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domingo, 14 de junho de 2020

Mais meditações sobre a organização social das guildas

1) Se formos pensar em termos de gênero e espécie, o escritor, ou pelo menos aquele que sabe escrever para sê-lo, é a base para as seguintes espécies de profissão: notários, registradores e secretários; jornalistas e contabilistas (responsáveis pelo registro da movimentação de receita de uma empresa, assim como do tributo que está sendo pago ao governo).

2) Um gênero profissional abrange toda uma família de profissões. Se a sociedade é um organismo vivo, então cada guilda constitui um órgão com uma função bem definida, enquanto os indivíduos que trabalham constituem as células.

3.1) Num regime de voto distrital, a guilda representa o interesse de seus associados e vai dialogando com as outras guildas do mesmo ramo de modo a discutir um projeto visando ao bem comum de todos. 

3.2) Vamos citar o exemplo do distrito cultural: o voto decorrerá do que for discutido e negociado pelas guildas que constituem o distrito, observado o princípio da concórdia entre as classes e o bem comum.  

3.3.1) Ouvida a decisão do distrito cultural da cidade, o distrito científico, o industrial, o científico, o militar, o religioso e o comercial devem ser igualmente ouvidos. 

3.3.2) Assim as eleições políticas tendem a ser mediadas e moderadas através da justiça, a ponto de se evitar um conflito de interesses qualificado numa pretensão resistida. Essa justiça se dá no tempo da eleição, com o intuito de se observar a concórdia entre as classes, de modo que não haja alguma desarmonia ou esgarçamento do tecido social.

4.1) Uma sociedade complexa é composta de múltiplos interesses, de múltiplos órgãos e múltiplas classes. E para que bem funcionem, tudo isso precisa estar em harmonia, em concórdia. 

4.2) Por isso, o fim último do Estado é a justiça e a segurança, uma vez que a autoridade é própria do pai, o cabeça de uma família, enquanto a santidade cabe à mãe, que é a imagem da Igreja, que cuida da saúde e da educação de seus filhos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 14 de junho de 2020.

sábado, 13 de junho de 2020

Notas sobre plutologia e estética

1) Riqueza é tudo aquilo que é bom e aponta para o belo, a ponto de promover a integração entre as pessoas, estimulando nelas o senso de responsabilidade, de lealdade. A causa dessa riqueza está na própria Criação, na renovação feita a partir do sacrifício definitivo de Jesus pelo perdão de nossas faltas. 

2) Toda esta riqueza leva ao surgimento de uma república, onde nenhum homem será escravo de seu semelhante, a não ser por amor a Deus, do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que foi igual a nós em tudo, exceto no pecado. Se o Rei dos Reis foi Servo dos Servos, então eu devo imitar o mesmo caminho - é assim que o mais humilde dentre os ubogis se torna um bogaty, o primeiro dentre os seus pares, a ponto de ser um rei.

3) É servindo por meio do amor que se governa todas as coisas. É por meio do amor, da verdade como fundamento da liberdade, que se estabelece uma cidade dos homens que seja um espelho de justiça da Jerusalém celeste, a ponto de escrever páginas e páginas inteiras de História através do exemplo visto, testemunhado, fotografado e cantado ao longo das gerações. 

4.1) Atualmente as artes são sete: cinema, fotografia, dança, literatura, escultura, pintura e teatro. Se Roma foi fundada sobre sete colinas, uma nação que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento se respalda através destas sete colunas da verdade. 

4.2) Se estas sete colunas cantarem o belo desta civilização na forma de sinfonia, isto servirá de caminho até Roma. Mas isto não deve partir do Ministério da Cultura, mas do mecenato de pessoas que estabeleceram atividades econômicas organizadas e que servem a pátria e a Cristo através de seu trabalho como empreendedor. 

4.3.1) A comunidade precisa ser revelada através do trabalho de quem ama a Deus sobre todas as coisas, financiado igualmente por quem ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. 

4.3.2) Isto deve servir de testemunho e de evangelização, pois o nosso país foi fundado para servir a Cristo em terras distantes, tal como estabelecido em Ourique - esta é a razão de ser da nossa liberdade. Fora disso, a vida não tem sentido. 

4.3.3) É dentro desta missão que se busca o senso de estética que melhor reflita esta razão de ser - e isso influirá em todos os matizes da vida social, a ponto de formar homens íntegros. É isto que separa o integralismo português, que é bom, do nazismo alemão, que é mau, uma vez que esta doutrina odiosa se funda na superioridade racial, na divisão do mundo entre eleitos e condenados, fundado na heresia protestante.

5) Eis a relação entre prestação de serviço através do comércio e governo - a plutologia aponta para o estudo do belo, a mãe da estética, a causa do bem comum, uma vez que o belo aponta para a verdade, que é o fundamento da liberdade, do senso de servir a Cristo em terras distantes, a ponto de construir um império de cultura de modo que o Santo Nome Jesus seja conhecido em todas as partes do mundo.

José Octavio Dettmann

Como a guilda dos escritores pode dar origem à guilda dos notários e dos registradores, em razão da expansão da sua atividade, visando ao bem da civilização a que serve

1) Como a escrita tem a função de registrar, além da guilda de escritores, ela também deu causa à formação da guilda dos notários e dos registradores, gente ligada à classe governamental, capaz de arquivar e administrar os interesses governamentais relativos à vida dos cidadãos, a ponto de promover a integração de negócios públicos e privados e assim promover o bem comum.

2) A guilda dos notários e dos registradores surge da associação dos secretários que serviam aos príncipes das casas reais européias ou a autoridades por eles comissionadas. Eram uma associação de classe onde se aprendiam as técnicas de secretariado e onde se trocavam informações importantes sobre o que os príncipes pensavam. Por isso, muitas discussões políticas aconteciam ali, como em toda guilda. 

3) Muitos notários e registradores se especializavam em diplomática e se tornavam funcionários consulares de confiança de reis e príncipes da Europa.

4.1.1) O processo de uma guilda desmembrar-se em uma outra guilda era o mesmo processo de uma expansão de um império. Sempre que uma nova cidade era fundada, os novos habitantes guardavam vínculos com os habitantes da antiga cidade. 

4.1.2) A mesma coisa se dava entre a guilda dos notários e registradores e a guilda dos escritores. O desmembramento não se dava por razões de divergência de opiniões, mas para melhor aproveitar as oportunidades que foram abertas em razão da expansão da civilização, a ponto de surgir novas carreiras derivadas de uma carreira mais antiga - por isso, a expansão guardava o princípio da concórdia entre as classes. 

4.2.1) Em razão disso, informações entre as guildas eram trocadas, a ponto de o conhecimento se disseminar através do espírito de corpo das guildas, influindo assim no tecido social de maneira operativa através de novos usos e costumes.

4.2.2) O registro dos escritores era estocado na biblioteca e isso acabava fomentando ciência política, ciência jurídica e outros temas correlatos, o que motivou o desenvolvimento da universidade, na Idade Média.

José Octavio Dettmann

Notas sobre a questão dos distritos culturais como base da complexidade econômica

1) A academia é o lugar onde se discutem os problemas da sociedade em que vivemos. É lugar também de formação de filósofos, pois é lá que se aprende a pensar. Por esta razão, é a casa da filosofia.

2) Se pensar é uma atividade especulativa, a ponto de a academia ser contada como se fosse uma guilda de estudantes, então surgem guildas operativas que transformam o pensamento em arte. Eis a guilda dos escritores, a guilda dos artistas, a guilda dos músicos, dos cineastas e dos escultores. A associação da academia com as guildas operativas que produzem as artes do belo cria um distrito cultural. 

3) Uma investigação genuína da realidade, sem ideologia, tende a criar um projeto filosófico, uma tradição filosófica de tal modo que a cidade que a abriga tal projeto se torna a capital de uma comunidade revelada fundada na busca da Verdade. Eis aí Atenas como uma das bases do Cristianismo,junto com Roma e Jerusalém.

4) Se a busca por conhecimento se fundar por afetação ou por vaidade, ou com intuito de se obter ainda mais poder, então a comunidade será imaginada de tal modo a se justificar tal pretenso poder. E um ministério da cultura será criado de modo a se financiar todo de tipo de narrativa falsa, fundado no que se conserva de conveniente e dissociado da verdade.

5.1) O Brasil tem ministério da cultura porque é muito forte entre nós a sandice de que fomos colônia de Portugal. 

5.2) Essa narrativa de que fomos colônia é mentirosa - nenhum documento constante na Biblioteca Nacional consta o nome colônia, mas estado, terra, principado ou vice-reinado.

5.3) Se houver uma investigação a sério da documentação portuguesa, a tendência é o Brasil e Portugal serem uma só nação, pois o que se fundou por conta da missão de servir a Cristo em terras distantes não pode ser dissolvido por conservantismos anticristãos e antimonárquicos.

José Octavio Dettmann

Notas sobre o processo de investigação do conhecimento disperso na sociedade através dos assuntos nela discutidos

1) Algumas pessoas gostam de discutir política, enquanto outras discutem arte; outras discutem economia, história, teologia, culinária, receitas de cozinha, moda, esportes e entretenimento em geral. Por essa razão, todo leitor tem seu livro e todo livro tem seu leitor, por conta da diversidade de interesses.

2.1) O bom escritor deve ser versado em um certo número de assuntos, a ponto de ser um polímata. 

2.2.1) Para falar bem sobre uma determinada matéria, ele precisa estudar antes de falar. E para escrever bem sobre algo, ele precisa coletar histórias - e isso ele só consegue conversando com pessoas que tenham interesse neste tipo de assunto. 

2.2.2) As conversas precisam ser as mais produtivas possíveis, de modo que produzam muita reflexão e que induzam a uma investigação acerca da questão que está sendo discutida, de modo a vermos se ela aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus ou se ela tem um fim vão, fundado na estupidez humana, fundada neste animal que mente e que conserva o que é  conveniente e dissociado da verdade, em razão do pecado da vaidade, a base da soberba. 

2.2.3) Em todo o caso, esta investigação profunda acerca do que está sendo discutido pode produzir uma grande obra literária, uma vez que o escritor adentrou a alma humana através do tecido social de tal maneira que nenhum sociólogo foi capaz de fazer. E para isso, ele usou a observação e o bom senso, conservando o que era conveniente e sensato, o qual aponta para a verdade, a qual remete à dor de Cristo na cruz pelo perdão de nossas faltas. 

2.2.4) Essas observações, esses dados, acabam gerando impressões e imagens, o que acabará influindo decisivamente na cultura de um povo, a ponto de chamar os leitores da obra para aquilo que não pode e não deve ser esquecido.

3.1) O processo de observação da alma humana a partir do que está sendo feito e discutido pede muito amor à sabedoria. 

3.2) Trata-se de uma constante pesca de homens na terceira margem no rio de tal modo que eles não esqueçam aquilo que precisa ser observado, uma vez que o filósofo não bebeu das águas da aletéia, que estão envenenadas. Por esta razão, o trabalho do escritor é o trabalho operacional do trabalho do filósofo - é a sua vara de pescar. 

3.3.1) É desejável que todo filósofo saiba escrever bem, mas nem todo bom filósofo é necessariamente bom escritor. Para isso, ele deve ter secretários que sejam bons escritores e que façam este trabalho por ele. 

3.3.2) Por isso que havia sempre uma guilda de escritores próxima às academias. Ela era a parte operativa daquilo que se especulava na academia, uma vez que os dons são desiguais. Suas atividades se completavam, servindo assim ao bem comum.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de junho de 2020 (data da postagem original).

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Notas sobre o despertar deste Cristo-príncipe chamado filósofo

1) Você se torna um bogaty, um Cristo-príncipe, uma pessoa que ficou rica de conhecimento sobre as grandes verdades da vida fundada na conformidade com o Todo que vem Deus, quando Deus envia Cristos necessitados de conhecimento de modo a serem melhores a cada dia, os ubogis, os portadores da pobreza evangélica, a quem Deus tanto preza.

2.1) Dar instrução a quem não tem é um ato de misericórdia espiritual, um serviço fundado no amor. Eis aí Deus chamando você para este nobre trabalho.

2.2.1) Além da instrução, você deve dar bom conselho, consolar os aflitos, repreender os ricos em má consciência, a ponto de pararem de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade e assim se tornarem biednys, pessoas que se acham salvas de antemão, mas que terminam seus dias no inferno, por conta da malvadez da fortuna, das muitas posses que têm. 

2.2.2) É repreendendo os ricos em má consciência que se evita um dia que muitos, na extrema pobreza, terminem se desesperando por conta de sua própria miséria, por conta de haverem perdido a esperança. Afinal, a essência do biedny é ser como o filho pródigo.

2.2.3) É por conta da desesperação que o biedny, o despossuído material, acaba se tornando exército de reserva da Revolução em marcha, a ponto de se tornar lumpemproletário. 

2.2.4) É por meio do bedny, do que vive segundo a carne, segundo o espírito desesperado dos tempos atuais, completamente esvaziado de sentido, que se tem o aggiornamento da mentalidade revolucionária, a ponto de se tornar uma ameaça permanente a cada dia que passa.

3) A missão do filósofo é cuidar dos Cristos necessitados e não deixar que este rebanho que lhe foi confiado se perca por conta da astúcia do lobo. É o maior trabalho que um leigo pode fazer. Não é à toa que muitos deles terminam sendo pessoas consagradas em razão disso.

José Octavio Dettmann

Como construir laços profundos através do serviço

1) Quando uma pessoa qualquer sente que tem muito a ganhar contigo e você sente que não tem nada a ganhar com ela de imediato, faça dessa relação uma prestação de serviço. O maior interessado é o cliente: em troca do tempo que vai deixar de estudar para instruir esta pessoa, você será remunerado. Nada mais justo do que isso. Este é o germe do pacto da mútua assistência, o começo de tudo.

2) Nesta relação de serviço, é preciso ser gárgula: vá servindo verdade até o ponto onde o conservantismo da pessoa bater. Quando esse conservantismo bater, a pessoa irá embora, mas deixará um pouco de dinheiro, que será usado no desenvolvimento da sua atividade intelectual organizada. Se a pessoa se interessar por mais verdade, a relação tenderá a ser ainda mais profunda, a ponto de evoluir numa sociedade ou numa amizade.

3.1) No caso de mulher, o estudo acabará se tornando a melhor forma de se passar a vida a dois. Pela minha experiência, não há nada mais romântico do que o estudo, pois você conhece a alma da pessoa amada melhor naquilo que você sabe fazer de melhor, mas poucos casais fazem isso. 

3,2) Até o surgimento do Netflix (ou da sua versão pornográfica Meteflix), o programa de 10 entre 10 casais era o cinema. Hoje, isto é uma realidade inconcebível, ainda mais nestes tempos de peste chinesa.

4.1) Quando você conhece a alma da pessoa amada, a relação de serviço acabará evoluindo para uma amizade, e daí para um namoro e um casamento, posto que você deu tudo que tinha pelo bem do interessado, da pessoa amada

4.2) Se esta pessoa for leal a você, a ponto de amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, esta pessoa será crucial no seu projeto de vida. Se você toma o Brasil como um lar em Cristo, a ponto de servir a Ele em terras distantes, então traga esta pessoa para trabalhar com você em seu apostolado fundado na santificação através do trabalho. Não só sua esposa mas também todos os amigos que você acumulou ao longo do caminho. 

José Octavio Dettmann