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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Da importância da memória como uma forma de relacionar o ensino ao amor à verdade, coisa que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus, com a dor de Cristo

1) Quando estudava, a "decoreba" era o caminho que garantia a aprovação. Se você tivesse boa memória, sua aprovação estava garantida.

2) O problema da "decoreba" está relacionado ao fato de que o ensino se tornou uma espécie de teatro, de fingimento: o aluno finge que aprendeu e o professor finge que ensinou. Diante desse pacto não-escrito, os alunos progridem na hierarquia escolar e nada aprendem, dado que houve divórcio permanente do ensino com o amor à verdade, com o não-esquecimento das coisas, o que favorece o trabalho de doutrinação ideológica.

3) Quando se criou o ensino público, laico, divorciado do magistério da Santa Madre Igreja, a finalidade foi criar crentes na doutrina de se tomar o país como se fosse religião e não como se fosse um lar em Cristo. Como tudo é fundado no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, então isso gerou o relativismo moral e a insinceridade do ensino, pois acabou se tornando doutrinação.

4) Ainda que certos professores digam que o aluno deve entender as coisas ao invés de decorar, de nada adianta a pessoa compreender se ela não assimilou na carne o que é indispensável para se aprender um conteúdo novo. E de nada adianta apreender um conteúdo novo se o conteúdo estiver divorciado da verdade, fora daquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

5) Se o ensino deve ser fundado na verdade - pois Cristo é o caminho, a verdade, a vida -, então decorar é a forma de assimilar essa cara verdade dentro de nossa própria carne, de modo a que não esqueçamos as coisas. Para que eu pudesse melhor compreender os ensinamentos da Bíblia e da tradição apostólica, eu tenho feito um esforço de memorizar a palavra escrita na Bíblia, de modo a que pudesse melhor raciocinar acerca do que é ensinado na homilia e de modo a melhor expor o que falo nos meus textos. Se a Bíblia é um suporte ao ensino da fé católica, então ela não pode ser pregada com interpretações particulares, fundadas em sabedoria humana dissociada da divina. E o que é pregado não pode ser voltado para o nada, de modo a gerar uma odiosa hipocrisia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de agosto de 2016 (data da postagem original).

Observações realistas sobre o princípio da impessoalidade

1) Princípio da impessoalidade pressupõe dar importância às instituições criadas por conta da Constituição ou por conta do regime instaurado de modo a melhor reger o bem comum.

2) Eu não creio na impessoalidade, pelas seguintes razões:

a) A República nasceu através de um golpe, o que a torna ilegítima.

b) O que é ilegítimo praticará constantes salvacionismos de modo a conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. É por isso que a Constituição foi mudada diversas vezes, por conta das constantes mudanças do estado de compromisso, das regras do jogo.

c) Quando a constituição é mudada, instituições são criadas, extintas ou modificadas. Com as constantes mutações, o trabalho feito por homens públicos virtuosos se perde por conta da entropia, pois as regras que nortearam esses homens não são as mesmas para as gerações seguintes. Logo, não há tradição em função de a regra ser a mesma com o passar gerações - o que há é uma tradição revolucionária, onde a regra é mudada a cada geração, o que gera um verdadeiro relativismo moral, o que força as pessoas focarem suas vidas no presentes, criando um ambiente profundamente hedonista e materialista. E é por conta disso que o horizonte das mesmas se torna reduzido, o que fomenta má consciência.

3) Além de as instituições serem frutos das mudanças abruptas por que o país passou, durante o regime republicano, há ainda um outro agravante, fundado no princípio do rec sic stantibus. Digamos que a constituição de 1988 continue vigorando por mais 60 anos, sendo emendada uma vez a cada 4 meses, da forma está sendo feita: ainda que as instituições se mantenham de pé, elas serão inócuas, ineficazes, pois os homens são fisiológicos, já que eles não possuem virtude alguma, uma vez que estão na política por carreirismo - e o populismo é uma forma de se ganhar a vida, pois a política virou profissão. Enfim, fica impossível tomar o país como se fosse um lar com bananas no poder - por isso que o Olavo os chama de homens de papelão, pois são permissivos a todo tipo de agressão que seja feita a tudo aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. E não opor-se ao erro é aprová-lo - é por essa razão que o termo "sob a proteção de Deus" soa uma ofensa ao Pai verdadeiro, posto que é dito de maneira vã, insincera.

4) Enfim, o professor Olavo está coberto de razão quando essa gente me vêm com esse argumento de que "precisamos preservar as instituições". Isso é repetir a história - o Brasil precisa de mudança; ele precisa voltar ao que funcionava antes, pois são 127 anos de ordem voltada para o nada. E trazer a virtude passada para a realidade implica adaptar as leis da época a uma sociedade que não conheceu o Imperador D. Pedro II, pois o ensino sério da História foi a ela negado, por conta da doutrinação ideológica, seja dos positivistas - que tomam a República como se fosse religião -, seja dos comunistas.

Notas sobre as diferenças entre EUA e Brasil, quanto à fase de meio de mandato

1) EUA: renovação do Congresso no meio do mandato presidencial. Isso gera a impressão de que o Poder Moderador está na mãos do povo - o problema é que na democracia há o igualitarismo, em que o voto do idiota tem o mesmo peso do voto do esclarecido.

2) Brasil: mudança do Presidente da República no meio do mandato do senador. Resultado: alteração da relação institucional entre a União e os Estados, a ponto de gerar desequilíbrio do pacto federativo. Como os senadores são superdeputados eleitos pelo voto popular, então é a sujeição certeira do interesse dos Estados aos desígnios da Presidência.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Da importância de ver os filmes sob o ponto de vista da realidade do país produtor desse bem cultural

1) Antigamente, eu não assistia aos filmes porque a realidade retratada neles não tinha nada a ver com a realidade que eu vivia no Brasil. Para mim, isso era uma alienação e isso prejudicaria os meus estudos.

2) Tudo mudou quando comecei a assistir filmes sob o ponto de vista da cultura americana sem me sentir forçado a fazer o que todo mundo faz por modismo. Enquanto esperava alguns jogos de baseball começarem, eu via alguns filmes por streaming em inglês, sem legenda. Foi aí que tudo começou a me fazer sentido, pois se tratava de um tipo de imersão cultural, o que é perfeitamente aceitável, já que estou explorando a cultura americana naquilo que ela tem de melhor e que pode me ajudar a entender tanto aquela cultura particular quanto a entender o homem, dentro de sua dimensão universal, em conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Os filmes que costumam ser exibidos no Brasil são exibidos em função do modismo, do consumismo o que acaba fazendo com que este produto cultural acabe sendo servido para o nada, edificando má consciência sistemática. Se a moda tem um quê de vanguarda, então a moda edifica mentalidade revolucionária, relativismo cultural - e isso fabrica apátridas, ao invés de cidadãos do mundo. E podemos dizer que uma das finalidades da Nova Ordem Mundial é fabricar apátridas sob a falsa noção de que são cidadãos do mundo - do mundo sem Deus, onde todas as religiões são boas e cada um tem a verdade que quiser.

4) Se os filmes no cinema fossem exibidos com um propósito específico, de modo a que as pessoas conhecessem de fato a cultura inglesa e os problemas da típicos da realidade americana, sem esteriotipá-la, seriam uma excelente ferramenta educacional, de modo a que o país também seja tomado como se fosse um lar, tal como devemos fazer com o Brasil, o que favoreceria uma política de boa vizinhança, já que somos do mesmo continente. Como tudo é fabricado com intuito comercial, então acaba sendo um verdadeiro desperdício de tempo e de dinheiro.

5) Enfim, a diplomacia cultural e a diplomacia comercial da América são a mesma coisa - a tal ponto que isso favorece a edificação da mentalidade revolucionária pelo mundo inteiro, de tal sorte que muitos passarão a odiar aquele país. Enfim, o verdadeiro inimigo que há na América mesmo é sua indústria cinematográfica, cheia de esquerdistas, fora toda uma tradição de relações internacionais mais voltada a misturar cultura e negócios, algo que se funda no amor ao dinheiro e que acaba servindo uma falsa realidade do país retratado.

6) Eis aí um exemplo que não deve ser imitado. A verdadeira América precisa ser descoberta com curiosidade e com esforço de quem deseja aprender as coisas, e isso se faz na seara individual - e esse desejo de aprender deve ser incentivado de uma maneira reservada; em geral, isso é feito pelos próprios pais, pelos bons amigos ou pelos professores. Quando isso é feito por agentes de mídia, que substituem esses três agentes, vira modismo e estupidifica a sociedade inteira, tal como é retratada nos filmes, pois muitos imitam algo que não tem nada a ver com a nossa realidade.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Como ter um bom saber empírico?

1) Mais importante do que ler é fazer com que o ensinamento fique sempre na própria carne e se articule com outros saberes que você vai internalizando na carne ao longo de uma vida inteira. Se não houver a presença do Jesus eucarístico em você, essa metanóia não ocorre, pois você não converterá conhecimento em sabedoria.

2) Não adianta ler sem meditar. E um dos segredos de uma boa meditação é estar em contemplação - Deus, através do Santo Espírito de Deus, te fará apreciar retamente todas as coisas. E as coisas se dão no tempo dele - e não no nosso.

3) Eu li muito durante a adolescência - tive toda uma vida pré-universitária para aprender o que precisava aprender, pois este foi o tempo para plantar. Adquiri muito conhecimento empírico, aprendendo pelos livros e observando a experiência de outros homens. Passei uma faculdade inteira sem ler - a coisa era tão corrida que mal tinha tempo para estudar direito e a empiria que adquiri me salvou de muita coisa.

4) Com a idade, e com a ajuda do Olavo, eu converti toda a minha experiência em História em experiência filosófica. Faz um tempo que não leio um livro completo, mas nem por isso sou um idiota completo. Graças ao conhecimento empírico e ao Santo Espírito de Deus, eu fui capaz de escrever quase 2400 artigos - artigos esses de qualidade, frutos de uma vida voltada a estudar a realidade e a contemplar a verdade dentro da conformidade com o Todo que vem de Deus.

5) Tudo o que aprendo vem do que os meus pares falam. Eu aprendo tudo por osmose. Só me aproximo dos melhores e me afasto dos que são ricos em sabedoria humana dissociada da divina. É só isso - eis o meu segredo para se ter uma boa empiria.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de agosto de 2016 (data da postagem original).

Notas sobre uma passagem do livro a Riqueza das Nações que é fora da realidade

1) A explicação de Adam Smith de que não é da caridade do padeiro que temos o pão nosso de cada dia, mas do amor próprio que este tem ao seu negócio, à sua economia organizada, constitui um exemplo de algo que precisamos ver o que não se pode ver, tal como nos apontou Bastiat.

2) Cada homem é dotado de um dom - e este dom deve ser desenvolvido de modo a servir a seus semelhantes dentro da comunidade. Se a pessoa serve ao seu semelhante, este tem mais o direito de ser remunerado. E se ele me serve, é porque isso se funda no fato de que toma o consumidor de seus serviços como se fosse um irmão em Cristo.

3) Esta explicação de Adam Smith, que cria a virtude do egoísmo, é uma das mais detestáveis e heréticas que há. E não é à toa que o Papa São Pio X condenou a ordem fundada na "virtude" do egoísmo, pois isso faz com que a vida voltada a servir aos outros se torne uma prisão, uma vida sem sentido. Se eu sirvo aos outros por dinheiro, então sou um escravo do dinheiro - como o Estado é quem tem a autoridade de cunhar a moeda e coordenar os esforços da população em conjunto, no final das contas eu serei prisioneiro de um Estado totalitário, que toma o país como se fosse uma espécie de religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele. E não é à toa que o fascismo é o filho da liberdade voltada para o nada, um dos parentes do comunismo.

4) Eu mesmo, quando penso em dinheiro, eu me sinto uma pessoa atormentada - é algo bem diabólico. E nada é mais diabólico do que servir ao próximo com fins mercenários, pois o serviço a ser prestado tende a ser o pior possível, já que o dinheiro na mente atrapalha a excelência do serviço. E isso é psicológico - e isso é péssimo.

5) Isso que os libertários fazem se chama perversão da linguagem. Egoísmo não é altruísmo, da mesma forma que não posso fazer do meu "não" um "sim "e de meu "sim" um "não". O próprio Cristo já advertia sobre as conseqüências funestas disso, já que isso leva à insinceridade - o que causa a cultura da rescisão dos contratos, da mesma forma como há uma cultura do divórcio, hoje em dia. Esse tipo de cultura só faz com que o Estado tenha de intervir ainda mais na sociedade, pois a não-crença na fraternidade universal está instaurada entre nós, por conta do relativismo moral.

6) Eis algo sobre o qual deveríamos meditar todos os dias.

Notas sobre a relação entre distributivismo e autonomia trabalhista

1) Um autônomo não tem um chefe definido, pois seu serviço é tomado por várias pessoas diferentes, que são seus eventuais chefes, esses que patrocinam eventualmente sua atividade econômica organizada.

2) A relação trabalhista fundada na autonomia tende a ser a mais liberal possível - tal como falei, o tomador olha para o profissional liberal como se fosse Cristo atuando de carpinteiro e o profissional liberal olha para o seu cliente como um irmão necessitado de seus serviços.

3) Com um profissional liberal não há subordinação - a relação profissional é a mais paritária e horizontal possível, fundada em direitos e deveres contratuais, em igualdade de direitos e deveres fundados no fato de que todos são homens, criaturas muito amadas por Deus, por serem a primazia da Criação. E como cada homem tem um dom neste mundo, então se torna uma relação de desiguais, pois o que indivíduo é capaz de fazer de melhor nenhum outro poderá fazê-lo igual, por ser algo extremamente único, o que força a remuneração a ser a mais alta possível - um sinal de justiça.

4) Se a ordem trabalhista fosse composta só de profissionais liberais, então a pequena empresa seria a pedra angular de toda a economia. E aquele que dirige uma empresa só poderá contratar um profissional se este for muito honesto e muito honrado, gerando o devido respeito aos direitos naturais da classe trabalhadora - tal como era na Idade Média, em que os camponeses tinham uma força incrível, já que a Igreja os protegia e os incentivava a serem empreendedores, coibindo o abuso dos nobres.

5) Não é à toa que o distributivismo é a economia do profissional liberal, cuja empresa é legada à família, que naturalmente o sucede em sua atividade trabalhista. É algo muito mais concreto do que construir uma carreira para pessoas com as quais você não tem laço nenhum, por serem completos desconhecidos.