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sábado, 7 de março de 2020

Notas históricas sobre feitorias, latifúndios e guildas enquanto institutos associados de tal modo a formar uma grande unidade

1) Certa ocasião, eu estava investigando a wikipedia e descobri que a feitoria é um instituto de origem fenícia. Acredito que os romanos devam ter copiado este instituto com a conquista dos cartagineses na chamada Guerra Púnica.

2) Como potência militar, os romanos ofereciam seus serviços de proteção às cidades-Estado, a ponto de estabelecer uma política clientelista. Muitas dessas cidades-Estado eram do tipo mercantil - nelas, as feitorias funcionavam como embaixadas, como alojamentos dos soldados, como armazéns de mercadoria e como locais de coleta dos tributos por conta dos serviços que Roma prestava a seus protegidos, a ponto de evoluírem numa relação de suserania e vassalagem. Os recursos das cidades-Estados eram destinados a propiciar comodidade e bem-estar à elite romana.

3.1) Se os luxos decorressem do cultivo de uma planta específica, essa planta seria cultivada nos latifúndios senatoriais. Como a atividade mercantil era vedada à classe senatorial, eles passavam procuração aos plebeus que, por sua vez, estabeleciam atividades organizadas nas cidades no tocante à comercialização e distribuição do que fosse produzido nos latifúndios, além de transformar produtos agrícolas em produtos artesanais.

3.2) Da associação dos plebeus com patrícios por meio da lei canuléia, surgiu toda uma associação de famílias onde o casamento gerou uma cultura cívica, feita de modo a resguardar os segredos da profissão de modo que não fossem servidos com fins vazios, fazendo com que a arte adquirisse uma tradição e ficasse mais refinada, com o intuito de servir ao bem comum. Eis que surgiram as corporações de pedreiros, de escultores, de carpinteiros e outros tantos que fizeram o legado civilizatório de Roma. O compromisso com a excelência estava inexoravelmente relacionado à grandeza de Roma - e na Idade Média, ao cristianismo, quando a Roma dos Césares se transmutou na Roma dos papas, dos mártires e dos apóstolos.

3.3.1) Na Idade Média, muitas corporações de ofício escolhiam terrenos adjacentes aos pântanos para poderem se instalar porque era a partir do húmus que vinha a humildade, o senso de se morrer para si de modo que Deus pudesse operar todas as coisas em todos de modo que as melhores coisas pudessem ser feitas com base na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.3.2) Era desse espírito do pântano que vinha o espírito que movia todas as coisa de modo a se experimentar tudo e ficar com o que era conveniente e sensato, uma vez que é do húmus do pântano que nasce a mais bela das flores: a flor de lis, símbolo da monarquia francesa, uma vez que a França foi por muitos séculos a filha favorita da Igreja e por meio de este espírito que sempre produziu muitos santos.
 
3.3.3) Era através do espírito do pântano, e não o da planície, que vinha o espírito de corpo necessário para se tomar um país como um lar em Cristo, amando e rejeitando as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, uma vez que o espírito da planície ocorre numa época onde ocorre progressos técnicos na corporação de ofício de tal modo que o húmus do pântano acabava sendo dragado, a ponto de Deus deixar de reinar no lugar e as pessoas que fazem parte desse grupo ficarem cheias no amor de si até o desprezo de Deus, a ponto de terem monopólio sobre todos os conhecimentos técnicos, concentrando os poderes de usar, gozar e dispor das coisas de tal modo que achavam que podiam conquistar o mundo agindo dessa forma. E uma vez conquistado o mundo, Deus estaria morto. E foi neste ponto que a corporação de ofício se perverteu em corporativismo.

3.3.4) Esse conhecimento se associou à ética protestante, à riqueza tomada como se fosse sinal de salvação - e novas comunidades foram imaginadas a partir desse homem rico no amor de si até o desprezo de Deus. Como tudo isso teve origem na corporação de pedreiros, esse grupo da planície ficou conhecido como maçonaria - um grupo revolucionário, que pôs fim à França clássica - católica e monárquica.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 7 de março de 2020 (data da postagem original). 

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