01)
Quando se estabelece com sucesso a diferença entre conservadorismo e
conservantismo, o primeiro termo se enriquece no seu verdadeiro
significado, pois os homens mais nobres servirão a Cristo, evangelizando
e servindo aos seus semelhantes naquilo que realmente conhecemos. Os
verdadeiros conservadores conservam a dor de Cristo, que morreu por
todos nós na cruz, de modo a que os nossos pecados fossem perdoados.
02) Como conservadores, nós conservamos e semeamos a sabedoria divina
entre nós, que não é a deste mundo. Pois a verdade não precisa ser minha
ou sua para ser nossa - não há conservadorismo sem que haja bom serviço à causa da verdade, pois a verdade é o fundamento da liberdade. E a verdadeira liberdade, óbvio, está em Cristo.
03) Quando conservamos as lições de
Jesus, nós exigimos dos nossos representantes que estão no Congresso que
não traiam a verdade sagrada e consagrada per seculum seculorem. Só
assim teremos ordem livre, espontânea, estável - é sob o signo da
não-traição que teremos força para se tomar o País como sendo o nosso
lar, assim como forças para cumprir a missão a que Cristo nos legou, ao
aparecer ao nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques, em Ourique.
04) Restaurado devidamente o significado do conservadorismo, o conservantismo, o que sobra, é o seu espectro mais perverso. Por isso, nunca deve ser tomado como sinônimo de conservadorismo, pois o coservante nem sempre conserva a verdade - o conservante revolucionário conserva o que convém, pois perverte o sentido da verdade das coisas de tal modo a que o bom direito se torne um odioso preconceito.
05) Se conservarmos o que for conveniente e dissociado da verdade, estaremos caindo no problema do malminorismo, coisa profundamente anticristã. Se acreditarmos sistematicamente na balela liberal do malminorismo, estaremos correndo o risco de tirar de Cristo o seu lugar de Direito: o de ser o protagonista de nossa pátria. E a pátria é a janela para o mundo das nossas virtudes e defeitos.
06) Sem Cristo, a nação é tomada como se religião fosse. A relação deixa de ser nacionidade e passa ser a de nacionalidade - e a lei que rege os homens não será mais a lei perpétua e boa de Deus, mas a lei do Estado em dissonância com esses valores, que muda constantemente com a passagem dos homens pelo poder ao longo do tempo. Sintoma claro e perverso de totalitarismo, onde nada é permanente. Onde as fundações não são de rocha sólida, tudo desaba - e é por essa razão que somos, de certo modo, forçados a duvidar de tudo, o que nos leva a uma cultura de niilismo, que precisa ser combatida.
07) O malminorismo dá causa ao mais básico dos esquerdismos: o conservantismo
08) Desnecessário dizer que o libertarismo nasceu de uma tradição que ousou negar a autoridade da Igreja. O libertarismo nasceu do protestantismo. Por isso, os protestantes estão à esquerda do pai, na escala mais básica.
09) Mas o libertarismo possui uma faceta tão reprovável quanto o malminorismo: a anarquia. Ele sempre aponta que o Estado é o maior dos problemas. Quando se corrompe o Estado na função de garantir a segurança de um povo de dizer o direito de modo a que se sirva paz, ordem e segurança, a serviço de Cristo, aí ele se torna um problema grave. Quando eles corrompem o sentido de liberdade, eles corrompem todo o aparato instrumental feito para se servir ordem.
10) Os libertários têm dentro de si o germe totalitário. E sua ganância dá causa a algo muito pior, que é o socialismo, esses cupins que matam uma árvore até torná-la oca.
11) A linha entre conservantistas, libertários e totalitários é bem tênue. Um revolucionário moderado não demorará muito para ser um revolucionário radical. Basta que haja um tradição em se semear radicalmente o mal que os moderados se tornam radiciais, pois o mal deriva da sabedoria humana, marcada pelo pecado original.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2014.