Tiago Barreira:
1) Eis o segundo mandamento de Cristo: amai o próximo como a ti próprio. A esquerda esquece o "como a ti próprio" e o reduz "a amar o próximo", tão-somente.
2) A verdade é que o amor próprio é um amor tão necessário quanto o amor ao próximo. O suicídio por exemplo, de se matar em nome do amor, é um exemplo clássico do romantismo sociopata.
José Octavio Dettmann: Sim, é verdade. Basta ver o exemplo dos "Sofrimentos do Jovem Werther". Muita gente na Europa se matou. E isso inspirou gerações de marxistas, principalmente o próprio Marx.
Tiago Barreira:
1) Ao contrário do que Nietzsche prega, a Igreja nunca combateu o amor-próprio. Apenas o colocou na conformidade com o Todo, conformidade esta fundada no amor de Deus. Eis o amor ágape, fundado na compreensão.
2) Ambos os amores, o amor a si mesmo e o amor ao próximo, estão em conformidade com o Todo que vem de Deus.
3.1) É falsa a dicotomia entre egoísmo e altruísmo.
3.2) O vício do egoísmo, o indiferentismo, deriva de se atribuir um amor-próprio maior do que ao próximo.
3.3) O vício do altruísmo, a auto-abnegação, deriva o contrário, de se atribuir maior amor ao próximo do que a si.
3.4) Se a dicotomia é falsa, falsa é também a dicotomia que estes põem entre o interesse privado, egoísta, e interesse público, altruísta.
José Octavio Dettmann:
1) O liberal geralmente bota o egoísmo e o altruísmo como duas coisas contrárias. Até porque ele tem uma forte tendência ateísta e anarquista. Ele edifica uma liberdade para o nada, sem Deus. Isso leva a uma luta de classes, a um jogo de soma zero, uma guerra permanente.
2) O marxista toma este fato como se fosse coisa, pois ele parte de algo sem Deus, já edificado pelo liberal. E o marxista bota a culpa em Deus porque as coisas "são" dessa forma. O marxista, na verdade, vê algo distorcido e toma isso como se fosse realidade, por conta de sua maldade. É neurose fundada na maldade, como se este tivesse sido possuído por um espírito maligno.
Tiago Barreira:
1) Por isso que a esquerda é a primeira a culpar a corrupção pelo sistema patrimonialista. Culpa-se a ausência de interesse público, e não a ação individual má. Criam a ideia abstrata de Estado impessoal, o que não existe em país nenhum.
2) A idéia de um estado sem interesses particulares, governado tão-somente por uma suposta imparcialidade - que é o interesse público - é tomada como se fosse um imperativo categórico ideal. Enfim, ela é tomada como se fosse uma verdadeira religião.
3) Eis aí porque o PT faz campanha pelo financiamento público de campanha - pois doação privada de campanha, fundada no fato de se tomar o país como um lar, leva os íntegros à conquista do Estado.
4) Eis aí o ponto onde se encaixa a teoria da nacionidade. A base de todo civismo, de todo o amor a tudo o que é público (porque fundado em Deus), está no amor ao privado e ao local, quando estes são tomados como um lar, em Cristo. Como em círculos concêntricos, o amor individual se irradia em objetos ao seu alcance (família, comunidade, paróquia), até alcançar a totalidade da nação.
José Octavio Dettmann: E os círculos concêntricos se expandem e tornam-se secantes, até o ponto em que Deus é recolocado na ordem pública por força da santidade e do exemplo individual sistemático dos que são santos, cujo exemplo se distribui sistematicamente a todos os outros ao longo das gerações, tornando-se um bem coletivo, derivado da cultura de se tomar o país como um lar sistematicamente. Eu estava pensando justamente nisto semana passada.
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