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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Meditações que tive, após muito jogar Sid Meier's Alpha Centauri e Sid Meier's Civilization 5

1) No Sid Meier's Alpha Centauri (SMAC), há uma unidade chamada supply crawler. Com ela, eu explorava recursos em terras distantes, o quais beneficiavam uma determinada cidade em desenvolvimento.

2.1) O conceito de terra emprestada que desenvolvi nos meus artigos decorre disso; se houvesse nutrientes numa área distante, o supply crawler iria até lá para explorar os recursos em favor da cidade com a qual esta unidade tinha vínculos. Quando esta cidade estava desenvolvida, o supply crawler adquiria vínculo com outra cidade menos desenvolvida e oferecia seus serviços a ela até esta ficar madura.

2.2) Enfim, a terra emprestada oferecia um acessório que seguia a sua sorte: o suplly crawler, que ficava como uma espécie de servo vinculado a essa terra. Ele trocava de vínculo toda que vez que uma cidade, que antes dependia de seus serviços para poder se desenvolver, atinge um ponto de crescimento em que a presença de um supply crawler já não é mais necessária para o seu desenvolvimento.

3.1) Isto lembra um pouco o antigo conceito de colônia, enquanto atividade econômica organizada de modo a lavrar a terra e estimular outras atividades econômicas organizadas de vocação diversa, uma vez que o primeiro passo para se servir a Cristo em terras distantes é lavrar a terra, pois é dela que extraímos todas as riquezas, como bem dizem os fisiocratas. Quando essa colônia alimenta as cidades distantes e a elas fornece matéria-primas a ponto de terem um comércio bem desenvolvido, ela acaba fazendo com que essas regiões todas sejam tomadas como um mesmo lar em Cristo em seu conjunto, a tal ponto que elas se especializam na transformação de produtos da terra em produtos acabados e com alto valor agregado, o que atrai mais gente para essas cidades.

3.2.1) Enfim, o povoamento de uma terra distante depende essencialmente de duas coisas: de colônias vocacionadas à tarefa de extrair as riquezas da terra e de cidades cuja vocação seja de converter essas riquezas em produtos de alto valor agregado.

3.2.2) Não é à toa que esses negócios eram tocados por famílias que viviam em pequenas ou médias propriedades - e quando tinham servos para trabalhar, esses eram tratados como se fossem parte da família, pois estavam sujeitos à proteção e autoridade do senhor dessas terras - como se fossem súditos de um rei, uma vez que é insensatez maltratar o cativo, pois isso, além de ser pecado, é contraproduente, pois só quem concentrava muita riqueza em poucas mãos, como os grandes senhores de engenho, é que podiam fazer isso, já que faziam da riqueza sinal de salvação a tal ponto que não tinham escrúpulos de escravizar gente, uma vez que esses eram visto de antemão como condenados. Esses grandes senhores de engenho, em geral, eram judeus que se convertiam ao cristianismo de modo a evitar serem perseguidos (cristãos novos) ou estrangeiros que praticavam o calvinismo (holandeses ou franceses).

3.2.3.1) Os servos dessas pequenas e médias propriedades rurais não eram considerados escravos, uma vez que no cristianismo ninguém tem poder de vida ou de morte sobre os servos, a não ser o próprio Deus. O senhor que tinha um servo tinha que lhe prover o sustento e recursos de modo que ele pudesse se desenvolver e se tornar uma pessoa livre após um determinado tempo de serviço (geralmente 7 anos). Era uma servidão por dívida.

3.2.3.2) Muitos dos que foram cativos faziam uma poupança de modo a comprar a alforria, uma indenização que era paga ao senhor de terras (afinal, o senhor o comprou de tribos africanas islamizadas, evitando que esse cativo fosse morto por essa gente. Essa despesa tinha que ser restituída por uma questão de justiça - e essa consciência era despertada por meio da vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, coisa que esse novo servo aprendia quando vinha ao Brasil, pois o servo era muito grato a esse senhor por tê-lo comprado, a ponto de salvá-lo da morte). E quando os cativos ficavam livres, eles podiam ter seus próprios servos ou voltar para a África, ajudando a desenvolver a tribo da qual faziam parte, não só economicamente como militarmente. E assim essas tribos ficavam mais resistentes aos ataques das tribos ou dos reinos africanos islamizados.

4) Eis a reflexão que tive agora, ao revisitar este tema do supply crawler, em Alpha Centauri, após um determinado tempo sem jogar.

5.1) Em contraponto com o supply crawler, há os pastores e os plantadores do civilization 5. Estes últimos, embora não tenham sido criados ainda, deslocam plantas de um lugar para outro.

5.2.1) Por conta da missão de ir servir a Cristo em terras distantes, Portugal conheceu muitas espécies diferentes de plantas nos vários continentes em que esteve.

5.2.2) Por meio de acordos diplomáticos, Portugal chegou a receber sementes de certas espécies de plantas e árvores frutíferas - por meio de tentativa e erro, muitas dessas espécies acabaram vingando no Brasil e em outras terras onde Portugal tinha feitorias e colônias onde lavravam a terra a ponto de estabelecer um núcleo de povoamento nessas regiões, por conta dessa mesma missão.

5.2.3) Cronistas do reino, por conta do processo de povoamento dessas terras, faziam corografias dos lugares e descreviam as plantas nativas, suas propriedades nutricionais e medicinais, bem como retratavam a gente que habitava essas terras. Eram considerados diplomatas e estavam proibidos de mentir ao Rei, uma vez que este era vassalo de Cristo - e mentir a ele era como mentir ao próprio Cristo num ato de confissão. Por isso mesmo, as crônicas produzidas por essas cronistas eram consideradas fontes autênticas para se estudar a história da presença portuguesas força daquilo que decorreu em Ourique, coisa que é muito negligenciada, quando se estuda a história do Brasil.

5.2.4.1) As plantas trazidas de um lugar para outro ajudavam no aclimatamento e ajudavam na adaptação do homem branco em terras cujo clima lhe era muito inóspito, sem a necessidade de haver miscigenação. Não é à toa que hortos florestais como La Gabrielle foram parte da política de afrancesamento da Guiana Francesa.

5.2.4.2) Quando Portugal tomou a Guiana da França Napoleônica, um horto foi construído no Rio de Janeiro, dando início ao desenvolvimento do bairro do Jardim Botânico. Mas, ao contrário dos franceses, os portugueses tinham o costume de casar seus nobres com as filhas das tribos indígenas e africanas. Com a miscigenação, essa gente deu origem ao povo brasileiro, pois a miscigenação era uma política de Estado, a ponto de fazer de Portugal o único império de cultura que já houve, pois tudo isso decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus, da missão de servir a Cristo em terras distantes.

Comentários post scriptum:

Este artigo me serviu de base para uma seqüência de artigos que escrevi sobre História do Brasil. Embora os jogos de estratégia me sejam uma grande paixão, a audiência não está interessada nesta minha produção em particular, neste outro aspecto de minha obra. É por essa razão que tenho conservado inéditos muitos dos meus escritos sobre as minhas experiências nos jogos eletrônicos, sobretudo jogos de estratégia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 5 de agosto de 2018 (data da postagem original).

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