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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Símbolos podem ser costurados - notas sobre a evangelização pelos símbolos

1) Loryel fala que símbolos não migram.

2) Mas se eu tomo a Polônia como meu lar em Cristo tanto quanto o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, eu acabo necessariamente criando as pontes que fazem da pátria de São João Paulo II e da Santa Faustina Kowalska uma nação vigária na missão de servir a Cristo em terras distantes, uma vez que a nação titular deste trabalho sacerdotal foi seqüestrada pela maçonaria, desde que houve o Regicídio em Portugal. E com isso um mar oceano da misericórdia foi aberto, de modo que a missão de servir a Cristo em terras distantes não tenha fim.

3.1) Se crio a ponte entre os dois povos, a ponto de estarem juntos por conta dessa missão, eu acabo costurando os símbolos, integrando-os.

3.2) A parte branca da bandeira da Polônia receberá a esfera armilar e o escudo de Portugal referente aos cinco reis mouros derrotados, em referência às cinco chagas de Cristo, cuja redenção do gênero humano foi comprado com trinta dinheiros através da cruz. Com isso, ela será tanto parte do Reino Unido Portugal, Brasil e Algarves por conta dessa missão quanto é livre por direito próprio, posto que não se submete a nenhum império de domínio a não ser o que foi fundado por Cristo, a ponto de ser um Império de Cultura, rejeitado pelos apátridas de 1822, com o nome pervertido de independência do Brasil.

3.3) A costura desses símbolos é um indício de comunidade revelada, um tipo de evangelização. Alguém que tomou ambos os países como um mesmo lar fez essa ponte, a ponto de fazer dessa aliança a santificação de seu trabalho. Por isso mesmo, o nacionista, mais do que um diplomata, é um pai de família, uma pessoa do povo, um gênio que descobre sua própria profissão sem inventá-la, pondo-se a serviço de Cristo, principalmente quando tem Portugal e o mundo português fundado no mitologema ouriqueano por berço.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2020.

O amor romântico é uma agiotagem

1) O verdadeiro amor perdoa tudo, pois o amador enxerga na coisa amada o espelho de seu próprio eu. Se ele busca a perfeição, ele incentivará a coisa amada a fazê-lo, a amar a rejeitar as mesmas coisas tendo o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem por fundamento. Só por isto esta união não se dissolve, pois ela se funda Deus - e por se fundar em Deus ela é producente, a ponto de se estabelecer uma família, que é a base da sociedade. E a verdadeira riqueza de uma nação está nas famílias bem estruturadas, que amam a Deus sem medida.
2) Os românticos, que amam egoisticamente os outros só porque atendem aos seus interesses egoístas, fazem exigências fundadas ricas no amor de si até o desprezo de Deus. Não perdoam o erro, por serem incapazes de remover a trave que há bem diante de seus olhos. Por amarem mais a si mesmos do que a Deus, eles fazem do amor uma agiotagem, a ponto de praticarem usura. A cobrança constante e o ciúme fazem com que a relação não dure muito tempo, a ponto de tudo terminar em divórcio.

3) O amor romântico, a usura, a pornografia, a prostituição, todos estes assuntos estão relacionados. São elementos de uma sociedade cansada, que já não contempla as coisas do alto, posto que buscou coisas improdutivas, fundadas na riqueza tomada como um sinal de salvação. Por isso mesmo, a sociedade do espetáculo é uma sociedade regida pelo cansaço, dirigida pela classe ociosa, que faz da diversão a razão de ser da sua vida, pois par ela Deus está morto.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2020.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Como se combate a pornografia?

1) Na sociedade do espetáculo, onde a liberdade foi servida de modo a relativizar a verdade, o sexo se tornou um espetáculo, onde o bonito é para ser visto, negando este princípio: em tudo o que é belo Deus coloca um véu.
 
2) O sexo pornográfico existe como um contraponto à moral puritana, comumente chamada de moral burguesa. Quando se serve ao Deus do dinheiro, é preciso que se renuncie aos prazeres desta vida, incluindo o sexo. Por isso, a abstinência sexual dos puritanos é uma falsa leitura da criação, pois ela se basta em um mero preceito. Por isso que a pornografia explodiu nos EUA como uma revolução sexual, como uma revolução de escândalo.

3.1) Em termos salvíficos, o sexo é um fenômeno da criação, é um espetáculo contemplativo fundado no amor de Deus onde um homem e uma mulher juntam suas almas ao juntarem seus corpos, a ponto de formarem uma família. Não foi à toa que Deus colocou um véu aí, pois é um mistério a ser contemplado - e a vida precisa de mistérios.

3.2.1) Assim como o casamento na Igreja costuma ser documentado na forma de um evento, esse encontro através do sexo pode ser documentado também, mas isto fica dentro da seara da família, como parte da cultura familiar, uma vez que a vida privada é um ambiente sagrado e reservado - e ninguém de fora da família deve lançar olhos curiosos sobre a vida dos dois. 
 
3.2.2) Se minha esposa é o objeto do meu amor, então o registro desse encontro do meu corpo e da minha alma com o corpo e a alma dela produzirá uma bela obra de arte, cuja memória desse amor só fará sentindo para quem viveu nesse ambiente familiar. 
 
3.2.3) Ao contrário da pornografia, todo encontro com minha esposa só renova meu amor por ela - e se esse encontro for registrado em filme ou em fotos, ele tenderá a ser inesquecível, uma vez que se tornará obra que aponta para Deus acerca da beleza da criação. Por isso que fazer filmes desses encontros com a mesma mulher nunca será cansativo - o que seria pecaminoso é expor o amor verdadeiro, a intimidade do casal a quem tem intenção de vender isso como se fosse pornografia.
 
3.3.1) Se estou sem idéias e vejo as fotos dos meus encontros com a minha esposa de modo a atender as finalidades precípuas da criação, aí eu me sinto inspirado a criar obras que realmente agradam a Deus.
 
3.3.2) Trata-se de uma cultura de intimidade familiar, de uma cultura de liberdade com um fim muito bem definido na verdade, sem mencionar que constituem a contracultura necessária ao combate à pornografia, pois dá justa destinação ao sexo como encontro de duas almas que se amam, além de produzir uma excelente obra de arte que faça com que tal evento não seja esquecido.
 
4.1) É preciso que haja uma consciência muito bem formada nessa direção, pois ela forma uma cultura.

4.2) Se a pornografia promove o adultério, o que move a cultura do divórcio e a abolição da família, então a contracultura implica produzir obras de arte relativas ao sexo como encontro fundado no verdadeiro amor, a ponto de fazer desse encontro obras de arte, a ponto de serem relíquias, tesouros de exemplos para a família.
 
4.3) Afinal, só se destrói uma coisa falsa substituindo por outra fundada na verdade. E o segredo é dar a justa destinação ao sexo na sociedade, assim como a justa destinação à documentação desse encontro enquanto cultura de família, enquanto cultura de liberdade, própria da intimidade do casal que se ama.
 
José Octavio Dettmann
 
Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2020.

Como dar justa destinação à sociedade do espetáculo?

1.1) Sobre os malefícios da televisão como ferramenta de cultura de massa, nós temos estes dois livros: homo videns e a sociedade do espetáculo. Tudo o que é voltado para o nada, para o vazio, passou a ser objeto de atração - e isso serviu aos propósitos revolucionários.

1.2) Nestes dois livros, as coisas estão muito bem documentadas, posto que a televisão foi ao longo do século XX um poderoso instrumento de construção de comunidades imaginadas, fundadas no homem, pelo homem e para o homem como se este fosse o senhor de seu próprio destino e não Deus.

2.1) Para se combater o liberalismo e o comunismo é preciso que a verdade seja fundamento da liberdade. É preciso que as coisas recebam a sua justa destinação.

2.2) Qual é seria a justa destinação de uma televisão? Fazer do belo um espetáculo, uma experiência inesquecível. Se é voltado para toda a sociedade, isso edifica uma civilização. Exemplo disso, são os concertos de música erudita.

2.3.1) Quando é voltado para o âmbito das famílias, isso amplia ainda mais o amor. Exemplo: assistir sua namorada ou esposa escrevendo algo inteligente, com a possibilidade de corrigir seus erros, enquanto ela escreve.

2.3.2) A atividade intelectual voltada para Deus se torna um espetáculo para os que dela participam e os que estão nela envolvidos passam a se admirar constantemente, o que gera um amor verdadeiro. Não há amor mais verdadeiro se esse amor não se tornar um fenômeno, um espetáculo pessoal, um exemplo de cultura pessoal a ponto de se tornar uma experiência inesquecível para quem participa da experiência.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2020.

Da TV como monitor - relatos da minha experiência pessoal

1) Antes mesmo de surgirem canais onde assisto remotamente alguém jogando uma partida de videogame, meu pai, nos anos 80, conectou a TV da sala, por onde jogávamos o MSX (o nosso primeiro computador), à televisão da copa da nossa antiga casa. Cansei da assistir às partidas de meu irmão no computador.

2) Com a maturidade que tenho hoje, eu naquela época poria o videocassete pra gravar e estudaria o que meu irmão estava fazendo, como forma de melhorar meu jeito de jogar. Infelizmente, não tive essa visão naquela época porque era imaturo.

3.1) Com a TV sendo monitor de computador, eu acompanharia o artigo que minha esposa estaria escrevendo e ainda diria se estava bom ou não, visto que estudo a dois é uma forma de amor. Eu a ajudaria em traduções de textos, digitalizações e muitas outras coisas, fora que eu assistiria minha esposa a escrever e escrever bem.

3.2) Assim o homo videns passa ter uma finalidade produtiva, pois passo a assistir quem está escrevendo e também assisto o belo sendo construído bem diante dos meus olhos, letra por letra, parágrafo por parágrafo. E ver com finalidade produtiva é contemplar, pois isso aponta para o belo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2020.

Como preparar um quarto para a vida intelectual e contemplativa

1) Se seu quarto tem função de escritório, é sempre importante que haja uma boa cama para se dormir, além de uma boa mesa para se trabalhar e se alimentar.
 
2) Além de afastar o cansaço, a cama também te propicia momento de meditação e de relaxamento. Sempre que não tenho nada a falar ou quando estou estressado, eu vou pra cama, fecho o quarto, ligo o ar condicionado e começo a meditação. Entro num momento de paz e tranqüilidade, uma vez que esqueço as coisas do mundo e passo a me concentrar nas coisas de Deus, a ponto de voltar a escrever.

3.1) Para um escritor profissional, a vida contemplativa é uma necessidade - é através do silêncio, que é próprio da meditação e do estudo, que se é possível cavar nas profundezas da alma de modo a sondar experiências tão necessárias para se escrever sobre alguma coisa, sejam essas experiências próprias ou alheias.

3.2) A sabedoria vale mais que o petróleo e não é uma ideologia, posto que aponta para Deus, a verdade - é a prova cabal de que o silêncio fala algo bom e producente, uma vez que Deus fala através de fatos, palavras e coisas - e todas elas marcham na disciplina férrea do silêncio.

4) Em termos de economia voltada para a salvação, é fundamental que seu quarto seja povoado com livros para estudos sérios acerca das coisas de Deus e dos homens; uma boa cama para se dormir e para se meditar; uma boa mesa para se trabalhar ou para se alimentar de maneira improvisada, dependendo da ocasião; um guarda-roupas com roupas modestas e não muitas; um bom computador para se trabalhar e ar condicionado, para afastar o calor do verão ou para tornar o ambiente propício para uma boa meditação, quando se é preciso. Outras coisas podem ser acrescentadas - em termos de experiência pessoal, você só precisa apenas do mínimo necessário para que sua vida contemplativa fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus seja a mais produtiva possível. Não é preciso muito luxo - o que é preciso é que o ambiente seja produtivo para a vida intelectual, a qual se funda em Deus.

5) Se o seu cônjuge gosta de estudar tanto quanto você, o quarto de casal pode ser perfeito para esse ambiente de estudo. Para mim, não conheço melhor forma de construir uma vida a dois senão através do estudo. A cama de casal permite o encontro das almas através do sexo, pois nada é mais amoroso do que uma conversa inteligente, em Deus fundada.

6) A única coisa que não pode haver neste ambiente a dois voltado para as coisas de Deus é uma televisão sintonizada em canal pornográfico - aí o ambiente salvífico é desperdiçado. É melhor que nem haja televisão, a não ser que ela sirva de monitor para o que está sendo feito no computador.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2020.

domingo, 26 de janeiro de 2020

Notas fundadas a partir das minhas experiências literárias

1) Não tenha medo de escrever várias notas de base por dia, todos os dias.

2.1) Sempre que puder, leia seus escritos. Se você perceber uma conexão entre uma nota de base e outra, faça uma síntese a ponto de juntar os dois textos, de modo a formar um texto maior, coerente e objetivo.

2.2.1) Durante o processo de síntese, alguns pontos podem ser acrescentados, de modo a enriquecer ainda mais a história.

2.2.2) O objetivo é sempre o mesmo: escrever algo que aponte para Deus, para um dado da realidade, seja ele pessoal, seja ele decorrente dos problemas sociais de seu país ou do país da pessoa amada, se esta pessoa mora fora do Brasil, por exemplo. É na síntese, fundada na compreensão da realidade, que tomamos várias coisas como um mesmo lar em Cristo, já que apontam para a mesma verdade.

2.3.1) Ao longo do tempo, diferentes textos de base são escritos e diferentes sínteses são feitas partir dos textos-base. Sempre que encontrar uma relação entre as sínteses, junte tudo. Diga tudo o que for necessário, mas não torne o texto muito longo e cansativo.

2.3.2) É vital para o escritor o esvaziamento de si mesmo - e a luta contra o clichê é uma luta contra a vaidade, contra o que se conserva de conveniente e dissociado da verdade.

3.1) No meu último ano de segundo grau, quando comecei a estudar a poesia de João Cabral de Mello Neto. Ele costumava ser chamado de "o arquiteto das palavras".

3.2.1) Se isso aconteceu à poesia, então a prosa também pode ser arquitetada. As histórias são construídas ponto a ponto, ao longo do tempo.

3.2.2) Para se tomar um país como um lar em Cristo, você precisa fazer das palavras material de construção - se você dominar a sintaxe e a gramática, você poderá fazer uma bela casa no Céu sem necessariamente fazer uma torre de Babel através da verborragia, com o intuito de desafiar a Deus. As moradas no Céu e a pressa em habitá-las começam a existir a partir do momento que começam a ser imaginadas - e isso precisa sair da escrita de um bom escritor, que deve trabalhar tal como um agricultor cultiva os campos.  Este é o verdadeiro processo de construção de uma comunidade revelada a partir da cultura, do constante chamado para se servir a Cristo em terras distantes, tal como se deu em Ourique.

3.2.3) O bom escritor não é Sérgio Naya, nem Odebrecht. Tudo o que é dito tem seu devido peso e devida proporção - a verborragia, fundada na vaidade, leva ao superfaturamento e à corrupção desta obra.

3.2.4) Se houver uma economia de material por conta da vaidade, então haverá uma economia de signo porca por conta desse superfaturamento, que é a verborragia - o que faz com que todo o trabalho seja voltado para o nada, já que a obra não servirá a Deus e à eternidade, mas ao efêmero, a ponto de ser uma caricatura grotesca do artista que a projetou - o que denuncia a verdadeira falsidade do que ele foi em vida, tal como foi Oscar Niemeyer com suas construções horrendas. Um verdadeiro horror metafísico, um verdadeiro monumento à liberdade servida com fins vazios, o que não passa de uma grande estupidez.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 2020.