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sábado, 16 de agosto de 2014

Sobre a miopia dos conservantistas



"É óbvio que viver nos Estados Unidos é melhor do que viver no Brasil. É uma vida... o que direi agora parecerá contraditório, parecerá até absurdo, mas a verdade é que a vida nos Estados Unidos é mais segura, mais pacífica... mais calma do que no Brasil. Porém, ah, porém, isso não significa que os Estados Unidos sejam melhores do que o Brasil, nem que os americanos sejam melhores do que os brasileiros. Não são.

A prova é o comportamento dos brasileiros nos Estados Unidos. Ou no Japão, ou na Austrália, ou em qualquer país da Europa Ocidental. Nesses lugares supostamente tão mais civilizados, os brasileiros se comportam como os locais, com educação, com respeito, com discrição, com civilidade.

Os Estados Unidos são continentais; o Brasil também. Os Estados Unidos estão repletos de belezas e recursos naturais; o Brasil também. Os médicos, os jornalistas, os empresários, os operários e, pasmem!, os políticos brasileiros não são piores do que os americanos. Mas a medicina, o jornalismo, as empresas e a política dos Estados Unidos são melhores do que seus similares do Brasil. Por quê?

A vantagem dos Estados Unidos começa no começo: na colonização. Não, não é o que você está pensando. Não estou dizendo que os colonizadores ingleses eram superiores aos portugueses. Isso é uma bobagem de leve laivo racista. A principal colônia inglesa, a chamada joia da coroa, era a Índia, que não é nenhum modelo de bem-estar social. Já para a Austrália, os ingleses só mandaram ladrões, assassinos, banidos religiosos e escroques de todo gênero, e a Austrália, sim, é um dos modelos de bem-estar social.

Qual é, então, a diferença?

É o tipo de colonização. Os ingleses que foram para a Austrália e para os Estados Unidos foram para ficar, para construir uma nação. Os ingleses que foram para a Índia, bem como os portugueses que foram para o Brasil, só queriam tirar da terra tudo o que havia de valioso e levar o mais rápido possível para a matriz, onde se repimpariam longe da selvageria tropical.

O Brasil e a Índia cresceram tortos porque ninguém se importa em estabelecer regras num local em que só se está de passagem. Tudo no Brasil foi sempre provisório e, de certa forma, continua sendo. O Brasil não fica pronto nunca.

Mas um dia o Brasil haverá de compreender que é preciso voltar ao começo, que é preciso recomeçar, e que a única forma de recomeçar é pelas crianças, investindo maciçamente, quase que unicamente nas crianças. Um dia. Só que vai demorar. Testemunhando a exibição triste, morna e deprimente dos candidatos a presidente da República, suspiro de dor. E sei que ainda vai demorar."

(Por David Coimbra)

Comentários ao texto:

Só pra ver como a visão dos conservantistas é bem míope:

1) Alega-se neste texto que a glória dos Estados Unidos e a desgraça no Brasil está no tipo de colonização que tivemos: que os EUA foram colônia de povoamento e o Brasil colônia de exploração. Argumento determinista, fatalista e que não condiz com a realidade.

2) Este texto decorre das mentiras marxistas clássicas, contadas por Caio Prado Júnior e de quem escreveu o livro As Veias Abertas da América Latina.

3) Os territórios de além-mar tinham sua importância, não só como um lugar de refúgio quando se sofre perseguição política, como um entreposto comercial e embaixada, quando se lida com outras potências de além-mar, mas também como um lugar para se tentar a sorte, em busca de uma vida melhor. A rigor, não existe diferença entre Estados Unidos e Brasil nisso.

4) Desde que o homem se tornou escravo do pecado, por culpa do pecado original, qualquer lugar na Terra, para onde ele é mandado cumprir pena, é e sempre será um vale de lágrimas, não importa se é na Sibéria ou se é na Amazônia tropical. As penitenciárias e colônias penais surgiram como um lugar para se expiar os pecados graves, que causavam dano social, como também serviam ao propósito de recuperar gente, de modo a que se tornassem bons servos que aprenderiam a servir a Cristo em terras distantes. Acreditava-se que, mandando os criminosos para o Novo Mundo ou para terras distantes, eles se tornariam novos homens e se tornariam homens virtuosos em Cristo, o que ensejaria uma espécie de renascimento em Cristo, ao ser mudado de lugar. Neste ponto, Brasil e Austrália foram terras que receberam muitos degredados.

5) Muitos dos atuais imigrantes que vão para os EUA estão de passagem, pois só querem saber de ganhar dinheiro e voltar pra casa, uma vez dispondo de capital para tocar seus projetos na terra nativa. Se estão de passagem, não teriam compromisso com a pátria que temporariamente os acolhe, de modo a tomá-la como se fosse um lar - logo, isso os leva a indiferença, a ponto de  tomar o país como religião, pois só estão interessados em benefícios sociais ou em facilidades para os seus projetos, sem nada produzir em troca. A maior prova disso é que o imigrante ilegal, que tem direito a voto nos EUA, elege sempre democratas. Esses imigrantes ilegais, são, pois, verdadeiros parasitas, dado que são verdadeiros apátridas.

6) Nos pontos 3 e 4, as colônias, para prosperarem, necessitavam explorar os recursos da natureza e estabelecer boas relações com mercadores tanto dentro da colônia quanto na pátria-mãe, de modo a que atendessem a demanda interna e externa, de modo a terem renda e poderem investir no aprimoramento das atividades econômicas da localidade. Uma colônia era uma atividade de altíssimo risco econômico e político - a maioria dos empreendimentos coloniais nas Américas do Norte e do Sul fracassou. Muita gente morreu de fome, atacada por animais selvagens, ou pelos próprios selvagens, sem mencionar o frio do inverno ou os naufrágios. Isso sem falar em assassinatos entre os próprios colonos, pois as condições sociais nos primeiros anos eram péssimas. A vida como pioneiro ou como peregrino ou como bandeirante ou degredado não era nada fácil. 

7) Só quando se estabeleceram boas relações com o nativos e com a conseqüente cristianização dos mesmos é que coisa foi melhorando. Se não houvesse o domínio de certos cultivos de conhecimento dos nativos da região, nenhuma colônia na América se estabeleceria. Este é o caso clássico do milho, nos EUA, e da mandioca, no Brasil.

8) Estes são alguns dos argumentos, mas é só pra apontar que o texto é furado do começo ao fim.

9) Enfim, o que sempre falo: o grande diferencial entre o Brasil e os EUA está no fato de que a república brasileira jogou por terra toda a estrutura fundacional criada pelos pais fundadores desta nação, que são os membros da Família Imperial Brasil. E quando viramos república, viramos uma espécie de imitadora dos EUA - e essa imitação nos reduz a um nível de colônia, coisa nunca fomos. Eis a nossa tragédia!

O relativismo nos tira o medo do Inferno

1) Quando a amizade com Deus é ainda distante para o arrependimento sincero, o medo do inferno supre - e a amizade com Deus é restaurada. É por isso que Deus permite o pecado, pois não há nada melhor do que o inferno para mostrar que de Deus não se afasta. Pois o inferno te ensina o que deve ser rejeitado e evitado.

2) O mundo relativista tira de nós o medo do inferno. Sem isso, fica impossivel a busca desesperada e necessitada de Deus.


3) Por isso, é postulado, verdade de fé, aceitar o fato de que o inferno existe. Pois sem ele seria impossível a reconciliação com Deus.

Os bandeirantes são o modelo perfeito do nacionismo


1) Um milagre providencial se remonta a Ourique: os paulistas quatrocentões, que lembram de seus antepassados bandeirantes.

2) Se coube a Portugal a tarefa de evangelizar em terras distantes, os bandeirantes foram os fiéis vassalos de Sua Majestade, El-Rei de Portugal, e foram fiéis cidadãos do Império, sob a batuta de Sua Majestade, o Imperador do Brazil (com z, pois o português imperial merece respeito e é de fato a nossa língua).

3) Os bandeirantes souberam casar a missão que herdamos de Ourique com o conhecimento das circunstâncias locais. Eles contribuíram para a grandeza de Portugal e do Brasil, que souberam, até o dia em que a desgraça da República se proclamou entre nós, casar o interesse nacional, de se tomar o país como um lar, com a missão de servir a Cristo em terras distantes.

4) Ao contrário do que se fala, o Brasil não é pobre porque o povo está "de passagem". Se fosse assim, ele estaria completamente excomungado. A mentalidade de "povo de passagem", de nação tomada como se fosse religião de Estado, se implementou entre nós por conta do culto ao dinheiro como se fosse um Deus, agravado pela mentalidade modernista e republicana.

5) A mentalidade modernista entrou tanto entre nós que criou a cultura do auto-engano, coisa que Machado de Assis tão bem soube descrever.

6) Se o Brasil precisa de um modelo de nacionismo, fundado em Ourique, que busque nos paulistas quatrocentões, que foram vivos exemplos de vassalos e súditos da Casa de Bragança, tanto no Império do Brasil, quanto no Reino Unido a Portugal, Brasil e Algarves, ou mesmo antes, quando éramos parte do Estado (Vice-Reino) do Brasil, sob vassalagem ao Rei de Portugal.

Sobre a desumanização da arte de escrever

1) Posso parecer um tanto antiquado, mas textos manuscritos são mais humanos, justamente por causa do toque pessoal.

2) A prática da atividade manuscrita dá trabalho e exige repetição e treino. Justamente por ela tomar muito tempo, tal hábito está se perdendo. É essa uma das razões porque odeio tanto a mentalidade progressista, pois ela tira a caridade do cenário, sob a alegação, ainda que não se diga, de que ela é tecnologicamente ultrapassada. Eis aí porque a Igreja ainda prefere a liturgia da palavra escrita nos livros, pois elas nos remontam ao tempo dos monges copistas.

3) Querendo ou não, o calor humano de quem tem por hábito escrever textos manuscritos para alguém é sempre bem-vindo.

4) Isso não quer dizer que eu defenda a volta de se postar por carta. Nada disso! O e-mail é uma solução prática e confiável.


5) O que estou querendo dizer é que seria algo muito nobre, embora seja trabalhoso, você reservar um tempo para escrever algo legal e especial para alguém que você gosta, de modo manuscrito. Feito isso, você pega uma câmera fotográfica capaz de fotografar texto e fotografa. E depois de você processar a foto no snapter, redimensionar no pix resizer e reduzir o peso do arquivo através Advanced JPEG Compressor, você manda a sua cartinha manuscrita por e-mail para aquele amigo que tanto precisa do calor humano. E a escrita manuscrita de certo modo traz isso, pois ela revela a alma e o estado de espírito de quem escreve algo para você, coisa que você não vai encontrar olhando só nas nuances da língua, quando você digita um texto no computador.

Para se pregar bem na rede social, é preciso aprender a se falar de modo gentil e caridoso

Certa ocasião, eu digitalizei um caderno, com minha caligrafia usual, de modo a mostrar a importância da caligrafia, hábito nobre esse que está se perdendo. Mostrei para um amigo e este me disse:

_ Você está digitalizando algo que é "ultrapassado" (sic)?

Quase bloqueei o autor da desgraça proferida. Só não o bloqueei porque ele faz coisas muito importantes, que favorecem a minha atividade aqui online.

1) As pessoas precisam aprender que na rede social é muito importante falar as coisas de modo caridoso. Não estamos em meio presencial - por isso, certas construções frasais podem soar como verdadeiros insultos, ainda que você não tenha a intenção de insultar a seu semelhante.

2) Este é um dos graves problemas dos que se dizem conservadores no Brasil: a enorme dificuldade de dizer as coisas, de maneira gentil e caridosa, em conformidade com o todo - em outras palavras, falta um certo "feeling". No meio escrito não se admitem certas construções frasais que são admitidas no meio falado, uma vez que não temos o contato face-a-face com o sujeito. A marca forte da cultura da oralidade é um sintoma de um país de analfabetos.

3) Na verdade o nome facebook é uma ilusão, pois a maior parte dos verdadeiros amigos qualificados você não irá encontrar na mesma cercania geográfica.

4) Pela minha experiência, os melhores estão dispersos pelo país ou mundo afora. E a melhor forma de comunicação sempre será a escrita ou a fala reservada para um grupo de pessoas em particular. O uso dessas ferramentas exige um modo de se portar próprio de um cavaleiro que usa a espada, de modo a proteger os inocentes e defender a lei natural em face dos criminosos revolucionários que assolam este País.

5) Por isso, se você estiver interessado em conservar a dor de Cristo e a viver a vida em conformidade com o todo que vem de Deus, aprenda a se portar na rede social escrevendo de modo caridoso e sem usar os cacoetes verbais da linguagem falada. Guarde-as para o contato face-a-face ou para uma conversa reservada onde a fala será usada.

Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2014 (data da postagem original).

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Estar à direita do pai é algo muito profundo que minha linguagem é capaz de descrever


1) Estar à direita do pai é algo muito mais profundo do que minha linguagem é capaz de descrever. Pois Deus fala com palavras, fatos e coisas. A linguagem humana é essencialmente descritiva para fatos e coisas - e descrever é fazer um retrato estático de algo em movimento, usando-se palavras ou imagens.


2) Se o verbo é movimento, ele vem de Deus. Pois a criação é algo que decorre de algo em movimento, que só Deus conhece. E a perfeição está na dinâmica desse verbo divino, que conhece o passado, o presente e o futuro.



3) Nossa criação sempre será imperfeita, pois é estática. Toda criação humana sempre será uma fotografia para o passado, um monumento que nos lembra algo que já foi feito antes e que norteia o nosso presente para o futuro que está por vir.

O renascimento comercial é filho do planejamento tributário

1) Durante a Idade Média e a Idade Moderna, as sociedades estavam na transição da economia fundada na terra para a da economia decorrente da atividade mercantil.

2) Uma das possíveis causas da revolução comercial se deu justamente por elisão fiscal (criação de formas jurídicas de  modo a se poder pagar menos imposto, desde que não contrariem a lei ou o costume do principado que rege a praça). E uma dessas formas é o fundo de comércio.

3) Embora não haja um conceito uniforme de fundo de comércio, há um consenso geral de que é ele composto de um conjunto de bens corpóreos ou incorpóreos que facilitam o exercício da atividade mercantil. 

4) Os bens corpóreos podem ser compostos do maquinário e do capital necessário para o desenvolvimento da atividade comercial, enquanto os bens incorpóreos são os direitos, as patentes, as marcas, as tecnologias. E eles ficam vinculados à atividade econômica que ali se desenvolve. Esse complexo de bens não se confunde com o lugar onde se situa. Tanto é que posso mudar o domicílio da minha atividade empresarial e ela continuar funcionando normalmente em outro lugar.

5) Havia uma época em que um imóvel para uso em atividade agropastoril pagava um X em imposto, e esse imposto era considerado elevado; se esse imóvel fosse destinado à atividade comercial, ele ficava livre de impostos ou tinha um imposto muito baixo, dado que não havia previsão legal e o Estado na época não se metia na vida privada do cidadão. 

6) Os fundos de comércio eram uma forma inteligente de se pagar menos imposto e isso fomentou o renascimento comercial. Se você fosse mercador registrado na sua guilda, bastava você comprar um imóvel, declarar os seus bens e a destinação na qual eles seriam usados e você começava a ter a mais ampla liberdade possível, pois ela não era ofensiva à liberdade em Cristo, base pela qual se regiam as leis.
 
José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2014 (data da postagem original).