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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Reflexões sobre a questão da moeda fiduciária

1) Passei o dia coletando dado na Wikipedia sobre economia e contabilidade. Não sou formado em economia - sou formado em Direito, mas gosto desses assuntos. Com o tempo é que vou colhendo a bibliografia necessária.

2.1) Sinto que o argumento do ciclo econômico dos austríacos é muito fraco.

2.2.1) O problema do free banking está relacionado à questão de desestatizar a moeda, uma vez que a sua emissão é matéria de soberania, de dizer o direito. Logo, a moeda é símbolo de justiça, uma vez que significa que fiz ao meu semelhante aquilo que ele desejava, pois fui leal para com ele.

2.2.2) E como bem apontou o Rizzi, é através da moeda que eu tenho direito a uma parte das riquezas do país, uma vez que colaborei com o meu semelhante para que pudéssemos tomar juntos o país como um mesmo lar em Cristo, o que gera uma espécie de solidarismo, uma integração entre as pessoas a ponto de distribuir responsabilidades a todos de modo que possam colher benefícios por força disso, dessa integração social. E por essa razão, o lastro desse solidarismo, dessa integração social sistemática, está na credibilidade do governo, da autoridade do príncipe, o qual deve coordenar o esforço de construção do bem comum de modo que prepare o maior número de pessoas possível para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

2.2.3.1) A moeda é a representação de uma dívida, sinal de que o Estado se compromete com o povo de modo a edificar o bem comum e assim todos poderem tomar o país como um mesmo lar em Cristo.

2.2.3.2) Como moeda é símbolo de obrigação, de compromisso com a excelência, então acreditar no valor dessa moeda é acreditar na palavra de honra do príncipe, um tipo de investimento. É por essa razão que tal investimento tem natureza produtiva - e por força disso, os juros fundados nessa emissão são devidos.

2.2.3.3) Esse investimento é como se fosse uma ação onde tenho direito a uma parcela de todas as riquezas do país somadas. Como união faz a força, então a principal riqueza do país, a que define o país como símbolo de excelência, acaba servindo de lastro - e esse lastro é garantido pela palavra do governo, criando uma espécie de distributivismo, pois o poder de usar, gozar e dispor da moeda está pulverizado, a ponto de estar na mãos do maior número possível de pessoas.

2.2.4.1) É fato sabido que o Estado não produz riqueza, mas é agente garantidor, fiduciário.

2.2.4.2) Talvez o principal problema da moeda fiduciária esteja no risco de o pais ser tomado como se fosse religião, uma vez que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele. Isso é conseqüência direta da mentalidade revolucionária - de uma cultura onde Deus está morto, a ponto de muitos pretenderem buscar liberdade fora da liberdade em Cristo. E nesse ponto, a palavra do Estado não terá valor nenhum, uma vez que não está submetido aos ensinamentos da Igreja, a ponto de sua função de servir ao homem acabar se voltando para o nada.

3.2.1) Afinal, o liberalismo é filho da ética protestante e do espírito do capitalismo.

3.2.2) Por conta da riqueza vista como sinal de salvação, adotou-se o ouro por ser considerado "um padrão universal de valor" - um dado que decorre de consenso, um dado subjetivo. Como esse bem é escasso, a escassez desse metal levou a políticas metalistas e protecionistas - de tal maneira que a prosperidade levava necessariamente à inflação - à malvadez da fortuna, como diria Maquiavel. Foi o que aconteceu na Espanha, quando descobriu as minas de Potosi e passou a extrair muito ouro e prata das Américas.

3.2.3.1) Não é à toa que os argumentos da Escola de Salamanca estão corretos, por força do que havia na realidade de sua época.

3.2.3.2) Como isso decorre do comportamento da ganância, do fato de os homens irem aos mares em busca de si mesmos, então essa explicação está correta em toda e qualquer época, pois esta conduta afeta a todos os homens, de todas as épocas e lugares. Por isso, é uma explicação científica, universalizante, pois aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2018.

Comentários adicionais:

Paulo Manuel Sendim Aires Pereira: Assim como o comunismo falha no preço, o liberalismo falha na emissão da moeda. Até hoje ninguém me explicou como ter um sistema monetário absolutamente isonômico. Nem nenhum país tem nem nenhum país terá. O cara que inventar isso vai ter prémio Nobel, com certeza.

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