Introdução
O mito da fronteira e o Mito de Ourique representam bens simbólicos de primeira ordem, encapsulando princípios fundamentais que moldaram a identidade de nações inteiras. Esses mitos oferecem não apenas uma compreensão histórica, mas também a possibilidade de alavancar uma economia da salvação fundada em trocas simbólicas, capazes de transformar a sociedade "do cru ao cozido" — do caos bruto para uma ordem espiritual e cultural. Este texto explora como essas matérias-primas simbólicas podem ser costuradas em diferentes níveis, criando bens de segunda e terceira ordem que apontam para a verdade como fundamento da liberdade, conectando Brasil e Estados Unidos como lares em Cristo, por Cristo e para Cristo.
Essa idéia de bens de primeira ordem e de segunda ordem surge dos Princípios da Economia Política de Carl Menger, fundador da escola austríaca de economia. Menger conceitua os bens de primeira ordem como aqueles diretamente satisfatórios às necessidades humanas, enquanto os bens de segunda ordem são aqueles que servem como meios para produzir os bens de primeira ordem. Tal conceito dialoga diretamente com a obra de Pierre Bourdieu, A Economia das Trocas Simbólicas, que explora como bens simbólicos operam em uma economia de valores sociais, culturais e espirituais.
1. O Mito da Fronteira e o Mito de Ourique como Bens de Primeira Ordem
O Mito da Fronteira
O mito da fronteira está profundamente enraizado na história dos Estados Unidos, simbolizando a expansão territorial como um mandato moral e divino. Ele legitima o progresso e o alargamento do conhecimento e da civilização. Este mito fornece uma narrativa de superação e conquista, impulsionando o avanço de fronteiras tanto físicas quanto espirituais.
O Mito de Ourique
O Mito de Ourique, por sua vez, é uma narrativa fundacional para Portugal e para a cristandade ocidental. Ele simboliza a confirmação divina da missão de servir a Cristo através da construção de uma sociedade fundamentada na fé e na unidade espiritual. Este mito não apenas une o povo a uma causa divina, mas também estabelece a legitimidade de um projeto civilizacional profundamente enraizado no catolicismo.
Esses dois mitos, como bens de primeira ordem, funcionam como fundamentos para uma economia simbólica. Eles oferecem os alicerces para construir narrativas e estruturas que transformam comunidades e indivíduos.
2. Costurando Bens de Segunda Ordem: A Integração Brasil-EUA
Quando costurados adequadamente, o mito da fronteira e o Mito de Ourique podem criar bens de segunda ordem que integram o Brasil e os Estados Unidos como lares comuns em Cristo. Essa integração simbólica pode:
Reconhecer a Unidade Espiritual: Estabelecer uma ligação entre nações com valores compartilhados, transcendendo barreiras geográficas.
Redefinir a Noção de Pátria: Conceber a ideia de lar como algo mais amplo, fundamentado na verdade e na liberdade oferecidas por Cristo.
Criar Pontes Culturais e Espirituais: Ampliar as possibilidades de colaboração entre nações em áreas como educação, economia e cultura.
Esses bens de segunda ordem permitem que intersecções entre culturas e histórias sejam exploradas. Por exemplo, pode-se conectar o ideal de liberdade americano com o ideal de unidade espiritual de Ourique, criando uma narrativa que enfatiza o serviço a Cristo como ponto central.
3. Bens de Terceira Ordem: Aprofundando a Verdade
Os bens de terceira ordem emergem quando os de segunda ordem são integrados a outros sistemas simbólicos e históricos, gerando novas compreensões e aprofundamentos. Esses bens podem:
Ampliar o Conhecimento: Proporcionar novas perspectivas sobre a relação entre liberdade e obediência a Cristo.
Aprofundar a Espiritualidade: Criar uma economia simbólica que reflete a ordem divina na história humana.
Transformar a Sociedade: Oferecer soluções culturais e espirituais que respondem aos desafios contemporâneos.
Um exemplo seria conectar as tradições brasileiras e americanas a outras culturas que compartilham elementos do mito da fronteira ou do Mito de Ourique, ampliando a influência dessas narrativas e promovendo a colaboração internacional.
4. O Papel do Artesão Simbólico
O artesão simbólico, aquele que costura esses mitos em novas realidades culturais, desempenha um papel crucial. Ele:
Exerce Autoridade na Liberdade: Modela a cultura e a sociedade de maneira que a verdade se torne o fundamento da liberdade.
Multiplica os Talentos: Usa as narrativas simbólicas para gerar frutos que beneficiam muitas gerações.
Aperfeiçoa a Ordem Social: Transforma comunidades inteiras através do poder dos mitos e da economia simbólica.
Esse trabalho artesanal é, essencialmente, uma expressão da colaboração humana com a ordem divina, permitindo que a verdade de Cristo seja manifestada mais plenamente.
Conclusão
A integração do mito da fronteira e do Mito de Ourique oferece um caminho poderoso para transformar sociedades por meio de uma economia simbólica fundada na verdade e na liberdade. Quando costurados de maneira habilidosa, esses mitos podem criar bens de segunda e terceira ordem que não apenas conectam nações, mas também aprofundam nossa compreensão da missão divina. Assim, o artesão simbólico cumpre seu chamado, multiplicando os talentos e promovendo a liberdade nos méritos de Cristo.
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