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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Notas sobre a adaptação dos portugueses em comparação com a dos franceses

1) Por conta da missão de ir servir a Cristo em terras distantes, Portugal conheceu muitas espécies diferentes de plantas, nos vários continentes em que esteve.

2.1) Por meio de acordos diplomáticos, Portugal chegou a receber mudas e sementes de certas espécies de plantas e árvores frutíferas - por meio da política de sigilo e da tentativa e erro, muitas dessas espécies acabaram vingando no Brasil e em outras terras onde Portugal tinha feitorias e colônias onde lavravam a terra, a ponto de estabelecer um núcleo de povoamento nessas regiões, por conta dessa mesma missão.  

2.2) As colônias serviam de laboratório para essas experiências. Os que tomam o Brasil como se fossem religião julgam estas plantas brasileiríssimas, mas o que eles não sabem é que estas plantas foram aqui introduzidas como conseqüência do trabalho de se servir a Cristo em terras distantes, por conta de Ourique. Afinal, devemos experimentar de tudo e ficar com o que é conveniente e sensato - isso sem falar que devemos proteger nossas descobertas daqueles que fazem da riqueza sinal de salvação, algo que é muito próprio da ética protestante e do espírito do capitalismo.

2.3.1) Cronistas do reino, por conta do processo de povoamento dessas terras, faziam corografias dos lugares e descreviam as plantas nativas, suas propriedades nutricionais e medicinais, bem como retratavam a gente que habitava essas terras. Eles também registravam todo o desenvolvimento das vilas, cidades e freguesias.

2.3.2) Esses cronistas eram considerados diplomatas e estavam proibidos de mentir ao Rei, uma vez que este era vassalo de Cristo - e mentir a ele era como mentir ao próprio Cristo num ato de confissão. Por isso mesmo, as crônicas produzidas por essas cronistas eram consideradas fontes autênticas para se estudar a história da presença portuguesa, por força daquilo que decorreu em Ourique, coisa que é muito negligenciada, quando se estuda a História do Brasil. Todas essas experiências eram registradas e fartamente documentadas.

3.1) As plantas trazidas de um lugar para outro ajudavam no aclimatamento e ajudavam na adaptação do homem branco em terras cujo clima lhe era muito inóspito, sem a necessidade de haver miscigenação. Não é à toa que hortos florestais como La Gabrielle foram parte da política de afrancesamento da Guiana Francesa.

3.2) Quando Portugal tomou a Guiana da França Napoleônica, um horto foi construído no Rio de Janeiro, dando início ao desenvolvimento do bairro do Jardim Botânico. Ao contrário dos franceses, os portugueses tinham o costume de casar seus nobres com as filhas dos chefes das tribos indígenas e dos reinos africanos amigos de Portugal. Ela era, portanto uma política de Estado, a ponto de fazer de Portugal o único império de cultura que já houve, pois tudo isso decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus, da missão de servir a Cristo em terras distantes.

3.3) Esses casamentos sistemáticos, feitos ao longo das gerações, deram origem ao povo brasileiro - um povo nobre, naturalmente adaptado ao clima tropical e trabalhador, a ponto de fazer de seu primeiro trabalho - a extração de pau-brasil - o meio de santificar esta terra sistematicamente, se considerarmos as lições de São Josemaría Escrivá de santificação por meio do trabalho parte do projeto de restaurar a nacionidade da pátria, perdida por conta da famigerada secessão de 1822. Dentro daquilo que se fundou em Ourique, o brasileiro é o melhor povo; fora de Ourique e rico no amor de si até o desprezo de Deus, ele se torna o pior povo que há no planeta.

3.4.1) Essa degeneração foi muito bem retratada em Machado de Assis, Lima Barreto e outros escritores, pois estes viveram uma época em que o liberalismo estava tão radicalmente instalado nesta terra que estava fomentando má consciência nas pessoas, em escala sistemática.

3.4.2) Teses racialistas, importadas de países protestantes, estavam se tornando moda por aqui e influenciaram e muito os trabalhos de Oliveira Vianna, bem como de outros escritores - essas teses  não passam de balela, se restaurarmos o imaginário da pátria naquilo que se fundou em Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 8 de agosto de 2018.

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