1) Queria passar esses tempos horrorosos de carnaval longe da muvuca, falando com gente inteligente sem esse calor de 40 na moleira. No deserto do Arizona, posso ligar o ar condicionado sem problema; lá, a energia não é cara. O Rio não é deserto, mas não tenho liberdade nem pra ligar o ar.
2) Se o país inteiro está pirando no Carnaval, então só me sobrou a Virgínia, onde o Olavo de Carvalho está. Lá na casa dos Carvalho posso falar coisas na minha própria língua, ouvir coisas inteligentes do Olavo e ver ele me matar de rir, como só ele é capaz de fazer comigo. Lá não verei nenhum imbecil coletivo perdendo tempo na vida a procurar uma casa pro caralho, como fazem aqui em fevereiro - e o fruto dessa "relação" com toda mulher que pira só vai parir em novembro, quando todos os homens irresponsáveis que comem somem, quando a casa estiver desabando e a responsabilidade de ser pai chamando.
3) Os netinhos um dia aprenderão a língua do avô e um dia (quem sabe?) eu tenha a honra de conversar com eles. Inglês não é a minha praia - o português já me basta. Só me faço do inglês para compreender o que os outros escreveram e que não foi convertido para o português.
4) Qualquer conversa noutra língua que não na língua nativa tenderá a ser macarrônica. Eu compreendo razoavelmente o inglês falado, mas não posso responder ao americano no inglês, mas na minha língua nativa, o português - até porque não consigo raciocinar em inglês com a mesma liberdade com a qual estou acostumado no português. Se ele pudesse entender o português, ele me responderia em inglês e a conversa seria muito boa e mais fluida.
5) Enfim, ser um monoglota é uma desgraça.
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