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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Corredor Franco Zofri–Brasil: sobre a urgência da uniformização do regime de drawback na Argentina

Introdução

Em um cenário sul-americano cada vez mais interdependente, a integração econômica entre os países do Mercosul e do entorno imediato (como Chile e Bolívia) demanda mais do que acordos de livre comércio: exige convergência nos regimes fiscais e aduaneiros. Um exemplo concreto dessa possibilidade é a criação de um corredor franco terrestre entre o Brasil e a Zona Franca de Iquique (ZOFRI), no Chile, passando pela Argentina, e viabilizado pelo uso de lockers logísticos fronteiriços e pela uniformização do regime de drawback argentino ao modelo brasileiro.

A proposta é clara: transformar a Argentina em elo funcional entre a ZOFRI e o Brasil, utilizando sua infraestrutura rodoviária e sua posição geográfica privilegiada, por meio de um regime aduaneiro moderno que permita a reexportação sem tributação.

1. O regime de drawback: diferenças entre Brasil e Argentina

O regime de drawback é um instrumento consagrado de estímulo às exportações. No Brasil, ele pode assumir as formas de suspensão, isenção e restituição de tributos sobre insumos importados ou adquiridos no mercado interno, desde que empregados na fabricação de bens a serem exportados. Já na Argentina, a situação é diferente: o país opera apenas com o modelo de restituição posterior, que devolve tributos pagos apenas após o processo de exportação estar concluído.

Essa diferença de abordagem representa um gargalo logístico para qualquer tentativa de integração regional mais profunda, pois impede que a Argentina atue como hub de reexportação em trânsito aduaneiro, tal como ocorre no Brasil. O modelo argentino é excessivamente restritivo, burocrático e desalinhado com as tendências modernas de comércio internacional.

2. O acordo de livre comércio Brasil–Chile: uma oportunidade desperdiçada

Desde a entrada em vigor do Acordo de Livre Comércio entre Brasil e Chile, em 2022, há base jurídica robusta para o trânsito facilitado de mercadorias entre ambos os países. No entanto, a ausência de fronteira direta entre os dois países limita a eficácia plena desse acordo. É aí que a Argentina surge como peça-chave: ao servir de corredor terrestre, pode conectar a produção chilena (incluindo a Zona Franca de Iquique) ao consumidor final brasileiro.

Porém, a viabilidade dessa rota depende diretamente da adoção, pela Argentina, de regras similares às brasileiras, especialmente no que se refere ao regime de drawback com suspensão ou isenção de tributos. Caso contrário, qualquer produto em trânsito pela Argentina corre o risco de ser onerado tributariamente, perdendo a competitividade e inviabilizando o modelo logístico.

3. A proposta: um Corredor Franco Zofri–Brasil via Argentina

A proposta aqui apresentada é a criação de um Corredor Franco Trinacional, com trânsito terrestre entre Chile e Brasil via Argentina, ancorado nas seguintes premissas:

  • Entrada temporária de mercadorias oriundas da ZOFRI no território argentino, em regime suspensivo;

  • Armazenagem em lockers ou entrepostos logísticos nas províncias de Jujuy, Salta ou Tucumán;

  • Reexportação ao Brasil sem nacionalização na Argentina, nos moldes do entreposto aduaneiro brasileiro;

  • Uso de lockers dos Correios ou estruturas similares como pontos de conexão logística;

  • Enquadramento sob um regime de drawback uniforme no Mercosul, tal como estabelecido pela Decisão CMC 10/21, já incorporada à legislação brasileira por meio do Decreto 11.896/2024.

4. O papel dos lockers no corredor franco

A utilização de lockers logísticos como pontos de entrega ou armazenagem aduaneira (EADI-light) pode transformar as fronteiras em portais francos operacionais, especialmente em regiões com alto fluxo de e-commerce e logística reversa.

Esses lockers seriam operados por agentes logísticos certificados, com autorização para operar sob regime suspensivo, viabilizando:

  • A triagem, consolidação e reexportação de mercadorias;

  • A integração digital com sistemas aduaneiros (via DUE no Brasil e AFIP na Argentina);

  • O atendimento a pequenas e médias empresas exportadoras.

A aplicação desse modelo em cidades como Foz do Iguaçu, Uruguaiana ou até mesmo Tabatinga representaria um avanço logístico sem precedentes.

5. Estratégia de lobby para mudança legislativa na Argentina

Para viabilizar essa transformação, é necessária uma articulação técnica e política, envolvendo:

  1. Governo argentino, especialmente a AFIP e os ministérios da Produção e das Relações Exteriores;

  2. Federações industriais brasileiras e argentinas, como FIESP, CNI, UIA;

  3. Câmaras binacionais de comércio;

  4. Governos provinciais de Jujuy, Salta e Tucumán, interessados em reativar suas economias pela via da reexportação;

  5. Organismos multilaterais, como o SELA, ALADI e CAF.

O objetivo central desse lobby seria convencer a Argentina a regulamentar internamente as modalidades de suspensão e isenção de tributos no regime de drawback, tal como já adotado pelo Brasil.

6. Benefícios esperados

A uniformização dos regimes aduaneiros permitiria:

  • Maior integração logística no Cone Sul;

  • Redução de custos operacionais para exportadores;

  • Estímulo à formalização de micro e pequenas empresas fronteiriças;

  • Fortalecimento do comércio eletrônico regional;

  • Consolidação de um eixo comercial bioceânico (Pacífico–Atlântico), com valor estratégico para o continente.

Conclusão

A criação de um Corredor Franco Zofri–Brasil por via terrestre, passando pela Argentina, é uma proposta realista, legalmente embasada e economicamente vantajosa. No entanto, para que ela se concretize, é fundamental que a Argentina reforme seu regime de drawback, alinhando-se aos padrões do Brasil e do Mercosul.

O momento é propício. Há acordos vigentes, há rotas viáveis e há tecnologia logística suficiente para transformar lockers em instrumentos de transformação econômica. Falta apenas vontade política e articulação técnica. É hora de agir.

Lockers e reexportação: como a Argentina pode usar a Zofri para abastecer o Brasil pela tríplice fronteira

A instalação de lockers dos Correios em pontos estratégicos do território brasileiro — como São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Natal, Foz do Iguaçu e Santana do Livramento — pode criar as bases para uma geoeconomia logística que transcende fronteiras nacionais. Esses pontos funcionam como portas de entrada do país, permitindo a integração de novas formas de comércio, inclusive entre países vizinhos. A Argentina, em especial, pode tirar grande proveito dessa malha, tornando-se um hub intermediário de reexportação de produtos oriundos da Ásia e do Chile para o mercado brasileiro.

🔁 O caminho da reexportação via lockers

A operação é simples, mas exige engenharia jurídica e logística. Produtos importados da Ásia ou adquiridos na Zona Franca de Iquique (Zofri), no norte do Chile, chegam ao território argentino por via terrestre, atravessando os Andes. Em vez de serem consumidos na Argentina, esses produtos são enviados para lockers instalados na fronteira com o Chile, em cidades como Mendoza, Salta ou Jujuy, funcionando como entrepostos temporários.

De lá, os produtos seguem para a tríplice fronteira, mais precisamente para Puerto Iguazú, onde a Argentina poderia instalar lockers voltados à reexportação para o Brasil. Em Foz do Iguaçu, os Correios brasileiros já mantêm lockers operacionais, que poderiam receber essas remessas como encomendas internacionais de baixo valor, isentas de impostos federais conforme a legislação vigente para remessas de até US$ 50.

Assim, o consumidor brasileiro realiza a retirada diretamente no locker nacional, sem precisar lidar com as complexidades da importação tradicional.

💰 Vantagens tributárias e logísticas

1. Zofri (Zona Franca de Iquique – Chile)

  • Produtos chegam do exterior com isenção de impostos de importação.

  • Possibilidade de compra por atacado, com preços altamente competitivos.

2. Argentina como intermediária

  • Regimes de drawback ou reexportação podem ser utilizados para isentar ou reduzir os encargos locais.

  • O transporte terrestre entre Chile e Brasil, via Argentina, evita o frete internacional aéreo direto, o que reduz drasticamente os custos.

  • A Argentina passa a desempenhar o papel de plataforma logística regional, explorando sua posição geográfica como corredor bioceânico.

3. Brasil como destino final

  • A entrada dos produtos pelos lockers dos Correios pode ocorrer dentro das regras de remessas internacionais de baixo valor, respeitando os limites de isenção tributária.

  • Em vez de processos caros de importação, o consumidor brasileiro recebe seu produto via locker, com rastreamento, segurança e simplicidade.

🌍 Implicações geoeconômicas

Esse tipo de operação cria uma nova configuração do comércio sul-americano, baseada não apenas em tratados formais, mas na inteligência logística e na infraestrutura digital. O locker, nesse contexto, deixa de ser apenas um ponto de retirada para se tornar uma ferramenta geopolítica.

Ao multiplicar seus próprios lockers, a Argentina pode atrair o comércio chileno e asiático, canalizando a demanda brasileira com eficiência. Com isso, o país vizinho acumula capital logístico, ganha protagonismo regional e cria oportunidades para pequenos e médios empreendedores.

🧠 Conclusão

A combinação entre:

  • as zonas francas de importação (como a Zofri),

  • os regimes aduaneiros inteligentes da Argentina,

  • e a infraestrutura de lockers dos Correios no Brasil

abre espaço para um novo tipo de comércio: a reexportação via lockers. Essa modalidade pode integrar ainda mais os países sul-americanos, tornando as fronteiras menos barreiras e mais pontes para o desenvolvimento mútuo.

Enquanto as burocracias aduaneiras demoram a se adaptar ao mundo digital, a logística já encontrou uma brecha inteligente para acelerar a integração continental.

Locker dos Correios em Manaus: ponte estratégica com os Estados Unidos e vetor de um comércio trilateral com a Espanha

 A instalação de um locker dos Correios em Manaus, especialmente próximo ao Aeroporto Internacional Eduardo Gomes ou dentro da agência aeroportuária, representa uma medida estratégica de grande impacto para o comércio e a logística internacional. Manaus está a apenas cinco horas de voo direto de Miami, tornando-se um elo eficiente entre o Brasil e os Estados Unidos — especialmente para o brasileiro residente na Flórida, que busca conciliar praticidade, legalidade e vantagem fiscal.

Modelo de uso: brasileiro na Flórida, locker em Manaus

O residente brasileiro na Flórida pode:

  1. Comprar produtos com nota fiscal brasileira (online ou física),

  2. Solicitar a entrega em um locker dos Correios em Manaus,

  3. Retirar os itens pessoalmente e levá-los de volta aos EUA,

  4. Garantir a isenção de impostos brasileiros, desde que o valor esteja dentro da cota de US$ 500 para viagens aéreas.

Com o dólar cotado a R$ 5,54, isso significa mais de R$ 2.700,00 em compras legais e isentas — um estímulo evidente ao comércio de alto valor agregado, como eletrônicos, artigos de luxo, medicamentos e cosméticos.

Detaxe no e-commerce e a proposta de integração com a Global Blue

Caso a legislação brasileira venha a permitir a aplicação do detaxe no comércio eletrônico, o consumidor internacional poderia recuperar o ICMS da compra mesmo sem comprar presencialmente. Com isso, o locker se tornaria o ponto de conexão entre:

  • Tributação digital reduzida,

  • Logística automatizada, e

  • Roteiros de turismo de compras.

Se os Correios fossem privatizados ou passassem a operar sob modelo de franquias, essas unidades poderiam se integrar à Global Blue ou empresas similares, especializadas em reembolso tributário internacional. A franquia poderia operar como ponto de coleta, certificação e envio de documentação de detaxe digital, como já ocorre na Europa.

Reflexo direto: Flórida como “Delaware tropical”

Nos Estados Unidos, o sales tax (imposto sobre vendas) varia por estado. A Flórida, embora cobre esse imposto, poderia se tornar — por meio dessa dinâmica — um Estado de isenção prática para o brasileiro que traz produtos com nota fiscal brasileira e uso pessoal já documentado, sem necessidade de pagar sales tax adicional, como já ocorre em Delaware, que não cobra imposto estadual sobre consumo.

A legalidade da operação se apoia no fato de que os produtos já entram nos EUA como bens pessoais com valor inferior à cota de importação e, portanto, não se sujeitam à tributação estadual americana. A economia total, somando ICMS brasileiro + sales tax americano não pagos, torna o negócio altamente competitivo.

Integração com a Espanha: comércio trilateral

A Espanha entra nesse jogo por uma razão decisiva: o país permite o detaxe a partir de qualquer valor, e os reembolsos são céleres e fáceis de solicitar. Assim, se o brasileiro residente na Flórida comprar produtos na Espanha com nota fiscal e solicitar o reembolso do IVA, ele pode:

  • Trazer os produtos à Flórida sem pagar sales tax,

  • Combinar com produtos obtidos em Manaus via locker e detaxe de ICMS,

  • Montar uma rede de circulação legal, econômica e cultural de bens entre Espanha, Brasil e EUA.

Tabatinga: ZFM como alicerce de um corredor livre de impostos

A cidade de Tabatinga, na tríplice fronteira com Colômbia e Peru, já possui isenção de impostos federais por estar inserida na Zona Franca de Manaus. Com a instalação de um locker dos Correios na cidade, os benefícios se multiplicam:

  • Comércio com isenção total,

  • Recepção de produtos da Espanha e dos EUA via lockers ou redirecionadores postais,

  • Emissão de documentação nacional de venda com potencial detaxe de ICMS,

  • Envio interestadual para Manaus e posterior embarque legal para os EUA.

Tabatinga poderia, assim, tornar-se um laboratório do comércio livre na Amazônia, promovendo um modelo econômico de alta integração, respeito à legalidade e estímulo à circulação de capital e cultura — exatamente o oposto da informalidade e da contravenção que marcam algumas fronteiras.

Conclusão: o Brasil na engrenagem do novo comércio global

A instalação de lockers inteligentes, somada à reforma tributária inteligente (com detaxe digital no e-commerce) e à privatização dos Correios com franquias integradas à Global Blue, cria uma infraestrutura sólida para a circulação legal e rentável de mercadorias.

Brasileiros residentes no exterior tornam-se vetores de um novo tipo de comércio: aquele que combina identidade cultural, planejamento tributário e inteligência logística, conectando Manaus, Flórida, Tabatinga e Espanha em uma malha fluida de bens e valores. O Brasil, quando bem administrado, pode ser protagonista e não apenas fornecedor periférico no comércio global.

Locker dos Correios em Tabatinga: uma ponte estratégica entre Brasil, Colômbia e Peru

 Instalar um locker dos Correios na cidade de Tabatinga (AM) pode parecer uma medida simples à primeira vista. Mas, com uma análise mais profunda, percebe-se que se trata de uma solução altamente estratégica para ampliar o comércio, integrar economias locais e fortalecer a presença brasileira em uma das regiões mais sensíveis e promissoras da Amazônia: a tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

📍 Tríplice fronteira: Tabatinga, Leticia e Santa Rosa

Tabatinga é uma cidade brasileira que compartilha fronteiras diretas com:

  • Leticia, na Colômbia;

  • Santa Rosa do Yavarí, no Peru.

Na prática, o fluxo de pessoas e mercadorias entre essas cidades é intenso e contínuo. Embora pertençam a países distintos, elas formam um único espaço urbano interdependente, com famílias, negócios e até mesmo instituições que atravessam diariamente essas divisões geopolíticas. O comércio informal é vigoroso, mas há também um número crescente de empreendedores buscando formas legais de operar no comércio internacional de pequena escala.

🛃 Área de Livre Comércio: estímulo fiscal

Desde 1988, Tabatinga está inserida em uma Área de Livre Comércio (ALC), prevista pelo Decreto-Lei nº 288/1967 e regulamentada posteriormente para estimular o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental. Isso significa:

  • Isenção de impostos federais (II, IPI, PIS e Cofins) para produtos destinados ao consumo local;

  • Facilidade para importar produtos industrializados;

  • Incentivos ao pequeno varejo e à instalação de microempresas e MEIs.

Essas condições favorecem um tipo de comércio que une formalidade, baixo custo e acessibilidade. Um locker dos Correios aproveitaria essas vantagens, criando uma estrutura que organiza esse comércio e o vincula às plataformas digitais.

📦 O que é um locker dos Correios?

Trata-se de um armário automatizado, onde encomendas podem ser deixadas e retiradas com segurança e praticidade, sem a necessidade de entrega em domicílio. O usuário recebe um código no celular ou e-mail, digita no terminal do locker, e retira o pacote em poucos segundos.

Em locais de difícil acesso logístico, como Tabatinga, o locker funciona como um centro de distribuição compactado, permitindo que:

  • Produtos nacionais cheguem a consumidores locais;

  • Vendas online sejam entregues com rastreio e segurança;

  • Encomendas sejam retiradas por viajantes, comerciantes ou revendedores da Colômbia e do Peru.

🌍 Comércio transfronteiriço popular: um novo horizonte

Imagine o seguinte cenário:

  1. Um revendedor colombiano compra produtos no Mercado Livre Brasil, usando um endereço em Tabatinga;

  2. O produto é entregue no locker dos Correios;

  3. O comprador atravessa a fronteira a pé ou de barco, digita o código no terminal e retira sua mercadoria;

  4. Em Leticia ou Santa Rosa, ele revende os produtos com lucro.

Tudo isso de forma controlada, rastreável e simplificada.

Da mesma forma, empresas brasileiras podem vender para clientes colombianos e peruanos, desde que utilizem meios legais de exportação simplificada — algo perfeitamente viável com nota fiscal e cadastro de MEI.

🛒 Efeito de indução econômica: supermercados e empresas colombianas em Leticia

A presença do locker dos Correios também pode ter um efeito de indução econômica, atraindo empresas colombianas para atuar mais fortemente em Leticia, especialmente no setor de varejo e supermercados.

Isso acontece porque:

  • A legislação colombiana permite que seus cidadãos tragam até 500 dólares em produtos importados, isentos de imposto, desde que para uso pessoal.

  • Com um locker funcionando como hub de recebimento de produtos brasileiros, os consumidores colombianos têm acesso facilitado a bens mais baratos, variados e de melhor qualidade.

  • A tendência é que o consumo regional se uniformize, com produtos brasileiros ganhando espaço em Leticia e Santa Rosa, e empresas colombianas se adaptando para competir nesse novo cenário.

Com isso:

  • Supermercados colombianos podem se instalar em Leticia com estrutura logística e comercial fortalecida.

  • Pequenos comércios colombianos podem atuar como revendedores de produtos adquiridos no Brasil.

  • A concorrência saudável baixa preços, aumenta a oferta e estimula a formalização e integração econômica da região.

✈️ Infraestrutura disponível

Apesar de seu isolamento terrestre, Tabatinga conta com:

  • Aeroporto internacional com voos regulares para Manaus;

  • Porto fluvial no Rio Solimões, que interliga toda a Amazônia Ocidental;

  • Forte presença militar, policial e aduaneira, garantindo a segurança da região.

Essa estrutura permite a instalação e manutenção de um locker com o devido suporte técnico e logístico, mesmo em uma região remota.

💳 Tecnologia e integração digital

O uso do locker pode ser ainda mais potente quando combinado com:

  • Carteiras digitais com cashback, como Méliuz, Ame Digital, Cuponeria, entre outras;

  • Plataformas de pagamento internacional, como Wise ou Payoneer, que facilitam transações em diferentes moedas;

  • Marketplaces nacionais com entregas locais, como Amazon, Magalu, Shopee e Mercado Livre;

  • Microcrédito digital e fintechs locais, para estimular o empreendedorismo transfronteiriço.

⚖️ Aspectos legais e fiscais

A chave para o sucesso desse modelo está na convergência entre informalidade produtiva e regularização simplificada. Em outras palavras: oferecer meios práticos e baratos para que comerciantes locais e estrangeiros formalizem suas atividades mínimas, tornando-se MEIs, por exemplo, e operem como exportadores de pequena escala.

A Receita Federal já possui mecanismos para exportações simplificadas via Correios, inclusive com isenção de impostos federais para pequenas remessas. Isso pode ser fortalecido com:

  • Campanhas de orientação fiscal;

  • Acordos bilaterais com Colômbia e Peru;

  • Cooperação aduaneira em zona especial de comércio.

✅ Conclusão

A instalação de um locker dos Correios em Tabatinga se revela uma iniciativa de alto impacto:

  • Favorece consumidores brasileiros, colombianos e peruanos;

  • Estimula o empreendedorismo local e transfronteiriço;

  • Atrai empresas estrangeiras para operar legalmente na fronteira;

  • Multiplica as oportunidades de integração produtiva com benefícios mútuos;

  • Fortalece a soberania e a presença do Brasil na região com inteligência logística.

Mais que uma ferramenta de entrega, o locker se torna um símbolo de cooperação regional, inovação econômica e desenvolvimento estratégico sustentável.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Locker dos Correios em Foz do Iguaçu: uma solução inteligente para a Tríplice Fronteira

A cidade de Foz do Iguaçu, localizada no extremo oeste do Paraná, é internacionalmente conhecida por suas belezas naturais, como as Cataratas do Iguaçu, e por sua posição geográfica única: é o ponto de encontro entre Brasil, Paraguai e Argentina. No entanto, apesar de toda a sua relevância geopolítica e econômica, a cidade ainda carece de uma infraestrutura simples, porém estratégica: um locker inteligente dos Correios.

Em tempos de crescimento do comércio eletrônico, a ausência desse serviço em uma região de fronteira tão movimentada representa uma oportunidade desperdiçada, tanto para os consumidores quanto para o próprio Estado brasileiro.

O que são lockers dos Correios?

Os lockers dos Correios são armários automatizados que funcionam como pontos de retirada de encomendas. Disponíveis 24 horas por dia, oferecem praticidade, segurança e autonomia para quem compra pela internet, sem depender do horário de funcionamento de uma agência.

🚶‍♂️Facilidade para brasileiros que vivem no exterior

Considere um brasileiro residente no Paraguai. Ele mantém CPF ativo, conta bancária no Brasil e pode comprar normalmente em plataformas como Amazon, Shopee ou Mercado Livre. No entanto, a entrega direta para o exterior é cara, lenta e cheia de entraves alfandegários.

Caso exista um locker em Foz do Iguaçu, esse cidadão poderia:

  • Comprar online com seus dados brasileiros;

  • Escolher o locker como ponto de entrega;

  • Cruzar a fronteira usando seu passaporte ou identidade brasileira;

  • Retirar o pacote com facilidade e voltar ao Paraguai.

Essa operação, legal e simples, evita filas, custos de frete internacional e eventuais extravios.

🏪 Uma ferramenta para o microempreendedorismo de fronteira

Mais que uma conveniência pessoal, o locker pode funcionar como uma infraestrutura estratégica para pequenos negócios transfronteiriços, especialmente aqueles operados por brasileiros residentes na Argentina ou no Paraguai.

Como isso funciona?

  • Um empreendedor local pode abrir um MEI (Microempreendedor Individual) no Brasil, mesmo morando no exterior, desde que mantenha CPF ativo e endereço de referência.

  • Ele pode vender produtos de sua própria produção ou importados, utilizando plataformas brasileiras e contabilizando essas vendas como exportações.

  • O locker se torna o ponto logístico de apoio, seja para envio, seja para retirada por clientes de passagem pela fronteira.

Quais as vantagens?

  • Formalização da atividade comercial, com emissão de notas fiscais;

  • Declaração da receita ao fisco brasileiro, inclusive de lucros gerados no Paraguai, sem risco de bitributação, graças aos tratados internacionais assinados entre os países do Mercosul;

  • Acesso a crédito, benefícios previdenciários e segurança jurídica;

  • Integração entre o comércio informal da fronteira e o sistema tributário brasileiro, com benefícios para ambas as partes.

🌐 Diplomacia econômica silenciosa

Nesse cenário, o locker funciona como um microporto terrestre, democratizando o acesso ao comércio internacional em escala local. Ele facilita o trânsito de bens, fomenta a formalidade e transforma pequenas empresas em agentes de integração econômica regional.

Ao instalar um simples armário automatizado, os Correios podem:

  • Estimular a economia digital;

  • Favorecer o empreendedorismo regional;

  • Integrar a logística nacional a fluxos transfronteiriços;

  • Reforçar a presença do Estado brasileiro numa região estratégica.

🔒 Segurança, viabilidade e impacto social

Mesmo considerando as exigências de segurança e fiscalização típicas de zonas de fronteira, um locker dos Correios pode ser instalado com medidas adequadas, especialmente em locais já monitorados ou de grande circulação (como shoppings, postos da PRF, áreas comerciais, ou terminais rodoviários).

Além disso, o impacto social seria positivo:

  • Redução das filas nas agências locais;

  • Menor sobrecarga logística em entregas porta a porta;

  • Ampliação do acesso aos serviços postais, inclusive por turistas e trabalhadores temporários.

📌 Conclusão

A instalação de um locker dos Correios em Foz do Iguaçu vai muito além de uma comodidade para o consumidor. Ela representa:

  • Uma solução de baixo custo para integração econômica;

  • Um incentivo ao comércio eletrônico legalizado entre os países da tríplice fronteira;

  • Uma alternativa real para pequenos empreendedores que desejam formalizar suas atividades e crescer com segurança jurídica.

Em uma região onde a fronteira física é parte da vida cotidiana de milhares de pessoas, o Brasil precisa modernizar sua presença logística com inteligência e visão. E às vezes, isso começa com algo tão simples — e tão transformador — quanto um armário.

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Tęsknota, obraz i nadzieja: między Tupinambá a zasługami Chrystusa

Jeśli ktoś kiedyś zatęskni za mną, powinien przynajmniej nauczyć się patrzeć na świat oczami Tupinambá — ludu, którego duchowe spojrzenie sięga dalej niż wzrok cielesny. Dla nich tęsknota nie oznacza nieobecności, lecz przekształconą obecność. Kto tęskni, widzi drugiego w wyobraźni — i to właśnie w tym duchowym widzeniu objawia się trwanie wspólnoty, mimo oddalenia.

Jeśli więc nie jestem już obecny w tym świecie, to dlatego, że zostałem posłany, aby służyć Chrystusowi w dalekich krainach, jako żołnierz Królestwa. To odejście nie jest porzuceniem, lecz powołaniem. Zmierzam ku Ziemi bez Zła, jak by powiedzieli — ziemi sprawiedliwości i prawdy, gdzie nie ma bólu, żalu ani zepsucia. Tam są ci, którzy wiernie służyli Bogu. Tam spotkam ponownie profesora Olava i wielu innych, którzy wypełnili swój obowiązek w zasługach Chrystusa.

Tęsknota zatem powinna być żywym obrazem. Kto mnie kocha, niech mnie zobaczy — nie oczami ciała, lecz oczami ducha. Niech zrozumie, że nie odszedłem z powodu słabości, lecz z powodu misji. Niech pamięta, że każdy gest, każde słowo i każda cisza były ziarnami zasianymi na dzień Sądu Ostatecznego, kiedy wszyscy zmartwychwstaniemy i będziemy osądzeni — nie przez nasze własne zasługi, lecz przez zasługi Chrystusa, Jedynego Sprawiedliwego.

Na tym polega nadzieja: aby tęsknota była jak czyste lustro, w którym można dostrzec nie tylko tego, który odszedł, lecz także wieczny sens jego odejścia.

Saudade, Imagem e Esperança: entre os tupis e os méritos de Cristo

Se alguém, em algum momento, sentir saudades de mim, deveria ao menos aprender com a sabedoria dos tupis, cujos olhos da alma enxergam mais longe do que os olhos da carne. Entre os tupis, a saudade não é ausência — é presença transformada. Quem sente saudade vê o outro na imaginação, e é justamente nesse ver espiritual que se manifesta a continuidade da comunhão, ainda que à distância.

Pois se não estou presente neste mundo, é porque fui servir a Cristo em terras distantes, como um soldado enviado ao front do Reino. Essa partida, longe de ser abandono, é vocação. Estou a caminho da Terra sem Males, como eles diriam — aquela terra de justiça e verdade onde não há dor, nem lamento, nem corrupção. Lá estão os que serviram a Deus com fidelidade. Lá reencontrarei o professor Olavo e tantos outros que cumpriram com honra seus deveres, nos méritos de Cristo.

A saudade, então, deve ser imagem viva. Quem me ama, me veja — não com os olhos físicos, mas com os olhos do espírito. Que me veja como alguém que não foi embora por fraqueza, mas por missão. Que entenda que cada gesto, cada palavra e cada silêncio foram sementes lançadas rumo ao Juízo Final, onde todos seremos ressuscitados e julgados, não por méritos próprios, mas pelos méritos de Cristo, que é o único Justo.

Essa é a esperança: que a saudade seja como um espelho limpo, onde se veja, com clareza, não apenas aquele que partiu, mas o sentido eterno de sua partida.