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sexta-feira, 27 de julho de 2018

A monarquia é o marco de decadência das civilizações?

Haroldo Monteiro:

1) A monarquia já é o inicio da queda e não um marco de conquista civilizacional.

2) O fim do governo dos santos, dos virtuosos e dos nobres sempre coincide com inicio de uma monarquia e essa culmina desastrosamente em uma democracia quando inevitavelmente a oligarquia triunfante manda cortar a cabeça real assumindo o domínio de um corpo sem cabeça que agora, desde o oculto será, até a emersão de um Cesarocrata, governado por farsantes e mandaretes de um poder real que se esconde atrás da falsa afirmativa de que o poder emana do povo.

José Octavio Dettmann:

1) Não seria a tirania, a forma pervertida da monarquia, o início da queda civilizacional de uma nação inteira? É sempre quando há tirania que os regimes descambam nessas loucuras que decorrem da Revolução Francesa.

2) Se a monarquia não se fundar no altíssimo, ela tende a ter a um fim em si mesma, a ponto de fazer do homem a medida de todas as coisas. E aí ela já descamba na sua forma pervertida, a tirania

Haroldo Monteiro: 

1) A monarquia é, na verdade, o crepúsculo e não a aurora de um civilização. É só observarmos a história de Israel e a história cristã para verificarmos isso.

2) O fato de todas as monarquias declinarem e dar início a um processo de ascensão de uma oligarquia triunfante depõe a respeito do fato de que a monarquia é a conseqüência da perda de substância espiritual, como se fosse aquele momento o ponto final de um movimento que se fazia por pura inércia, sem uma vitalidade movente interna. É diferente dos tipos de governo em que o poder político gravitava em torno de uma autoridade espiritual bem consolidada, como a dos governantes santos, virtuosos e nobres.

3.1) Se entendermos um processo histórico civilizacional como se fossem fases formando um ciclo de ascendência e descendência no que concerne a formação do poder social em sua unidade, então verificamos, nas mais diversas civilizações, fases bem distintas da formação do poder político no qual a monarquia se apresentará como uma forma conseqüente desse desenvolvimento. Ela em si não é a forma que dá unidade espiritual ao ciclo, mas uma forma que sempre se apresenta no inicio do processo de descendência do ciclo.

3.2) As fases mais conectadas a Deus são as que correspondem as fases teocráticas. Ela se inicia com a figura mística de um iluminado, tal como se deu em Israel com Moisés, no islã com Maomé, no Cristianismo com o próprio Cristo, em Rama entre os árias etc.
3.3) A segunda fase do período teocrático começa com a morte dos primeiros homens iluminados. E é neste ponto que entramos na fase do governo dos homens virtuosos, onde um grupo de discípulos mais próximos receberam daqueles a essência mesma do poder que seus fundadores iniciaram. Em Israel temos Josué e os juízes; no cristianismo, com os apóstolos etc. É a chamada fase aretocrática, pois vem de de areté (virtude)

José Octavio Dettmann: Eu discordo. E digo o porquê:

1) A Idade Média foi a época em que os homens mais cooperaram com Deus. A monarquia era o regime da maioria dos povos da Cristandade. Se houve crepúsculo, então isso se deu a partir da Renascença e com a retomada do neopaganismo.

2) Esse neopaganismo certamente retirou todo o transcendente do regime, a ponto de decair numa monarquia imanente, como podemos ver nas monarquias liberais. No caso do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o germe revolucionário veio de fora para dentro, pois Portugal conservou o dogma da fé, como bem disse Nossa Senhora, em Fátima. Digo isso por conta da invasão da França a Portugal, bem como por conta da penetração das idéias da maçonaria no seio da sociedade, nos mesmos moldes do gramscismo.

3)  Há uma tese do Joathas Bello, que tive a liberdade de reproduzir em meu blog, que aponta que a ciência moderna nasceu do casamento do pensamento cristão com o islâmico, a tal ponto que a fé começou a ser substituída pela razão, que passou a ser tomada como se fosse uma espécie de religião. Essa ciência moderna tornou-se o sistema de crença dessa nova religião, a ponto de haver uma tecnocracia, pois a administração do Estado tomado como se fosse religião tornou-se uma ciência, a ponto de estar sempre a serviço das ideologias dominantes.

4) Acredito que deva ser por conta dessa penetração da filosofia islâmica que ela começou a perverter tudo, desde o regime até a alta cultura. Esta é a fumaça de Satanás. á há quem fale nesse negócio de Crislã, de Cristo submetido a Maomé.

5.1) Enfim, Haroldo, o problema dessa sua explicação é que ela se resume a uma só causa, pois faz da degeneração da monarquia método geométrico, a ponto de desaguar num determinismo ou fatalismo histórico (isto está na Teoria Geral dos Descobrimentos Portugueses).

5.2) Jaime Cortesão, citando John Stuart Mill, nos alerta acerca dessas explicações que reduzem tudo a uma única causa. Deve haver muitas outras causas concorrentes, como a questão da ciência moderna ou mesmo a retomada do neopaganismo - e isso não pode ser desprezado.

5.3) Só aí é que você explica a perversão da monarquia em tirania - e da tirania vem a democracia moderna, que prepara o caminho para o cesarismo. Em si, sem essas forças concorrentes, a monarquia continua sendo virtuosa, pois Aristóteles falou que ela é uma forma virtuosa de governo, pois serve a Deus.

José Octavio Dettmann: que livros você andou lendo sobre isso?

Haroldo Monteiro:

1) Trata-se de uma composição tendo por parte algumas fontes, porém todas elas articuladas em torno da teoria do ciclo cultural do Mário Ferreira dos Santos. O texto matriz dessa idéia está nos seus "Aspectos dos ciclos culturais". 

2) É incrível como pelo menos a fase da hierocracia, aretocratica e aristocracia oriunda de aristo (dos melhores) existem em todas as civilizações, até onde eu pude verificar. Na monocracia, que é a ascensão de um monarca, começa o afastamento de todos aqueles que compunham o núcleo dos poderes anteriores. Na monarquia, por um vicio inexorável dessa mesma, ocorre a revolução oligárquica da qual o soberano monarca era um dos melhores.

Facebook, 27 de julho de 2018 (data da reprodução do diálogo neste blog).

https://web.facebook.com/harolalm/posts/2280896701935600

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Tomar o país como se fosse religião tem cunho gnóstico

1) Quando uma nação é tomada como se fosse religião - em que Deus está morto e tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele -, a História desse domínio é pautada por eras de nacionalismo e salvacionismo, uma vez que essa nação não é livre de modo a ser tomada como um lar em Cristo, a ponto de ter sua razão de ser n'Ele, por Ele e para Ele.

2.1) Novas constituições são escritas quando o senso de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade entra em crise, seja por conta da corrupção do pecado, seja por conta das constantes contradições fundadas nas falsas promessas, em que se promete uma coisa e se faz outra.

2.2) Enfim, nesse país tomado como se fosse religião, a mentira é a razão de ser desse país, uma vez que se inventou a alegação de que ele foi colônia de um país ibérico e católico, que serviu a Cristo em terras distantes, por força do milagre de Ourique (no caso, Portugal). E com base nessa mentirosa alegação de que foi colônia de Portugal, foi buscar a grandeza por si, imitando o grande irmão do norte, a ponto de ter o mesmo destino que o filho pródigo, tal como vemos na Bíblia.

3) O país teve 7 ou 8 constituições, sendo a primeira no Império secedido do Reino Unido, marcando a transição para esta República, este inferno em que nos encontramos hoje. Olhando para todos estes fatos, isto explica o argumento de Ernest Gellner, mas é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.1) As explicações de Gellner sobre as eras de nacionalismo tendem a ser explicações panenteístas, a ponto de resumir esse senso a uma única causa, sempre fatalista. O ciclo é uma linha reta, com começo e fim nela mesma, já que o fim da pólis é a própria pólis - o que é uma concepção marcadamente neopagã, gnóstica, uma vez que se trata de um sistema fechado. 

4.2) Da crise do conservantismo da situação anterior vem um senso de tomar o país como se fosse religião, que e feito de tal maneira a reescrever a constituição e reedificar a ordem nacional a partir do zero. E nesse ponto, a nova ordem é sempre pior que a antiga ordem constitucional. Basta ver a experiência republicana brasileira, ao longo desses quase 130 anos.

5.1) Esta é a mesma impressão que eu tive do artigo que meu colega Haroldo Monteiro escreveu, quando disse que a monarquia é o começo do fim de uma civilização, não sua aurora, tal como se deu em Ourique.

5.2) Esta explicação só tem sentido num mundo quinhentista e divorciado daquilo que se fundou em Ourique, marcado por um mundo em que os eleitos foram agraciados com a República (os EUA) e os condenados imitados a imitá-la (Brasil e os demais países ibero-americanos). Enfim, isto não procede, pois não faz sentido.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de julho de 2018.

Paulo Manuel Sendim Aires Pereira:   

1) O Brasil foi um país que já nasceu recusando duas constituintes populares. As elites queriam ser as campeãs da democracia, mas quando esta não foi de acordo com a sua vontade simplesmente a ignoraram. Primeiro, recusaram a constituinte democrática do Império porque não queriam se submeter à vontade dos deputados da metrópole. Depois fizeram uma constituinte só com brasileiros, mas também acabaram por recusá-la. 

2) A tática da elite dominante foi quase sempre a mesma: dominar aparentando democracia e manipular o povo por força disso. Tem sido assim até hoje.

Gilmara Farias:  Sete ou oito constituições é muita coisa. Este fator fragiliza a credibilidade de uma nação.

José Octavio Dettmann: É o que dá tomar o país como se fosse religião. Se ela não está presente diante do Senhor, do Crucificado de Ourique, que credibilidade terá? Eis porque o professor Olavo fala tanto da cultura de fingimento que há por aqui,

Gilmara Farias: Essa inconstância dá medo em qualquer investidor.

José Octavio Dettmann: Exatamente.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Notas sobre o perigo de se estudar o panenteísmo

1) O problema dessas explicações que buscam a unidade transcendental das religiões está no fato de que todas as religiões são boas, são verdadeiras. Se todas as religiões são boas, elas dispensam a pessoa de Jesus, a ponto de se reduzirem a uma bondade operativa, fundada no fato de se conservar o que é conveniente e sensato, como se o homem não tivesse sido marcado pelo pecado original, como se essa barafunda entre o sensato e o insensato não existisse.

2) A verdade é uma só, pois só no Cristianismo é que encontramos um Deus que veio até nós, na pessoa de seu Filho muito amado, de modo a nos salvar do pecado. Como Ele é a verdade em pessoa, então Ele tem a realeza em pessoa, e essa realeza nunca entrará em colapso, pois Ele venceu a morte. Por isso, tudo o que se fundar na conformidade com o Todo que vem de Deus jamais entrará em colapso, uma vez que o Salvador feito Homem garantiu que o mal não destruirá a Igreja, assim como o acessório que segue a sua sorte: a civilização cristã.

3) Quando se busca a unidade transcendental das religiões, então tudo se reduz a uma só causa, a ponto de apontar a monarquia como o começo do crepúsculo da civilização, e não sua aurora, jogando na lata do lixo todas as lições de Aristóteles sobre as formas virtuosas e viciosas dos regimes políticos, por conta de estarem ou não em conformidade com o Todo que vem de Deus. Isso necessariamente leva a uma linha inexorável de decadência e morte, como se Deus estivesse morto. E quando admitem que Ele não está morto, então dizem que temos um Deus que simplesmente não age - uma explicação deísta, o que é tipicamente maçônico.

4) O problema dessas explicações é que elas dispensam o milagre e a renovação da verdade por essas forças extraordinárias de ação que decorrem de um Deus onipresente. Essas explicações negam as fundações do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves decorrentes de Ourique, pois são fatalistas. Eis o verdadeiro perigo desses estudos panenteístas - eles são relativistas. Afinal, as idéias têm conseqüências - e essas conseqüências são nefastas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2018.

A verdade sobre o absolutismo

1) Nas monarquias cristãs, Deus, por intermédio da Igreja, está acima do Rei. Isso é a prova cabal de que o Rei é vassalo de Cristo, servidor da Igreja da qual o Papa é vigário. O Estado estava na pessoa do Rei, que imitava a Cristo em sua realeza. Não é à toa que a Igreja coroava o Rei. Só em casos muito especiais, como em Ourique, que vemos o próprio Cristo escolher o vassalo, tal como se deu com D. Afonso Henriques e todos os seus sucessores.

2) Quando dizem que Deus está morto ou Ele é um delírio, então é nessas horas que temos um Estado absolutista, uma tirania, pois tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.

3) Há muito mais absolutismo numa República bananeira do que na monarquia daqueles tempos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2018.

Quando o saber é parte integrante do amor cortês

1) Na Idade Média, o símbolo do amor cortês eram as flores, sobretudo rosas. Até hoje, a maioria das mulheres preferem rosas (isso se não estão empoderadas, contaminadas por esse vírus que é o feminismo).

2) A cortesia é um gesto nobre e sublime, pois indica amor que transcende o tempo, o que agrada a Deus. Isso não se aplica tão-somente às rosas, mas também aos livros, aos artigos ou outra coisa que contenha saber.

3) Quando o saber é partilhado entre os amantes, então ele produz algo muito mais profundo do que a mera cortesia, que tende a reduzir as pessoas às suas ações, a ponto de ter seu conteúdo esvaziado e se tornar insincero. Se o saber for parte do conteúdo do amor cortês, então isso gera uma espécie de cortesia qualificada, que produz não só mais saber como também uma família cuja vocação é a busca do saber, já que isso aponta para a conformidade com o Todo que vem de Deus.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2018.

Dos componentes da soberania de uma nação - o caso do sistema de pesos e medidas

01) Tal qual a moeda, o sistema de pesos e medidas tem que ser confiável.

02) Assim como a moeda mede a força da economia de um país, o sistema de pesos e medidas de uma nação se torna confiável, não só pela sua precisão, mas também porque possibilita relações comerciais justas e duradouras, o que facilita e muito a tarefa de se tomar o país como um lar. É servindo ao comércio que ele se torna confiável.

03) Onde cada povo tem a sua verdade, os padrões serão diferentes, a ponto de haver conflito de interesses.

04) Se os povos são autodeterminados por conta da vontade de Cristo, já que Deus distribui a cada povo um papel específico de modo a que possa servir bem à causa de Cristo no mundo, então um acordo, uma conciliação é possível. E isso se inclui a questão dos pesos e das medidas.

05) É verdade que pesos e medidas representam a soberania de um país, tal qual a moeda corrente. Mas essa soberania não pode ser exercida de modo a que cada povo a viva tal qual a sua verdade, pois a sabedoria humana dissociada da divina é soberba, pecado capital. Os pesos e medidas nacionais, tal qual a moeda nacional, devem ser reflexo de um país tomado como se fosse um lar e não como uma religião.

06) Os povos que melhor servirem à causa de Cristo têm o direito natural de espalhar sua influência a todos os outros que queiram tomar o seu país também como o seu lar, embora tal desejo esteja sendo impedido por conta de governos seculares tirânicos que tomam o país como se fosse religião, governando de costas para as tendências da nação. Esses povos vão buscar a proteção de um povo santo ou vão se associar a ele como províncias vassalas e tenderão a contribuir muito para a cultura deste país de santos a que tanto buscam ajuda.

07) Quando o país é tomado como se fosse um lar, as relações tendem a ser mais cordiais e os padrões adotados se consolidam nos costumes.

08) Da mesma forma como o governo não pode perverter esse senso manipulando a moeda, ele também não pode manipular os pesos e medidas, de modo a prejudicar a população, roubando no peso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2014. (data do rascunho)

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2018. (data da publicação)

domingo, 22 de julho de 2018

Como o distributivismo ajuda a aumentar a realidade das coisas, a ponto de estimular as pessoas a viverem a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus?

1) Outro caso de realidade aumentada seria o seguinte: se eu fosse agraciado por Deus com a riqueza, a ponto de ser um bogaty, a melhor forma de incentivar meu filho a estudar é pagando-lhe 50 reais a hora estudada.

2) Se meu filho se dedicar a estudar e a compreender a verdade das coisas, a ponto de viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, no final ele ganha 400 reais após um dia árduo de estudo. Após terminar a universidade, ele terá capital suficiente para abrir uma empresa.

3.1) O pai que ama seu filho, a ponto de incentivá-lo a estudar e premiá-lo com dinheiro, por conta do esforço, está praticando distributivismo.

3.2) Se a pessoa se sente recompensada realmente pelo esforço dispendido, então ela vai encontrar prazer no estudo, já que seu trabalho está sendo recompensado. Ela não precisa tomar placebo, a ponto de suportar a maldição que é o estudo, uma vez que a riqueza se tornou uma espécie de salvação para os condenados, para os biednys. Até porque o biedny, se tiver a riqueza na mão, vai querer se elevar e assumir o lugar de Deus, a ponto de ser esmagado como uma barata.

3.3) É preciso ser ubogi, antes de ser um bogaty - é da pobreza evangélica, própria do humilde, do que vive em conformidade com o Todo que vem de Deus, que Deus capacita o pobre a ponto de ser agraciado com a riqueza, que vai ser usada de modo a promover o bem comum.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2018.

Postagem relacionada:

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