1.1) No Antigo Testamento, os hebreus estabeleciam uma servidão por dívida que durava 7 anos. No sétimo ano, a dívida era perdoada, por conta dos serviços prestados e por conta da relação de confiança desenvolvida entre servidor e servo, a tal ponto que o servo podia ser tomado como filho adotivo do tomador de seu serviço.
1.2) Era por força disso que estrangeiros que eram servos dos hebreus acabavam tomando Israel como um lar - e Deus viu isso como uma coisa boa, a ponto de estender aos gentios a herança dada ao povo de Israel, criando uma espécie de distributivismo.
2.1) No Estado tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, inexiste a cultura de perdão de dívida, uma vez que a cúpula palaciana foi eleita pelos descamisados numa eleição fraudada e manipulada. O Estado tomado como se fosse religião reduziu o povo a estas duas funções: a ser uma máquina de fabricar divisas (função econômica do povo) e a um órgão que confirma as decisões de cúpula (função política do povo), uma vez que esse povo está permanente condenado a servidão perpétua, já que a moeda no Banco Central é emitida com juros, a ponto de o portador da moeda em espécie ser considerado portador de uma dívida, uma dívida que nunca será paga, uma vez que é impossível pagá-la.
2.2) Essa moeda não está lastreada em ouro - na produtividade das minas, que é escassa por natureza -, mas na palavra do governo tomada como se fosse religião, que determina o valor da moeda com base nas razões de Estado, podendo valorizá-la ou desvalorizá-la artificialmente com base no interesse desses eleitos (que costuma ser mascarado sob o pomposo nome de "interesse nacional").
2.3.1) Como o Estado se tornou uma espécie de divindade por parte daqueles que amam a si mesmos a ponto de desprezarem Deus, então o valor da moeda fiduciária tende a ser nulo, pois a palavra de um governo totalitário não tem valor algum. É por ser nulo que eles tendem a se limpar na própria sujeira.
2.3.2) O dinheiro não será símbolo justiça, de soberania, mas de dívida, de escravidão por dívida, uma vez que no mundo dividido entre eleitos e condenados não há a cultura do perdão, já que a riqueza se tornou uma espécie de salvação, o que é, na verdade, uma maldição. E isso acaba criando uma luta de classes, o que leva a uma quebra de confiança sistemática, a tal ponto que isso pode levar a um país a ser fragmentado em vários países.
2.3.3) Se isso for levado sistematicamente ao extremo, a sociedade terá se desmanchado no ar, a ponto de os indivíduos serem átomos soltos, lutando um contra o outro pela sobrevivência, uma vez que tudo o que era sólido acaba se liqüefazendo, pois a verdade, fundada em Cristo, terminou sendo relativizada, o que faz com que a razão de ser de várias nações de existir, por conta de perderem o seu sentido de vida, sua razão de ser civilizatória.
3.1) O Senador Mão Santa dizia que nós trabalhamos 6 meses para o governo e 1 mês para os bancos.
3.2) Como 1 ano pode ser condensado em 1 mês, é como se tivéssemos trabalhado 7 anos em único único ano, razão pela qual a dívida deve e precisa ser cancelada, mas não é isso o que acontece.
4.1) Eis no que dá quando o Estado não está subordinado aos ditames da lei eterna, coisa que se funda na conformidade com o Todo que vem de Deus. Ela cria um mundo entre eleitos e condenados, onde a riqueza é vista como um sinal de salvação para os eleitos e a dívida como um sinal de condenação perpétua dos não eleitos.
4.2) Se a riqueza e a dívida se tornam um dado inescapável, a ponto de ser tomado como se fosse coisa, então as coisas tenderão a ser pensadas com base num materialismo histórico e dialético, o que acabará levando ao totalitarismo e à apatria sistemática. Muitos pensarão que Deus morreu, quando na verdade foi a gnose protestante que nos colocou nesse beco sem saída.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2018 (data da postagem original)..
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