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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Sid Meier's Colonization - uma análise do jogo à luz da História

1.1) Quando jogava Colonization (o clássico de 1994, não o Civilization 4 Colonization), eu colocava nas minhas anotações de jogo a função dos povoamentos que fundava.

1.2) Havia povoamentos para lavrar a terra, povoamentos especializados em produzir matérias-primas e povoamentos dedicados à industrialização, os quais tendiam a ser verdadeiras metrópoles.

2.1) Nos povoamentos dedicados ao ato de lavrar as terras, as verdadeiras colônias, eu punha lavradores de modo a explorar os oásis e os trigos situados próximos ao lugar onde fundei a cidade.

2.2.1) Se o assentamento estivesse em zona costeira, eu punha pescadores de modo a aproveitar as regiões ricas em peixes.

2.2.2) Afinal, Jesus não só multiplicou os pães mas também os peixes - com a combinação de ambos, eu formava uma série de colonos livres, os quais costumava mandar para as tribos indígenas de modo a aprender a plantar cana, algodão, tabaco e a caçar animais, por conta do alto valor financeiro de suas peles.

2.2.3) Essas profissões não poderiam ser aprendidas na pátria-mãe, mas tão-somente com os índios - por isso mesmo, essa força de trabalho era essencial para estruturar a economia de todo o território que estava a povoar.

3.1) Se eu tivesse um assentamento com pelos menos 3 colonos, eu poderia perfeitamente mandar construir uma igreja.

3.2) Se pusesse um pregador nessa igreja, ele iria atrair muita gente disposta a vir para o Novo Mundo em busca de novas oportunidades. Como o jogo é muito baseado na história inglesa, a tendência era atrair gente de todo tipo de denominação religiosa desejando poder praticar sua religião em paz, já que essa gente estava sendo perseguida na Inglaterra.

3.3) Com 4 colonos, eu poderia perfeitamente criar uma escola. Os colonos livres aprendiam não só as profissões mais básicas disponíveis na pátria-mãe como também aprendiam todas as profissões que os índios ensinam. Bastava pôr alguém especializado nisso e alguém saía treinado na habilidade, após 4 anos de estudo.

4) Os assentamentos dedicados à produção de matérias-primas eram classificados por estes recursos: madeira, ferro, prata, peles, algodão, tabaco, açúcar e ferramentas. Eu mandava comida de modo a manter esses assentamentos produzindo, uma vez que eram ecossistemas dependentes das colônias. Geralmente, esses assentamentos tinham um colégio, jornais e até uma vida parlamentar.

5.1) Os assentamentos dedicados à atividade industrial processavam todas as metérias-primas em produtos de alto valor agregado. Por conta da elevada concentração de pessoas habitando a localidade, muitos se dedicavam à vida política de modo a poder colaborar na solução dos problemas concernentes da polis.

5.2.1) Por conta dessas experiências políticas adquiridas, muitos acabavam desenvolvendo um senso de amor de si até o desprezo de Deus, a ponto de quererem se separar da pátria-mãe. Como a Inglaterra é um país protestante e muitos dos que foram morar na América eram refugiados, então a revolução americana torna-se inevitável.

5.2.2) Este era o ponto culminante do jogo - se você conseguisse se livrar da Inglaterra, então você venceu.

6.1) O colonization tinha esse nome porque o conjunto dos assentamentos, dos povoados podia ser reduzido a estas funções, expostas no livro O Príncipe de Maquiavel: promover o enriquecimento do príncipe e promover a glória da Inglaterra, França, Espanha ou Holanda, as principais potências do jogo.

6.2) Todos esses países foram ao além-mar indo em busca de si mesmos - ao contrário de Portugal, que se lançou aos mares para servir a Cristo em terras distantes. Por isso que Portugal não aparece no jogo.

6.3) Acredito que deve ser por isso que José Bonifácio inventou o argumento de que o Brasil foi colônia. Ele, que era maçom, acreditava piamente que o homem era a medida de todas as coisas. Além disso, acreditava piamente que o Brasil, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, podia romper com a ordem social fundada em Ourique e criar uma nova ordem social fundada no exemplo da Revolução Americana, a qual se mostrou um verdadeiro fracasso retumbante, não só no Brasil bem como em qualquer lugar que tenha tentado imitar a América em seus atos políticos.

6.4.1) E o pior é ver gente tentando glorificar esse miserável como se fosse um founding father americano. E isso é certamente um tipo de colonização do imaginário, a ponto perdermos a referência do que realmente o Brasil era, por força de Ourique.

6.4.2) Eis no que dá alegar que o Brasil foi colônia - ele assenta as bases da colonização do imaginário de modo a introjetar toda uma falsa história, construída na mentira e à revelia da documentação portuguesa.

6.4.3) Isso mostra que a secessão do Brasil levou à construção de uma comunidade imaginada fundada no amor de si até o desprezo de Deus - no caso, do Crucificado de Ourique. Essa comunidade certamente foi imaginada pelos maçons, uma vez que a liberdade é criada pelas leis do Estado, a ponto de ser tomado como se fosse religião - afinal, tudo está nele e nada pode estar fora dele ou contra ele.

6.4.4) Não é à toa que essa comunidade imaginada faz com que a liberdade seja servida com fins vazios e que a verdade, fundada na dor de Cristo na cruz, seja relativizada - o que certamente desliga está terra às coisas que decorrem do Céu.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de agosto de 2018.

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