1.1) Se a riqueza é vista como um sinal de salvação e a sociedade é artificialmente dividida entre eleitos e condenados, então a competição para ver quem é que fica mais rico e mais poderoso no país, ou mesmo no mundo civilizado, se torna uma luta de morte - e até elementos de crime organizado são usados de modo a se ter uma vantagem sobre a concorrência, desde sabotagem a espionagem industrial.
1.2) Este é um dos efeitos da ordem onde a liberdade é voltada para o nada, uma vez que cada um tem o "direto" a ser o que quiser, ainda que conservando o que é conveniente e dissociado da verdade. E, neste ponto, aquilo que o mundo chama de "liberalismo" não passa de uma verdadeira barbárie.
2.1) Quem ama e quem rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento não compete com o seu semelhante, uma vez que a vida eterna é o valor mais importante a ser buscado - e a riqueza deve ser usada para a promoção do bem comum de tal maneira que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo.
2.2.1) Se o mercado é o ponto de encontro onde pessoas livres em Cristo cooperam umas com as outras de modo a se produzir riquezas e distribuí-las de tal maneira a satisfazer as necessidades dos seus semelhantes (necessidades humanas e espirituais concretas - e não imaginárias, fundadas no fato de que cada um tem direito à verdade que quiser), então essas pessoas colaboram sistematicamente e não competem.
2.2.2) E num ambiente de cooperação sistemática ocorre distribuição sistemática de competências, de atribuições e responsabilidades de tal maneira que o poder fique descentralizado, a ponto de não haver tiranos na empresa, mas sócios.
2.2.3) Afinal, é da distribuição sistemática de competências, atribuições e responsabilidades que surge o direito distribuído de usar, gozar e dispor daquilo que lhe compete, que é a propriamente seu. E aquilo que é seu você ocupou de maneira legítima, sem burlar nenhum direito natural ou as leis vigentes fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus. É disso que vem a propriedade.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 24 de outubro de 2017.