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terça-feira, 19 de março de 2024

Vice-reinado é vice-reinado e colônia é colônia

 Outro erro muito comum - e difundido nos livros de história, nas enciclopédias e nas nossas crenças históricas habituais - é falar do vice-reinado como se estivéssemos falando de uma colônia, pois estamos falando de categorias ontológicas diferentes.

De acordo com o dicionário da Academia Real da Língua Espanhola, enquanto uma colônia é um território dominado e administrado por uma potência estrangeira, que é a partir do exterior como se fosse um Estado-fantoche, um vice-reinado é um distrito governado por um vice-rei, a partir de dentro. A figura do vice-rei é de uma autoridade que se encarregou de representar o Rei num território da Coroa, exercendo plenamente as prerrogativas reais a ponto de govern[a-la em seu nome, o que significa que a figura do Rei não só é muito considerada, mas também respeitada entre os governados que se encontram no além-mar. Os vice-reinados não podem ser comparados a meras colônias, pois a autonomia desses territórios é plena, os cidadãos do além-mar têm os mesmos direitos e deveres que os súditos da coroa e ela obedece aos mesmos princípios do governo católico universal, os mesmos princípios pelos quais os vassalos de Cristo observam quando são coroados, sejam por meio da Igreja, seja diretamente do próprio Cristo, como aconteceu com D. Afonso Henriques, na batalha de Ourique.

Ao contrário do que comumente se pensa, o Império Espanhol não era um império centralizado, composto de metrópoles e colônias, mas sim um império descentralizado de reinos que tinham em comum a religião, as leis, a língua, a cultura e o conceito de unidade. Mesmo o termo “Império Espanhol” é relativamente novo e acrescentado pela historiografia contemporânea, já que na época do império ninguém falava em império. Exceto na época Filipe II, onde no império dele o sol nunca se põe - o que representa uma verdadeira analogia ao Império Britânico que viria anos mais tarde - o verdadeiro termo que se utilizou e se refletiu nos documentos oficiais foi o de Monarquia Hispânica Monarquia Católica ou Monarquia Universal.

Também é falso dizer que cargos de poder, como o título de vice-rei, fossem exclusivos dos espanhóis da Península Ibérica. O vice-rei mais importante da Nova Espanha (México) no século XVIII foi o conde de Revillagigedo, nascido na ilha de Cuba. A burocracia, o exército e a Marinha Real contavam com nativos do Novo Mundo em diversos cargos e hierarquias, aos quais tinham acesso em igualdade de condições com os peninsulares.

Os vice-reinados não foram uma invenção criada para o domínio espanhol do continente americano - nas índias como era mais chamado naquela época - já que também existiam vice-reis na Espanha européia como forma administrativa da nação: havia o vice-rei do reino de Aragão, havia o vice-rei do principado da Catalunha, o vice-rei do reino da Galiza, o vice-rei do reino de Navarra, o vice-rei do reino de Valência, o vice-rei do reino da Sicília e, finalmente, o vice-rei do reino de Sardenha. Os quatro vice-reinados das Índias - A Nova Espanha, o Peru, a Nova Granada e o Rio da Prata - ficavam todos do outro lado do oceano, eram regidos pelas Leis das Índias e dentro delas incluíam vários reinos, regiões, audiências e capitanias. A Nova Espanha teve a capitania geral das Filipinas, a Nova Granada teve a Audiência Real de Quito, o vice-reinado do Peru teve a Capitania Geral do Chile, enquanto o Rio da Prata passou a administrar o país africano da Guiné Equatorial.

Na era do vice-reinado, errôneamente chamada de era colonial, havia cultura e muita riqueza, havia um grande senso de justiça e os mais elevados padrões de vida foram alcançados em todas as classes sociais, ultrapassando e muito os países europeus em muitos aspectos.

Como esclarecimento final a respeito da diferença entre vice-reinado e colônia, deve-se dizer que a causa fundamental da guerra de independência entre as treze colônias britânicas na América do Norte (que deu origem aos Estados) foi a exigência de os colonos dos países de lingua inglesea quererem ser tratados da mesma forma como o o México era tratado pela Espanha, conforme corrobora o historiador Ricardo Beltrán y Rózpide [1}; “Pode parecer surpreendente”, diz um escritor americano, “não saber que a causa fundamental da revolução nos Estados Unidos foi a reivindicação dos colonos ingleses de terem com a sua metrópole as mesmas relações jurídicas que o México e o Peru desfrutavam com a Espanha."

Na foto, vemos como era a Cidade do México ao lado da bandeira da Nova Espanha que os mexicanos de hoje nem conhecem; ela parecia a capital dos reinos, sem colonialismo.

Desta forma, conta-se que alguns emissários das Índias que chegaram a Madrid exclamaram: “Que pena que o Rei tenha que viver aqui quando poderia estar na Cidade do México ou em Lima”. Houve mais esplendor e progresso. Como poderiam ser colônias?

Bibliografia:

"Las Indias no fueron colonias" Ricardo Levene. Argentina
 
"El árbol de odio" Philip W. Powell. California EEUU.

[1] O Brasil era tratado por Portugal da mesma forma como a Espanha tratava estes territórios. Isto consta na obra O Brasil não foi colônia,  de Tito Lívio Ferreira. Ela é possível de ser adquirida neste link: https://payhip.com/b/AwGo

Blas de Lezo

Postagem Relacionada:

https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2024/03/sobre-falsa-crenca-de-que-america.html

https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2024/03/sobre-diferenca-ontologica-entre-vice.html

Fonte: 

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=pfbid0MqJGsWe3261BxZSKoVUDNdgTK9ALE85QvAqJHBMkSbeFYcKMUaTGJPFrT6NeGMoVl&id=100043700872726

Recibo de Encomenda da Amazon - 19/03/2024

1) Recebi hpje, no dia 19 de março, o livro A Geografia do Pensamento - como asiáticos e ocidentais pensam de forma diferente e por que. O livro estava agendado para chegar no 27, mas chegou antes do previsto.

2) Como cortesia da Amazon, o livro veio com um voucher no valor de cem dólares da Naked Wines. Testei o código para ver se ele funcionva, mas ele já tinha sido usado antes. Parece alguém deve ter o voucher como marcador de livro, já que eu comprei um livro usado, pois ele veio todo grifado.

4) De qualquer forma, vou digitalizar o livro tão logo eu possa.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de março de 2024 (data da postagem original).

Resenha do livro A Metafísica da Revolução: Pressupostos do liberalismo, de Daniel C. Scherer


Em A Metafísica da Revolução: Pressupostos do Liberalismo, Daniel C. Scherer dá continuidade ao seu trabalho iniciado em A Raiz Antitomista da Modernidade Filosófica (Ed. Santo Tomás, 2018).

O autor analisa em seu novo livro as raízes metafísicas sobre as quais o liberalismo é contraditoriamente fundamentado, a despeito de pretender-se dotado de uma “neutra imparcialidade” frente às visões e concepções metafísico-religiosas que circulam pela sociedade; além de examinar as obras de filósofos e teóricos do direito, historiadores da filosofia e intelectuais presentes e passados, como MacIntyre, Schindler, Dworkin, Whitehead, Hartshorne, Voegelin, Calderón, dentre outros nomes célebres da filosofia contemporânea.

Para cumprir sua tarefa, Scherer põe em contraposição duas posturas metafísicas que toma por necessárias e fundamentalmente distintas: a “metafísica da transcendência”, que sustenta a transcendência absoluta de Deus sobre o mundo; e a “metafísica da imanência”, que sustenta a relação entre Deus e o mundo a partir da emanação substancial deste para aquele.

A primeira parte de uma perspectiva clássica segundo Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, que culmina com o ideal da Cristandade; a segunda permeou vários movimentos político-religiosos ao longo da história, e culmina – na modernidade e na contemporaneidade – justamente no liberalismo e em seus mais diversos desdobramentos. Isto põe em cheque a pretensa neutralidade liberal e paradoxalmente inverte sua premissa mais básica. Há uma metafísica panenteística e gnóstica a permeá-lo por inteiro e à sua descendência.

Desta forma, Daniel C. Scherer toma o árduo trabalho de desmistificar o mito liberal a partir de sua própria origem: a revolução imanente e antropoteísta que põe o homem como autossuficiente e em paridade com seu Criador.


Fonte:

https://www.facebook.com/edicoessantotomas/posts/pfbid031LesVEJfn54xK2QUW7d9diGkkPwxa7nggPkvsBoFoi4U5VhYxHLajfDMSjktxkM1l

Notas de experiência com o Chat GPT - 19/03/2024

1) Resolvi fazer um teste com o Chat GPT: resolvi traduzir meus textos do português para o polonês. 

2) Para a minha surpresa, os textos ficaram com uma qualidade geral muito boa - só numa outra parte ou outra eu precisei rever a tradução usando o tradutor do Google.

3) A respeito de uma coisa eu devo dizer: comparado com o trabalho que vinha tendo no tradutor do Google, a tradução sai bem mais rápido. O único trabalho que tenho agora é de fazer a revisão e ver a reação dos meus colegas poloneses, pois tudo o que eu quero é que a tradução seja muito bem feita de modo que eles entendam claramente tudo aquilo que eu tenho a dizer em meus textos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de março de 2024 (data da postagem original).

Recenzja książki „Podręcznik doskonałego latynoamerykańskiego idioto... i hiszpańskiego”.

 Pode ser uma imagem de texto que diz "MANUAL DEL PERFECTO ¡DiOTA LATINOAMERICANO... Y ESPAÑOL Presentación de Mario Vargas Llosa Plinio Apuleyo Mendoza Carlos Alberto Montaner Alvaro Vargas Llosa ಶ了 PLAZA & JANES"

Nie chcąc nikogo urazić, nazwałbym ją „Podręcznikiem doskonale nieświadomych Ameryki Łacińskiej i języka hiszpańskiego”. Mówię to dlatego, że chciałbym myśleć, że ludzie znajdą lepsze rozwiązanie dla naszej przyszłości, jeśli będą w stanie zmienić swoje nastawienie, gdy zobaczą już potwierdzoną fałszywość Czarnej Legendy (która jest całym zestawem fałszywych narracji i wymyślone, które oskarżają Hiszpanię o zniewolenie, grabieże, masakry i kulturowe mordy społeczeństw prekolumbijskich naszej ziemi, do tego stopnia, że ​​stworzyły fikcyjną przeszłość i przekształciły ją w fałszywą tradycję, która usprawiedliwia władzę i istnienie tych liberalnych republik i rewolucyjny).

Celem tego "Podręcznika" jest ukazanie nam rzeczywistości: znaczna część sektorów politycznych i intelektualnych jest zakotwiczona w mentalności patriotycznej ofiary, która prowadzi nas do populistycznego socjalizmu, aż do przedstawienia kapitalizmu jako głównego winowajcy zła krajów biednych, a ci politycy i intelektualiści (według książki "idioci") stawiając się w pozycji wpływów społecznych, indoktrynują - poprzez mit i frazes bycia ofiarami - stagnację zacofania naszych krajów hiszpańskojęzycznych, błędnie nazywanych krajami latynoamerykańskimi.

"Idiota" - według autorów - nie dostrzega, że problemem jest struktura prania mózgu samego państwa, gdyż wierzy, że może osiągnąć ogólne dobro powtarzając zawsze ten sam proces, który nieuchronnie kończy się powszechnym ubóstwem społeczeństwa: napęcznianiem państwa i oddawaniem władzy w ręce uświadomionego przywództwa.

Książka ta, sponsorowana przez Mario Vargasa Llosę, jest prezentowana przez trzech autorów, którzy bronili zmiany tak sprzecznego kierunku w Ameryce Łacińskiej, będąc odpowiedzią na książkę „Otwarte żyły Ameryki Łacińskiej” Eduardo Galeano, która miała głęboki wpływ na społeczeństwo amerykańskie i hiszpańskie, który stał się ikoną lewicy Ameryki Łacińskiej.

Zalecam przeczytanie tej książki i przestaniecie być "idiotami"...

Blas de Lezo

A poda de uma roseira assemelha-se ao trabalho do marido para com sua esposa

 

Numa roseira temos os brotos que são ruins e apodrecem, temos aqueles que não vingam e as rosas. Para que as rosas surjam é preciso podar os ruins e cuidar daqueles que não vingaram (tirando uns e deixando outros).

Esse trabalho do agricultor é bem parecido com o do marido e a sua esposa. Para desfrutar da bela rosa, é preciso saber cortar os pontos ruins e ajuizar com prudência os pontos que são neutros. Fazendo isso bem feito, a mulher vai florir e dará o melhor para ele.
 


Resenha do livro Manual do perfeito idiota latino-americano ... e espanhol

 

Sem a intenção de ofender ninguém, eu o teria intitulado “O manual do perfeito ignorante latino-americano e espanhol”. A razão pela qual digo isto é que eu prefiro pensar que um dias as pessoas terão uma solução melhor para o nosso futuro, caso elas sejam capazes de mudar a sua mentalidade, quando perceberen a falsidade, mais do que demonstrada, da Lenda Negra (que é todo um conjunto de narrativas falsas e inventadas em que a acusam a Espanha de escravizar, pilhar, massacrar e assassinar culturalmente as sociedades pré-colombianas de nossa terra, a ponto de criar um passado inventado e de fazer disso uma falsa tradição inventada, o que justifica o poder e a existâncias dessas repúblicas liberais e caudilhescas).

A finalidade deste “Manual” é nos mostrar a realidade: uma parte importante dos setores políticos e intelectuais estão ancorados numa mentalidade de vitimização patriótica que nos conduz ao socialismo populista, a ponto de apresentar o capitalismo como o principal culpado dos males dos países pobres, e que estes políticos e intelectuais (os “idiotas”, segundo o livro), ao se colocarem em posição de influência social. doutrinam – através do mito e do clichê de serem vítimas – a estagnação do subdesenvolvimento de nossos países hispânicos, erroneamente chamados de países latino-americanos.

O “idiota” – segundo os autores – não vê que o problema é a estrutura de lavagem cerebral do próprio Estado, pois ele acredita que pode alcançar o bem-estar geral repetindo sempre este mesmo processo, o qual termina irremediavelmente no empobrecimento geral da sociedade: inchar o Estado e entregar o poder a uma liderança esclarecida.

Este livro, apadrinhado por Mario Vargas Llosa, é apresentado por seus três autores, que defendem o redirecionamento do rumo tão contraditório da América Latina, a ponto de ser uma resposta ao livro "As Veias Abertas da América Latina", de Eduardo Galeano, que teve um impacto tão profundo na sociedade americana e espanhola a ponto de ser um ícone da esquerda latino-americana.

Eu recomendo que leiam o livro e deixem de ser "idiotas"...

Blas de Lezo