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domingo, 22 de abril de 2018

Notas sobre esta eleição de 2018

1) Imagine a seguinte situação: a lei do voto impresso foi sancionada e o tribunal que garante o cumprimento da Lei das Eleições diz que não vai obedecer à lei, conservando de maneira conveniente o sistema eleitoral fraudulento, que se tornou um verdadeiro escândalo desde as eleições de 2014 (pra falar a verdade, desde que foi implementado, nas eleições de 1998 - a gota d'água se deu mesmo em 2014).

2) Some-se a isso o fato de que Bolsonaro está sendo tomado como se fosse religião e que muitos irão às urnas para votar nele, por meio dessas urnas fraudulentas, dessas maquininhas dos infernos. O professor Loryel mencionou que o messianismo do Bolsonaro está sendo fabricado pelo PT, por meio de estimulação contraditória, já que ele Lula são os dois lados da mesma moeda, como bem apontou o Marco Antônio Villa

3) O conservantista do Bolsonaro está dando causa para que a esquerda faça a impugnação das eleições; se isso acontecer, Bolsonaro será retirado da Presidência. Ele, se fosse mesmo patriota, tinha que denunciar a tentativa do TSE de descumprir a lei, mas o amor de si é tanto que conserva o que é conveniente e dissociado da verdade. E lá vamos nós de novo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 22 de abril de 2018.

sábado, 21 de abril de 2018

Sobre uma conversa que eu tive

Meu colega Arthur de Alencar me fez este comentário:

_ Dettmann, é a segunda vez que vejo você estabelecendo a diferença sobre dois termos aparentemente semelhantes (revolucionário e revolucionista). Fui pesquisar a palavra "revolucionista" e confesso que não consegui encontrar nada, nem mesmo no google. Ou eu estou diante de um idiota que usa dicotomias só para aparecer ou estou diante de um gênio que pensa a linguagem, que está muito a frente do tempo comum.

Aí eu disse a ele:

_ Essa diferença veio de uma reflexão do meu colega André Tavares e escrevi um artigo confirmando essa reflexão. Além disso, eu segui a dica do Olavo de pensar a linguagem e de não ser levado por ela. Por isso que levo muito a sério esse trabalho que faço, pois é de certa forma uma filosofia da linguagem. Se não levasse a sério o que faço, então quem levaria?

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 21 de abril de 2018.

Uma leitura da História do Brasil à luz do trabalho de René Girard

1) Para Platão toda arte derivava de imitação direta da natureza. Se a natureza é bela, então bela é a arte que copia a natureza.

2.1) Os gregos pensavam que é do belo que vem a noção de verdade, já que isso aponta para Deus.

2.2) Como a obra de Deus é bela, perfeita e acabada, então a conformidade com o Todo que vem de Deus aponta para a verdade, já que Deus se fez carne e passou a habitar em nós, por meio da Santa Eucaristia.

3.1) Aristóteles falava que a mimesis não é só cópia, mas também emulação - simulação de algo que decorre da realidade. 

3.2) Na peças de teatro, os dramas emulam situações reais ou possíveis de ocorrer dentro das possibilidades humanas, concretas ou futuras. Como a tragédia é cópia da natureza humana, da experiência humana decorrente a partir da queda de Adão, então a arte dramática tem fundamento edificador, enquanto a comédia tende a ser voltada para o divertimento.

4.1) Quando Deus disse a Adão e Eva para serem fecundos, de modo a ter domínio sobre todas as criaturas criadas por Deus, Ele fez de Adão e Eva modelos de excelência para toda a humanidade. 

4.2) Quando eles perderam a amizade com Deus, esta imitação ficou imperfeita, marcada pelo pecado original, dado que muitos passaram a conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.Todo um caminho precisou ser pavimentado até a chegada do segundo Adão, Jesus Cristo. Os que morreram na amizade com Deus e que falaram em nome d'Este, os profetas, todos eles falaram desse Messias que viria.

5.1) Quando este Messias chegou, percebeu-se desde cedo que Ele seria um enorme sinal de contradição no mundo.

5.2) Quando este modelo foi contraposto ao primeiro modelo, que foi corrompido pelo pecado, criou-se uma relação triangular e o verdadeiro Messias foi rejeitado por todos os insensatos, por todos os que conservaram o que era conveniente e dissociado da verdade: o modelo antigo, adâmico. Ele atraiu para si o ódio e a maldição de muitos, sendo preterido por Barrabás a ponto de ser crucificado por um crime que nunca cometeu, que é o de ser Rei dos Judeus.

5.3.2) No Antigo Testamento, o cordeiro sacrificado no lugar de Isaac já era uma prefiguração do Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.

5.3.3) Quando o Deus verdadeiro que decorre do Deus verdadeiro foi sacrificado na Cruz, no dizer de René Girard, ele acabou se tornando o novo modelo pelo qual os homens passaram a imitar, renovando definitivamente toda a criação. Todos os que vivem a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus passaram a ser livres em Cristo ao conservar a memória da dor de Cristo, já que a Páscoa significa a libertação decorrente da escravidão do pecado, a passagem definitiva do Senhor para este propósito salvífico.

5.3.4) Todos os homens que imitam a Cristo tornam-se virtuosos - e esse modelo é copiado a partir dos homens virtuosos em Cristo. Assim, a cópia do verdadeiro homem, que é também verdadeiro Deus, é distribuída a todos a ponto de Deus fazer Santa Habitação em cada ser humano. E nesse ponto, meu colega Haroldo Monteiro está certo em dizer que a vida vivida em conformidade com o Todo que vem de Deus é a verdadeira religião da humanidade.

5.3.5) Quando se conserva o que é conveniente e dissociado da verdade, o egoísta distribui o seu modelo a outro indivíduo e assim sucessivamente.

5.3.6) Quando o mundo está repleto de conservantistas, o modelo é deixado de lado. O vício é tomado como se fosse virtude - e para que a pessoa tenha sucesso, basta parecer ser o que não é, emulando o contrário do vício, que é a virtude.

5.3.7) Eis aí o efeito do protestantismo no mundo, a mais pérfida das heresias contra a Cristandade. É da ética protestante que vem a riqueza como sinal de salvação - e daí vem a cultura de liberdade para o nada que temos hoje em dia, a ponto de relativizar a verdade em pessoa, que é Jesus Cristo.

6.1) No mundo português, podemos ver uma inversão disso.

6.2) D. Afonso Henriques foi escolhido como vassalo de Cristo de modo a servir a Cristo em terras distantes. O Brasil foi fundado por desdobramento daquilo que houve em Ourique.

6.3.1) A partir de 1822, D. Pedro resolve romper com esse modelo, a ponto de ser como Adão. 

6.3.2) O Brasil se tornou uma nação anticristã e passou a viver na conformidade com o Todo que vem da maçonaria, vivendo uma mentira que nos foi ensinada como se fosse verdade, já que a História do Brasil é a falsificação sistemática de nosso passado, feita à revelia da documentação portuguesa.

6.4.4) Todo esse caminho que foi pavimentado vai fazer o país abraçar cada vez mais o protestantismo, a ponto de ser uma cópia perfeita dos Estados Unidos da América. 

6.4.5) Com base na mentira, o nosso imaginário vai sendo colonizado, a ponto de perder o amor pela verdade - o país não será tomado como se fosse um lar em Cristo por força de Ourique, mas como religião, em que tudo está no Estado e nada está fora dele ou contra ele. E o exercício desse governo totalitário será na forma do governo do povo, pelo povo e para o povo - e foi dessa forma que Jesus foi preterido por Barrabás.

6.4.6) Será que alguém terá que morrer no Brasil a ponto de se restaurar o que foi rompido em 1822? Alguém precisa servir de cordeiro para ser imolado, de modo que aquela verdade negada seja restaurada?

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 21 de abril de 2018.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Notícias minhas (3ª sexta-feira do Tempo Pascal)

1) Ao acordar, meu colega André Tavares me partilha uma reflexão que ele teve acerca da diferença entre revolucionário e revolucionista. Ele me perguntou se o que ele pensou fazia sentido. Escrevi um artigo não só confirmando o que ele disse, como também outras reflexões.

2.1) Sabe aquele negócio de que conversa puxa conversa? Enquanto respondia a ele, passou-me pela cabeça posts falando da teoria do desejo mimético de René Girard. 

2.2) Enquanto escrevia minha segunda postagem, eu havia me lembrado de uma pergunta que foi feita ao meu colega Roberto Santos: os desejos miméticos movem a economia? Cheguei a escrever uma consideração preliminar sobre isso, no meu terceiro artigo. Vou estudar isso mais a fundo. Nunca estudei esse antropólogo antes. Mas uma coisa é certa: me senti desafiado a responder a essa pergunta. Vou ver se consigo respondê-la adequadamente.

2.3) Acredito que no debate entre a Escola Austríaca de Economia e o pensamento marxista os austríacos conseguiram refutar o pensamento econômico de Marx tendo por base a questão dos bens concretos. No entanto, no campo da demanda por bens imaginários, fundados no amor de si até o desprezo de Deus - que fez do marxismo um cultura, uma religião, uma soteriologia -, eles perderam o debate e feio.

2.4) Com o tempo, com a coleta de informações, eu vou refletir melhor sobre a influência do desejo mimético na economia, pois sei que as coisas se darão no tempo de Deus. Como nunca li René Girard antes, então vou me guiar pelos que já o leram - este é o único atalho que conheço.

3.1) A origem da diferença entre bens concretos e bens imaginários está na Política, de Aristóteles. 

3.2) Carl Menger, em seus Princípios de Economia Política, negligenciou a questão desses bens imaginários, fundados no desejo desordenado de possuí-los, tal como vemos no paganismo. E esses desejos nunca são satisfeitos, pois se fundam num amor de si tão desmedido que Deus nunca é levado em conta.

3.3.1) Quando a Igreja condena a gula como pecado capital, o fundamento está justamente nisso, pois a comida, a bebida e o remédio podem ser vistos como bens imaginários e não bens concretos.  

3.3.2) Podemos falar que os que praticam feitiçaria têm um desejo insaciável por bonecos vodus, já que eles acreditam que estes podem ter poderes mágicos de modo que seu desejo de vingança seja plenamente satisfeito. 

3.3.3) Um boneco só não basta - enquanto tiverem dinheiro para gastar com essas coisas, eles farão isso sistematicamente até acabar o dinheiro. Se o comunismo dura enquanto durar o dinheiro dos outros, então o comunismo é como um boneco vodu.

3.3.4) O consumismo se funda nessa mesma lógica. O bem desejado deve ter algum poder mágico - e esse encantamento  é introjetado na mente através da propaganda. Num mundo que perdeu a fé, isso tem efeito análogo a de um afrodisíaco.
 
José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2018.

Notas sobre a relação entre a economia e a psicologia

1) Certa ocasião, enquanto revia as conversas do Roberto Santos de modo a publicar em meu blog, eu vi uma pergunta direcionada a ele e que não fora respondida: os desejos miméticos constituem a base da economia?

2.1) Eu me lembro de uma frase de Milton Friedman no seu livro sobre Teoria dos Preços, um pouco de ter vendido esse livro pro meu amigo Rodrigo Arantes: embora a economia lide com a satisfação dos desejos, a origem dos desejos a serem satisfeitos tem explicação psicológica - e sobre ela, não podemos nos pronunciar.

2.2) Achei essa fala do Friedman bem fora da realidade; como diria Alexander von humboldt, tudo está interligado.

2.3) Acho que isso merece uma boa investigação, com base aquilo que René Girard tem dito.

3.1) Há certas coisas vão além do pão, pois o homem também necessita da palavra de Deus.

3.2) Isso mostra que não basta só o atendimento de necessidades concretas materiais, fisiológicas - é preciso levarmos em conta as necessidades espirituais, uma vez que a Santa Eucaristia é alimento para a alma de modo que o maior número possível de pessoas se sustente no caminho da verdade, que é Cristo. Essas necessidades são tão concretas quanto as necessidades fisiológicas porque elas se fundam na realidade das coisas fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3.3) Não é à toa que o dado mais importante da economia não é a riqueza, mas o atendimento de todas essas duas necessidades de modo que as pessoas estejam prontas para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu. Afinal, o dinheiro é uma ferramenta neste objetivo - se tivesse um fim em si mesmo, a liberdade servida seria voltada para o nada.

3.4.1) Tomar o país como um lar em Cristo implica produzir para atender a essas duas necessidades, uma vez que a riqueza será usada para a construção do bem comum tendo por conta o fato de amarmos e rejeitarmos as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

3.4.2) Se a riqueza for vista como sinal de salvação, então a economia se torna uma falsa ciência.

3.4.3) Afinal, é impossível separar a organização da casa tomada como um lar em Cristo sem levarmos em conta o atendimento dos desejos que fazem o país ser tomado como uma escola que nos prepare para a pátria definitiva, que se dá no Céu. E, neste ponto, a opinião de pensadores como Milton Friedman está completamente errada.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2018.

Se a revolução é um bem para o revolucionário, um bem imaginário, então a lei de utilidade marginal decrescente não incide neste caso, pois a necessidade nunca será satisfeita.

1.1) A demanda por revolução não é como demandar um bem concreto destinado a satisfazer necessidades fisiológicas.
 
1.2) Trata-se de uma demanda por bens imaginários, fundados no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade. É como fabricar bonecos vodus de modo que todos possam fazer bruxaria - para quem é conforme o Todo que vem de Deus, isso não tem utilidade nenhuma, mas para quem acredita que pode mudar o mundo, isso é muito útil para espalhar o mal pelo mundo, já que as pessoas não estão fazendo absolutamente nada para impedir que esse mal aconteça e prospere.

2) No caso de demanda por bens imaginários, fundados na mentalidade revolucionária, não há a observação da utilidade marginal decrescente. Quem quer revolução sempre quererá uma revolução maior ainda - é como um saco sem fundo. Quem compra um boneco de vodu sempre vai querer muito mais bonecos para poder praticar bruxaria - e sua sanha acaba quando o dinheiro acaba. Afinal, o comunismo dura enquanto durar o dinheiro dos outros.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2018.

Notas sobre a diferença entre revolucionário e revolucionista

André Tavares me fez esta pergunta

"Dett, fiz uma reflexão acerca da diferença revolucionário e revolucionista. A militância de baixo galardão é revolucionária, isto é, quer revolução; a caterva de elite é revolucionista, pois vive de promover revolução e ganhar poder no processo, sem se importar se tal coisa vai ou não acontecer. Isso procede?"

Eu respondo:

1) O Revolucionista promove também a renovação do ciclo da evolução. 

1.1) No sentido romano do termo, o revolucionista é quem promove a renovação de um ciclo (que pode ser uma coisa boa também, como o ciclo de uma colheita ou um ciclo econômico)

1.2) No sentido germânico do termo, é renovar o ciclo de caos e destruição conservando sistematicamente o que é conveniente e dissociado da verdade. E quanto mais renovar esse ciclo de caos e renovação, mais o conservantista estará à esquerda do Pai. Eis o darwinismo social, pois só o mais fortes, os mais capazes de promover revolução, vencem, já que a história é dita pelos vencedores, a ponto de dizerem que o forte deve destruir o fraco e não fundir-se a ele.

2) A relação do revolucionário com o revolucionista é que nem a relação de oferta e demanda. Se o povo - isto é o conjunto dos revolucionários que amam e rejeitam as mesmas coisas fundadas no que é conveniente e dissociado da verdade - quer revolução, então haverá uma classe dirigente que a promova - e como sempre, as coisas feitas no homem pelo homem e para o homem tendem a piorar.

3.1) Se democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo - revolucionário -, então esta é a maior tirania que pode haver, pois esse progresso será inevitável, inflexível. Será um eterno avançar sem transigir, sem negociar, pois isso se funda no conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida. 

3.2) E não é à toa que o judiciário tende a ser o sumo pontífice dessa nova ordem onde o país será tomado como se fosse religião em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele. É ele quem diz definitivamente quem tem ou não razão - e não é à toa que acabam legislando, passando por cima do poder legislativo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2018.