1) O samba é como a harpa e a flauta. Para quem passa a maior parte do tempo em festas, sem se preparar para o inverno, no final os hedonistas não vão ter o que comer e vão parasitar dos que produzem: as formigas. Eis os gafanhotos - e o país está infestado deles.
2.1) O sambo é como a espada - é preciso dar um trato na bagunça de modo que a verdadeira ordem seja instaurada. Cristo, modelo de soldado, trouxe a espada - e o sambo é uma arte marcial, um tipo de luta para aqueles guerreiros que se encontram em desvantagem, desarmados, fazendo com que uma derrota certa termine em vitória.
2.2) As formigas tanto podem ser operárias como soldados - cada uma tem um papel bem definido, já que a ordem do arado depende da espada e a espada depende do arado de modo a manter o exército alimentado e com moral alto para encarar o bom combate.
3.1) Num país onde se falta a verdade, o senso de justiça, o senso de conformidade com o Todo que vem de Deus, a diversão do samba é o que resta - e isso é uma arma a serviço da inqüidade e do conservantismo dos gafanhotos.
3.2) Essa arma precisa ser desarmada - e ela veio da República da Espada, que não trouxe arado nenhum.
4.1) Dizem que um povo que busca se divertir a qualquer custo, não obstante à tragédia anunciada de 70 mil homicídios por ano, é frio e materialista. E isso é prerrogativa de quem nasceu no Brasil no sentido biológico do termo - e quem se dita pelos ditames da fisiologia é um apátrida, um bárbaro, um pagão, por isso mesmo imitador do comportamento dos gafanhotos.
4.2.1) O verdadeiro brasileiro serve a Cristo em terras distantes, por força daquilo que houve em Ourique - ele é português de origem, ainda que nascido na América. E faz da sua profissão, extrator de pau-brasil ou brasileiro, uma forma de santificar o seu trabalho, assim como todo e qualquer outro que vier eventualmente a ocupar, pois a formiguinha laboriosa é também polímata e é pau pra toda obra, como o produto de sua terra.
4.2.2) Do pau-brasil não vem só o escarlate das roupas do cardeal, que representa o sangue dos mártires; dele também vem o material necessário para se fazer violinos, essencial para se edificar alta cultura, por meio da música clássica, música que aponta para a Deus. Eis o verdadeiro apostolado da diversão, pois decorre do apostolado da espada e do arado.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 14 de junho de 2018.
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