1) Os Padres do Deserto eram felizes - para sobreviver à aridez do deserto, precisavam estar em conformidade com o Todo do deserto - e agindo assim, estavam em conformidade com o Todo que vem de Deus. Como Deus controla o deserto, o deserto era generoso com eles, pois Deus é generoso. E a vida contemplativa ficava fácil, pois é só você e Deus, numa relação de amizade e cooperação. Eis o fundamento da vida monástica, pois é a pátria do céu tomada como um lar na sua forma mais concreta. E o que é a vida em sociedade virtuosa senão a imitação daquilo que se edificou nos mosteiros?
2) Para se edificar sabedoria neste deserto urbano em que vivo, não basta só viver em conformidade com o todo que se dá Deus, pois este deserto se funda em sabedoria humana dissociada da divina. Para se bem viver nele, é preciso semear consciência e estar atento, de modo a que você se associe a quem ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.
3) Aqui, é preciso saber ajuntar tesouros, de modo a poder sobreviver, pois há o problema da mentalidade de massa, da falsa cultura de se tomar o país como se fosse religião, coisa que nos ameaça constantemente de nos afastar daquilo que é conforme o Todo. Sem os amigos adequados, morreremos, pois as pessoas perderam a noção de Deus. Enfim, este deserto é mais inclemente do que o deserto de verdade.
4) Para ser um Padre do Deserto Urbano, há que se tomar o país como um lar em Cristo - é preciso ser a voz que fala do deserto, mesmo que não te ouçam. Mas Deus é o jardineiro - ele cuida dessa planta e uma floresta frondosa nasce onde só havia selva de pedra, onde só havia árvores ocas.
5) Nos vários desertos sistemáticos que compõem a pátria, o país vai sendo restaurado. E é com a fé de um Padre do Deserto que você aprende a servir a Cristo nestas terras distantes.
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