1) Se eu direcionar as doações dos leitores para os dias onde estou devendo à poupança, em razão das aquisições que faço, eu vou reduzir o tempo de pagamento da dívida até quitá-la completamente. É como se a doação servisse de catalisador, acelerando assim o tempo de quitação da dívida de modo a ter menos parcelas para pagar.
2) Para que isso ocorra, o credor precisa participar da relação tanto quanto os devedores do devedor, o que fará com que o acordo seja constantemente modificado de modo a beneficiar ainda mais o bom devedor. Isso é perfeitamente possível quando credor e devedor estão na mesma pessoa.
3.1) Na ética protestante, por conta de não haver uma integração entre as pessoas fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, o credor - que é uma pessoa diferente da pessoa do devedor - não está interessado em participar da relação, a ponto de a relação de crédito ser impessoal, dado que o credor é rico no amor de si até o desprezo de Deus, uma vez que ele está conservando o que é conveniente e dissociado da verdade, por conta de vaidade.
3.2.1) Por preferir o dinheiro à minha honra, essa pessoa que não está querendo participar da relação pessoal de crédito, uma vez que está preferindo bens presentes a bens futuros, por conta de ser materialista. Por força disso, ele toma de antemão que não vou pagar a dívida, a ponto de apostar contra mim por força disso, o que caracteriza especulação, uma vez que ele me vê como um "condenado".
3.2.2) Isso faz com que a dívida perca seu caráter de investimento, a ponto de se tornar uma relação improdutiva, uma vez que a função da dívida foi separada das pessoas que participaram de sua emissão, a ponto de se tornar impessoal e meramente especulativa. Esse "credor" - que na verdade é explorador - faz dessa aposta sua fonte de riqueza, um sinal de salvação, a ponto de colocá-la num papel para circular e cedê-la a um terceiro, estranho à relação - o que acarretará conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida. E isso é uma espécie de estelionato.
4.1) Quando alguém está em dívida, as pessoas se envolvem de modo a ajudarem quem está precisando, fortalecendo assim a solidariedade, a integração entre elas.
4.2.1) As doações que recebo dos meus leitores são investimentos que só fortalecem o caráter produtivo da relação que tenho para com eles, uma vez que um bom escritor aumenta a inteligência de quem está ao seu redor, tornando a relação de amizade com os leitores uma relação produtiva, pois ela aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus.
4.2.2) Dessa forma, os leitores, que são devedores do escritor, acabam fazendo com suas doações acabem catalisando o pagamento da dívida que esse escritor tem com o credor, que é ele mesmo, quando ele faz uma compra de modo a aperfeiçoar sua atividade intelectual organizada.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 03 de maio de 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário