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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Notas sobre a diferença entre competição e colaboração

1.1) Se a riqueza é vista como um sinal de salvação e a sociedade é artificialmente dividida entre eleitos e condenados, então a competição para ver quem é que fica mais rico e mais poderoso no país, ou mesmo no mundo civilizado, se torna uma luta de morte - e até elementos de crime organizado são usados de modo a se ter uma vantagem sobre a concorrência, desde sabotagem a espionagem industrial.

1.2) Este é um dos efeitos da ordem onde a liberdade é voltada para o nada, uma vez que cada um tem o "direto" a ser o que quiser, ainda que conservando o que é conveniente e dissociado da verdade. E, neste ponto, aquilo que o mundo chama de "liberalismo" não passa de uma verdadeira barbárie.

2.1) Quem ama e quem rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento não compete com o seu semelhante, uma vez que a vida eterna é o valor mais importante a ser buscado - e a riqueza deve ser usada para a promoção do bem comum de tal maneira que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo.

2.2.1) Se o mercado é o ponto de encontro onde pessoas livres em Cristo cooperam umas com as outras de modo a se produzir riquezas e distribuí-las de tal maneira a satisfazer as necessidades dos seus semelhantes (necessidades humanas e espirituais concretas - e não imaginárias, fundadas no fato de que cada um tem direito à verdade que quiser), então essas pessoas colaboram sistematicamente e não competem.

2.2.2) E num ambiente de cooperação sistemática ocorre distribuição sistemática de competências, de atribuições e responsabilidades de tal maneira que o poder fique descentralizado, a ponto de não haver tiranos na empresa, mas sócios.

2.2.3) Afinal, é da distribuição sistemática de competências, atribuições e responsabilidades que surge o direito distribuído de usar, gozar e dispor daquilo que lhe compete, que é a propriamente seu. E aquilo que é seu você ocupou de maneira legítima, sem burlar nenhum direito natural ou as leis vigentes fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus. É disso que vem a propriedade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de outubro de 2017.

Notas sobre dois tipos de prestação de serviço existentes no Direito

1) Existem duas formas de prestação de serviço no direito: a prestação a contento e a prestação sujeita à prova.

2) A prestação a contento se baseia no fato de que você serve ao seu irmão até que ele fique satisfeito com o seu serviço prestado. Isso é aplicado a produtos já conhecidos no mercado e que são de confiança.

3) A prestação sujeita à prova é aquela em que a pessoa recebe uma amostra grátis. Você oferece uma amostra grátis ao seu irmão: se ele gostar, ele passará a demandar esse produto de você até ficar satisfeito. Uma prestação sujeita à prova leva necessariamente a uma prestação a contento, por conta do princípio da confiança.

4.1) A devolução do produto ao consumidor é um desdobramento decorrente da sujeição à prova permanente.

4.2) Ainda que haja prestação a contento sistemática, a sujeição à prova é permanente, uma vez que a venda de um produto com problemas é parte do risco do empreendimento. Se o prestador de serviço e os consumidores amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por cristo fundamento, então a devolução do dinheiro por força do serviço prestado existe por força de que no mercado há uma cultura de aproximação e integração entre as pessoas, uma vez que vejo no meu consumidor um Cristo necessitado dos meus serviços.

5.1) Enfim, esse tipo de política existe numa sociedade política cristianizada, onde as pessoas amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

5.2) Numa sociedade descristianizada como a nossa, esse conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida precisa ser regulado pela lei, numa forma de Direito Civil especial chamado Código de Direito do Consumidor - e nesse ponto, o totalitarismo se reforça naquilo do que se chama de "capitalismo de Estado", uma vez que o Estado tomado como se fosse religião vai querer ainda mais riquezas da população, já que estas serão usadas para a promoção do salvacionismo do governo totalitário, quando ele estiver em crise - e ele não hesitará de usar colaboradores na iniciativa privada (em geral, empresários inescrupulosos) de modo a conseguir o que deseja.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de outubro de 2017.

Das divisões do estudo da economia

1) A economia é composta de três ramos que devem ser estudados de maneira holística:

A) plutologia - o estudo da riqueza

B) ergonomia - o estudo do trabalho organizado de tal maneira a produzir riqueza

C) nacionidade - estudo do senso de tomar o país como se fosse um lar em Cristo e não como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora do Estado. O sendo de tomar o país como um lar em Cristo indica uma matéria de justiça, uma vez que devemos ver a Cristo nas ações das pessoas e ajudar os irmãos porque estamos vendo neles o Cristo necessitado, que morreu na cruz para nos salvar do pecado.

2.1) Se a pessoa não fizer um estudo conjugado dessas três disciplinas, a pessoa enxergará a economia como uma engenharia social aplicada, em que o economista - o cientista social formado nas faculdades (geralmente federais e estaduais) - vai atuar nos gabinetes do Ministério da Fazenda ou nas empresas estatais ou de economia mista de tal maneira que a visão de mundo da riqueza como sinal de salvação predestinada acabe se tornando a base para fazer do Brasil um paraíso terrestre, já que o mundo foi dividido entre eleitos (países do primeiro mundo) e condenados (países do terceiro mundo). E se ele atuar na iniciativa privada, essa empresa privada estará colaborando com a inciativa pública do Estado tomado como se fosse religião de tal maneira que essa heresia política acabe tornando uma realidade entre nós, renegando a razão pela qual o Brasil foi fundado. E isso acaba gerando uma cultura de separatismo, o que contraria o que foi edificado em Ourique.

2.2) Por isso mesmo, o estudo da economia tal como é ensinado nas universidades só edifica heresias políticas, uma vez que fazem o Estado se afastar da aliança do altar com o trono, tal como foi edificada quando Cristo apareceu para nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques, em 25 de julho de 1139. E dessa visão, somos desdobramento disso que houve, quando os portugueses chegaram aqui no dia 22 de abril de 1500.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de outubro de 2017.


Devemos evitar o termo "capitalismo"

Nando Gomes, um dos meus leitores, me fez este comentário, na introdução que fiz aos estudos da economia:

  O capitalismo se preocupa em produzir; o socialismo, em dividir. Mas se não produzir, não há o que dividir.

Só não publiquei o comentário porque há um erro na colocação dele, coisa que merece uma postagem específica sobre isso. E vou dizer o porquê:

1.1) O termo "capitalismo" foi cunhado por Karl Marx.

1.2) Ele dizia que o capital (o acúmulo de riquezas mediante o trabalho organizado feito ao longo do tempo) é antigo, mas o capitalismo (fazer disso uma forma de salvação predestinada, tal como decorre da ética protestante) é recente. Afinal, a revolução protestante ocorreu em 1517 - ou seja, é bem recente.

2.1) Economia de mercado é tão natural quanto a formação de uma comunidade, onde as pessoas se unem por conta de amarem e rejeitarem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

2.2) Aliás, onde há uma polis organizada você encontrará uma economia de mercado, com comércio e prestação de serviço. A diferença daqueles tempos para os nossos é que a atividade mercantil fundada no autointeresse era uma atividade marginal, proletária, uma vez que o sujeito não se preocupava com a promoção do bem comum - ele só estava interessado na própria prole, uma vez que para ele a riqueza era uma espécie de sinal de salvação. Platão já denunciava a concupiscência dos governantes.

3) O que diferencia o capitalismo do distributivismo é que o capitalismo promove a concupiscência como fosse se virtude, quando na verdade ela é condenável - isso é a base do relativismo moral - do amor líqüido, tal como vemos na modernidade; para o sólido se desmanchar no ar, o sólido precisa se dissolver no líqüido primeiro para só então dissolver-se no gasoso, na anarquia. No distributivismo, a economia de mercado é praticada tendo-se por base a benevolência, uma vez que quando servimos aos nossos semelhantes, nós servimos a quem ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento - se vejo em quem me serve o Cristo carpinteiro trabalhando de modo a ter o sustento da família, eu devo remunerá-lo por isso, pois isso é lei que se dá na carne. 

4.1) A sociedade aberta, pensada por Popper, fundamenta-se numa ordem onde cada um tem a verdade que quiser de tal maneira que quem empreende está interessado em ganhar dinheiro de maneira egoísta e nunca colaborar para a promoção do bem comum - e isso é mentalidade proletária. Por isso, vai servir o pior produto de pior qualidade e promovê-lo como se fosse o melhor produto do mundo, por meio da propaganda. E isso é essencialmente um tipo de concupiscência, pois nega aquilo que Cristo disse: "faça do seu sim um sim e do seu não um não".

4.2) Além disso, o interesse egoísta implica em negar o fato de que você está diante de um ouvinte onisciente e que sabe tudo sobre você, uma vez que Deus é criador e você é criatura, sem mencionar que a ordem que promove o fato de que tem a sua verdade só forma seres arrogantes, pois faz a criatura arrogar-se o que não é: Deus. Ou seja, qualquer um pode ser um faraó do Egito, aquele combatido por Moisés de modo a libertar seu povo da escravidão no Egito.

5) A crítica de que Platão era socialista não é verdadeira - na verdade, ele estava denunciando os efeitos nefastos da liberdade voltada para o nada promovida pelo amor de concupiscência, coisa que se faz por meio de uma economia de mercado onde o amor ao dinheiro e não a Deus é base de todas as coisas (por isso mesmo, o capitalismo é a economia de mercado pervertida, pois se funda numa ética protestante, que é herética). E Platão antecipou os ensinamentos de Cristo neste aspecto.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de outubro de 2017.

Postagens relacionadas:

http://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2017/10/capitalismo-metacapitalismo.html

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Notas sobre plutologia (estudo da riqueza)

1.1) Se a caridade, que é a filha da liberdade, é a base da verdadeira riqueza, então ela se dá pelo fato de que você amou seu semelhante quanto você amou a si mesmo.

1.2) Quando você ama o próximo quanto a si mesmo, você tomou seu país como um lar em Cristo.

2.1) Outro fundamento para se tomar o país como um lar em Cristo é cultivando a terra.

2.2) A terra e seu subsolo são os lugares onde tiramos os recursos naturais necessários a serem trabalhados de modo que um bem comum seja construído e assim o país ser tomado como fosse um lar em Cristo.

2.3) Se a terra não for amada, cultivada e lavrada, todos morrerão de fome. Não é à toa que os que organizam a produção de riquezas a partir do cultivo do solo ou extraindo riquezas do subsolo são os que têm a maior responsabilidade pelo bem-estar geral da nação tomada como um lar. Eles são os operários mais primários da economia, do qual a indústria e o comércio vêm depois.

2.4.1) Por isso mesmo, a terra tomada como um lar é a verdadeira riqueza, pois dela vêm os meios para se fazer a caridade.

2.4.2) O dinheiro, que é um símbolo de compromisso onde você serve a seu semelhante naquilo que ele mais necessita, não pode estar acima do amor que deve ser dado à terra; se o for, a economia se reduz a uma dinheirística, tornando-se uma falsa ciência.

2.4.3) Por isso, o primeiro capítulo de toda economia deve ser direcionado à plutologia, ao estudo da riqueza. A questão número um a ser levada em conta é: qual é a riqueza que deve ser levada em conta, de modo a se edificar um bem comum que faça o país ser tomado como um lar a tal ponto que isto nos prepare para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu?

2.4.4) Obviamente, se olhar para todas as verdades conhecidas e que devem ser observadas, a resposta é a terra e não o dinheiro.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2017 (data da postagem original).

Introdução ao estudo da economia

1) Economia é a organização do lar de tal modo que riquezas sejam produzidas. Inicialmente, essas riquezas começam sendo produzidas em casa, onde o pai de família trabalha junto com seus filhos para o sustento da família, uma vez que quem trabalha em prol do outro sistematicamente tem o direito ao pão nosso de cada dia. Com o tempo, a casa vai assumindo uma função estritamente residencial e outros imóveis vão assumindo funções tanto industriais quanto comerciais, a ponto de o pai de família chamar outros pais de família a colaborarem com ele na atividade econômica que ele está organizando, visando o bem da comunidade como um todo.

2.1) Se o verdadeiro objetivo das coisas fundadas na conformidade com o todo que vem de Deus é a vida eterna, então as riquezas devem ser usadas para a promoção do bem comum, de tal maneira que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo - coisa que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu. Afinal, um lar organizado é que o faz com este país seja tomado como fosse um lar em Cristo mais facilmente - e essa organização se dá pela política. Por essa razão a economia tem uma íntima conexão com a política, pois escolhas devem ser feitas de modo que mais pessoas troquem o egoísmo (falsamente promovido como se fosse virtude) pela verdadeira virtude de descobrir o outro como um espelho de seu próprio eu, pois Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou de que devemos amar o outro como a nós mesmos - neste ponto, a economia de mercado é um encontro entre pessoas que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento e não uma sujeição onde o homem - fundado no amor de si até o desprezo de Deus - escraviza outros homens de modo a lucrar com aquilo que decorre de seu autointeresse, o que é moralmente reprovável.

3.1) Tal como disse Santo Tomás disse, a política, quando organizada, promove a caridade sistemática.

3.2) Nela, o agraciado por Deus (bogaty) é chamado a ajudar o pobre (ubogi) naquilo que este mais necessitar, pois Deus usa o rico de modo a ajudar o pobre - eis a caridade. Afinal, a quem foi muito dado muito lhe será cobrado - e não é à toa que a liberdade decorre da verdade, que deve ser exercida com responsabilidade, nunca voltada para o nada, uma vez que a riqueza não é um sinal de salvação predestinada, pois o mundo não foi dividido entre eleitos e condenados; se Deus tivesse sido isso, ele seria um Deus do mal, um demiurgo. E pelo que nós sabemos, o mal decorre da ausência do bem, como bem disse Santo Agostinho.

3.3) O esvaziamento do que é bom e belo decorre do egoísmo, dessa cultura de liberdade voltada para o nada, feita de tal maneira que a riqueza seja vista como um sinal de salvação. Por isso mesmo, a ética protestante não é o melhor fundamento para o estudo da economia, visto que esvazia o bom e o belo da ordem pública de tal maneira que o Estado seja tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele. E não é à toa que essa busca da liberdade fora da liberdade em Cristo só nos leva à escravidão do pecado, à apatria celestial, a ponto de desligar as coisas da Terra ao Céu.

4) Por isso mesmo, o estudo da economia deve estar livre de qualquer tendência libertária e conservantista, dado que essas coisas são fora da conformidade com o Todo que vem de Deus, pois da liberdade para o nada vem o totalitarismo. E no totalitarismo o Estado é um Deus, já que comunismo é uma religião política imanente e uma soteriologia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2017.


Ideologia de espécie é mais amplo do que ideologia de gênero

1) Aqui em casa, o Dave, o border collie da família, tem a mania de se esconder.

2) Minha mãe costuma dizer que ele é um tatu preso num corpo de um cachorro. Logo, ele tem ideologia de espécie, coisa que vai muito além de uma ideologia de gênero.

3) E o pior que já tem ser humano débil mental agindo assim. Eu já vi uma matéria em que uma mulher afirma categoricamente que é uma gata presa num corpo de ser humano. Enfim, Pinel mandou lembranças.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2017.