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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Se o mercado é tomado como se fosse religião, então a economia será escravagista, pois tudo será fundado na sujeição e não no encontro

1) Se a noção de mercado é tomada como se fosse religião, em que tudo está no mercado e nada pode estar fora dele ou contra ele, então o mercado se torna o novo Estado, o novo príncipe. E a economia de mercado se torna sujeição e não encontro.

2) Como todo bom ídolo, o mercado tomado como religião é uma projeção sistemática da alma fundada no amor de si até o desprezo de Deus. E só idólatras vêem a riqueza como um sinal salvação e vêem a sociedade arbitrariamente dividida em eleitos e condenados, a ponto de a usarem de modo a conseguir benefícios.

3.1) Eles não percebem que a própria noção de mercado como sujeição - uma reprodução do estado de natureza hobbesiano - cria uma espécie de solidariedade forçada, mecânica.

3.2.1) Nessa solidariedade mecânica, as coisas tendem a ter um fim em si mesmo, inadmitindo abertura para a verdade, que é Cristo. E como todas as coisas que decorrem do homem são imperfeitas, então essas coisas tendem a se desgastar a ponto de se liqüefazerem ao entrarem em contato com a luz que não se apaga, que é de uma clareza meridiana. E quando essas coisas se tornam líqüidas, ocorre anomia na sociedade, a ponto de haver anarquia. 

3.2.2) A própria contradição dialética das coisas já vai criando os desgastes necessários a essa estrutura mecânica - a alma humana é voltada para a verdade e enxergá-las por meio do exame das contradições presentes nas próprias coisas existentes na realidade já faz com que essa estrutura acabe caindo por si mesma, pois ela é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. Afinal, nada pode subsistir sem Deus.

4) Eis as conseqüências do Estado-mercado fundado na sujeição e não no encontro.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 21 de maio de 2018.

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