1) Lendo textos mais antigos, sobretudo do tempo do Império e do início da república, fica óbvio que o estilo dos autores faz com que as pessoas tenham desgosto de ler: textos empolados, numa linguagem não muito clara.
2) Não sei o que acontece, mas sei que muita gente confunde falta de clareza com elevada cultura, tornando o texto chato, pouco agradável de ler.
3) Se escrever é serviço e isso implica servir aos outros por caridade e por amor ao próximo, isto é, aos poucos que no futuro serão muitos, então a linguagem deve ser reta, direta e objetiva. Pois é pelo distributivismo literário, fundado na aristocracia, que temos a verdadeira democracia, no sentido cultural do termo.
4) A restauração da linguagem implica republicar os autores mais clássicos num estilo de escrever mais claro, necessariamente falando. Não nos moldes daquela cretina que estava a destruir a obra de Machado de Assis, mas num jeito em que as pessoas venham a entender a idéia central do texto, de modo a que isso instigue a imaginação das pessoas. A real função de um texto de literatura é instigar a imaginação - e o manejo da língua deve ser feito de tal forma a que todas as coisas façam sentido.
5) Quando a população já estiver razoavelmente informada e com a imaginação devidamente cultivada, aí é que lentamente introduzimos os elementos da linguagem original que foram perdidos pela entropia, de modo a que isso enriqueça a cultura das pessoas. E o português imperial deve ser posto como uma opção alternativa ao português simplificado - ele deve ser feito em liberdade servida por caridade, em oposição à determinação legal imposta que destrói a nossa cultura e imaginação. Seria muito sensato que os textos fossem publicados tanto nessa forma antiga como na nova, de modo a que as pessoas aprendessem, pela comparação, a escrever do modo como nossos ancestrais escreviam.
6) De nada adianta uma ferramenta rica em léxicos, se o povo é pobre de imaginação e incapaz de manejar isso com alta precisão e perspicácia. A informação essencial deve vir primeiro e só depois é que acrescentamos o resto.
7) Parafraseando Sid Meier, a primeira coisa a se fazer é construir textos divertidos, agradáveis e fáceis de ler. Só depois é que acrescentamos o resto, os elementos mais complexos.