justiça e no cuidado, criamos não apenas uma nova ordem econômica, mas uma nova forma de viver e ser no mundo. Uma sociedade onde as fronteiras não são linhas de separação, mas de união.

David Graeber: Esse é o verdadeiro "novo mundo", Turner. E, ao repensarmos o papel da economia, não estamos apenas repensando como distribuímos os recursos, mas também como entendemos nosso lugar no mundo. O que realmente importa não é a quantidade de riqueza acumulada, mas a qualidade das relações que criamos. Quando a economia se torna uma ferramenta de cuidado e solidariedade, ela deixa de ser uma força destrutiva e passa a ser uma força criadora, capaz de transformar as fronteiras em caminhos de união e prosperidade para todos.

Aristóteles: E assim, chegamos à verdadeira "terra prometida", não aquela que se conquista por meio da violência ou da exploração, mas aquela que se constrói no interior de cada ser humano, através da prática da virtude e do cuidado com o outro. Esse é o novo horizonte para a economia, um horizonte de justiça, igualdade e dignidade para todos. E ao alcançarmos esse horizonte, podemos dizer que finalmente ultrapassamos as fronteiras do egoísmo e da indiferença, e entramos em um espaço onde o bem-estar coletivo é a verdadeira medida do progresso.

Frederick Jackson Turner: Essa visão de prosperidade coletiva é, de fato, revolucionária, e eu fico cada vez mais convencido de que as fronteiras podem ser entendidas não apenas como territórios físicos, mas como espaços simbólicos. Durante a expansão para o Oeste, a fronteira foi vista como uma terra a ser dominada, um espaço a ser conquistado. Mas, ao refletirmos sobre isso com as lentes que vocês estão propondo, vejo que a fronteira, na verdade, deveria ser um ponto de encontro de culturas e práticas, um lugar onde as diferenças se confrontam, mas onde também há espaço para uma transformação mútua e pacífica.

Aristóteles: Sim, Turner, esse espaço de encontro é fundamental para o progresso moral e espiritual. Quando falamos de fronteiras, precisamos ter em mente que o homem é, por natureza, um ser relacional. Não é isolado em si mesmo. E a sociedade, para florescer, precisa que suas instituições promovam relações justas e equitativas. Isso inclui, claro, uma reavaliação do conceito de propriedade, como foi discutido por Graeber, e da maneira como a riqueza deve ser distribuída para servir ao bem comum. O que propomos aqui é um movimento em direção a uma moralidade econômica, que não apenas impulsione o crescimento, mas o faça de forma que beneficie a todos.

David Graeber: Eu diria que isso implica uma mudança na forma como nos relacionamos com a dívida também. Em "Debt: The First 5,000 Years", mostro como a dívida tem sido um pilar fundamental de muitas economias ao longo da história, mas também como ela pode ser uma forma de escravidão moderna, uma maneira de construir fronteiras invisíveis, separando os indivíduos do que lhes pertence. Ao mudar nossa visão sobre dívida, podemos ir além dessa estrutura de controle e subordinação. O ponto não é eliminar a dívida, mas compreendê-la de outra forma: como um processo de mutualidade e compromisso, onde as relações financeiras não são unidimensionais, mas conectam as pessoas de forma mais justa e recíproca.

Aristóteles: A questão da dívida é, de fato, crucial. Se pensarmos na moralidade das dívidas em minha filosofia, podemos entender que elas não são algo a ser imposto, mas algo que nasce da reciprocidade e da justiça. Se uma pessoa deve algo, que seja em termos que favoreçam o equilíbrio e a paz, e não em termos de exploração. No mundo que vocês estão propondo, as dívidas seriam entendidas não como um fardo que oprime, mas como um meio de restabelecer a equidade e o bem-estar, um canal para reconstruir a confiança e a solidariedade.

Frederick Jackson Turner: Acredito que o ponto que todos nós tocamos aqui é a busca por uma reinterpretação das fronteiras. Quando olhamos para a história, a expansão para o Oeste, por exemplo, foi marcada por uma mentalidade de conquista e dominação. Mas, se entendermos a fronteira como um lugar de encontro e troca, podemos transformar essa mentalidade de exploração em uma de colaboração. E isso não se limita apenas ao espaço físico, mas ao próprio entendimento da economia como um espaço de relações e de responsabilidades compartilhadas, onde as ações de um afetam o bem-estar de todos. Esse é o novo horizonte para a "fronteira", um local de transformação mútua e de solidariedade.

David Graeber: Sim, e para que isso seja possível, é necessário que a estrutura social e econômica também mude. Uma das primeiras barreiras que precisamos superar é a ideia de que a economia deve ser um jogo de soma zero, onde o ganho de um é sempre à custa do outro. Precisamos começar a enxergar a economia como uma rede de interdependência, onde os ganhos são compartilhados e o sucesso coletivo é o verdadeiro objetivo. Em última análise, isso leva a uma redefinição do que é riqueza e do que significa prosperar. Não se trata mais de acumular bens, mas de cultivar um mundo onde todos possam prosperar de forma sustentável e digna.

Aristóteles: De fato, Graeber, essa reinterpretação da economia é essencial para a criação de uma sociedade justa. A prosperidade verdadeira não vem do acúmulo, mas da capacidade de compartilhar e de servir ao bem comum. Na minha ética, a virtude está ligada ao equilíbrio e à harmonia. Uma sociedade que se preocupa com o bem-estar de todos é uma sociedade que alcança a verdadeira harmonia. E isso não é apenas uma questão de justiça, mas de responsabilidade moral, onde cada indivíduo se sente comprometido com o coletivo.

Frederick Jackson Turner: Exato. E é importante ressaltar que essa transformação não precisa ser algo imposta de fora, mas algo que começa no interior das pessoas, nas suas relações e nas suas comunidades. A mudança deve começar com a percepção de que as fronteiras não são muros a serem derrubados à força, mas portas abertas para novas possibilidades. E essas possibilidades devem ser guiadas por uma ética de cuidado e responsabilidade, como a que Aristóteles defende, e uma economia que não seja uma guerra, mas uma colaboração.

David Graeber: Concordo plenamente. A verdadeira mudança começa no individual, mas precisa ser refletida no coletivo. E, para isso, é preciso que todos estejam dispostos a repensar suas atitudes em relação ao dinheiro, ao poder e à posse. Ao fazer isso, podemos começar a derrubar as fronteiras que nos dividem, não por força ou confronto, mas por escolha, por uma escolha que favorece o bem-estar comum e a verdadeira prosperidade de todos.

Aristóteles: E esse é o tipo de fronteira que devemos perseguir: a fronteira do bem comum, da virtude, da justiça e da solidariedade. Um espaço onde as diferenças não são motivo de conflito, mas de enriquecimento mútuo. Ao alcançar esse horizonte, não apenas ultrapassamos as fronteiras externas, mas também as internas, aquelas que nos limitam enquanto indivíduos e enquanto sociedade. Esse é o verdadeiro progresso.

Fredeick Jackson Turner: E, ao alcançar essa nova fronteira, estaremos finalmente vivendo a verdadeira expansão, aquela que não é uma busca desenfreada por recursos, mas uma busca pela verdadeira humanidade, pela verdadeira liberdade e pela verdadeira prosperidade para todos. Esse é o novo tipo de fronteira que podemos construir.

David Graeber: Essa visão realmente propõe uma radical reinterpretação da economia. Ao invés de entendê-la como uma arena competitiva, onde a escassez é a regra e o sucesso se mede pela acumulação, vemos que a verdadeira riqueza surge da colaboração e da partilha. No entanto, isso também nos desafia a repensar o papel do dinheiro e das trocas. Se, como sugere Aristóteles, a economia deve ser voltada para a busca do bem comum, como então devemos tratar a crematística, que visa o lucro e a acumulação sem fim?

Aristóteles: A questão da crematística é fundamental. Eu a vejo como uma forma distorcida de economia, pois não busca a satisfação das necessidades humanas ou o bem-estar da comunidade, mas sim o ganho individual, sem fim ou medida. No entanto, a economia, como um todo, deve estar orientada para a realização da virtude e da boa vida. Quando a crematística se torna o centro das nossas práticas econômicas, ela desvia a sociedade do seu verdadeiro propósito, que é o cultivo da moralidade e da justiça. A verdadeira economia deve, portanto, se afastar dessa lógica de acumulação infinita e focar em distribuir os bens de maneira justa, para que todos possam alcançar a excelência moral, que é o que nos realiza como seres humanos.

Frederick Jackson Turner: Isso é verdade, e é aqui que vejo uma conexão interessante entre nossas reflexões. Se a fronteira, em meu entendimento, é um lugar de crescimento e transformação, então a crematística, como um conceito, se apresenta como uma fronteira falsa, uma fronteira que aprisiona. Ela nos limita ao desejo insaciável de mais, sem que haja um verdadeiro propósito além da acumulação de riquezas. Como em uma terra sem recursos, onde o crescimento não é mais sustentável, o que temos é a estagnação, a sobrecarga, e a exclusão. De modo oposto, uma verdadeira economia, alinhada com a ética que Aristóteles propõe, deve ser uma fronteira em movimento, um espaço dinâmico onde o crescimento se dá na direção do bem coletivo e do cultivo da virtude.

David Graeber: Exatamente, Turner. Nesse sentido, a ideia de que as fronteiras podem ser tanto um limite quanto um espaço de expansão se aplica diretamente à nossa discussão sobre a crematística. Quando tratamos a acumulação de riqueza como o fim último, estamos, na verdade, criando uma fronteira que não expande, mas restringe nossas possibilidades. Ao contrário, uma economia que tenha como objetivo o bem-estar e a prosperidade coletiva atua como uma fronteira que abre caminhos, ampliando horizontes para todos, não apenas para os poucos que conseguem acumular.

Aristóteles: Portanto, é claro que a verdadeira fronteira que devemos buscar não é a da crematística, mas a da virtude, da justiça e do bem comum. A economia precisa ser redirecionada para permitir que todos acessem esses bens essenciais e, dessa forma, se tornem mais completos em sua humanidade. É um projeto que exige uma mudança de valores, uma revolução nas formas de pensar sobre o que é riqueza e sucesso. A riqueza não deve ser medida pela quantidade de bens acumulados, mas pela qualidade das relações que cultivamos e pelos bens comuns que conseguimos promover.

Frederick Jackson Turner: Essa transformação da economia, de uma lógica de acumulação para uma lógica de bem comum, exige uma mudança radical de mentalidade. Se a expansão da fronteira americana se deu pela ocupação e domínio de territórios, a expansão do horizonte humano precisa se dar pela colaboração e pela criação de uma economia que sirva ao bem-estar de todos. Um território onde, ao invés de muros e cercas, possamos construir pontes e redes que conectem as pessoas e permitam a prosperidade mútua.

David Graeber: Sim, e essa transformação também deve incluir uma reavaliação de como medimos o valor. O valor não deve ser determinado apenas pelo preço de mercado ou pela quantidade de bens adquiridos, mas pela contribuição que cada um faz para o coletivo. Isso implica um novo entendimento da dívida, como mencionei antes: não uma dívida de subordinação, mas uma dívida de reciprocidade, onde cada ação tem o potencial de criar laços de solidariedade que enriquecem a todos. Se a economia for pensada dessa maneira, podemos finalmente romper com a lógica da crematística e abraçar um novo modelo de prosperidade.

Aristóteles: Nesse sentido, a verdadeira fronteira que estamos discutindo é uma fronteira moral, ética e espiritual. A economia não deve ser uma arena de competição, mas um campo de cultivo de virtudes. O que é considerado "sucesso" deve ser redefinido: não mais em termos de posse e acúmulo, mas em termos de contribuição para o bem comum. Somente assim poderemos alcançar uma verdadeira prosperidade, onde todos são elevados e ninguém fica para trás.

Frederick Jackson Turner: Eu vejo essa proposta como uma verdadeira revolução das fronteiras. Não uma revolução que destrua, mas uma que reconfigure, que mova os limites de onde estamos e nos leve para um espaço mais inclusivo, mais justo e mais humano. A fronteira que nos deve importar não é aquela de conquista e dominação, mas a de entendimento mútuo, colaboração e crescimento coletivo. Ao repensarmos a economia dessa forma, criamos não apenas uma nova realidade material, mas também um novo sentido para o que significa ser humano. Isso, sem dúvida, é o verdadeiro progresso.

David Graeber: E esse é o tipo de progresso que realmente importa. Não é aquele medido pelos bens materiais acumulados, mas pelo impacto que temos na vida dos outros, pela maneira como contribuímos para o bem-estar coletivo. Uma verdadeira prosperidade, como propomos aqui, só é possível quando entendemos que a riqueza não é um fim em si mesma, mas um meio para criar um mundo mais justo e mais solidário.

Aristóteles: Esse é o verdadeiro horizonte para o futuro, a fronteira que todos devemos buscar. Uma fronteira onde a virtude e a justiça não sejam apenas ideais abstratos, mas práticas concretas, cultivadas no seio de uma economia que serve ao bem comum. Somente então podemos dizer que atingimos a verdadeira prosperidade, aquela que não é limitada, mas aberta a todos.

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