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sábado, 15 de setembro de 2018

Por que devemos estudar a filosofia alemã antes de estudarmos a escola austríaca de economia?

1) Para se compreender a escola austríaca de economia, é preciso estudar um tema muito caro ao liberalismo alemão: a liberdade interior. É próprio da liberdade interior a relação que se dá entre valor, utilidade e o homem como a medida de todas as coisas - é por meio desta trindade que você começa a estudar a psicologia humana, a partir do ponto de vista humanista.

2) Eu percebi isso pelo fato de os austríacos serem neokantianos. E isso implica que devo estudar o pensamento de Kant e os pós-kantianos: Fichte, Schelling e Hegel.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2018.

Do ser como ser percebido - comentário sobre esta definição ontológica

1.1) Se ser é ser percebido, então existem seres que são percebidos através dos nossos sentidos e seres que não podemos ver com os nossos próprios olhos, mas que podem ser conhecidos através do conhecimento histórico, através da tradição ou por meio de alguma coisa que nos remeta à conformidade com o Todo que vem de Deus, que o é criador das coisas visíveis e invisíveis.

1.2) Afinal, o que são as almas senão pessoas, criaturas criadas por Deus que um dia existiram em certo ponto da história e que no momento não estão mais presentes, uma vez que estão esperando o dia do Juízo Final a ponto de ressuscitarem dos mortos e assim ganharem a vida eterna, se forem no caso fiéis defuntos? Além dos mortos, são também parte do universo dos seres que não podemos ver os que ainda não nasceram. Afinal, Deus sabe quando eles estarão no mundo - e por isso não cabe a nós ditar quem deve viver e quem deve morrer, pois a onipotência nos foi negada, uma vez que não podemos ser deuses.

2.1) Se o nosso modelo de imitação se funda no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, então devemos nos esforçar em ver o que não se vê. Se reduzirmos nossa percepção àquilo que decorre do mundo sensível, então a tendência é reduzirmos nossa percepção da realidade das coisas.

2.2.1) Não é toa que almas essencialmente materialistas são necessariamente pouco inteligentes, pois só conservam o que é conveniente e dissociado da verdade.

2.2.2) E o que é conveniente e dissociado da verdade está no mundo secular e é movido pelas paixões dos que têm um amor próprio exacerbado a ponto de desprezarem Deus, a ponto não de estarem presentes diante d'Aquele que é Sumo Legislador e Sumo Juiz, que é também o autor da vida - o verbo que se faz carne e que fez santa habitação em nós por meio da Santa Eucaristia. E ser julgado à revelia é confissão de irresponsabilidade para com a própria defesa, pois o réu amou tanto a si mesmo que desprezou a sua mãe e advogada, a Virgem Maria. E a justiça divina não socorre quem dorme, neste aspecto.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2018.

Notas sobre a relação da escola austríaca de economia com essa questão do mundo interior, que marcou tanto a filosofia alemã quanto o liberalismo alemão

1) A economia subjetivista é fortemente relacionada com a questão da liberdade interior, tão presente na filosofia de língua alemã.

2) Como o homem é a medida de todas as coisas, então o valor está necessariamente ligado à utilidade, a ponto de ter valor relativo.

3.1) Se o homem é o valor de todas as coisas, então somente o verdadeiro Deus e verdadeiro homem é que deve ser o verdadeiro valor de todas as coisas - e esse verdadeiro Deus e verdadeiro homem é insubstituível, pois outro Deus não há. E neste ponto, cada cristão, em sua circunstância particular, deve viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus fazendo com que essas circunstâncias em que se dão sua vida particular terminem sendo um verdadeiro exemplo a ser seguindo, convertendo subjetividade em objetividade, em modelo de santidade.

3.2) Se Cristo não reinar neste aspecto, o amor de si até o desprezo de Deus reinará a ponto de relativizar o que há de mais sagrado, transformando o que é sólido em líqüido, a ponto de desmanchar-se no ar. Afinal, o mal somente prospera a partir da ausência do bem, isto é, quando não há uma ordem social onde Cristo é Rei dos reis e o rei de Portugal termine sendo seu vassalo, como se deu com D. Afonso Henriques, em Ourique.

4.1) A microeconomia é a economia das circunstâncias pessoas, que são irrepetíveis, pois cada circunstância é única para cada indivíduo, uma vez que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Dentro de nossos pequenos reinos, de nossas igrejas domésticas, somos imitadores de D. Afonso Henriques (pequenos vassalos de Cristo) e somos sacerdotes (pais de muitos filhos).

4.2.1) Aquele que se organiza de modo a servir a seu semelhante em seus dons deve imitar a Cristo de modo a ser o verdadeiro paradigma de justiça e de santificação através do trabalho. É preciso ser bom pai de família, bom esposo, bom filho, bom patrão, bom empregado, bom governante, bom comandante, a ponto de fazer dessas coisas caminho de excelência, pois a vida tem várias facetas - e uma vida estável, de santidade constante, é sempre tetraédrica, pois todos os lados são estáveis.

4.2.2) Sendo exemplo, sua amizade com Deus passa a ser ordem do dia e seu exemplo passa a ser imitado, uma vez que o exemplo arrasta. E isso é um tipo de distributivismo.

José Octavio Dettmannn

Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2018.

Notas sobre o problema da liberdade interior na filosofia alemã

1) Pelo que pude acompanhar do Curso de História Essencial da Filosofia, do prof. Olavo de Carvalho, a filosofia alemã foi toda centrada na liberdade interior, tema muito relacionado a um aspecto da cultura alemã.

2) De nada adianta buscar liberdade interior se você é rico no amor de si até o desprezo de Deus. Se você não for livre em Cristo, por Cristo e para Cristo, então você não será capaz de usar essa liberdade interior, aquilo que decorre do verdadeiro Deus e verdadeiro como a medida de todas as coisas, de modo a descobrir os outros e partilhar seus dons de modo que juntos possam crescer mutuamente, uma vez que Jesus disse que é preciso amar o próximo como a si mesmo. É preciso mortificar seu eu sistematicamente de modo que essa liberdade não seja servida com fins vazios, criando, assim, impessoalidade.

3) O problema da liberdade interior desordenada está no fato de que o país, que deveria ser tomado como um lar em Cristo, passa a ser tomado como se fosse religião, repetindo o erro dos gregos: de que a polis basta a si mesma. Se o Estado - a mais alta instituição criada pelo homem - basta a si mesmo, então tudo estará no Estado e nada poderá estar fora dele ou contra ele. E isto é a prova cabal de que o liberalismo serve ao comunismo, que é totalitário por excelência.

4) Eis aqui o cerne da diferença entre nacionidade e nacionalidade em John Borneman.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2018.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Notas sobre a relação entre utilitarismo, pragmatismo e conservantismo

1.1) Algumas pessoas têm se declarado pragmáticas, ou seja, estão conservando o que é conveniente e útil para elas, sem se importarem com a verdade.

1.2) Se elas não se importam com a verdade, então elas não farão aquilo que o professor Olavo recomenda, que é rastrear a origem das coisas que consideram úteis - se fizessem isso, perceberiam que certas coisas estão à esquerda do Pai, fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.1) Por força disso, os defensores do pragmatismo político são necessariamente adeptos do conservantismo, pois estão conservando o que é conveniente e dissociado da verdade, uma vez que reduziram a própria conservação ao que é útil ao indivíduo que conserva as coisas sem levar em conta o sacrifício de Jesus, o verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na Cruz.

2.2) Como utilidade é um conceito relativo, então ela ganha aspectos subjetivos, pois basta haver um amor de si exacerbado até o desprezo de Deus que isso se torna norma, a ponto de abolir o verbo que se fez carne da vida social por completo, o que faz com que a liberdade seja servida com fins vazios, o que favorece a ação dos comunistas, que prepara o caminho para os islâmicos se instalarem e destruírem tudo o que há pela frente, por meio do multiculturalismo.

3) O simples fato de haver gente que se declara de direita conservando coisas que são próprias da esquerda é um atestado de que essas pessoas são pragmáticas. E se elas não tiverem consciência do que estão fazendo, então isto é um sinal de idiotia útil sistemática.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2018 (data da postagem original).

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Às vezes, estar muito à frente de seu tempo pode levar ao atraso e à ineficiência

1) Depois que comecei a passar para as medidas atuais as medidas que eram usadas por Portugal no tempo do povoamento do Brasil, eu fiquei impressionado com o tamanho da sesmaria. É uma coisa monstruosa.

2.1) Mesmo que Portugal investisse e muito em técnicas agrícolas, mesmo que Portugal investisse em progressos técnicos de navegação, a extensão de terras de uma sesmaria era tão grande que ninguém dava conta de torná-la produtiva, a menos que constituíssem famílias muito grandes e que a terra fosse distribuída em unidades menores de modo que o maior número de pessoas possível tocasse toda essa extensão com máxima produtividade, por meio do distributivismo.

2.2) Até porque Portugal é um país com pouca gente. Mesmo que Portugal estivesse bem à frente de seu tempo, a ineficiência era tremenda, por conta das circunstâncias da época.

3) Só agora, mais recentemente, é que áreas de 40 mil a 50 mil hectares conseguem ser produtivas, graças à mecanização dos campos, pois os tratores têm GPS. É graças à essa tecnologia que uma área do tamanho de uma sesmaria pode se tornar uma área produtiva, uma vez que agora é possível concentrar os poderes de usar, gozar e dispor sem que a eficiência seja perdida.

4.1) Olhando por esse ângulo, a lei das sesmarias em Portugal estava muito, mas muito à frente de seu tempo.

4.2) Se o Brasil fosse povoado nesta circunstância atual, aplicar a lei portuguesa seria muito mais fácil, pois os magistrados levariam um dia de avião para chegar ao Brasil e poderiam se comunicar com a Coroa, relatando tudo o que acontecesse por aqui em tempo real. E isso certamente fez muita falta naquela época.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2018 (data da postagem original).

Notas sobre a cultura de corrupção no Brasil

Se 1 sesmaria fosse dividida em duas partes iguais, admitindo que ela tivesse 6 léguas de frente x 6 léguas de fundo, então a medida dessa nova fazenda seria de 3 léguas de frente x 3 léguas de fundo => 9 léguas quadradas => aproximadamente 400 km² de área.

1 km² são 100 hectares => 400 x 100 => 40 mil hectares de terra. Ainda assim, um latifúndio.

1) Para um comunista, uma área acima de 10 mil hectares já é um latifúndio.

2) O problema é que estão muito fora da realidade. Os tais latifúndios atuais são terras médias, perto do que é uma sesmaria, ainda que dividida em duas partes iguais.

3) Se os 40 mil hectares fossem divididos a ponto de formar um minifúndio, então um cidadão comum teria espaço suficiente para produzir alimentos para satisfazer, além das necessidades de sua família, as necessidades do mundo inteiro.

4.1.1) O problema dos latifúndios está na concentração do poder de gozar, usar e dispor em poucas mãos.

4.1.2) Este é o verdadeiro problema - e neste ponto, os distributivistas estão corretos, pois muito poder de usar, gozar e dispor nas mãos de um só homem gera arbítrio, a ponto de servir liberdade com fins vazios, o que leva tudo o que é mais sagrado a ser sistematicamente relativizado. Além disso, há a cultura da riqueza que é vista como um sinal de salvação, o que agrava ainda mais as coisas.

4.2.1) A concentração desses poderes em poucas mãos gera gera ineficiência administrativa, pois fica muito difícil administrar as coisas, de modo a fazer com que a terra produza com o maior rendimento possível.

4.2.2) Além disso, a concentração dos poderes de usar, gozar e dispor em poucas mãos leva ao abuso de direito, o que leva a um conflito sistemático de interesses qualificado pela pretensão resistida. E o Estado será forçado a ter que dizer o direito sistematicamente. Como cada juiz é uma sentença, então a tendência é haver injustiça sistemática.

5.1) Quando Portugal implementou o sistema de sesmarias no Brasil, sem querer acabou criando uma cultura de corrupção por aqui.

5.2) Além do muito poder em poucas mãos, o fato de o Brasil estar muito distante de Portugal fez com que a Ordenação Afonsina fosse pouco observada. Como a justiça não era aplicada, isso gerava uma cultura de mandonismo local, coisa que leva à má consciência sistemática, a ponto de estar arraigada entre nós faz muitas gerações. Isso sem mencionar que Portugal tinha população pequena e era muito difícil encontrar mão-de-obra qualificada a ponto de dizer o direito com justiça. Seria preciso um batalhão de juízes e de servidores públicos de modo a poder fazer valer a lei portuguesa no Brasil.

5.3.1) Nos tempos atuais, com a internet, a gente é capaz de saber das coisas em tempo real - mas naquela época não havia isso.

5.3.2) O recurso até o desembargo do paço tinha que cruzar os mares, cuja travessia durava meses. A justiça era demorada, o que favorecia a impunidade. Enfim, o Estado era ineficiente em razão da distância do Brasil em relação a Portugal, bem como em relação ao fato de haver muito poder de usar, gozar e dispor que era dado ao capitão donatário. E muito poder em poucas mãos leva ao arbítrio.

6.1) Portugal aplicou no Brasil o mesmo sistema que levou a povoar com sucesso as terras ao sul de Portugal.

6.2) Acreditavam que tal iniciativa iria produzir os mesmos resultados, mas não deu certo, em razão da distância em relação à pátria-mãe, o que demanda um tempo muito grande para ser percorrida e certamente isso afeta a qualidade do trabalho jurisdicional.

6.3) Não é à toa que Portugal teve de implementar um sistema de Governo Geral, de modo que a justiça fosse melhor aplicada aqui.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2018 (data da postagem original).